Shiro

Naruto
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Shiro
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Summary
Hinata e Neji encontraram um no outro uma chance para aprender o significado do amor verdadeiro.
Note
Personagens são de Masaki Kishimoto.— A história foi concluída em 2010. Mas eu decidi fazer um epílogo em 2016 para comemorar os 6 anos da história. Uma surpresa para quem já leu essa fanfic.— Para o bom andamento da história, os personagens podem ter sofrido alguma mudança, visto que eles são adultos.— Essa história não tem a Guerra do Madara pq na época que escrevi, o manga ainda não estava tão avançado.
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Shiro VIII

A manhã gritava pela janela semi aberta. O sol escapava pela cortina, o vento a erguia para o alto, iluminando os corpos na cama do hotel.

Os cabelos castanhos se misturavam no peito desnudo do homem abraçado possessivamente na cintura da mulher. Mãos tocando as costas nuas, enquanto a outra pousada embaixo de sua cabeça.

Olhava para o teto, pensamentos diversos passavam por sua cabeça, pois era assim, não dormia. Passava a noite sempre divagando sobre assuntos banais ou importantes. Mas naquela manhã, apenas recordava-se dos acontecimentos da noite.

Aos poucos a bela mulher despertava. Quase que não acreditando no que fizera. Seria por vingança? Raiva? Ou apenas um forte desejo de ser amada um pouco?

Ela então encarou os olhos verdes, tão intensos que pareciam ler sua alma. Corou no mesmo instante. Não sabia o que fazer. Nenhum treinamento, ou experiência a ensinara o que fazer após passar a noite com um dos homens mais poderosos do mundo shinobi.

Tenten levantou-se de cima do corpo dele, tentando não focar seus olhos no corpo nu, forte e tão bem vivo nas lembranças da madrugada. Segurou o lençol com força e enrolou no seu corpo.

Faltava dizer algo. Precisava falar qualquer coisa. Mas ele foi mais rápido.

— Ohayo! Tenten-chan. — Não poderia esperar um sorriso vindo dele naquela hora do dia, mas pode ver um quase imperceptível naqueles lábios. — Dormiu bem.

Isso não foi uma pergunta, ele afirmava que ela dormira bem. Tenten não imaginava que poderia ficar mais envergonhada. Claro, pois todos sabiam que o Kazekage não dormia.

— Ohayo, Gaara. — Segurou os cabelos soltos, tencionando prendê-los. Mas as mãos do homem a impediu de fazer. Fitou-o curiosa, somente recebeu um olhar, quase que um pedido silencioso para que não mudasse o visual naquele instante. — Gomen. Essa noite, eu estava... Digo, sinto muito se pareci...

— Excitada? — Ela se calou, Gaara conseguia ser tão direto. — Não tem do que se desculpar. Ao menos se não gostou.

— Não foi isso que quis dizer. — Tenten calou-se novamente, daquela forma iria mesmo parecer uma jovem virgem apaixonada, ou não tão virgem assim. — Foi muito rápido.

— Não me pareceu rápido. — Gaara se sentou na cama, sem qualquer vergonha de sua nudez masculina. — Aliás, foi bem o contrário. — Sorriu malicioso, estendendo a mão. Tenten recuou por um segundo. Fechou os olhos pesados, ainda tinha sono. Mas aceitou a mão do Kazekage. — Sem arrependimentos! Foi o que me disse ontem. Será que já mudou de ideia?

— Não. Kazekage-sama. — Tente escorregou o corpo, já sem lençol, para cima dele. Sem arrependimentos, fazendo as lembranças da madrugada ficarem mais vivas ainda naquela manhã. Pensou não ser um castigo ou sua forma de vingar-se. Ela somente queria que alguém a amasse, de qualquer jeito.

 

 

O sol nascia para todos na Vila. Muitos já acordados iniciavam suas tarefas matinais. Assim era também no distrito do Clã Hyuuga. Uma animada Hanabi, caminhava pelo corredor, ainda suspirando pelo beijo recebido. Chegou até a cozinha faminta e sorridente. Tomou café sentada na mesa sozinha. Respirando fundo, segurando a xícara quente nas mãos.

Não percebeu o olhar mais sério captar aquele sorriso frouxo nos lábios.

O homem parado ao seu lado, como um poste, esperava ouvir algo que a filha tinha para falar.

— Otousama. Ohayo! — Levantou-se rapidamente, deixando a xícara na mesa e fazendo uma mesura educada para o pai. — Posso preparar seu chá em um minuto.

Ela rapidamente preparou o chá e estendeu a xícara para o pai, calado e sério. Como era habitualmente.

— Hinata! Onde está sua irmã? — Hanabi mordeu o lábio inferior. Não vira Hinata desde... desde o festival. O coração bateu mais forte. Também não vira Neji. Procurou alguma resposta rápida para dar ao pai. Disse então que eles acordaram mais cedo ainda e estão treinando. — Ótimo! Ao menos ela voltou à suas atividades costumeiras.

— Hai! Otousama, posso fazer uma pergunta? — A menina sentou-se de frente para o pai, que não respondeu que não, então talvez era um sim. — Hinata-nee-chan é doce, forte, e sabe muitas coisas. Ela é bastante inteligente. Mas no fundo, eu sei que ela não tem um interesse tão grande em assumir uma responsabilidade como essa do Clã.

— O que quer dizer? — Hanabi tentou explicar seu ponto de vista. Quem sabe mais alguns anos e a irmã estaria totalmente pronta. — Não subestime sua irmã, como eu fiz esses anos todos. Esse é o trabalho dela, nascemos cada um com um destino, o nosso dever é cumprir para que tudo seja feito da maneira certa.

— Hai! — Hanabi não disse mais nada, viu o pai se levantar, provavelmente iria procurar os dois. Ele sempre costumava ver o treinamento de Neji e Hinata. — Otousama, tem outra coisa que eu quero dizer. — Hanabi se levantou, se ele não encontrasse os dois no dojo treinando iria cair a culpa sobre ela. Pensou no que falar. Rezou para que alguém chegasse ali. Mas nada. — Eu... eu... quero permissão para namorar Konohamaru.

Pronto! Viu os brancos do pai tomar de uma fúria interna. O que fazia por sua irmã? Mas seria pior se ele soubesse que Hinata não era vista desde ontem a noite.

— O Sarutobi? — Hiashi poderia simplesmente ter dito não. — Uma mulher pedindo permissão? — A menina tremia por dentro, nunca fizera nada que desagradasse o pai, talvez fosse hora de mudar.

— Onegai! Ontem a noite ele me beijou.

Hiashi nada disse, saiu sendo seguido pela filha. Precisava ver Hinata. Era óbvio nos olhos tão brancos de Hanabi que aquilo era uma forma de segurá-lo. Não seria passado para trás por sua filha. Ainda mais por Hanabi, a mais nova, aquela que depositou muita esperança desde pequena. A sua menina que jamais faria algo assim tão vergonhoso para ele. É claro que a irmã estaria encobrindo outro com mentiras.

Hanabi estava um pouco tranquila, o máximo que o pai iria ver quando abrisse as portas do dojo, seria ele vazio. Caminhou ao lado do pai até a porta do dojo. Não se ouvia nenhum barulho lá de dentro, o que fez a curiosidade do Hyuuga aumentar. Olhou sério para Hanabi que esboçou um sorriso fraco.

As mãos dele estavam para abrir as portas com força, quando fora chamado por alguém.

Era Ayme. Veio preocupada, perguntando para a mais nova onde estava Hinata, que não vira nem quando chegou de noite, nem no quarto.

Hiashi abriu as portas do dojo com violência chamando pelo nome da filha.

Olhou sem reação para dentro do dojo, Hanabi e a velha também olhavam para lá.

O lugar estava vazio.

 

 

Segurando nas mãos de Neji, com calma, HInata subiu a sacada ornamentada com plantas, e chegou ao seu quarto.

Não sabia o que estava acontecendo do outro lado do distrito, saíram do dojo assim que o sol nasceu. Sem palavras, vestiram-se e deixaram o lugar pelos fundos. Sempre tomando cuidado para que ninguém os visse.

Na sacada do quarto, a vista era do pequeno lago com alguns patos, o silêncio somente quebrado pelo barulho da fonte ali ao lado.

Não havia muito o que dizer, acordar nos braços dele fora mais do que imaginava. Ousado demais para ambos, como se cometessem o pecado mais ardiloso, e mais gostoso também. Sem arrependimentos, nenhum dos dois sentia isso.

Neji tocou os lábios de Hinata com o dedo, essa fechou os olhos, num sorriso bobo, recebendo um beijo dele. Acariciou o rosto do primo, os cabelos soltos, tão a vontade, tão livres e desajeitados, desarrumados, despreocupados.

Ele saiu da janela, deixando no ar o seu cheiro. Aquele cheiro que fizera a Hyuuga desarmar-se totalmente.

Caiu no futon, sonhadora e pensativa. Levantou-se para um banho. O cheiro de Neji estava impregnado na sua pele. Era gostoso sentir. Era bom recordar. Hinata Saiu do banho com a voz da irmã lhe chamando. Pediu para ela se acalmar, mas Hanabi parecia ter visto um fantasma.

— Onde você estava? — Hanabi perguntou nervosa.

— Aqui mesmo.

— Mentira nee-chan! Ninguém a viu no quarto. E o otousan quer falar com você e com Neji-nii-san. Acabamos de vir do dojo.

Os olhos de Hinata tremiam nervosamente. Tentou não parecer tão assustada, mas era impossível. Ninguém os vira sair de lá, tinha total certeza.

Arrumou-se e seguiu para onde o pai estava, lá encontrou-se com Neji, já na posição sentado de frente para o Líder do Clã. Ela fez o mesmo, sentou-se ao lado dele, apertando as mãos no pano da calça.

— Onde estavam? Ninguém os viu de noite. — O silêncio naquele momento não poderia existir, seria o mesmo que dizer algo errado. — Estou esperando.

— Gomenasai, Hiashi-sama. Levei Hinata para um treinamento muito mais cedo do que pensava e mal deu tempo para ela descansar. Chegamos do festival e ninguém nos viu. Sinto muito, acabei descuidando de Hanabi, que estava acompanhada do Sarutobi.

Neji reverenciou o tio, postando a cabeça até o tatame.

— Otousama, Neji não tem culpa. — Ela tomou a frente. — Eu pedi para que deixasse Hanabi se divertir, e que me ajudasse mais no meu treinamento, acho que já tive descanso demais essa semana. Não vi mal nisso. Perdoe se pensei errado.

Hiashi pareceu ignorar as pequenas olheiras visíveis nos olhos dos dois, o cansaço exposto no rosto deles era evidente. Mandou que se retirassem e fossem descansar. Estavam certos em ter que por o treinamento a frente de tudo, mas que não houvesse descuido com Hanabi. Estava preocupado com a mentira contada pela filha. Ou não seria assim tão mentira.

Suas meninas estavam crescendo, e assim, da mesma forma que fora com ele quando tinha a mesma idade, estavam com certeza tendo suas experiências pessoais.

 

 

Aquele mês passou rápido. As semanas eram cada vez mais curtas para Hinata e dentre alguns dias receberia a maior responsabilidade da sua vida. Deixou de lado qualquer que fosse a diversão desejada, focando somente em seu trabalho.

Era triste, mas o contato com Neji fora cada dia mais distante. Pouco se viam, ou se falavam.

Uma missão importante, dada pela Hokage, fizera com que ele passasse mais de alguns dias fora. Mais uma coisa para mantê-los longe de qualquer ação impensada.

Era quase um medo de errar, serem flagrados ou o mais complicado, se apaixonarem. Algo já tão evidente.

 

A missão era simples, isso se fizesse em grupo, com seu antigo time.

Viajaram para um país não tão distante. Lee sempre animado, Tenten dessa vez sem reclamar, Neji mais calado e Gai desafiador.

Voltaram da missão rápido, era quase que uma tradição, o time sempre conseguir se superar a cada dia.

Apresentaram-se no escritório da Hokage, e lá mesmo Tsunade fez a saudação para a kunoichi.

— Parabéns, Tenten! — Entregou para ela um pequeno papel, onde estava sua aprovação para a elite ANBU. — Já sabe o que fazer daqui para frente.

— Arigatou, Tsunade-sama. — Agradeceu, finalmente conseguira o que sempre desejava.

— Precisamos comemorar. — Gai deu a ideia e Lee acatou como um treinamento.

— Vão vocês, eu tenho algumas pendências para resolver. — Neji distanciou-se do grupo, dando parabéns para a agora ex-companheira de time.

Deixou a sala, seguindo pela Vila de Konoha, recebendo alguns poucos acenos de amigos e conhecidos. Caminhou rápido até chegar ao distrito. Parou ali na frente, organizando os pensamentos. Entrou de uma vez.

Os passos pelo caminho do jardim eram pesados. O que exatamente precisava fazer ali de tão urgente?

Passou por algumas pessoas que o reverenciaram, eram da bouke, caminhou sem revelar seu destino a ninguém. Enrolou mais um pouco diante aquela fonte, de uma cascata de água barulhenta. Viu-se diante à uma porta grande de madeira, na verdade uma sacada.

Subiu nela e entrou no quarto.

— Nii-san? — Os olhos brancos deixavam a folha de papel, no qual escrevia algo, para encarar o olhar do outro. Sorriu, tímida, fazia ali uma semana que não se viam.

Neji não precisou dizer muita coisa, recebeu-a, num abraço forte. O cheiro dela ainda era o mesmo, doce e sedutor. Da mesma forma que ela pensava sobre ele.

Ficaram ali por um tempo, um nos braços do outro, ouvindo o barulho da fonte se misturar com suas respirações. Não precisavam falar mais nada.

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