
Uma manhã.......... conturbada
Iruka acordou sentindo seu corpo sendo abraçado por Kakashi e não pôde evitar um sorriso surgir no seu rosto ao lembrar da noite passada. Estar com o Hatake foi realmente maravilhoso e esperava que aquilo se repetisse mais vezes. Mesmo admirando o rosto sereno do outro, precisavam levantar, tinham compromissos e o mais velho precisava ir trabalhar.
— Kakashi, acorde — chamou o prateado que apenas o apertou mais contra seu corpo — Vamos, precisamos levantar, temos três pestinhas para alimentar.
— Ainda tá cedo — resmungou o Hatake sonolento fazendo Iruka rir.
— Não sabia que era tão manhoso assim ao acordar, Kakashi. Consegue ser pior que o trio — riu Iruka do jeito do outro.
Kakashi não respondeu nada, apenas puxou Iruka para um beijo, que não foi negado, foi retribuído na mesma intensidade.
— Posso me acostumar com isso — declarou Kakashi quando se afastaram.
— Se acostumar com o que? — perguntou sem saber direito o que aquilo significava.
— Com você acordando do meu lado — respondeu acariciando a bochecha do outro.
— Nós precisamos conversar sobre isso — apontou para os dois — O que será daqui para frente. O que será de nós?
— Eu quero você ao meu lado. Como te disse a tempos atrás e me rejeitou, o sentimento não mudou, eu gosto realmente de você e quero estar contigo. Sei que isso pode ser complicado, ou talvez não seja tanto quanto imaginamos. Só preciso saber se está disposto a enfrentar as coisas ao meu lado.
— Estou Kakashi. Não tenho mais medo do que sinto por você. Só sei que quero ficar ao teu lado e dos pequenos que amo muito, como se fosse meus e que logo estarão de pé exigindo comida. Então, vamos levantar, senhor Hatake.
— Você é tão mandão, ‘Ruka… bem que eles reclamam disso, mas eu não ligo de receber ordens suas — Kakashi usou o apelido dado ao homem pelos filhos, mas que foi dito de uma forma tão sensual que fez Iruka arrepiar.
— Não ouse fazer nada, você tem uma cara de que vai querer me convencer a fazer sexo agora e não temos tempo para isso — advertiu o Umino um pouco corado fazendo Kakashi o achar fofo e o encher de beijos arrancando risadas do menor.
Quando conseguiu se desvencilhar de Kakashi, Iruka fez suas higienes e se preparou para ir ao seu quarto trocar de roupa, pois estava usando as de Kakashi e não queria ter que explicar aos três o porquê daquilo, não naquele momento. Infelizmente a sorte não estava ao seu favor.
Assim que saiu do quarto do Hatake mais velho, deu de cara com Naruto, Sasuke e Sakura que haviam acabado de acordar e ficaram surpresos ao ver a babá saindo do quarto do pai.
— Porque estava saindo do quarto do papai, Ruka? — perguntou Naruto, desconfiado.
— B-bem eu…. Kakashi… — Iruka não sabia o que responder.
— Porque está usando a roupa do papai? — agora foi Sakura a questionar o mais velho, que usava uma bermuda e camisa do mais velho, que ficavam grandes em si.
— Você e o papai dormiram juntos?— Sasuke quase gritou e sua voz estava cheia de alegria e Iruka viu um brilho nos olhos dos três. Podiam não saber o que aquilo realmente significa, mas pensavam que era algo bom.
— Porque esse interrogatório logo cedo? — questionou Kakashi aparecendo atrás de Iruka e assustando um pouco os filhos.
— Queremos saber se vocês estão namorando, oras. Porque o Ruka saiu do seu quarto e está usando suas roupas? — Sasuke perguntou enquanto segurava a mão do Iruka.
— Depois conversamos sobre isso. Vamos deixar o Ruka se trocar enquanto isso vamos ir arrumando o café da manhã, aí depois conversamos. O que me dizem? — Iruka agradeceu com um olhar, não sabia o que dizer aos pequenos, não que fosse algum segredo, mas Kakashi havia saído de um relacionamento a menos de 24 horas.
Os quatro Hatake saíram para a cozinha, enquanto um Iruka vermelho ia para o seu quarto se arrumar para mais um dia de trabalho. Se bem que ele havia sido demitido na noite anterior, então tecnicamente estava desempregado. Não demorou muito para se arrumar antes de ir até os quatro. Antes teria medo deles colocarem fogo na cozinha, mas agora Kakashi havia melhorado suas habilidades culinárias, surpreendendo Iruka.
Ao entrar na cozinha, os pequenos estavam sentados nas baquetas e pareciam que estavam enchendo o pai de perguntas e este tentava respondê-las da melhor maneira possível.
— Pai… diga logo se está ou não namorando com o Ruka, você só está nos enrolando — Sakura exigiu e os irmãos concordaram.
— Deixa eu explicar as coisas direito, se o Iruka não se importar — respondeu Kakashi apontando para o Umino que entrava no local e assentiu em concordância, sentando-se ao lado das crianças.
— Como sabem, estava namorando com Yamato, mas depois de ontem, espero não o ver tão cedo. Pensei que estava fazendo a coisa certa, mas só estava enganando a mim mesmo e a ele…
— Pai, não estamos entendendo nada — Naruto interrompeu o pai, perdido em toda aquela falação do mais velho.
— O que seu pai está tentando dizer, é que ele e Yamato terminaram, eles não estão mais juntos — Iruka explicou, tentando ajudar as crianças a entenderem toda a situação.
— Isso nós entendemos, Ruka, mas queremos saber se vocês estão namorando — questionou Sasuke impaciente com a enrolação dos mais velhos em responder aquela simples questão.
— Ainda não, meus amores, porque ainda não tive tempo de pedir a ele — disse Kakashi piscando para o mais novo que acabou corando com o ato — E além do que, temos outra questão para resolver e uma delas é que o Iruka não irá mais cuidar de vocês.
— O que? — os três perguntaram ao mesmo tempo completamente apavorados com a ideia do Iruka ir embora.
— Calma, não precisam ficar apavorados. Iruka não vai embora, a menos é claro que ele queria, mas ele não vai mais trabalhar para mim — Kakashi explicou aos filhos.
— Ele tem razão, não irei embora, ficarei aqui por enquanto. Cuidando de vocês como antes.
— Vai ser a nossa mamãe? — perguntou Naruto fazendo Kakashi rir e Iruka se engasgar com a saliva.
— Se ele quiser, eu não me oporia — Kakashi falou como se não fosse nada e viu os filhos se animarem ainda mais e começarem a fazer um monte de planos para o futuro, passeios, viagens deixando Iruka até um pouco tonto.
Os três nunca tiveram um café da manhã tão animado, num clima de família mesmo como naquele dia. Os outros dias eram parecidos, mas aquele em especial, depois dos mais velhos terem se entendido, tinha algo diferente no ar, como se naquele momento iniciou-se uma nova fase na vida dos Hatake.
Kakashi, por um milagre, até ligou para Kurenai e pediu para que cancelasse seus compromissos para aquele dia, pois tinha algo muito melhor para fazer, pessoas que precisavam mais de si do que a empresa naquele momento.
Depois do café da manhã e de arrumar a cozinha, que Kakashi apenas confirmou que cada um já sabia o que fazer e tinham sincronia quase perfeita, pois apesar de tudo ainda eram crianças e às vezes ainda se trombavam e Naruto e Sasuke discutiam, mas era algo que esperava ver todos os dias, se possível até o final de suas vidas.
A manhã corria calma com os cincos, que estavam na sala, sentados no tapete brincando de alguns jogos com Bull e Pakkun ao lado. Kakashi olhava com admiração o carinho que Iruka fazia no pug, quase sem perceber. Realmente ele estava superando seu medo, tinha muito a agradecer a Tsunade e Shizune, a psiquiatra que a Senju indicou e que fez muito bem ao Umino. Estavam em meio a gargalhadas quando ouviram a campainha tocar. Iruka automaticamente se levantou e foi atender a porta.
Porém, todo o tempo que estavam naquela casa, cuidando daquelas crianças e desenvolvendo um relacionamento aos poucos com Kakashi, jamais esperava pela pessoa que estava à porta.
Quem tocava a campainha era ninguém mais, ninguém menos do que Rin Nohara, a mãe dos trigêmeos e esposa de Kakashi.
Iruka ficou estático, não sabia o que dizer ou como agir, tanto que sua demora acabou atraindo a atenção de Kakashi que deixou os filhos brincando e foi até seu amado e quase e quase caiu para trás.
— Rin?! O que faz aqui? — perguntou o Hatake com certa rispidez.
— Olá Kakashi, há quanto tempo. Podemos conversar? — perguntou a Nohara sem olhar diretamente para o prateado.
— Conversar? Agora? Não é um pouco tarde para isso? Não temos nada para conversar, não depois de tanto tempo. Vá embora!
— Kakashi — Iruka chamou a atenção do mais velho — Conversem. Vocês precisam, se não for por vocês, façam por seus filhos.
— Iruka, tudo bem mesmo? Você não se incomoda?
— Não tenho porque me incomodar. Isso é uma das coisas que você precisa resolver antes de nós dois podermos seguir em frente com nosso relacionamento — afirmou Iruka fazendo Rin o olhar de canto, com um sorriso mínimo.
Kakashi bufou em descontentamento, mas admitia que o Umino tinha razão. Não podia ignorar Rin, ela ainda era mãe dos seus filhos e eles sentiam falta dela. Só esperava que ela não tivesse voltado para retomar a vida que tinham antes dela ir embora.
— Tudo bem Rin, entre. Quer ver as crianças? — perguntou Kakashi com receio de que a mulher dissesse que não.
— Pode ser depois de conversarmos? Se as vir agora, não conseguiremos conversar e quero passar um tempo com elas, se for possível — Kakashi conhecia muito bem a Rin para saber que o pedido era sincero.
— Sem problemas, eu só espero que você não suma novamente, pois se for fazer isso, não permitirei que os veja, que os faça sofrer. Nossos filhos já sofreram demais.
— Não pretendo desaparecer, Kakashi. Eu voltei para ficar.
Iruka que estava ao lado de Kakashi, sentiu um arrepio percorrer seu corpo, como se aquilo que estivesse começando a construir com Kakashi estivesse prestes a desmoronar.
— Iruka, pode levar as crianças até o jardim e ficar um pouco com elas lá, enquanto converso com a Rin? — pediu Kakashi.
— Claro, sem problemas — Iruka concordou e antes de ir até o trio deu um selinho no prateado, que ficou surpreso com o ato, mas riu em seguida ao perceber que o ato foi a forma de dizer a Rin que estavam juntos.
Kakashi esperou um pouco para ter certeza de que as crianças não estavam mais na sala para poder entrar com a mulher na residência. Assim que entraram era possível ouvir as vozes das crianças perguntando a Iruka quem estava na porta e porque demoraram tanto e o Umino dizendo que logo saberiam e mais reclamações sobre não dizer nada a eles. O Hatake indicou a biblioteca para poderem conversar com calma e sem correr o risco de uma das crianças aparecer de surpresa. Ao entrarem, Kakashi indicou uma das cadeiras em frente a mesa enquanto se sentava do outro lado.
— Então, o Iruka né… é seu namorado? — perguntou a Nohara com curiosidade.
— Pensei que queria falar sobre os motivos que te levaram a ir embora e não sobre minha vida amorosa — replicou Kakashi.
— Pare de são tão direto. Você gosta dele e ele de você, isso está na cara e fico realmente feliz por ter alguém ao seu lado. Ele me parece ser uma boa pessoa — conclui Rin com um sorriso.
— E ele é! Iruka é um anjo que apareceu na minha vida e na dos meu filhos. Mas não veio aqui para falar disso, não é?
— Não, vim te dizer o porquê de ter ido embora, ter deixado você e os nossos filhos.
— Pode começar, sou todo ouvidos.
Rin respirou profundamente, aquela conversa não seria fácil para nenhum dos dois, ela só esperava que Kakashi entendesse seus motivos e se possível, a perdoasse. Mas entenderia se não fosse perdoada de uma hora para outra, faria de tudo para conseguir o perdão de Kakashi e principalmente dos filhos..
— Só peço que não me interrompa ou não conseguirei chegar ao final. Eu demorei para conseguir vir até aqui. Passei por médicos, psicólogos, psiquiatras pois estava a ponto de explodir por não entender meus próprios sentimentos. Estava num conflito tão grande que eu já não sabia mais quem eu era. Sabe que meu sonho sempre foi ser mãe, ter meus filhos, minha própria família. Sempre me apoiou em todos os momentos e não quero que pense que teve culpa de qualquer coisa. Mas tem coisas que ninguém me contou sobre a maternidade e eu a idealizei como um sonho, onde tudo seria perfeito e lindo como nos filmes e como é mostrado em sua grande maioria nas redes sociais. Em diversos momentos eu pensava comigo, porque não me disseram que as coisas seriam assim? Principalmente quando se tem trigêmeos. Não falo apenas das mudanças no corpo e sim no psicológico. Depois do nascimento de Sasuke, Sakura e Naruto eu entrei em depressão, já não me sentia eu mesma. Você me convenceu a ir ao médico e comecei a fazer um tratamento com remédios. Mas mesmo assim, ainda me sentia sozinha e sob a pressão de ser a mãe perfeita, aquela que não pode reclamar, que não pode se sentir cansada. Sabe que desejei ser mãe a minha vida toda, imaginava que seria perfeito, que não teria problemas, que eu conseguiria cuidar dos nossos filhos e de mim. Os remédios me ajudaram um bom tempo, mas chegou numa época em que eu não sabia como lidar com eles. Naruto tinha dificuldade de aprendizado e não conseguia o ajudar. Sasuke estava se tornando fechado comigo, falava mais com você e não conseguia nem brincar com ele. Sakura, se tornava agressiva com outras crianças. Sentia que estava perdendo o controle das coisas mesmo que muitas delas não tivesse como evitar. Comecei a me sentir a pior mãe do mundo, incapaz de cuidar dos próprios filhos. Me senti sobrecarregada, perdida e parecia que ninguém poderia me ajudar e numa medida extrema em meio a uma crise de ansiedade eu simplesmente fui embora. Agora eu vejo que não foi a melhor atitude, que não deveria ter feito isso. Demorou mais eu percebi que mães não são perfeitas, não são super-heroínas, não precisam dar conta de tudo sozinha. Mães sofrem, cansam, estressam, choram, se desgastam — Rin não conseguiu mais falar pois foi tomada por um choro sentido e doloroso, como se tivesse sido difícil dizer tudo aquilo e na verdade havia sido.
— Eu também tenho culpa nisso, eu demorei, mas eu entendi que também sou culpado. Eu devia ter prestado mais atenção em você e nas crianças. Deveria ter sido um pai e um marido melhor, mas como estava fazendo acompanhamento, acabei deixando vocês de lado e focando apenas no meu trabalho — Kakashi também estava emocionado.
— Não… não se culpe Kakashi. Você fez o melhor que podia, mas enquanto eu não admitisse que precisava realmente de ajuda, as coisas não iriam melhorar. Eu passei um tempo numa clínica para tratamento, para poder me entender, me encontrar de novo e agora eu posso voltar a ser a mãe que meus filhos merecem — afirmou Rin com a voz ainda embargada pelo choro.
Havia sido um alívio para a Nohara finalmente poder dizer tudo aquilo ao Hatake, mas ainda tinham questões a resolver entre eles, sobre eles.
— Sabe, Rin, esse tempo não foi nada fácil lidar com eles. Eles ficaram mais rebeldes, não me obedeciam, o rendimento escolar deles caíram drasticamente. Se fecharam para todo mundo, até comigo. E a culpa disso foi minha, pois ao invés de ficar ao lado dos meus filhos, eu me afundei no trabalho apenas para não ter que lidar com a situação, tentei colocar panos quentes no que acontecia com eles. Fui negligente e insensível, pensei que elas logo entenderiam que você não voltaria. Mas eram apenas crianças e eu queria que agissem como adultos, queria que tivessem maturidade emocional, algo que nem eu mesmo tive. Eu não fui o pai que elas precisavam e sabia disso, mas apenas ignorei esse fato. Demorou um tempo para eu entender que a rebeldia deles era carência. Os três já tinham perdido você e eu tinha me afastado. As confusões que arrumavam na escola, com as babás era apenas uma forma de chamar a minha atenção, de ter um pouco do “pai” de volta, mesmo que fosse para brigar com eles. Quando me dei conta disso, me senti a pior pessoa do mundo, como eu pude fazer aquilo com eles? Precisei que outra pessoa me mostrasse o quanto estava negligente com meus filhos. Eu também senti a sua falta, pensava o que tinha feito de errado para você ir embora. Você foi embora e levou meu coração junto. Eu te amava tanto Rin. Eu não sabia como agir, como lidar com meus próprios sentimentos e emoções, como seguir em frente sem você ao meu lado. Levou um tempo até eu conseguir olhar para suas fotos, para suas roupas que ficaram. Cada canto dessa casa lembrava você e do quanto fomos felizes e durante muito tempo esperei você voltar, desejei que você voltasse e que fossemos novamente uma família feliz. Nós dois, os três pestinhas e nosso cachorro — agora era Kakashi que não evitou as lágrimas.
— Quando fui embora, só queria entender meus sentimentos, não queria que se sentisse culpado, pois não tinha culpa de nada. Eu também te amava, amava nossos filhos, amava a nossa vida juntos mas não tinha condições emocionais e psicológicas para continuar aqui. Nós dois erramos Kakashi, mas o que importa é que estamos dispostos a corrigir nossos erros, a melhorar pelos nosso filhos, pois eles merecem os melhores pais que podemos ser — afirmou Rin segurando a mão do prateado por cima da mesa.
— Você falou sobre sermos os pais que eles merecem, o que isso realmente significa? Você… quer que retomemos nossa vida juntos? Como casal? Você ainda sente algo por mim? Porque se for, pode ir tirando seu cavalinho da chuva — Kakashi não pode evitar aquela pergunta, que saiu mais rude do que pretendia, e pareceu que Rin já a esperava e não se importou com o tom de Kakashi.
— Não! Não tenho mais aquele amor por você, da mesma maneira que sei que também não o sente por mim, eu não quero voltar contigo Kakashi. O que tenho por ti, é apenas um grande carinho. Ficarmos juntos apenas pelos filhos não é a solução. Em que época está vivendo Hatake? — respondeu com o esboço de um sorriso — Eu quero apenas participar da vida deles, ser presente, cuidar deles, tentar compensar o tempo perdido. E antes que pergunte, não quero entrar numa briga judicial pela guarda deles, acho que podemos entrar num acordo, não é?
— Eu não vejo nenhum problema nisso. Mesmo que tenha ficado tempo fora, é a mãe deles, entendo seus motivos, o que te levaram a fazer o que fez, só espero de verdade que isso não se repita ou não te perdoarei. E não sinto mais nada por ti. Nem mesmo o ódio e a raiva que vieram depois de um tempo. Só tenho que avisar, talvez não tenha a recepção que espera deles, eles ainda estão magoados. Naruto era o que mais ansiava a sua volta, Sakura esteve dividida entre querer que voltasse ou não, mas Sasuke será o mais relutante em te aceitar de volta. São crianças, porém se sentiram abandonadas pela própria mãe. Não force a aceitação deles, é o que te peço.
— Tudo bem, não irei forçar. Espero conquistar o amor deles de volta e poder ser a mãe que eles merecem. Mas Kakashi, você pode me perdoar? Me desculpar pelas minhas atitudes, por todo sofrimento que causei? — perguntou Rin entre as poucas lágrimas que ainda escorriam em seu rosto.
— Claro, Rin. Não há razões para guardar mágoas, não é? O passado deve ficar lá, não precisamos ficar remoendo ele, não mudará em nada nosso presente, podemos apenas fazer um futuro melhor para todos. Quer ir ver eles agora? — pediu Kakashi se referindo aos filhos.
— Antes quero saber qual seu envolvimento com Iruka e dessa vez sem rodeios. Quero que me conte tudo — E lá estava o olhar determinado que Kakashi conhecia bem e que não aceitaria respostas vagas.
O prateado não conseguiu evitar o sorriso que surgiu ao lembrar de Iruka e em como tudo mudou com sua chegada. Mudanças não apenas em relação às crianças, mas no próprio Hatake e todas elas eram muito bem vindas.
— A quanto tempo não via esse sorriso… lembro quando ele era para mim e isso significa que você está apaixonado. Eu não reparava mais se ele ainda existia quando estava mal, não conseguia notar isso, desculpe..
— Isso é passado, não acabamos de falar que ele ficaria para trás? — pediu Kakashi.
— Ok, vamos falar da sua paixão então — Rin estava visivelmente animada com aquilo, o que surpreendeu Kakashi.
— Já que não tenha outra escolha — após um suspiro pesado, Kakashi começou a contar tudo, desde o começo, desde a chegada de Iruka a casa do Hatake até a noite anterior da chegada da Rin.
Antes de tudo, Rin sempre foi amiga de Kakashi, sua melhor amiga, nunca conseguiu esconder nada dela e pensou que poderia naquele momento, ledo engano. Contou tudo, deixando sua ex-esposa surpresa e também curiosa para conhecer o homem que conseguiu fazer tantas coisas boas pelos seus filhos e por Kakashi em tão pouco tempo.
— Agora, quer ir encarar as feras? Já sabe que Naruto será mais receptivo, com toda certeza, mas Sasuke eu já não sei como irá reagir, mas sei que não será nada boa — lembrou Kakashi mais uma vez.
— Não dá mais para adiar, já adiei o máximo que pude. Vamos lá, quero muito ver meus filhos.
Os dois saíram da biblioteca e foram até a sala, onde Kakashi deixou Rin e foi até o jardim onde estava Iruka e os filhos. O trio brincava com Bull e Pakkun e o Umino estava sentado nos degraus da escada, com um olhar distante, estava pensativo enquanto brincava com os dedos. Não precisava ser nenhum gênio para imaginar o que se passava na cabeça do mais novo. O Hatake se sentou ao lado de Iruka e entrelaçou as mãos, assustando Iruka, que assim que notou ser Kakashi acabou apoiando a cabeça em seu ombro.
— A Rin quer falar com eles — foi a primeira coisa que o prateado falou — Está os esperando na sala.
— Eles ficarão felizes em ter a mãe de volta — o Umino respondeu tão baixo que Kakashi quase não ouviu.
— Ei… eu sei o que está se passando nessa linda cabecinha, mas quero que tire todas suas preocupações dela. Quando eles forem falar com a mãe, nós iremos conversar e quero tirar qualquer dúvida, qualquer insegurança que possa estar passando por essa cabeça. Nada mudou em relação a nós, ao que sinto por você, Iruka. Não se preocupe — Kakashi segurou gentilmente o rosto do outro e deixou um selinho nos lábios de Iruka antes de ir chamar os filhos, deixando o Umino com um sorriso nos lábios e se repreendendo por estar fazendo suposições sem ao menos ter conversado com o Hatake..
— Naruto! Sakura! Sasuke! — o mais velho chamou os três que vieram correndo ao seu encontro e pararam em frente ao pai, que se abaixou para poder ficar na altura dos filhos — Tem uma pessoa esperando vocês na sala. Alguém que faz um tempo que não veem e espero que a tratem bem e o mais importante, a escute.
— Quem é papai? É a pessoa que estava conversando com o senhor antes? — perguntou Sasuke desconfiado.
— Não sendo o tal do Yamato, tudo bem — Naruto falou com um sorriso, sendo acompanhado pelos irmãos.
— Não é ele, eu garanto. Vamos então. A pessoa está esperando vocês lá na sala — Kakashi se levantou e deu espaço para os filhos passarem.
Os três entraram na casa quase correndo, sendo seguidos pelos mais velhos e não notaram que ambos estavam de mãos dadas e que a babá estava com o rosto em brasas pela atitude do prateado, mas não o afastou, gostava daquele contato.
Naruto, Sakura e Sasuke assim que entraram na sala ficaram estáticos, não esperavam aquela visita, pensavam que nunca mais a veriam e um deles já havia até se conformado com aquilo, mas para um loirinho era a realização de um sonho.
— Mamãe?! — Naruto gritou e saiu correndo em direção a Rin que estava abaixada esperando o filho.
— Meu amor, como você cresceu, está tão lindo — disse chorando de emoção, assim como Naruto.
A Nohara olhou para os outros dois que estavam parados ainda sem saber o que fazer. Sakura olhou para o pai como se pedisse permissão e para confirmar que não tinha problemas e quando recebeu um aceno em confirmação também foi abraçar a mãe.
— Minha princesa! Está tão linda! Os dois estão — apertou ainda mais os filhos que também choravam e não tinham condições de falar nada, por enquanto.
— Sasuke? — Rin chamou o de cabelos pretos, mas a reação dele foi diferente das dos irmãos.
— Você não é mais minha mãe! — gritou o pequeno e saiu correndo em disparada para o quarto, ignorando o chamado do pai e da mãe.
Kakashi fez menção de ir atrás do filho e o trazer de volta, mas foi impedido por Iruka, que segurou seu braço, o deixando confuso.
— Eu vou! Não se preocupe, logo voltamos — pediu Iruka.
— Tudo bem, aprendi que se tem alguém que pode convencer o Sasuke de alguma coisa, é você. Tenho até ciúmes dessa relação de vocês — brincou o prateado antes de liberar o Umino para ir até o filho.
Rin e os outros dois ficaram observando Iruka seguir pelo mesmo caminho que Sasuke e a mulher viu Kakashi dizer para que ela esperasse e que tudo daria certo.
Iruka chegou ao quarto dos três e viu o pequeno deitado na cama, de costas para a porta, abraçado ao travesseiro, tentando evitar o choro mas não conseguia.
— Sasu… porque saiu correndo daquela forma?— Perguntou Iruka com calma assim que sentou na cama e começou a fazer carinho nos cabelos negros do menino.
— Eu não quero falar com ela. Ela foi embora e nos deixou sozinho. Não quero nunca mais falar com ela — respondeu Sasuke sem virar o rosto para Iruka.
— Lembra que a gente já falou sobre isso, meu amor? E você tinha dito que a ouviria — pediu o mais velho.
— Eu sei Ruka, mas… e se eu ouvir ela e depois ela for embora de novo? Se ela quiser ficar com o papai de novo? E se você for embora por causa disso? Não quero perder você também — Sasuke se levantou apenas para abraçar Iruka e deixou o choro correr livre.
— Ei, se acalme, está bem. Primeiro, eu não vou a lugar algum, não precisa se preocupar. Depois ela e seu pai, pelo pouco que ele me falou, se entenderam e por último, sua mãe falou que não vai embora de novo. Dá um voto de confiança para ela — pediu Iruka enquanto secava as lágrimas do menino.
— Mas se ela e o papai forem ficar juntos de novo você vai deixar de namorar com ele, porque eu vi vocês dois se beijando lá fora e não quero isso, quero que você fique com o papai. A gente não atrapalhou e incomodou o Yamato para que se separasse do papai para vocês não ficarem juntos agora — reclamou o pequeno bravo, fazendo um biquinho, que fez Iruka rir da sua atitude.
— Eu sei que vocês aprontaram com o Yamato e ainda iremos conversar sobre isso. Mas quanto a mim e a seu pai, não precisa se preocupar, e sabe porque? Porque eu gosto muito do seu pai, na verdade eu o amo, mas não conte a ele, é segredo — Iruka sussurrou a última parte fazendo Sasuke sorrir abertamente com aquela informação — Quanto a sua mãe, converse com ela, ouça o que ela tem a dizer, não estou dizendo que precisa correr para os braços dela se não se sentir bem com isso, mas dê uma chance para ela se explicar. Vocês me deram uma chance, lembram, depois das pegadinhas e tudo e agora estamos nos dado bem, não é? — viu o pequeno confirmar com um aceno — Então meu amor, tente fazer o mesmo com ela, ok.
— Ok, Ruka, só porque você pediu, mas se eu não gostar do que ela falar, eu não vou mais falar com ela, tá? Nem que o dobe do Naruto ou a Saky me implorem. E não falarei ao papai que você ama ele nem que ele também ama você — Sasuke apertou o abraço no Umino.
— Então vamos!
— Vamos, mas Ruka… posso te pedir um favor?
— Claro, o que é meu amor?
— Me leva no colo? — a pergunta fez Iruka gargalhar sendo acompanhado do pequeno, que tinha um olhar mais animado.
Iruka pegou o pequeno no colo, que agarrou o pescoço e voltaram para a sala, onde todos aguardavam os dois. O Umino sentiu Sasuke ficar tenso e se encolher em seus braços.
— Calma, Sasu, eu estou aqui, ok — o mais velho sussurrou antes de colocar Sasuke no chão.
Rin se aproximou com cautela do pequeno, não queria que ele fugisse de si novamente, queria conquistar a confiança e amor deles novamente, mesmo que levasse um tempo, não desistiria.
— Sasuke — Rin chamou-o e esperou ele a olhar, quando o fez, pediu para que se aproximasse e saindo do lado de Naruto e Sakura se aproximou de seu filho, estendeu a mão na intenção de o tocar, mas ele se afastou e buscou Iruka com os olhos.
O Umino estava ao lado de Kakashi, que se aproximou assim que Sasuke foi colocado no chão, e quando viu ele acenar em apoio, o pequeno começou a falar antes que Rin pudesse dizer algo.
— O Ruka falou que eu devia te ouvir e depois ver o que eu faria. Então, primeiro eu quero saber se você não vai embora de novo e depois porque você foi embora e deixou eu e meus irmãos sozinhos, porque abandonou a gente? Não amava mais nós, nem o papai?
— Para que isso Sasuke? A mamãe voltou e é isso que importa — interrompeu Naruto não entendendo porque o irmão não podia ficar feliz com a volta da mãe.
— Naruto… eu tô feliz que a mamãe tá de volta, mas também quero saber porque ela foi embora — Sakura tentava impedir que os irmão brigassem.
— Eu não me importo, a mamãe voltou e a gente vai poder ser uma família de novo. A mamãe, o papai e a gente, como sempre foi — o loirinho quase gritou com os irmãos.
— Calma, sem briga, meus amores. Eu acho que vocês merecem saber o que aconteceu e como as ficarão a partir de agora. Por isso quero que prestem atenção em tudo o que eu irei dizer, podem fazer isso — perguntou Rin encarando os três.
— Sim, mamãe — responderam juntos.
Rin pediu para eles se sentassem no sofá e ficou de frente para eles, sentada no tapete e começou a contar tudo o que aconteceu, explicar porque foi embora, mas tentava usar palavras fáceis para que os pequenos entendessem.
Kakashi puxou Iruka pela mão e o levou até a cozinha para que os quatro conversassem com calma, sem medo de dizer algo devido a presença dos dois e aproveitando assim para poder falar com o Umino sobre eles. Ao chegarem no local, o prateado sentou em uma das banquetas e trouxe o menor para um abraço e em seguida para um beijo.
Para Kakashi beijar Iruka era como ir ao céu, como se a boca do outro fosse feita para se encaixar na sua e sentia que era correspondido da mesma maneira, o que deixava o Hatake em êxtase.
— Como é possível — soltou Kakashi quando se afastaram deixando Iruka confuso com a fala — Alguém ser tão bonito? Tão perfeito? — perguntava sem esperar realmente uma resposta deixando o Umino corado — É impossível não se apaixonar por ti, Iruka.
— Não diga essas coisas, assim, do nada, Kakashi — repreendeu envergonhado.
— Ontem você não estava envergonhado, querido… Nem um pouco — Kakashi distribuía beijos pelo pescoço do outro para o provocar.
— O-outra situação — tentou desconversar e se afastar das provocações do acinzentado, mas foi em vão, pois seu corpo não lhe obedecia — Kakashi por favor, pare com… essas… provocações. Nós precisamos conversar primeiro, mais tarde — sorriu provocativo para Kakashi.
— Cobrarei, Ruka… Mas tem razão temos que conversar — olhou sério para Iruka que ainda estava abraçado a si, não tinham a menor intenção de desfazer aquele contato — Como ouviu, a Rin quer voltar a ter contato com nossos filhos, voltar a ser mãe deles, tentar compensar o tempo perdido. E antes que pergunte, pois sei que deve estar com isso na cabeça desde a chegada dela, ela não pretende retomar nosso casamento e nem eu sequer cogitava isso. Estava até pensando em como fazer para pedir divórcio já que ela havia sumido, mas agora que voltou, logo estaremos oficialmente separados.
— Eu fico feliz em ouvir isso, pois não sei o que faria se quisessem retomar o casamento de vocês, eu não ficaria entre vocês, era mais provável que eu fosse embora, me afastasse de você definitivamente — desabafou Iruka sem olhar diretamente para Kakashi.
— Ei, olhe para mim — levantou gentilmente o rosto do Umino para poder olhar em seus olhos castanho — Ainda bem que não estou disposto a deixar você ir embora, eu iria atrás de você e te traria de volta, lutaria por você, não desistiria de você e sabe porque? Porque eu te amo, Iruka Umino e quero que faça parte dessa família que ajudou a se aproximar novamente.
Iruka não esperava aquela declaração, na realidade nunca havia ouvido aquilo em sua vida, além dos seus pais quando era criança, e o mais importante de todos até então, o da sua filha Sayuri.
— Kakashi… eu também amo você. E estou muito feliz em fazer parte dessa família — afirmou Iruka abraçando o Hatake e em seguida o beijando carinhosamente.