
A pequena Sun de seis anos, estava sentada numa cadeira, balançando as pequenas pernas que ainda não alcançavam o chão, enquanto observava curiosa seu padrinho Naruto fazer mais uma tatuagem, ou desenho como ela chanava, em seu papai Kakashi, ele já tinha vários mas aquele seria tão especial quanto o que estava ao lado. Os mais importantes. A pequena só não entendia o porquê.
— Papai — a pequena chamou a atenção do prateado — Porque o senhor tem um golfinho fofo desenhado aí? — perguntou apontando o peito do Hatake.
Naruto parou o que fazia para poder rir, a história daquela tatuagem era a melhor de todas e houve um tempo em que Kakashi se sentia constrangido por ter algo tão fofo gravado para sempre em sua pele, já que as outras não tinham nada de fofas.
— Peça para o papa Ruka contar, ele adora essa história — respondeu Kakashi piscando um olho para sua filha.
— Eu adoro que história? — perguntou Iruka que havia acabado de entrar na sala onde Naruto e Kakashi estavam.
— Daqui a pouco tem uma multidão aqui — reclamou Naruto com falsa decepção.
Naruto é irmão de consideração de Iruka, mas sempre foi tratado como da família, tanto que deu ao loiro hiperativo a responsabilidade de ser o padrinho de sua filha, além de sempre o ter apoiado em seu sonho de ser um tatuador reconhecido, o ajudou, servindo de cobaia para suas primeiras tatuagens., Bem ele não, Kakashi, pois Iruka morria de medo de agulha e só de pensar nela entrando e saindo de sua pele rapidamente, lhe dava agonia, mas para Kakashi eram indiferentes, alguns diziam que ele gostava de sentir dor.
— O papai Kashi e o padrinho Naru disseram que o senhor gosta da história do golfinho que o papai tem. Pode me contar? — pediu Sun esticando os braços para que Iruka a pegasse no colo.
— Tem certeza que posso contar para ela, Kakashi? Pensei que fosse um dos momentos mais vergonhosos da sua vida — brincou Iruka.
— Só não te xingo por causa da nossa bebê e...
— Mentiroso, só não me xinga porque me ama muito ou não teria feito essa linda homenagem para mim — atiçou um pouco mais o Umino.
Iruka adorava implicar com o marido, e isso acontecia antes mesmo deles começarem a sair, de começarem a namorar. Sempre foi assim.
— Quem está mentindo agora? Você que me fez fazer essa tatuagem e depois ainda ficou zoando com a minha cara — falou Kakashi com uma decepção fingida.
— Ninguém mandou aceitar a aposta
— Papais, me contem logo, quero saber porque papai fez um desenho fofinho, se os outros não são fofos — pediu Sun ansiosa, atraindo a atenção dos dois.
— Kakashi, faça as honras — disse Iruka colocando a filha sentada na cadeira novamente, se sentando ao seu lado em uma banqueta.
— Depois eu me acerto com você, senhor Umino-Hatake.
*~* Flashback *~*
Kakashi e Iruka trabalhavam juntos numa agência publicitária chamada ANBU e Iruka era o sonho de consumo de Kakashi, por assim dizer, mas o prateado tinha uma fama que não ajudava em nada para conseguir algo com Iruka.
Iruka podia ter uma queda/penhasco pelo Hatake, mas quem em sã consciência não teria? Kakashi era um homem bonito, educado, corpo escultural que não hesitava em mostrar com as roupas que usava, sempre justas que marcavam seus músculos definidos e claro as tatuagens, Iruka queria se perder naqueles desenhos, contornar cada um deles com seus dedos, mas não iria entregar seu coração de bandeja a ele. Tinha o pequeno defeito de ser um romântico incurável e se fosse se envolver com alguém, seria para valer, não gostava de casos passageiros e de se envolver apenas por prazer, podia ser considerado careta, mas era daquele jeito e não mudaria, mesmo que fosse para ter aquele que desejava.
Kakashi tentava de todas as formas mostrar a Iruka que aquela fama que tinha era apenas conversas e boatos sem fundamentos, mas como mudar aquilo se o moreno não lhe dava uma brecha?
— Vamos Iruka, aceita sair comigo, deixe te provar que não sou o que dizem, só uma vez — pedia novamente Kakashi enquanto estavam na cozinha da agência tomando um café.
— Kakashi, já te disse que ‘não’ mais de mil vezes, porque ainda insiste? Porque não vai atrás do Yamato, do Gai, do Obito ou da Rin ou seja lá mais quem é louco para te ter na cama por apenas uma vez ou que você deseja por uma noite
— O que tenho que fazer para que entenda que eu não sou aquilo que dizem? Aquilo foi um boato criado…
— Mas que não desmentiu na época, até parece que se aproveitou dele para conquistar quem quisesse. Kakashi, não insista, não quero ser só mais um na sua lista.
E assim as coisas seguiam assim por vários meses e Iruka sempre esquivando de Kakashi, mesmo que o Hatake tentasse demonstrar que não era aquilo e o Umino percebesse as mudanças, ainda era desconfiado, na verdade morria de medo de se envolver e acabar se decepcionando e tendo seu coração partido.
Certo dia, enquanto toda equipe estava reunida comemorando o sucesso de uma campanha, os amigos de Kakashi estavam implicando com ele por causa de Iruka e o Umino já estava ficando estressado com aquilo, a vida dele não era para ser da conta de ninguém, mas podia pensar em dar um desconto pelo fato de estarem um pouco alterados pelo álcool.
— Irukaaaa — começou Obito — Dê um chance ao Bakashi, não aguento mais ouvir ele se lamentar por sua causa… O Iruka isso, o Iruka aquilo, está demais… ele é chato para caralho..
Iruka, cansado daquilo, resolveu fazer uma proposta que pensou que Kakashi não aceitaria nem Obito, pois como os dois eram como unha e carne, inseparáveis, seria uma maneira de tirar os dois do seu pé.
— Kakashi, eu aceito sair com você — começou a falar e toda a mesa ficou em silêncio enquanto Kakashi abria seu mais lindo sorriso fazendo Iruka quase se perder no que falaria — Se você fizer um golfinho fofo no peito e o Obito parar de enrolar e chamar o loirinho da cafetaria de frente ao trabalho para sair, aí sairei contigo.
— Golfinho no peito, está se referindo a uma tatuagem? — perguntou Kakashi incrédulo.
— Sim e não é de chiclete. Não é você que quer sair comigo de qualquer jeito? Que ainda não desistiu apesar das inúmeras negações? Não é você que fala que eu sou o que você mais deseja? Então... — falou Iruka mexendo, e muito com o ego de Kakashi.
— E porque eu tenho que estar no meio disso também? Além do que eu nem estou interessado no Deidara-Senpai, estressadinho, marrento, língua afiada, lindos olhos azuis, cabelo como o sol…
— Isso porque não é interessado, imagina se fosse — falou Rin rindo da cara dos dois.
— Nem é nada demais Kakashi, só mais um desenho no meio disso tudo que tem — disse Gai.
— Mais uma tattoo não é um problema, mas um golfinho não faz meu estilo. Não pode ser outra coisa? Uma catrina, uma old school, new school, clássico, oriental, bold line, tribal até uma pin-up ou uma no estilo biomecânico, mas golfinho?
— Tá, sabe que falou grego para nós, não é? Mas não aceito nenhuma dessas, somente o golfinho e o Obito chamando o Deidara para sair — falou Iruka incisivo.
— A minha parte eu faço amanhã e você senhor Hatake, quando fará seu novo desenho?
— Semana que vem eu marco um horário com meu tatuador e faço o golfinho, se você me garantir que cumprirá sua parte no acordo!
— Claro... — respondeu Iruka pensando que Kakashi jamais faria uma tatuagem fofa de um golfinho.
Os demais presentes na mesa que prestavam atenção naquela conversa caíram na gargalhada, imaginando a situação constrangedora que ficaria se o Hatake realmente fizesse a tatuagem e no fim Iruka ainda não quisesse sair com ele. Kakashi poderia se arrepender no final, mas faria aquilo por Iruka, podia estar sendo ingênuo? Sim, mas não ligava.
Alguns dias depois, Iruka estava em sua mesa, concentrado em seu trabalho quando ao seu lado surgiu um Obito com o rosto vermelho e uma Rin rindo igual uma louca, assustando o moreno.
— Nunca mais aceito uma proposta sua, senhor Umino — disse o Uchiha irritado.
— Não exagere Tobi — falou Rin ainda rindo
— O que aconteceu? Para que essa raiva toda com a minha pessoa, não fiz nada — disse Iruka inocente.
— Não faça essa carinha de inocente não. Você pediu para chamar o loirinho para sair e eu fiz isso e ganhei um belo de um tapa — falou Obito massageando a bochecha que ainda estava vermelha e aquilo era a marca dos cinco dedos?!
Naquele momento Iruka estava se segurando fortemente para não rir, mas Rin não ajudava em nada, pois a mesma também se segurava para não rir do amigo.
— Mas pelo menos ele aceitou Tobi, não saiu perdendo no final — falou Rin abraçando o amigo de lado.
— E depois você desconta o tapa — falou Iruka sugestivo, fazendo Rin gargalhar por entender e deixando o Obito perdido, por ser um pouco lerdo, mas quando entendeu ficou vermelho como pimentão.
— Pervertido — disse Obito, saindo de perto dos amigos.
O restante da semana passou voando e no final de semana, Iruka havia sido chamado por seu irmão para o ajudar em seu estúdio de tatuagem, não para fazer, mas para recepcionar os clientes, pois a secretaria havia faltado naquela tarde e ele precisa de alguém para o ajudar com os clientes.
Assim que Iruka chegou, Sasuke, sócio do irmão e algo a mais mas nunca admitiam, disse que ele estava atendendo um cliente e logo passou a agenda para Iruka que logo tomou seu lugar atrás do balcão. Estava tão concentrado observando o trabalho do irmão, que se assustou quando viu uma pessoa conhecida sair da sala do Naruto, sendo acompanhado pelo mesmo. Era Kakashi, que tinha sua camisa em seu ombro, deixando o físico escultural à mostra e também a mais nova tatuagem do platinado. Um golfinho fofo no peito.
Iruka quase caiu da cadeira, não pensava que ele seria realmente capaz daquilo.
— Kakashi, porque fez isso? — perguntou Iruka quase gritando, atraindo a atenção dos dois.
— Ah, oi Iruka. O que faz aqui? — perguntou Kakashi surpreso por encontrá-lo ali.
— Ele é meu irmão, lembra que eu te falei dele? — perguntou Naruto e logo ficou em silêncio como se tivesse assimilando informações — Não acredito, ele é o cara que sempre te dá um fora e o causador dessa fofura em seu peito? — perguntou Naruto rindo.
Iruka acabou ficando vermelho de vergonha, tanto pela fala do irmão como pelo fato de Kakashi ter realmente feito a tatuagem.
— Bem, eu fiz a tatuagem e agora vai sair comigo? — perguntou Kakashi se aproximando de Iruka.
— Irmão, se você não aceitar, eu irei bater em ti. Tu só trabalha, precisa se distrair e sei que Kakashi é boa pessoa — falou Naruto indo até o irmão e o abraçando de lado.
— Eu conheço ele, Naru, trabalhamos juntos. Mas eu… — Iruka não podia negar, já que havia feito a proposta e ele cumpriu. Um encontro não faria mal a ninguém, não é?
— Aceite sair comigo hoje a noite, apenas um jantar. Na minha casa se quiser, cozinho para você com prazer — disse Kakashi.
— Você cozinha?— perguntou o moreno arqueando a sobrancelha.
— Aceite meu convite e descubra — falou Kakashi tentando parecer misterioso.
Iruka suspirou e acabou aceitando, só esperava não se arrepender, apesar de sentir que era um coelho indo direto para a boca da raposa. Kakashi lhe passou seu endereço e disse que o esperava às 19:00, sem falta.
Na hora marcada, Iruka se encontrava em frente a porta do apartamento de Kakashi, com a mão suando, esperando ele abrir a porta, o que não demorou. Ao contrário das suspeitas e paranoia de Iruka, o jantar foi tranquilo, Kakashi não tentou nenhuma aproximação forçada, era o mesmo que conversava com ele no trabalho, sempre alegre sem ser exagerado, totalmente diferente do que as fofocas diziam. E para surpresa de Iruka, Kakashi cozinhava extremamente bem.
Após o jantar, os dois estavam sentados no sofá, tomando um bom vinho, conversando amenidades. Até que Kakashi tirou a taça da mão do Iruka e a colocou na mesa de centro, se aproximou do moreno com cautela, fez um carinho em seu rosto e olhando no fundo dos olhos castanhos do outro.
— Iruka, não sabe o quanto estou feliz por ter aceito meu convite e por finalmente poder te mostrar que não sou como dizem.
— Eu percebi, peço desculpas por ter te julgado sem saber de tudo.
— Não precisa se desculpar. Mas eu quero muito fazer uma coisa, mas não sei se você irá permitir, não quero ser….
Iruka interrompeu Kakashi, encerrando o espaço entre eles e selando os lábios. Para ambos, aquele beijo era melhor do que imaginavam. Se afastaram quando a falta de ar se fez presente, mas não muito, apenas para poder se olharem novamente e ambos sorriam como dois bobos.
A partir daquele dia os dois não se afastaram mais, mas no começo decidiram manter segredo, até o dia que começaram a falar para Kakashi que ele havia feito a tatuagem mas não tinha sido o suficiente para Iruka sair com ele e que o Umino não era homem de cumprir suas promessas, fazendo o moreno ficar irritado e em um dos happy-hours dos amigos se aproximar de Kakashi e o beijar, não um beijo afobado, mas carinhoso, deixando todos surpresos, ainda mais pelo que ele falou.
— Estamos juntos, se é o que querem saber, e nem era preciso ele ter feito a tatuagem, eu só precisava ter sido menos inseguro.
*~*
— Então o papai Iruka aceitou sair com o pai Kashi por causa dos golfinhos? — perguntou Sun curiosa.
— Sim, minha linda, apesar de depois falar que eu não precisava ter feito a tatuagem, mas sabemos que é mentira — falou baixinho como se fosse um segredo, e depois piscou para Iruka.
— Pronto, acabamos — falou Naruto limpando a tatuagem do albio.
— Posso ver? — perguntou Sun empolgada.
— Claro, vem aqui — disse Naruto tirando as luvas e a máscara que usava e pegando a afilhada no colo.
— São girassóis — disse a pequena surpresa — E mais dois golfinhos? — perguntou sem entender.
— Sim, antes tinha só um golfinho, lembra? — perguntou Kakashi e a pequena assentiu — Agora ele não está mais sozinho, tem uma família, igual a nossa — disse Kakashi sorrindo para a filha.
— O golfinho maior é você, o menor é o papai Iruka e o outro sou eu? E os girassóis, pai? — perguntou Sun.
— Está certa em relação aos golfinhos, e como eles estaremos sempre juntos e os girassóis simboliza você meu amor, você é a luz que sempre nos guia e que chegou para iluminar a nossa vida.
Iruka se aproximou do marido e deu um selinho e um beijo na bochecha da filha, que sorriu para os pais, retribuindo o beijo.
— Quando crescer também quero ter golfinhos e girassóis, igual o pai Kashi, eu posso papai Iruka?
— Quando você crescer, a gente conversa sobre isso.
— O papai é careta, minha linda, eu deixo você fazer o que você quiser — disse Kakashi recebendo um tapa de leve no braço.
Aquela família que havia começado com um golfinho, fortaleceu os laços através de outros golfinhos e girassóis. Principalmente pelo girassol, não pela tatuagem, mas pela pequena Sunflower, de seis anos, curiosa, esperta e que os dois amavam mais do que qualquer coisa no mundo.