Fios

Naruto
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Summary
Neji nunca imaginou que os fios do destino lhe reservassem pessoas tão especiais. Só que ao invés do costumeiro fio vermelho, o que tornou os laços fortes com seu enteado foram seus longos fios de cabelo castanhos.
Note
Chegando com algo diferente, não temos romance, apenas uma relação pai e filho (padrasto e enteado)Um linda estória que espero que gostem e que fiquem com o coração quentinho.Adorei escrever e espero que gostem de ler.Agradeço a Déa pela ajuda com o título e com a sinopse que ficou perfeita e a Juju pela betagem.Gurias, eu amo vocês e sabem disso e não canso de dizer....Boa leitura!!

Shikadai pensava que a vida dos seus pais era perfeita, nunca os via brigando, discutindo. Apenas o de sempre, sua mãe gritando com seu pai, vez ou outra lhe dando uns tapas. Nada fora do normal quando se tem Shikamaru Nara e Temari no Sabaku como pais. Sabia que sua mãe era explosiva e seu pai calmo demais, mas pensava que eles ficariam juntos para sempre.

Infelizmente, isso não aconteceu. Quando o pequeno Shikadai tinha apenas seis anos, seus pais se separaram. E não foi um drama, uma briga. Os dois conversaram muito e chegaram a conclusão que seria melhor daquela forma. Não iriam continuar juntos apenas pelo filho, sem amor, mesmo que mantivessem um respeito e admiração muito grande um pelo outro. E apesar de tudo, ele entendeu, apesar de ter ficado triste com aquilo. Muitos achavam que ele era novo demais para entender aquilo, mas Temari e Shikamaru sabiam que o pequeno gênio Nara entenderia que nem sempre o amor dura para sempre.

O pequeno se dividia entre ficar com a mãe e pai e gostava daquela vida, mesmo que durante um tempo tenha alimentado o sonho de que eles voltariam a ficar juntos. Aquele sonho infantil morreu dois anos depois, quando seu pai começou a namorar. Ele não sabia que Shikamaru também gostava de homens e foi um choque quando soube que a namorada, ou melhor, namorado do pai era Neji Hyuuga.

Shikadai podia ser uma criança, mas não via nada demais em dois homens se relacionarem, afinal seu tio Gaara era casado com Rock Lee e o chefe de seu pai, Kakashi Hatake era casado com Iruka Umino. Então o problema não era esse. O problema era que ele pensava que seus pais, em sua inocência, que eles não teriam outros relacionamentos, que seriam apenas sua mãe e seu pai e não teriam outros relacionamentos.. 

O jovem Nara ficou um bom tempo sem falar com o pai. Evitava ir na sua casa para o visitar, passar os finais de semana, férias, feriados ou apenas ficar com ele algum dia da semana, principalmente se Neji estivesse lá. O Hyuuga tentava de todas as formas se aproximar de Shikadai, mas temia ser invasivo ou parecer que estava querendo roubar o pai do pequeno. Sempre que podia tentava falar com o filho do namorado sobre jardinagem, um hobbie que tinha e gostava muito, artes marciais que praticava, jogos, filmes, séries, desenhos, mas sempre era afastado e depois de um tempo, não insistiu mais, não iria impor sua presença.

A situação chegou ao ponto de Neji e Shikamaru quase se separarem, pois o que Neji menos queria era afastar pai e filho e não queria ser um empecilho naquela relação tão boa que eles tinham. E numa atitude extrema, o perolado se afastou, pediu um tempo e mesmo que doesse, mesmo que sentisse falta do seu bicho-preguiça, pensava estar fazendo a coisa certa.

No começo Shikadai ficou feliz pois tinha novamente seu pai somente para si, faziam as coisas juntos, jogavam, se divertiam, brincavam como sempre faziam antes de Neji aparecer. 

Com o passar do tempo, ele foi notando que seu pai, mesmo que risse com o filho, o sorriso parecia não chegar aos olhos do mais velho e também não tinha mais aquele brilho em seus olhos. Quando Shikadai perguntava se o pai estava bem, Shikamaru respondia que sim.

“Porque não estaria, meu amor?” Shikamaru respondia com um sorriso, sorriso que parecia um pouco triste e Shikadai percebeu.

“Papai, onde está o Neji?” perguntou tentando descobrir porque o pai estava tão triste e pensou que talvez fosse por causa do Hyuuga que a tempos não ia mais na casa deles, pensou que tivessem brigado, mesmo que no fundo soubesse que era por sua causa, não diretamente pelo menos.

“Ele foi embora, filho”

“Por minha causa?”

“Não meu amor, por escolha dele. Não pense que tem alguma culpa nisso, está bem?”

Por mais que o pai dissesse que a culpa não era dele, ele sentia que era e precisava fazer alguma coisa para tentar corrigir aquilo. Por isso foi atrás dos amigos para que pudesse o ajudar. 

Boruto, Sarada, Inojin, Chōchō, Metal e Shinki tentavam ajudar o amigo, mas era difícil para crianças de dez anos entenderem os sentimentos.

“Você tentou falar com ele?” Questionou Shinki, que sempre era o mais quieto, mas era bom observador, e por ser o mais velho do grupo acabava dando os melhores conselhos.

“Claro, mas o papai só me diz que a culpa não é minha” respondeu Shikadai com tristeza.

"Não com seu pai, com o namorado dele”, esclareceu o filho mais velho de Gaara.

“Porque ele falaria com o Tio Neji?”, Metal estava confuso com a fala do irmão.

“Para tentar entender o porquê dele ter se afastado, é claro”, Inojin quase gritou.

“Pra que?” Shikadai ficou sem entender.

“Você é mesmo filho de um gênio, considerado um também?” Sarada se intrometeu no assunto.

“Até eu entendi, Shika”, foi a vez de Boruto se pronunciar.

“Se até o Boruto entendeu, tu tá feio em Shikadai”, Chōchō falou rindo do amigo, que levou ainda mais um tempinho para finalmente entender.

“Ow… vocês tem razão… Eu preciso saber porque o namorado do papai se afastou e assim posso fazer eles se entenderem de novo e ele vai voltar a ficar feliz. É isso!” o Nara comemorou

“Finalmente!” Os amigos exclamaram juntos deixando Shikadai envergonhado.

Agora ele só precisava saber onde encontrar Neji, o que nem foi tão difícil quanto esperava, já que Metal e Shinki o consideravam como um tio, por ser melhor amigo do pai Lee, sabia onde Neji morava e levaram o amigo até lá..

Com a ajuda dos amigos, Shikadai foi até a casa do Hyuuga, que para sua surpresa, não era tão longe da casa do seu pai, fato que deixou o pequeno intrigado, pois sempre passava por ali com Shikamaru e nunca havia visto Neji. ‘Talvez ele não quisesse ser visto pelo papai, nem o ver’, pensou Shikadai.

Pediu para que os amigos ficassem ali, não queria uma plateia e apesar de todos estarem curiosos para saber o que aconteceria, acataram o pedido do Nara, que a passos lentos se aproximou da casa de Neji. A casa não era muito grande, pelo menos por fora, tinha um pequeno jardim na frente, com algumas flores que Shikadai reconheceu por Neji ter lhe dito o nome uma vez e ele havia apenas ignorado, apesar de ter achado as flores lindas. Ao se aproximar mais, pode ouvir sons de algo batendo e lembrou que Neji gostava de praticar artes marciais, o que fascinou o Nara mais novo quando seu pai contou e ainda mais quando o viu, mas por ter uma resistência para gostar do perolado, ignorou aquele sentimento. Mas agora ali, depois de ter seguido o som até o fundo da casa e vendo o Hyuuga treinar, viu o quanto era bom e o quanto havia sido tolo ao negar que o outro lhe ensinasse um pouco do que sabia, mesmo tendo ficado interessado.

“Neji” Shikadai chamou, fazendo o Hyuuga interromper o treino e olhar surpreso para sua visita inesperada.

“Shikadai? O que faz aqui? Aconteceu alguma coisa?” pediu Neji preocupado, pois não esperava ver o filho do homem que ama ali, com uma feição abatida, podia dizer, triste.

“Eu queria falar com você, Neji”, Shikadai falou sem encarar o acastanhado.

O mais velho secou seu rosto com uma toalha que estava ali, bebeu um pouco de água e então se aproximou do mais novo e indicou um banco que tinha ali perto, para que se sentassem. Assim que o fizeram, Neji aguardou pacientemente Shikadai começar a falar, estava de fato curioso com o que ouviria.

“Você se afastou do papai por minha causa, não foi?” Shikadai foi mais direto do que Neji esperava, mas não ficou tão surpreso, afinal ele era filho de um gênio e sabia que o pequeno era um também.

“Isso é complicado e…” Neji começou mas foi interrompido pelo jovem.

“Não diga que sou criança e que não entendo das coisas. Eu vejo que meu pai tá triste, mesmo ele negando. Mesmo fazendo todas as coisas juntos, coisas que sempre fizemos, ele não parece mais animado como antes. Às vezes ele fica parado, pensativo, como se tivesse pensando demais em uma coisa. Além dele não estar dormindo direito e estar trabalhando demais. Eu nunca vi, mas já ouvi a mamãe brigar com ele por causa disso”, disse o pequeno com um sorriso, fazendo Neji sorrir também.

“Shikadai, eu sei que você já entende as coisas, que é inteligente e muito esperto, Shikamaru não cansa de te elogiar e eu vi com meus próprios olhos todas as suas qualidades. E sei que entenderia as coisas. Eu só… não quero que fique chateado”, afirmou Neji.

“Então, você se afastou do papai por minha causa?” Shikadai foi ainda mais direto, agindo como a mãe Temari quando não queria enrolação.

“Não, meu querido. Eu me afastei porque senti que estava afastando vocês, estava me sentindo um intruso ali e a última coisa que queria era atrapalhar a relação linda de vocês. Vocês sempre foram bem unidos, próximos e não queria estragar aquilo”, Neji achou melhor ser sincero, mesmo ele tendo apenas dez anos entendia muito as coisas.

“Você não estava atrapalhando… eu conversei com a mamãe e ela me falou que eu estava com ciúmes do pai. Até pedi se ela não sentia ciúmes e acredita que ela riu de mim? Falou que não tinha motivos para isso, que apenas admirava o pai e queria ver ele feliz e que deveria fazer o mesmo. Eu não tinha percebido as coisas que fazia, até que o pai começou a ficar triste.” contou Shikadai para surpresa de Neji.

“Você tem mesmo só dez anos? Mas sendo filho do Nara e da Temari não era de se esperar menos.” falou Neji com um sorriso.

"Vai conversar com o papai e se entender com ele?” pediu com esperança, Shikadai não queria mais ver o pai triste pelos cantos.

“Isso não te incomodaria? Não acharia ruim ou pensaria que estou querendo tirar seu pai de você?”

Para alguns Neji poderia estar sendo grosso com uma criança, mas queria uma resposta franca do jovem Nara, pois estavam tendo uma conversa aberta e sincera.

“Prometo, Neji. Se for para ver o pai feliz faço qualquer coisa, e também você poderia me ensinar alguns golpes, como havia dito uma vez ou como cuidar das flores e também como passar naquela fase do videogame, nem o papai conseguiu", Shikadai falava rápido e Neji não pode evitar o riso.

“Vamos com calma, está bem? Falo com seu pai e depois a gente vê as outras coisas, mas não vejo problema nenhum em fazermos isso, se Shikamaru concordar”, afirmou Neji.

Aquela escolha, aquela visita, aquela conversa entre o Nara mais novo e Neji foi um divisor de água na relação dele com o Hyuuga. Na realidade mudou até a relação com o pai, parecia que ficaram mais próximos do que nunca.

Com o tempo, Neji e Shikadai foram se aproximando mais, se tornando amigos, o que causou até inveja em Shikamaru que dramatiza dizendo que havia sido trocado pelo namorado. 

Quando Neji e Shikamaru decidiram casar, tiveram receio da reação de Shikadai, mas para surpresa dos mais velhos ele praticamente gritou um “FINALMETNE”, já que Neji passava mais tempo na casa do outro do que em sua própria.

Para Neji, Shikadai era como um filho e para sua surpresa, ele se considerava da mesma maneira, tanto que num dia, em um almoço em família para comemorar aniversário de Shikamaru, Shikadai chamou Neji de pai e nem percebeu, deixando a todos surpresos e Neji não segurou as lágrimas de emoção. Até mesmo temari se emocionou pois sabia que o acastanhado tinha um carinho e amor grande pelo filho e ver que eles se davam tão bem, a deixava muito feliz.

A relação de Neji e Shikadai era sólida e o mais novo via no outro um confidente, alguém que sempre o ouviria e não o julgaria. Confiava nos pais e tudo mais, mas tinha algo em Neji que o deixava ainda mais confortável em contar qualquer coisa. E isso se comprovou, se afirmou quando o Nara mais novo estava com seus dezesseis anos e começou a se questionar sobre sua sexualidade e sobre os sentimentos que possui para com o melhor amigo Inojin. Os dois amigos tinham até se afastado um pouco por causa disso e Shikadai estava abatido, não falava com o pai nem com a mãe. Mas Neji conseguiu fazer o filho se abrir e dizer o que estava acontecendo. Então Shikadai contou tudo e o mais velho pediu se ele gostava do amigo, mais do que amizade  quando teve a confirmação, disse que para contar a Shikamaru e Temari, não ter medo de  se assumir, pois teria todo o apoio do mundo e Neji também estaria lá ao seu lado e depois disso deveria falar com Inojin, ser sincero com o amigo e se por algum motivo seus sentimentos não fossem correspondidos, o que Neji julgava ser impossível pois via como o loiro olhava para seu filho causando até um certo ciúmes, ele estaria ali, com o colo pronto para caso quisesse chorar. Por sorte, e talvez mas só talvez, e tristeza de Neji, os sentimentos eram correspondidos.

Tudo estava indo muito bem, até cerca de um ano depois. Shikadai estava com dezessete anos e namorava com Inojin sério a quase dez meses, estavam bem e felizes. Porém Neji começou a passar mal a uns meses atrás e quando foram ao médico, a notícia que receberam não foi nada boa, uma notícia que ninguém quer ouvir e que abalou a família Nara. Neji estava com câncer.

O tratamento teria que ser intenso, pois não estava necessariamente no começo mas não estava num estágio tão avançado a ponto de preocupar ainda mais o marido e o filho, o Hyuuga ainda não corria risco de morte. 

Devido ao tratamento, a quimioterapia, Neji começou a perder cabelo. No começo ele o cortou, a muito custo, deixando na altura nos ombros, já que antes eles chegavam quase ao final da coluna. Shikadai via o quanto o pai estava sofrendo com aquilo, sabia do zelo que ele tinha com os cabelos, que iam além da vaidade. Os cabelos longos de Neji faziam parte da sua personalidade, muitas vezes era através dele que a mostrava. Sempre mostrou aos outros que era muito mais do que lindos cabelos compridos e que nada diminuía suas capacidades, sua inteligência e sua força. Porém a queda continuou, aumentando a níveis que chegaram a formar falhas e foi indicado a ele que raspasse a cabeça. Neji se recusou a fazer isso por dias, não queria chegar a esse extremo, mas não tinha como não fazer, não poderia mais adiar. Então com a ajuda de Shikamaru e Shikadai, este que não soltou a mão do pai em nenhum momento, eles fizeram. Shikamaru tremia e não podia evitar as lágrimas, acompanhando o marido e o filho. Foi uma cena realmente emocionante e tocante para os três, apesar do momento não ser o mais feliz mostrou que estariam sempre juntos.

Depois disso, Neji ficou dias no quarto sem sair, não queria que ninguém o visse daquela forma e sentisse pena de si. Odiava esse sentimento em sua direção, pensava que era porque o achavam fraco e não queria se sentir fraco. 

Shikadai queria encontrar uma forma de ajudar Neji naquele momento, mas nada lhe passava pela sua cabeça, então recorreu aos amigos novamente, e ao namorado. Grupo que se mantinha unido desde a infância, estava reunido na casa do Yamanaka, jogados no tapete no chão da sala e alguns no sofá.

Shikadai estava deitado no colo do namorado Inojin, Shinki estava com a cabeça no colo da namorada, Chocho, que fazia carinho em seus cabelos negros, Metal ao lado de Himawari, estes que recebiam vez ou outra olhares penetrantes do irmão da Hima, que morria de ciumes daquela relação, pois era sua pequena irmã, que para Boruto ainda tinha cinco anos e não quinze e Sarada que fez o outro dava uns tapas no amigo para deixar de ser ciumento.

“Quero fazer algo para animar o pai… ele tá tão para baixo, não gosto de ver ele assim”, desabafou Shikadai.

Todos estavam cientes da condição de saúde de Neji e tentavam demonstrar apoio como podiam, mesmo que às vezes parecesse pouco, Shikadai sabia que ajudavam o pai.

“Amor, você já faz tudo o que pode”, Inojin tentou animar o namorado.

“Mas não é o bastante, vocês não entendem. Ele não sai do quarto, só sai de casa quando precisa ir ao hospital fazer as sessões de quimio.” Shikadai falou com os olhos marejados.

“Tudo isso por causa do cabelo?” Questionou Boruto recebendo olhares reprovadores de quase todos os amigos.

“Boruto, sabe que não é apenas pelo cabelo, né baka… tio Neji usa o cabelo para se expressar também, pode parecer algo fútil, mas não é. Ele faz isso para mostrar que ele é mais do que isso”, Metal defendeu o tio.

“Eu sei, eu sei… não quis parecer insensivel”, Boruto começou a se defender.

“Só não sabe se expressar”, afirmou Shinki que parecia estar dormindo pelos carinhos que recebia, mas na verdade prestava atenção na conversa.

“Se fosse com minha mãe e meu pai eu tentaria me colocar no lugar deles, quem sabe fazer algo para que ele não se sentisse o único a passar por aquilo”, comentou Chocho.

“Como assim?”, perguntou Sarada não entendo onde a amiga queria chegar com aquilo.

“Eu acho que sei”, Shikadai falou se levantando rapidamente.

“Não tá pensando em….” Inojin estava sem reação, pois conhecia bem o namorado para saber o que estava se passando pela cabeça dele.

“Porque não? Vai deixar de gostar de mim por causa disso?”, Shikadai perguntou irritado.

“Não é isso amor, calma. Só não quero que se arrependa depois.”

“Shika, a gente tá do seu lado, se quiser fazer isso”, afirmou Himawari que até então estava em silêncio.

“Do que estão falando? Não estou entendo nada…” reclamou Boruto.

“Tinha que ser filho do Naruto”, os amigos disseram em coro.

“Ele quer raspar o cabelo, para apoiar o pai, seu idiota”, esclaereceu Shinki.

“Wow… isso é bem sua cara… mas porque não faz algo a mais. Tipo a gente podia fazer um vídeo", Boruto deu a ideia, vendo os amigos o olharam em dúvida, “Depois eu que sou lento… A gente faz um video do Shikadai dizendo o porquê de estar fazendo isso, grava o processo e depois a reação do tio Neji quando o ver”

“Ele pensa às vezes", debochou Shinki, ganhando o dedo do meio em resposta.

“Ok, vamos fazer. Quem tem a máquina de cortar cabelo e quem grava o vídeo?” pediu Shikadai ficando de pé e olhando para os amigos.

Boruto se prontificou a pegar a maquina que seu pai tinha, enquanto Chocho, Sarada e Himawari organizavam as coisas para gravar o vídeo. Shinki e Metal foram pegar uma cadeira e colocar na área que tinha nos fundos da casa do Yamanaka enquanto Inojin e  Shikadai foram pegar toalhas e escova de cabelo.

“Tem certeza disso, Shika?”, perguntou o loiro acariciando as mechas do namorado que estavam soltas.

“Tenho! É por meu pai e por ele vale a pena. Depois cresce de novo”

“Eu sei… Sabia que te amo e tenho orgulho enorme de você? Nem parece aquele pirralho que morria de ciúmes do pai com o namorado. Agora tá aí, fazendo uma atitude altruísta apenas para o ver feliz”, falou Inojin abraçando o namorado e deixando um leve beijo em seus lábios.

“Baka! Eu era criança, dá um desconto. Obrigado pelo apoio!”, agradeceu Shikadai e beijando novamente o loiro.

“Os dois podem parar de grude por favor. Boruto já chegou, depois vocês namoram”, Shinki interrompeu o momento dos dois.

“Estraga prazeres", reclamou Inojin, logo seguindo Shinki de mãos dadas com Shikadai.

As meninas já haviam ajeitado as coisas, tinham colocado o celular no apoio, ajeitado a cadeira e tudo o que era preciso.

“Quem vai fazer?” perguntou Boruto se referindo a cortar o cabelo do amigo.

“Eu faço”, Inojin se prontificou e Shikadai apenas concordou com um aceno.

O Nara sentou-se na cadeira, Chocho arrumou uma toalha em torno do seu pescoço para não deixar o cabelo cair nas roupas do amigo. Sarada preparou o celular para começar a gravar e Himawari pediu para Shikadai dizer o porquê de estar fazendo aquilo. O clima entre os amigos estava um pouco tenso, devido a ansiedade e também emocionados pelo que aconteceria. Inojin se posicionou atrás do namorado, com a máquina em mãos, tremendo um pouco enquanto Sarada falou que ia começar a gravar. Shikadai respirou fundo e quando a Uchiha autorizou, começou a  falar.

“Pai, estou fazendo isso para te mostrar que estarei sempre ao seu lado, em todos os momentos, em todas situações. Não quero que se sinta mal por perder sua marca registrada, vamos passar por isso juntos. Eu amo você”

Após dizer isso, Inojin ainda hesitou um pouco, mas quando Shikadai o olhou determinado, finalmente começou. Aos poucos as mechas escuras de Shikadai começaram a cair, mudando drasticamente a aparência do jovem Nara. Os amigos não conseguiram evitar a emoção e até mesmo Shinki que era o mais contido, não conseguiu ficar sem se emocionar. Realmente o amigo amava seu padrasto. Padrasto não, Shikadai de uns tempos para cá, não gostava de se referir a Neji dessa forma, pois ele era seu PAI, independente de ser de sangue ou não.

Quando Inojin terminou de raspar completamente a cabeça do namorado, seus olhos estavam vermelhos devido ao choro, não pelo cabelo do Nara, mas por todo o significado por trás daquilo. Depois de arrumar toda a pequena bagunça que fizeram, de verem a gravação que para eles ficou perfeita, os amigos se abraçaram emocionados e não perderam a oportunidade de implicar com Shikadai por estar careca, apenas para afastar a tensão do que viria a seguir. Falar com Neji.

A tropa inteira quis ir junto e não teve kami que fizesse eles mudarem de ideia, não apenas para dar apoio ao amigo, mas também para Neji, para mostrar que o admiram e tem um carinho grande pelo Hyuuga. Ao chegar na casa dos Nara, Inojin vou ver se Shikamaru estava em casa, pois desde que Neji ficou doente, o pai de Shikadai ficava mais tempo em casa, principalmente quando Neji tinha sessões e voltava debilitado, sentindo os efeitos colaterais do tratamento.

Quando Shikamaru viu o filho, nem foi preciso perguntar o motivo daquilo, simplesmente puxou o filho para um abraço apertado, ambos chorando. Aquele dia eles ficariam desidratados de tantas lágrimas derramadas, mas era por um bom motivo. Shikamaru concordou em ajudar os jovens e sabia que aquele ato deixaria Neji emocionado, tinha que estar preparado para tudo. Deixou a pequena tropa ajeitando as coisas e foi atrás do marido, sabia que ele estava desanimado, com sinais de depressão, coisas que estavam preparados para enfrentar, pois haviam passado por psicólogos para poder ajudar Neji de todas as formas, o apoiar sempre.

Shikadai estava nervoso, não sabia que reação o pai teria, não sabia se ele brigaria com ele por ter feito aquilo, se ficaria emocionado, se ficaria com raiva, eram tantas as opções que poderia surtar a qualquer momento. Inojin vendo o estado do namorado, se aproximou e o abraçou com carinho, o acalmando como podia, mesmo sabendo que tudo voltaria assim que o pai o visse.

Tudo estava pronto, celulares a posto, Shikadai posicionado esperando Neji. Sem demora, seus pais apareceram. Neji vinha reclamando com Shikamaru que não queria sair do quarto, que estava cansado e várias outras coisas, desculpas que sempre usava quando não queria fazer algo, mesmo que estivesse bem fisicamente. Shikamaru chamou a atenção de Neji o fazendo olhar para frente e quando o perolado fez isso, suas palavras sumiram, todas as suas reclamações deixaram de fazer sentido, pois ali, parado na sua frente, careca como ele, estava Shikadai.

O mais novo se aproximou do pai, com os olhos marejados e não foi preciso dizer nada, pois Neji se jogou nos braços do filho, o abraçando com força. Ficaram naquele abraço, naquele mundinho de pai e filho por alguns minutos, até Neji se afastar minimamente, apenas para encarar o filho. Shikadai secou as lágrimas do mais velho que sorria mesmo com elas teimando em banhar seu rosto.

“Porque fez isso?”, perguntou Neji passando a mão pela cabeça do filho.

“Pelo senhor… Não quero que fique triste, pensando que está feio, que perdeu uma parte sua, sua identidade, pois ela nunca esteve no seu cabelo. Não apenas nele. Você ainda é Neji Hyuuga, o homem mais determinado, inteligente, desculpa pai, mas ele é mais inteligente que você”, se direcionou a Shikamaru por um breve momento que concordou com um aceno, “Que nunca desisti de nada, não tem medo de nada. Você não desistiu de mim quando era uma criança birrenta e ciumenta com o pai. Você é o mesmo Neji que me ensinou a me defender, me ensinou a cuidar das flores, me ajudou a passar das fases mais difíceis dos jogos, que me ajudou a entender o que sentia quando eu não conseguia. Me ajudava nos deveres, me repreendia quando fazia algo, conseguindo dar mais medo que a mamãe e olha que isso é difícil. Você e a mamãe juntos botam medo em qualquer um. Quero que se sinta bem com essa sua nova aparência, que não tenha vergonha nem receio de mostrar esse novo Neji. Se por acaso se sentir inseguro, estarei ao seu lado te apoiando, se alguém disser algo que o ofenda ou que o magoe, o defenderei como me defendeu durante todo esses anos. E quando seu cabelo voltar a crescer, te ajudarei a cuidar dele como sempre fez, te comprarei os melhores cremes, shampoos, tudo o que precisar para que se sinta bem. Mas até lá, seremos os dois carecas mais bonitos de Konoha e quem disser o contrário, é um mentiroso. Você é lindo pai, não tenha vergonha de se mostrar, não se esconda. Sempre estarei ao seu lado. Eu amo você, pai Neji”

Neji não tinha palavras e nem conseguia dizer nada, aquilo era muito para ele aguentar, então fez a única coisa que podia além de chorar, abraçar o filho com todo o amor que tinha. Shikamaru se juntou naquele abraço, também emocionado pelas palavras do filho. Na verdade todos que estavam ali, estavam aos prantos, pois viram aquela relação de pai e filho evoluir. Um amor que foi crescendo aos poucos e agora era tão sólido como uma rocha e nada no mundo era capaz de quebrar aquele vínculo.

Shikadai e Neji poderiam não ter nenhum laço sanguíneo, mas aquilo não fazia diferença, o laço que tinha era mais forte do que qualquer laço sanguíneo.

Após aquela demonstração de amor, Neji se sentiu mais confiante em relação a sua aparência, às vezes tinha uma recaída, mas Shikadai sempre estava ao seu lado, o apoiando e o encorajando. Aquele apoio foi fundamental para o tratamento de Neji, aquela confiança era o que faltava para ele não desanimar nem desistir. 

Depois de quase um ano de tratamento, Neji finalmente estava curado, mesmo tendo que fazer acompanhamento pelo menos uma vez por ano, o pior havia passado e como prometido, Shikadai ajudou o pai a cuidar dos cabelos que aos poucos voltavam a crescer e em breve estaria do mesmo tamanho que antes.

Durante o processo de crescimento dos cabelos, Neji e Shikadai descobriram um projeto de confecção de perucas para pessoas que passam pelo mesmo que o Hyuuga estava passando. O conheceram quando o mais novo sugeriu ao pai, se ele quisesse e se sentisse melhor, usar perucas e foram atrás de onde poderiam encontrar. Neji gostou da ideia e até comprou umas duas, mesmo não as usando tanto quanto esperava. Porém o que surpreendeu Shikadai foi ele sugerir, quando seus cabelos já estavam compridos o suficiente, a doar as madeixas para confecção de perucas para as pessoas que não tinham como comprar. Com a experiência de perder os cabelos, Neji descobriu uma nova vaidade e desapegou um pouco das madeixas, mas as deixava crescer apenas para poder doar junto ao filho, chegaram até convencer Shikamaru a fazer o mesmo, ficando os três de cabelos curtos. 

Família unida permanece unida, até o último fio de cabelo.