Para Sempre Shisui

Naruto
M/M
G
Para Sempre Shisui
author
Summary
Itachi e Shisui se conhecem desde a infância, sempre foram melhores e amigos e foi natural a evolução da amizade para algo a mais. Com os anos se passando e o relacionamento só se fortalecendo, de namoro para casamento, adotaram a pequena Aiko, uma garotinha animada e inteligente que foi a luz na vida dos dois.Tudo corria bem, até que um dia, um acidente envolvendo os dois transformou a vida perfeita que tinham em um pesadelo. Itachi perdeu seu marido e Aiko seu amado pai. Seu pai Itachi começou, após o acidente ter perdas de memória, às vezes não a reconhecia, esquecia do acidente, perguntava do Shisui e a cada dia ela tinha que lidar com as crises de emoções do pai.
Note
Foi um desafio escrever....É muito intensa, tem partes de partir do coração, quase que não consegui terminar...Espero que gostem...Boa leitura!

─ Quem é você? Onde está Shisui? ─  perguntou Itachi um pouco assustado assim que entrou na cozinha e viu aquela moça sentada à mesa.

 

Aquela era a rotina de Aiko nos últimos meses. Ver seu pai não a reconhecer, perguntar do seu outro pai, ter que contar diversas vezes a mesma história, ver diversas reações e emoções diferentes. Já era para ter se acostumado com isso? Sim, era o pensavam, mas sabia que não iria, não tão cedo nem tão fácil. 

 

Mas, o que aconteceu a Itachi e Shisui? Ou melhor, com Shisui? Para entender melhor, temos que contar tudo desde o início.

 

Itachi e Shisui se conheceram ainda crianças e logo de cara se tornaram amigos. Itachi era mais novo que Shisui, mas isso não atrapalhava em nada a amizade deles. Itachi sempre fora tímido, retraído, não falava muito é por isso as outras crianças implicavam com ele e pelo fato dele ter o cabelo comprido. Bem, faziam isso antes da chegada de Shisui, que pegou para si a tarefa de sempre proteger o mais novo.

 

Aquela amizade foi bem vinda pelos pais do Itachi, que viam seu filho se abrir mais, conversar mais com os outros. Mesmo que ainda não fosse muito, era um começo, já que antes de Shisui ele só tinha olhos para o irmão caçula Sasuke e não saía de perto dele. 

 

Com o tempo passando, e a adolescência chegando, Shisui começou a perceber que seus sentimentos pelo melhor amigo estavam mudando e não sabia o que fazer. Tinha medo que algo mudasse entre eles e ele perdesse a amizade de Itachi, que essas novas sensações e sentimentos o afastasse.

 

Shisui sentia seu coração acelerar, as mãos suarem, parecia ter borboletas dançando em seu estômago. Tudo apenas por estar ao lado de Itachi. Ele queria, precisava falar com alguém sobre isso ou iria explodir. Por isso foi atrás do seu irmão Obito, que podia ser um idiota as vezes, mas que era a pessoa que mais confiava. 

 

─ Tobi, posso falar com você? ─  perguntou Shisui entrando no quarto do irmão.

 

─ Claro, o que você precisa? ─  pediu deixando o celular de lado, dando atenção ao irmão.

 

─  É que… eu estou gostando de alguém e… não sei como dizer…

 

─  É o Itachi? ─  perguntou deixando o irmão corado.

 

─  Está tão na cara assim?

 

─  Não, eu apenas arrisquei um palpite. E pelo visto acertei.

 

─  Idiota. Mas sim, é ele. Ele é meu melhor amigo e não quero o afastar.

 

─  Shisui, posso não ser a pessoa mais esperta, mas deve falar com ele, seja sincero, abra seu coração. 

 

─  E se ele me rejeitar? Sentir raiva de mim? Ou nojo?

 

─  Se ele fizer isso, ele estará sendo um completo idiota. Mas ambos sabemos que ele não é assim e nunca te trataria dessa maneira.

 

─  Você diz isso porque está namorando o Kakashi.

 

─  E ele é meu melhor amigo também, sempre foi. E se ele, que tem fama de mal-humorado e estressado não me tratou mal, porque o Itachi iria?

 

─ O Kakashi também gostava de você, é diferente.

 

─ E quem disse que o Itachi não gosta de você também? Vá falar com ele, antes que alguém faça isso.

 

Shisui não respondeu Obito, apenas saiu do quarto do irmão e foi mandar mensagem ao amigo pedindo para o encontrar pois queria dizer algo muito importante e para sua surpresa ele também disse que precisava falar com ele, e era urgente. Combinaram de se encontrar em uma cafeteria que tinha os melhores dangos da cidade, já que eram os doces favoritos de Itachi e o ambiente agradável, Shisui imaginou que fosse mais fácil falar, abrir seu coração a Itachi.

 

Shisui se arrumou e foi em direção ao local combinado. Chegou um pouco antes do horário e aproveitou para fazer os pedidos enquanto aguardava o Itachi. O conhecia o suficiente, e mais um pouco, para saber o que ele iria querer. O mais novo não demorou para chegar e Shisui notou que ele estava nervoso, até mais do que o próprio Shisui. Aquela conversa seria realmente definitiva. Ou eles evoluiriam a amizade ou ela terminaria ali. 

 

Itachi viu o amigo sentado em uma mesa mais afastada e se aproximou, sentando em frente a Shisui. Estava nervoso, pensando se conseguiria dizer o que queria. Ficaram alguns minutos em silêncio, até Shisui falar.

 

─ Já fiz os nossos pedidos. Pedi os dangos que você tanto adora.

 

─ Obrigado.

 

De novo o silêncio se instalou, nenhum sabia como começar, quando pensaram em falar, um garçom se aproximou com os pedidos, deixando na pequena mesa e se retirando em seguida. 

 

─ Eu queria dizer… ─  falaram juntos, rindo em seguida.

 

─ Pode falar Itachi, depois eu falo. ─ disse Shisui olhando nos olhos de Itachi, que acabou ficando um pouco corado e desviando o olhar.

 

─ Você lembra da Izumi, né? 

Shisui concordou com um aceno, lembra bem da menina, que vive pedindo do Itachi e soube que a mesma gostava dele, o que fez o mais velho se lembrar das palavras do irmão, dizendo que era para ele dizer logo o que sentia antes que alguém fizesse isso. Seu coração errou uma batida ao pensar que era isso que Itachi queria lhe contar.

 

─ Ela veio falar comigo hoje. ─ continuou Itachi, que ainda não olhava para Shisui. ─ Veio me dizer que gostava de mim a muito tempo, que sempre me observou e me admirava e mais um monte de coisas…

 

─ Está arrasando corações. ─ falou Shisui numa tentativa de brincar e disfarçar o incômodo que sentiu ao ouvir aquilo. ─ Você deve estar muito feliz.

 

─ Até que sim, mas acho que ela não ficou muito. ─ respondeu Itachi, finalmente olhando para Shisui, que não entendeu muito bem a fala do amigo.

 

─ Como assim Itachi?

 

─ Bem… eu agradeci a ela pelos elogios e tudo, e disse que não poderia corresponder aos seus sentimentos porque eu gosto de outra pessoa. ─ falou com as bochechas coradas e mexendo em seu rabo de cavalo, gesto que sempre fazia quando estava nervoso ou com vergonha.

 

─ Eu posso saber quem é a pessoa que você gosta? Afinal sou seu melhor amigo.─ disse Shisui sem querer criar expectativas, o que falhou totalmente quando olhou para Itachi.

 

─ P-pode sim. Ele é uma pessoa que chegou na minha vida a muito tempo, que me ajudou e me ajuda a superar meus medos. Me fez me tornar mais confiante em mim, me fez me abrir. Eu não sei se ele sente o mesmo, não quero perder meu melhor amigo. Shisui, eu gosto de você, mais do meu amigo. ─ Itachi falou tudo o que sentia, mesmo que estivesse com medo da reação de Shisui.

 

─ Itachi, eu também gosto muito de você, mais do que amigo. Quero algo além da sua amizade. ─  começou Shisui, segurando a mão de Itachi sobre a mesa. ─ Te chamei hoje aqui para isso e quase me desesperei quando começou a falar de Izumi, pensei que me diria que tinha dado uma chance a ela…

 

Shisui foi interrompido por um ato totalmente inesperado de Itachi, que se debruçou sobre a mesa e selou os lábios do outro, quase derrubando as coisas da mesa com o ato.

 

─ Desculpe. ─ falou quando se afastou. ─ Mas as vezes você fala demais.

 

─ E você é ansioso demais. Mas gosto mesmo assim de você.

 

─ O que somos agora Shisui?

 

─ Você é meu melhor amigo e meu namorado. Aceita namorar comigo?

 

─ Claro que aceito.

 

Ali começava, a história dos dois como namorados. Demoraram um tempo até contar a seus pais, familiares e aos amigos. Os pais de Itachi eram a maior preocupação do jovem casal, já que o patriarca da família era visto como uma pessoa muito séria e que gostava de seguir as tradições e não era de demonstrar seus sentimentos. No início ele não concordou com a escolha do filho e até brigaram por causa disso, mas depois de um tempo, Fugaku procurou Itachi e disse algo que sempre guardaria em sua memória.

 

─ Filho, eu posso não concordar com suas escolhas, mas também não vou obrigá-lo a fazer o que não queira. Quero só que me responda uma pergunta e quero que seja totalmente honesto comigo. É isso mesmo que você quer?

 

─ Sim pai. Eu amo o Shisui e não precisa dizer que sou muito novo para saber o que é amor, mas posso garantir que o que sinto por ele é o mesmo que a mamãe sente pelo senhor. Quero viver o resto da minha vida ao lado dele.

 

─ Você está feliz?

 

─ Muito, nunca estive tão feliz em toda minha vida.

 

─ Isso é o que importa então. Só não quero te ver sofrendo. Estarei ao teu lado Itachi. Sempre.

 

Não houve abraço nem beijo, nenhuma demonstração em ato do amor que Fugaku tinha por Itachi e nem era preciso. Itachi sabia e sentia naquele momento que seu pai, apesar de tudo, o aceitava e estaria sempre ao seu lado. E era o suficiente.

 

Shisui e Itachi tinham um relacionamento que causava inveja. Eram companheiros, amigos, dificilmente brigavam. Procuravam sempre resolver suas divergências conversando. Isso durou até a faculdade, onde Shisui começou a demonstrar mais ciúmes de Itachi. Não era aquele ciúmes obsessivo e era dirigido a uma única pessoa. Hoshigaki Kisame. Um amigo que Itachi fez na faculdade e se davam tão bem quanto eles dois. O mais velho dizia que Kisame queria algo além da amizade e Itachi insistia que não, que Shisui estava vendo coisas onde não tinha. O que não era mentira, mas Itachi nunca diria aquilo ao namorado, já que havia esclarecido as coisas com o amigo e aparentemente ele havia entendido que no coração do Uchiha só havia espaço para Shisui.

 

Os dois tiveram uma única briga séria, uma única discussão onde os nervos e as emoções afloraram. Essa briga aconteceu quando Shisui pediu Itachi em casamento e ele negou. E tinha seus motivos para negar. Shisui queria se casar para que ele fosse com ele para o exterior, já que o mais velho havia ganho uma bolsa de estudos fora do país e Itachi não queria ir, queria terminar sua faculdade onde tinha bolsa por ser o melhor da turma. Shisui tentou convencê-lo que ele conseguiria uma bolsa também, mas nada fazia o mais novo mudar de idéia, e Shisui acabou falando o que não deveria.

 

─ Você não quer ir por causa dele, não é? Não quer deixá-lo aqui.

 

Itachi sabia que ele se referia a Kisame e acabou respondendo da mesma maneira.

 

─ Se é nisso que você acredita, é melhor você ir embora. Eu nunca, em todos esses anos, te dei motivo para desconfiar de mim. Mas você não está confiando em mim. Eu te disse que te esperaria, que sempre iria te visitar enquanto estivesse fora e que não queria me casar porque tenho minha vida aqui também. Estou me preparando para assumir o lugar do meu pai, não por obrigação, mas porque eu quero e sabe disso. Estou terminando a faculdade, já fui aceito em um mestrado, não vou abandonar tudo e ir embora. Queria que você me apoiasse da mesma forma que eu te apoio. Mas você não vê nada disso. Vá embora Shisui.

 

Shisui foi embora, não sabiam se haviam terminado ou não, se continuavam noivos como ficava o relacionamento deles. Ficaram quase uma semana sem se falar, ambos sofrendo, mas nenhum queria dar o braço a torcer. Ambos orgulhosos demais.

 

No dia da partida de Shisui, que ele conseguiu antecipar, não conseguiu falar com Itachi que estava em prova e com o celular desligado. Quando terminou a prova e ficou sabendo da partida do seu amor, foi o mais rápido que pôde ao aeroporto, mas infelizmente não chegou a tempo. Shisui havia ido embora, brigados, sem saber como estavam. 

 

Itachi tentou, por semanas falar com o noivo, sim Itachi ainda se considerava noivo de Shisui, não retirou sua aliança, seu coração ainda era dele e sempre seria. 

 

Por seis longos meses Itachi sofreu. Entrou em depressão, não saia de casa, seu rendimento na faculdade caiu drasticamente e seu pai o afastou de suas funções na empresa. Nem Sasuke que sempre foi muito ligado ao irmão não conseguia o animar e nem conseguia falar com Shisui.

 

A única coisa que Itachi fazia era ir à mesma cafeteria onde tudo começou. Fazia o mesmo pedido para ele e para Shisui, como se esperasse ele voltar. Sua aparência estava péssima, abatido, havia perdido peso consideravelmente, tinha olheiras fundas e um olhar sem brilho, sem vida.

 

Um dia, sentado no mesmo lugar, chorando lembrando de Shisui, quando olhou para a entrada da cafeteria e não acreditou no que seus olhos viam. Pensava que estava ficando louco ao ponto de alucinar. Estava vendo Shisui. Que estava como ele, mais magro, abatido, mas ainda era o mesmo. Ainda era o seu amado.

 

Shisui se aproximou da mesa onde Itachi estava, não sabia se o outro o perdoaria, se ainda o queria ao seu lado. Quando abriu a boca para falar Itachi se levantou e o abraçou, chorando mais do que antes.

 

─ Você voltou.

 

─ Voltei meu amor. Me perdoe, por tudo, por favor. ─ Shisui também estava em lágrimas, arrependido de ter deixado Itachi daquela maneira. 

 

─ Você não vai me abandonar de novo? Vai ficar aqui comigo? Para sempre?

 

─ Ainda me quer ao teu lado? Depois de tudo que eu fiz a você? Depois de te ter deixado daquela maneira?

 

─ Eu te amo Shisui e quero você ao meu lado. Ainda é meu noivo. ─ Disse mostrando a aliança que não tirou de sua mão em nenhum momento.

 

─ Você é perfeito, e também é meu noivo. ─ Falou mostrando a sua mão.

Ficaram mais um tempo na cafeteria conversando sobre o que passaram nos últimos meses. Não soltaram as mãos em nenhum momento, com medo que o outro pudesse desaparecer.

 

Depois foram a casa de Itachi, Shisui queria se desculpar com os sogros e o cunhado, que assim que o viu deu um soco em Shisui e iria bater mais se Itachi não tivesse o segurado e puxado Sasuke ao quarto para conversar enquanto Shisui ficou na sala ouvindo um sermão de dona Mikoto por deixar seu filho daquela forma e outra ameaça do pai de Itachi que disse que se fizesse seu filho sofrer outra vez, ele iria até o inferno atrás dele. 

 

Isso era só da família do Itachi, ainda teria a sua, seu irmão Obito que também iria lhe dar uns belos puxões de orelha. Teria muito trabalho para recuperar a confiança de todos.

 

Após Shisui voltar, Itachi voltou a faculdade, retomou seu rendimento na faculdade e seu cargo na empresa da família e marcaram o casamento para quando Itachi terminasse seu mestrado. Shisui seria paciente dessa vez. 

 

O casamento foi uma cerimônia simples e discreta, não queriam nada requintado mesmo sob os protestos da mãe de Itachi que queria um casamento com tudo o que o filho tinha direito. 

 

Quando completaram cinco anos de casados e com Shisui ocupado com o trabalho, mais até que Itachi, ele começou a sentir falta de companhia. Lembrava como era cuidar do Sasuke pequeno e sentia uma vontade de ter uma criança para chamar de sua. Itachi queria um filho.

 

Falou com o marido sob seu desejo de aumentar a família e Shisui pensou que poderia ser uma forma de se aproximar novamente do marido, passar mais tempo com ele e com o filho ou filha.

Decididos foram atrás de como fazer para adotar uma criança. Depois de três longos meses, de visitas, entrevistas e toda burocracia, foram aprovados. Não haviam definido se iriam adotar uma criança menor ou uma maior, isso até chegar no orfanato e se depararem com uma menina, de aparentemente uns 8 ou 9 anos, de longos cabelos negros parecidos com os do Itachi, só que mais compridos, olhos tão escuros quanto de Shisui e foi amor à primeira vista.

 

Foram falar com a assistente e a diretora e souberam que a menina se chamava Aiko e tinha 9 anos. Havia perdido os pais a três anos e desde então estava no orfanato, quase sem esperanças de ser adotada, pelo fato de preferirem crianças de até dois anos. 

 

No começo Aiko era tímida, quase não falava e lembrava muito Itachi quando Shisui o conheceu e aquilo o encantou. Depois de alguns encontros a menina já estava mais solta e se mostrou muito inteligente e esperta e logo se apegaram a ela. Quando foram autorizados a levar Aiko para casa foi uma alegria só, tanto para o casal quanto para os pais dos dois que se tornariam avós como sempre sonharam.

 

A pequena Aiko era só alegria, finalmente voltaria a ter uma família, não se importava em ter dois pais, na verdade adorou, seria diferente das outras crianças. Na saída do orfanato, ela foi carregada por Shisui nas costas e disse que seu pai costumava fazer a mesma coisa. Na hora ela ficou um pouco triste, depois se animou quando disseram que iriam fazer compras e que ela poderia escolher o que iria querer em seu quarto.

 

Aiko escolheu o tema universo para o quarto, fazendo Shisui revirar os olhos imaginando que teria outra pessoa super inteligente em sua vida. Não que fosse reclamar, adorava essa curiosidade e sede pelo conhecimento.

O quarto da nova integrante ficou parecendo um planetário, cheio de planetas, constelações e galáxias. Era como entrar em outro mundo. Aquele dia foi a primeira vez que viram os olhos da pequena bilhar e fariam de tudo para ver aquele brilho e aquele sorriso novamente.

 

Os anos seguintes foram os mais felizes da família. A primeira vez que Aiko os chamou de pai foi em seu aniversário, o primeiro com eles quando fez 10 anos e os dois choraram de emoção. 

 

Quando Aiko estava para completar 15 anos, quase seis anos junto a eles, ela pediu se poderia ir na casa do seu padrinho Sasuke, que a mimava demais, não mais que Fugaku que se mostrou um avô muito carinhoso e amoroso e Aiko adorava passar um tempo com ele e a avó Mikoto. Mas o pedido para ir na casa do padrinho tinha um motivo, ela iria o ajudar a pedir o namorado de Sasuke, Naruto em casamento e iria ajudar a preparar uma surpresa para o tio Naru que adorava, e que Sasuke dizia que era tão infantil quanto a afilhada.

 

Depois de deixar a filha na casa do irmão, Itachi e Shisui aproveitaram para passar um tempo a sós, como a muito não faziam. Foram jantar, passear pelo parque de mãos dadas como faziam quando namoravam. Aproveitaram a noite como se fosse a última. 

 

Se soubessem que era realmente a última, teriam aproveitado mais?

 

 

Quando voltavam para casa, com Itachi dirigindo, foram surpreendidos por um carro que vinha em alta velocidade e invadiu a pista contrária, acertando o carro do casal fazendo Itachi perder o controle da direção e capotar. Com a força do impacto, os dois perderam os sentidos e desmaiaram.

 

Na casa do Sasuke o telefone chamava sem parar, até que ele pediu para Aiko atender.

 

"Poderia falar com Uchiha Sasuke por favor?"

 

─ Quem gostaria?

 

"É do Hospital Central, preciso avisar que o irmão dele e seu marido sofreram um grave acidente e estão em estado grave. Preciso que ele venha até aqui."

 

Aiko deixou o telefone cair, assustando Sasuke e Naruto, principalmente quando começou a chorar desesperada.

 

─ Aiko, querida, o que aconteceu? ─ Perguntava Sasuke desesperado.

 

─ Meus pais… acidente… hospital..  grave.. ─ Aiko falava as palavras soltas, sem condição de formular uma frase coerente, mas foi o suficiente para Sasuke entender.

 

─ Naruto, preciso ir ao hospital, fique aqui com a Aiko.

 

─ NÃO! ─ gritou Aiko ─ Eu vou com você padrinho. São meus pais.

 

─ Aiko, acho melhor você ficar. ─ Disse sério.

 

─ Por favor, padrinho. Eu já perdi meus pais uma vez, não quero perdê-los de novo. Me leve junto.

 

Sasuke suspirou e olhou para Naruto, que mais do que ninguém entendia o que a sua sobrinha de consideração estava sentindo, pois havia passado pelo mesmo quando tinha a idade dela quando perdeu seus pais.

 

─ Tudo bem, vamos. Mas tente se manter calma. Se desesperar não irá ajudar em nada.

 

Logo os três saíram da casa de Sasuke, com o moreno dirigindo e Naruto no banco de trás abraçado com Aiko, tentando acalmar, o que não estava sendo fácil. Ao chegar encontraram Fugaku e Mikoto, ambos em busca de notícias. Assim que viram Aiko junto, Mikoto foi falar com Sasuke.

 

─ Porque trouxe ela filho?

 

─ Ela estava lá em casa e atendeu o telefone. Até tentei convencer ela a ficar, mas não consegui. São os pais dela mãe e ela não é uma criança. ─ respondeu olhando Aiko que chorava abraçada ao avô.

 

Obito e seu pai chegaram pouco tempo depois e foram ficar ao lado de Aiko, que parecia perdida, como se não acreditasse que aquilo estava acontecendo. Depois de horas de espera uma médica loira, que aparentava cansado veio até a família que estava ansiosa por notícias, para saber se os dois estavam bem, se eles iriam ficar bem. Aiko que estava quase dormindo no colo de Obito, se levantou quando ouviu a médica falar.

 

─ São os familiares de Shisui e Itachi? ─ perguntou e sua expressão estava neutra, ou quase, pois nunca era fácil dar notícias ruins para as famílias. Me chamo Tsunade Senju e fui eu quem atendeu os dois quando chegaram. Chegaram aqui em estado gravíssimo, ambos foram encaminhados a cirurgia, Shisui era o que mais preocupava, além das fraturas, tinha perfurações no pulmão..

 

─ Como está meu filho? ─ pediu o pai de Shisui

 

─ Durante a cirurgia ele teve uma parada cardiorrespiratória, na primeira vez conseguimos o trazer de volta, mas na segunda… Fizemos todo o possível mas ele não resistiu. Sinto muito.

 

O pai de Shisui foi segurado por Naruto e Sasuke e colocado sentado em uma das cadeiras, enquanto Obito abraçava Aiko que parecia ter entrado em choque.

 

─ E meu filho, como está o Itachi? ─ perguntou Mikoto.

 

─ O estado dele é grave. Fizemos uma cirurgia e agora ele está em coma induzido. Tem um coágulo na cabeça e temos que esperar para ver se diminui. Não posso afirmar que está fora de perigo ainda. Temos que aguardar.

 

─ Eu posso vê-lo? Posso ver meus pais? ─ perguntou Aiko baixo.

 

─ O Itachi está na UTI, posso te dar dois minutos. E quanto a Shisui, não acho que seja bom você o ver agora.

 

─ Eu quero, por favor, me deixe ver meu pai. ─ pediu com a voz embargada.

Tsunade suspirou, não era normas do hospital atender um pedido daqueles, mas ela imaginava como aquela mocinha, tão desesperada estava se sentindo e por isso acabou cedendo. 

 

─ Tudo bem, mas ninguém pode saber disso, e te deixarei por apenas um minuto. Nenhum segundo a mais. Estamos entendidas?

 

─ Sim, estamos.

 

Assim, as duas saíram pelos corredores até a sala onde Shisui estava. Tsunade ficou na porta observando Aiko, que se aproximou lentamente do seu pai, fez um carinho em seu rosto e disse.

 

─ Como ficarei sem você? Como o papai vai ficar sem você? Você era tudo para ele, ele te ama incondicionalmente. Porque nos deixou? Porque? Isso é minha culpa, se eu não tivesse ido para casa do padrinho, nós três estaríamos em casa agora. Me perdoe papai, me perdoe… 

 

Tsunade foi até Aiko e a abraçou, podia ser uma médica experiente, deveria estar acostumada com essas situações, mas ver uma menina se culpando por um acidente, foi demais para ela. Não tinha coração de pedra. Ficaram um tempo abraçadas até que Aiko estivesse mais calma.

 

─ Ainda quer ver seu pai? ─ perguntou Tsunade.

 

─ Sim, por favor. ─ respondeu ainda abalada.

 

Seguiram por mais alguns corredores até chegar à UTI onde Itachi estava.

 

─ Vou te deixar aqui e volto rapidinho. Qualquer coisa é só me chamar. ─ disse Tsunade se retirando.

 

Aiko se aproximou do leito do pai e segurou sua mão e chorando falou.

 

─ Pai… você tem que voltar para mim… não posso ficar sozinha, não de novo… Eu sei que tenho o padrinho, meus avós, mas preciso de você. Ah pai, como vou dizer ao senhor que… como vou contar que não teremos mais o papai, não o ouviremos reclamar sobre os filmes que queremos assistir, que sempre dizia que eram chatos e nem nós com ele sobre as comédias românticas brega que ele gostava mas não conta para ninguém e nos ameaçava se ousássemos contar a alguém. Das suas implicâncias sobre como comemos besteiras e doces, principalmente nossos amados dangos, como ele não gosta de dangos? Mas nós iremos tê-lo sempre em nossos corações pai, ele nunca será esquecido, vamos sempre lembrar dele. Sei que será difícil, muito difícil, mas conseguiremos. Prometo pai.

 

Aiko ficou segurando a mão de Itachi, pedindo para ele acordar logo. Não demorou muito para Tsunade aparecer e dizer que ela precisava sair, pois já tinha dado o tempo e não poderia mais ficar ali. Mesmo relutante, Aiko se retirou.

 

Itachi passou vários meses no hospital, por sorte o coágulo retrocedeu, desinchou por si só e estava fora de perigo. Logo iriam o retirar da sedação e aguardar ele acordar por si só.

Durante esse tempo, Aiko fez acompanhamento com psicólogo para tirar a culpa que sentia pelo acidente e morte do seu pai Shisui, e aos poucos melhorava.

 

A família Uchiha estava ansiosa nos últimos dias, pois segundo Tsunade o Itachi poderia acordar a qualquer momento, já que havia retirado toda e sedação. Aiko ia todos os dias ao hospital ver seu pai, falava sobre seu dia, li livros para ele, principalmente aqueles que Shisui mais gostava. Era o jeito dela de manter o pai presente.

Naquele dia, enquanto ela lia O Hobbit, segurando a mão de Itachi, como sempre fazia, sua atenção foi tirada do livro ao sentir um aperto em sua mão. Parou rapidamente a leitura e olhou para sua mão e depois para o rosto do pai. Lágrimas começaram a rolar pela face da garota, que largou o livro no chão e abraçou seu pai, um abraço rápido porque sabia que precisava chamar um médico ou as enfermeiras o mais rápido possível. 

 

Logo o quarto tinha médicos e enfermeiros, e liderando tudo estava Tsunade. Fizeram alguns exames e testes com Itachi para saber com clareza qual era seu estado de saúde. Um tempo depois o restante da família chegou. Todos estavam, no quarto emocionados por ver Itachi finalmente acordado e aparentemente bem. Itachi olhava fixamente para Aiko, que estava abraçada a Sasuke.

 

─ Itachi ─ chamou Tsunade ─ Você sabe o que aconteceu, se lembra de alguma coisa? Se lembra o motivo de estar aqui.

 

─ Eu… não sei direito. Não me lembro de muita coisa. ─ respondeu, ainda olhando para Aiko.

 

─ Do que você se lembra?

 

─ Dos meus pais, do meu irmão, do Shisui… Onde ele está? Porque ele não está aqui? ─ perguntou estranhando a falta do seu amado.

 

─ Você se lembra dela? ─ perguntou Tsunade apontando para Aiko.

 

─ Não… quem é você? É alguma prima distante? ─ falou Itachi.

 

─ Eu… eu sou sua filha pai… ─ respondeu com os olhos marejados por seu pai não lembrar de si.

 

─ Filha? Eu tenho uma filha? Desde quando? ─ perguntou surpreso.

 

─ A quase sete anos papai. Vocês me adotaram quando eu tinha 9 anos.

 

─ Me… me desculpe, mas não me lembro. Aliás, como eu vim para aqui? O que aconteceu? Cadê Shisui? ─ estava estranhando cada vez mais.

 

─ Calma meu filho, vamos te contar tudo. ─ disse Mikoto se aproximando do filho e o abraçando de lado.

 

─ Você sofreu um acidente a alguns meses e ficou em coma. ─ Tsunade começou a explicar, tendo atenção do Itachi ─ Vocês se machucaram muito, chegaram aqui em estado gravíssimo, fizemos todo o possível para estabilizar vocês dois, conseguimos te estabilizar e te operar. O mesmo aconteceu com Shisui, mas durante a cirurgia ele teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.

 

─ C-como assim? Onde está ele? Ele está bem?

 

─ Sinto muito meu filho, mas Shisui faleceu. ─ respondeu Fugaku.

 

─ Não, não, não, isso não é verdade. ─ Itachi estava ficando nervoso.

 

─ Por favor, meu filho, se acalme… ─ Mikoto tentava acalmar o filho, sem sucesso.

 

─ Como vou me acalmar mãe, eu perdi meu amor, perdi a pessoa mais importante na minha vida, não tenho mais ninguém. ─ Itachi dizia em meio ao choro.

 

Aiko começou a chorar, por tudo, pela perda do seu pai, por seu outro pai não lembrar de si, por seu pai achar que não tinha mais ninguém, enquanto ela estava ali. Naquele momento não ligava se era egoísmo seu, queria apenas que tudo fosse um pesadelo.

 

─ Calma querida, ele vai lembrar de tudo, vai lembrar de você. ─ Sasuke dizia tentando consolar sua afilhada.

 

Itachi acabou sendo medicado para se acalmar e dormiu o restante do dia. Aiko, com muito custo, foi para a casa dos seus avós e Sasuke ficou com o irmão. Na manhã seguinte, enquanto esperava o irmão acordar, Sasuke ficou pensando em tudo o que estava acontecendo e como as coisas iriam ficar. A Dra. Tsunade disse que a memória dele poderia voltar, mas teria que fazer exames específicos para ter certeza que aquilo não era uma sequela do acidente. Foi tirado dos seus pensamentos quando ouviu a voz de Itachi.

 

─ Sasuke? O que faz aqui? O que aconteceu?

 

Sasuke ficou surpreso, não esperava que seu irmão não fosse lembrar de nada, de novo, principalmente do dia anterior.

 

─ Não lembra irmão, estivemos aqui ontem, conversamos. 

 

─ Eu… lembro de algumas coisas, está muito confuso. Eu sei… sei que falaram do Shisui… tinha uma moça… quem era ela?

 

─ Aiko. É minha afilhada, minha sobrinha. Ela é sua filha.

 

─ Eu tenho uma filha? Eu e o Shisui?

 

─ Sim, ela já tem 15 anos, é tudo para você. Ela te ama muito e sente sua falta.

 

─ Há quantos anos ela está comigo?

 

─ Sete anos.

 

─ E você é padrinho dela? Você? Que dizia que crianças eram irritantes e barulhentas?

 

─ Para ver o quanto a chegada da Aiko nos mudou, até o papai. Ele sorri com ela.

 

─ Sério? Nunca imaginei ver o senhor Fugaku Sem Emoções sorrir.

 

─ Mas é só para ela também. Aiko tem esse dom. Ela veio aqui todo dia, dizia que se não contasse sobre seu dia você ficaria bravo. Também lia os livros preferidos do Shisui.

 

─ Queria me lembrar dela. Como aconteceu? O acidente?

 

─ Ita… acho melhor deixar isso para outra hora. 

 

─ Por favor…

 

Sasuke suspirou, sabia que não deveria, mas seu irmão tinha o direito de saber.

 

─ Vocês tinham ido levar Aiko para minha casa, ela iria me ajudar a pedir Naruto em casamento, ela estava prestes a fazer 15 anos e mesmo assim quis me ajudar antes do seu aniversário. Vocês iriam aproveitar o dia só vocês dois. Quando estavam voltando para casa, um motorista bêbado invadiu a pista contrária e acertou o carro de vocês. O resto você sabe.

 

─ Por causa de um motorista bêbado, eu… eu perdi meu marido, o amor da minha vida e não me lembro da minha filha? Um desgraçado acabou com minha vida e da minha filha? Me diga Sasuke, o que aconteceu com o filha da puta que fez isso?

 

─ Ele morreu na hora, no acidente. Tente não pensar nisso agora, precisa descansar, se recuperar para poder sair logo daqui.

 

Sasuke abraçou Itachi e ficaram conversando mais um pouco, até a Tsunade chegar para levá-lo para mais alguns exames. Dias depois, Tsunade chamou todos novamente, e as notícias não eram nada animadoras.

 

─ Chamei vocês aqui para poder falar sobre a saúde do Itachi. Primeiro ele fisicamente está bem, só mais algumas semana e ele poderá ir para casa. Segundo, sinto informar que infelizmente essa perda de memória do Itachi não há nada que podemos fazer. Ele teve uma lesão em uma parte do cérebro responsável pelo armazenamento. Ele não cconseguirá recuperar as memórias perdidas, terá picos de lembranças.

 

─ O que isso quer dizer? 

 

─ Quer dizer que você vai acordar em alguns dias e poderá não reconhecer ninguém. Não se lembrará de nada, nem do que aconteceu com você, do acidente e do que aconteceu com Shisui.

 

Aquela notícia abalou todo mundo, tudo mudaria, a vida de todos mudaria completamente e teriam que se adaptar para ajudar Itachi.

 

Não foi nada fácil, lidar com as mudanças de Itachi, seus picos de memórias. 

 

Aiko foi a principal atingida, pois eram raros os dias em que Itachi a reconhecia. Mas os piores dias era quando ele não lembrava de que Shisui havia morrido.

 

Hoje era um daqueles dias.

 

Itachi se assustou com Aiko na cozinha, pois não lembrava dela e não sabia que tá sua filha.

 

─ Pai, se acalme por favor.

 

Assim que ouviu a palavra PAI sua expressão mudou, sentiu que a moça a sua frente era conhecida, há tempos.

 

─ Onde está o Shisui, me diga, por favor.

 

Aiko suspirou, não sabia qual seria a reação do seu pai, pois cada vez era de uma maneira diferente, as vezes ele gritava, outras ele chorava o dia todo, e as vezes se isolava, não falava com ninguém. Pediu para que seu pai se sentasse, o serviu o café da manhã, sentou a sua frente e pegou sua mão a acariciando.

 

─ Pai, preste atenção. Me chamo Aiko e sou sua filha. Você e o pai Shisui me adotaram quando eu tinha 9 anos. Há quase um ano atrás, você e o papai sofreram um acidente, infelizmente o papai não sobreviveu, e o senhor ficou com sequelas, com a parte da memória comprometida, quase não grava novas informações. O padrinho, o vovô e a vovó vem quase todos os dias aqui. Tome. ─ Aiko entregou um diário a Itachi ─ Você começou a escrever a um tempo, o que lembrava e sempre me pede, toda noite, para que te entregar toda manhã.

 

A reação do Itachi, dessa vez, surpreender Aiko. Itachi se levantou, se aproximou e puxou a menina para um abraço.

 

─ Obrigado filha, por tudo.

 

─ V-Você lembra de mim? Sabe quem sou pai?

 

─ Não muito, mas sei que eu te amo, que você está sempre comigo, mesmo nos dias mais difícil.

 

─ Obrigada papai. Eu também te amo.

 

As coisas não estavam e não seriam fáceis. Mas com a ajuda de Sasuke, Naruto, Mikoto, Obito e Fugaku, Aiko conseguiria ajudar seu pai, o ajudaria a seguir em frente. Cada dia seria uma batalha, uma luta, um obstáculo diferente. Mas seguiria em frente.

 

Alguns anos se passaram, a condição do Itachi mudou um pouco, ele conseguia gravar algumas coisas. Ele conseguia se lembrar com mais facilidade da filha, que mesmo quando tinha idade para ir a faculdade, escolheu ficar na mesma cidade, para poder ficar com o pai, mesmo que tivesse insistido para seguir sua vida, ela não o abandonaria. Nunca desistiria de seu pai, estaria com ele assim como ele sempre estaria com ela.