De trás pra frente, de ponta cabeça, e ao contrário!

Naruto
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De trás pra frente, de ponta cabeça, e ao contrário!
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Madara convida seu sobrinho, Obito, para uma volta e para descarregar suas incertezas. A caminhada a dois acaba em Obito contando sobre como se apaixonou por Kakashi Hatake, para um convidado e dois enxeridos (e meio).
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Chapter 2

 

  Sejamos francos, seus tios – e Itachi – ajudaram sim a entender seus sentimentos, mas aquilo era a pior coisa que poderiam ter feito. A cabeça do – não tão – pequeno Uchiha não parava um milésimo sequer depois daquele dia, passara o final de semana inteiro choramingando e se arrastando pelas paredes da residência Uchiha, feito um fantasma lamentoso. Hashirama só fazia rir da situação do pobre adolescente, já esteve em seu lugar um dia e empatizava com o mais novo. Por isso, resolveu que o levaria na escola naquela segunda-feira, e construiria sua coragem pelo caminho. E Obito era grato por isso, pois pôde rir das baboseiras que seu tio falava e pôde também esquecer momentaneamente seu nervosismo.

  — Lembre-se que não precisa dizer nada agora, ele nunca deixou nada claro e você pode usar isso como desculpa. – sussurrou a última parte, como se fosse um segredo.

  Obito gargalhou.

  — Além disso, se ele te ama de verdade, não vai desistir tão fácil. – e com essas palavras, a tranquilidade que o Senju havia construído transformou-se em gotas de suor em questão de milésimos.

  — A-amar? – gaguejou assustado, seu coração novamente lhe esmurrado o peito. – Achei que a gente tava falando de-de-de...

  — Calma! – apressou-se em corrigir-se – Escolhi mal as palavras, apenas isso. Gostar, tudo bem? Gostar está bom? – Assistiu Obito acenar freneticamente, a expressão assustada e a cor rosada nunca deixando o seu rosto – Tudo bem, se ele gosta de você de verdade, ele vai esperar por você, ‘tá bom?

  — ‘Tá bem. – assentiu rapidamente mais uma vez, esperando que seu coração se acalmasse. – Tudo bem...– murmurou, mais para si mesmo do que para qualquer um, enquanto puxava o trinco da porta do carro. – Valeu pela carona, tio! – acenou.

  Viu Hashirama sorrir, enquanto dava partida.

  — Ele vai me esperar... – murmurou sozinho, enquanto via o carro sumir pela rua.

  — Quem vai te esperar?

  Deu um salto, agarrando o próprio braço.

  — Rin! Você me assustou... – emburrou.

  A pose não durou muito, já que, quando ouviu a risada angelical de sua amiga, foi desarmado rapidamente.

  — Foi mal... – riu mais uma vez – Vamos?

  Obito assentiu, enquanto caminhavam escola a dentro. E não demorou muito para que a realidade lhe batesse a porta; ah sim, tinha esquecido este pequeno detalhe chamado Nohara Rin. O que faria? Nunca, nem em um bilhão de anos iria querer magoar Rin e, a este ponto parecia ser quase inevitável; quase. Talvez se desistisse de seu plano e fingisse que nunca nada aconteceu, ou que nada havia entendido, ou que não tivesse se apaixonado por Kakashi, ou que...ou que...

  — Obito? – ouviu a voz suave da amiga.

  — O que? – saiu do transe.

  — O que aconteceu?

  — Como assim?

  — Eu estava falando com você. – emburrou brincalhona – Você está avoado, já faz uma semana, estou preocupada... – e Obito sabia que era verdade, podia ver no olhar alheio a genuína preocupação.

  Respirou fundo, não esconderia de Rin, de alguma forma achava que ela merecia saber.

  — Rin, eu acho que eu ‘tô...’tô apaixonado. – admitiu em um fio de voz.

  — Então é isso!? – questionou com entusiasmo, parte ia extremamente feliz e animada, não queria estragar isso...não queria mesmo. – Então?

  — Hm?

  — Quem é, Obito? – Rin dava pulinhos no lugar.

  — Não importa...

  — Lógico que importa, você ‘tá esquisito já tem um bocado de tempo, aposto que tiraram seu sono também, não é? – zombou – Vamos, quem é?

  — Não quero que fique chateada... – lamentou num resmungo.

  — Huh? E por quê eu... – e sua frase morreu, enquanto uma careta intrigada assumia sua expressão.

  Foram alguns bons segundos, até que o Uchiha resolvera falar.

  — Rin— – foi cortado por um breve grito entusiasmado.

  — Então é por isso que vocês começaram a se entender tão de repente, ou então porque ele parou de te tratar daquele jeito, ou-ou-ou porque ele se engancha em você as vezes, ou...

  — Rin! – cobriu a boca da Nohara. – Você não...não ‘tá...chateada?

  — Obito! – apoiou as mãos na cintura, sorridente – Já fazem meses. Além disso, não dizem que se você ama alguém, você tem que deixá-la ir?

  Permaneceu em silêncio, surpreso, encarando a melhor amiga de infância. Rin era, definitivamente, um presente de Rikudou, mesmo que apenas estivesse recitando alguma letra de Panic! At The Disco.

  — Iai, como é? Ele gosta de você também? Estão namorando escondidos? – exalou fundo, parecendo ter uma ideia – Está planejando um pedido, por isso esteve avoado a semana toda?

  — Rin! 

 

 

  Foi no intervalo que avistou Kakashi e, apesar do nervosismo que lhe aterrorizava a alma, não hesitou em virar seus pés em direção ao de cabelos brancos.

  — Kakashi! – chamou, sua voz vacilando por um instante.

  — Hm? – viu o outro se virar, a maldita máscara que sempre usava tapando o maldito rosto perfeito e a maldita pintinha no queixo, Hatake lhe dava nos nervos de todas as maneiras possíveis.

  — Posso te perguntar uma–não – se interrompeu, conhecendo a peça – duas coisas? – fez o “dois” com os dedos.

  Conseguiu ver que Hatake sorria, não apenas por seus olhos, de cores levemente distintas, mas pelo formato de sua boca através da máscara justa.

  Kakashi assentiu, sibilando apenas um “Hm”.

  Suspirou nervoso novamente, aqueles olhos sobre si não lhe deixavam em paz, era como se seu corpo entrasse em combustão e ao mesmo tempo em que um balde de gelo era despejado em sua cabeça. Era desastroso, perigoso e extremamente prazeroso.

  — Aquilo...Aquilo que você confirmou pro Iruka na frente da sala de química, é verdade? – suas mãos mal paravam quietas, escolheu escondê-las atrás das costas para que não cometesse algum ato estupido.

  Kakashi permaneceu em silêncio, e Obito não conseguia decifrá-lo de jeito nenhum, principalmente por causa daquele pedaço de pano estupido em seu rosto. Desespero tomava conta de seu corpo, e desejou que nunca tivesse aberto a boca, deveria ter guardado sua dúvida para si e engolir sua maldita curiosidade. Talvez assim seu cérebro lhe deixasse em paz.

  — Por que quer saber de repente? – a voz grossa e monótona lhe despertou.

  Seu rosto ardendo como lava.

  — Por-porque se for....eu não havia percebido. Achei...achei que estava fingindo para esconder a identidade do garoto de quem verdadeiramente gostava. – engoliu em seco, sentindo seu peito subir e descer cada vez mais rápido – Na verdade, só percebi porque meu tio apontou. Disse que talvez você estivesse esperando por uma resposta...por dois longos meses. – sua voz diminuía gradativamente.

  Foi um longo período de silêncio novamente, Obito escolheu não dizer nada.

  — Anda falando de mim pro seu tio, seu esquisito? – olhou para o chão.

  Obito piscou. Estaria Kakashi envergonhado? Nervoso? E tão ansioso quanto a si mesmo?

  — Cala a boca, Bakakashi! Ele só me pergunto o porquê eu ‘tava esquisito, e tomou uma direção totalmente diferente do que eu pensava.

  — Esquisitão.

  Obito fechou forte as mãos em punhos, bufando.

  — Você quer, ou não, uma resposta, seu...seu mentecapto!

  — Você nem sabe o que isso significa.

  — Sei sim, seu palhaço!

  — Falou o dono do circo.

  Aquela foi a gota d’água. Estava claro que Kakashi não estava levando aquilo a sério, e que sua resposta provavelmente era negativa.

  Com a fúria dominando sua expressão, virou-se apressado, afim de sair dali. E, para sua surpresa, teve sua mão agarrada, desencadeando um tranco em seu ombro e – consequentemente – em seu tronco.

  — O que é? – perguntou, ainda irritado.

  — Eu não sei. – sua voz era calma e suave, o que teve efeito imediato na expressão do Uchiha.

  Conseguia ver, pela primeira vez em sua vida, medo nos olhos do Hatake. Seus músculos, antes tensos, relaxaram.

  — Não sabe? – indagou confuso.

  — Não sei...se quero uma resposta.

  E, novamente, Obito estava surpreso. Ele temia, Kakashi temia...temia a rejeição.

  Uchiha inflou as bochechas, fingindo irritação.

  — Se-se dissesse q-que sim, minha resposta seria...seria... – respirou trêmulo, suas mãos tão suadas já eram quase torneiras – Se você me fizer chorar eu chamo meu primo Izuna pra te dar um pau, Hatake. – vermelhidão espalhando-se por sua face, seu peito cada vez mais inquieto e seu coração pronto para ser regurgitado, junto ao seu café da manhã.

  Kakashi estava tão surpreso que esqueceu de reagir, reações naturais se espalhando pelo seu corpo feito correntes elétricas. Sua mão agora fazia par com a torneira de Obito, assim como seu rosto ganhava uma cor ainda mais evidente que a do Uchiha, pelo tom mais claro da mesma. Seu peito formigava e, de repente, a máscara lhe sufocava. Não perdeu tempo em retirar a peça de seu rosto e esmagar seus lábios nos distraídos de Obito.

  Foi como se uma onda de ar quente atingisse Obito em cheio, seu rosto agora formigava, junto ao resto de seu corpo, mal sabia como conseguia se manter em pé. Fechou os olhos com força, enquanto agarrava com força o uniforme de Kakashi. Estava completamente zonzo e desorientado.

  E, pode parecer extremamente clichê e a coisa mais piegas do mundo, mas Kakashi era como gasolina para seu fogo; e este não era modesto, pois naquele momento Obito era um incêndio inteiro, estava completamente em chamas. Mas podia se acostumar, faria esse sacrifício se isso significasse que poderia ver o rosto estupidamente perfeito do Hatake mais do que apenas algumas vezes por dia, ou que poderia ver aquela pintinha que lhe tiraria mais de apenas uma noite de sono. Mesmo que tudo isso significasse que viraria alvo de chacota de seus tios, ou que tivesse que lidar com apresentações familiares embaraçosas depois.

  É, ele faria esse esforço.

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