Plutão

Naruto
M/M
G
Plutão
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Summary
Sai, era como Plutão, esquecido, abandonado, distante de todos, mas aos poucos foi encontrando seu lugar e um certo loiro se tornou todo o centro do universo para o ninja desprovido de emoções.
Note
Há muito tempo estou com o "Projeto Planetário" em andamento, com fics com nomes de planetas e claro, crackshipps.Ainda teremos Vênus, Marte, Júpiter, Saturno e com o tempo farei os outros. Os shipps saberão apenas quando postas.Mantenham a mente aberta e boa leitura!

Fui um ninja treinado desde criança dentro da Anbu Raiz, sob o comando de Danzou. E como parte do treinamento fui condicionado a remover todas as minhas emoções para poder me tornar um ninja perfeito, que executaria qualquer missão sem hesitar, sem questionar. E por muito tempo, eu fui. Isso até conhecer aquele que se tornaria o meu sol.

Claro que essa parte da minha persona se tornou um problema quando fui colocado no Time Sete, ou Time Kakashi, como substituto de Sasuke Uchiha. E eu odiava esse posto, essa nova função. Meus novos companheiros não aceitaram muito bem e isso se deveu, entre vários motivos, a minha falta de empatia e dificuldade de me conectar com outras pessoas. 

Sakura e Naruto não facilitaram o trabalho do Capitão Yamato e do Kakashi-sensei, que entendiam um pouco o meu lado e se esforçaram para ajudar a minha socialização e interação com os demais.

Foi difícil, muito mais do que poderiam imaginar. Achava as pessoas complicadas, exageradas em suas reações, não aceitando muito bem críticas. Talvez a culpa fosse minha por não entender sobre as emoções.

Tudo isso, se comparado a uma pessoa em especial, não era nada. Especialmente quando eu não entendia meus próprios sentimentos. Ao seu lado eu me sentia tão pequeno, imponente. Fazendo uma alusão ao nosso sistema solar, eu seria Plutão, frio, distante, desértico, enquanto ele era o próprio Sol, onde todos os planetas giravam ao seu redor, aproveitando o calor que emanava dele. 

E então, você pegou minha mão e a segurou com força e mesmo me sentindo afastado, me atraia para perto e não conseguia evitar. Era como a gravidade me chamando. Se deixasse, eu despencaria no chão, como uma fruta madura que cai da árvore.

Você me fez voar, como os pássaros que desenho e criam vida. Eu fui até o céu, voei mais alto do que poderia imaginar, me aproximei sem medo do Sol.

Por diversas vezes me escondi, fiquei trancado com minha solidão, com meus pensamentos, com medo de expressar o que sentia e fazer com que meus novos amigos e colegas se afastassem. Não queria perder aquele que aquecia meu coração congelado.

Esconder-me não adiantava muita coisa, de alguma maneira você sempre me encontrava e tentava me trazer para perto dos outros. Confesso que não gostava muito disso, de ser o centro das atenções com diversas pessoas ao seu redor. Gostava apenas quando tinha a atenção do Sol totalmente para mim, quando estávamos só nós dois. 

Queria poder parar o tempo naquela época, onde ouvia sua voz estrondosa tentar cantar melodias que desconhecia apenas para tentar me fazer rir. Acredite, nas vezes que sorri, foram sorrisos verdadeiros. Algo que apenas você conseguia. 

Conversamos tanto, tentávamos nos entender, nos conhecer. Você falava pelos cotovelos e mesmo quando reclamava da sua falação, você apenas me dava o mais belo sorriso e toda minha irritação ia embora. Nunca era tarde para nos conhecermos melhor e acredito que nunca nos conheceremos o suficiente, o bastante. 

— Quando foi a última vez que você se sentiu feliz? — perguntou o Naruto de repente, atraindo minha atenção.

— Nunca me senti feliz, acredito eu — respondi sem pensar muito.

— Como não, ‘ttebayo — reclamou o loiro. — Sei que não entende nada de sentimentos, mas nunca ficou feliz ao acordar e ver o sol brilhando, os pássaros cantando, feliz por estar vivo? — Se eu não tinha muito tato com sentimentos, aquele loiro animado ao extremo não tinha com as palavras.

— Nunca pensei nisso. Minha vida se resumia a seguir ordens, sem questionar, sem pensar em mais nada além de concluir a missão que me foi dada — afirmei tentando ser o mais convicto que podia.

Afinal, não iria assumir que o dia que me senti feliz, pela primeira vez, foi quando ele puxou minha mão e saiu quase me arrastando pela Vila para irmos até o Ichiraku comer lamen, afirmando que era a melhor comida do mundo. Talvez naquele momento eu tenha começado a deixar de ser aquele ser pequeno e sem utilidade fora da Raiz que me sentia.

— Ah, mas deve ter alguma coisa que te deixa feliz. Você não está mais sob o domínio de Danzou, está livre. Está aprendendo até sobre sentimentos e emoções.

— Sentimentos ainda são complexos e não saberia definir com certeza o que me deixa realmente feliz. Talvez a primeira vez que experimentei lamen, ou quando consegui fazer um elogio sincero para alguém. Estou aprendendo aos poucos. — Consegui expressar um pouco do que sentia, pois, sabia que se não fizesse, Naruto não me deixaria em paz.

— É isso aí, Sai. Estarei aqui para te ajudar a descobrir o que te faz sentir felicidade — afirmou animado como sempre, me abraçando em seguida.

“Isso é algo que me deixa feliz, sentir seus abraços, o calor que emana do teu corpo”,  pensei, jamais falaria em voz alta.

Quem sabe essa é a história de um garoto que cresceu sozinho, órfão desde criança, sem nome até se juntar ao Time Kakashi. Um garoto que nada tinha além de um velho livro inacabado, cuja única função nessa terra era existir e assassinar inimigos.

Essa seria a história, ou melhor, seria apenas isso até você segurar minha mão e me fazer voar além do horizonte, além dos limites do meu coração e dos sentimentos que pensei que nunca conseguiria ter.

E mesmo após anos, de uma convivência difícil, especialmente quando ficava me comparando ao Sasuke, e também porque nada nessa vida é fácil, principalmente quando se é um ninja, olha só o que conquistamos, onde chegamos.

Nos meus piores dias você estava ao meu lado, me mostrando que apesar de o mundo ser cruel, eu tinha você e a nossa casa, sim, nossa, era o nosso universo inteiro. Dentro daquele aconchego nada nos fazia, nada poderia nos machucar. Nem as pessoas que nos julgavam e nos criticavam. Eu por não ser ninguém, por ser pequeno e distante como Plutão e você por ser o Sol. Tão distantes e tão perto

Naruto, você é meu Sol, o astro-rei de todo meu universo. Tão vasto e intenso, mas que cabe dentro do meu coração, transborda um pouco, mas não trocaria esse sentimento por nada nesse mundo. 

Deveria apenas ter coragem o suficiente para dizer como me sinto ao teu lado, mas tenho medo de perder o que conquistei e voltar a ser um ninguém, alguém sem importância, esquecido por todos.

Eu era tão pequeno, até você vir do nada e me dar sua mão.