
Depois de todas as festividades de final de ano e aquele aglomerado de pessoas, tudo o que Kakashi queria era poder passar um tempo a sós com Iruka. Infelizmente não sabia como, pensou em muitas possibilidades, mas nada o agradava. Gostaria de reviver todos os momentos que viveram, ter de novo aquela felicidade que parecia tão distante.
O platinado se encontrava inquieto e desanimado. Ele e Iruka haviam se separado devido à insegurança de ambos, que interferiu no relacionamento. Optaram por seguir caminhos diferentes, fizeram o que achavam que seria o certo, pensando que poderia fazer bem para eles. Ledo engano.
Porém, essa separação trouxe sentimentos nada bons, os dois tentavam, a sua maneira, disfarçar a saudade que sentem um do outro. Um aceita missões atrás de missões e o outro se afundava em trabalho. Mas aqueles que os conheciam, sabiam muito bem que essa separação não estava fazendo nada bem para nenhum dos dois.
O Hatake naquele momento, entre uma rara folga entre missões, colocava sua cabeça para trabalhar sentando no telhado de casa, segurando o seu inseparável Icha-Icha que conhecia de cor. Pensando se aquele livro traria alguma ideia de como se reaproximar do Iruka, apesar de saber que se fizesse algo daquele tipo, seria afastado pelo Umino. Desviou o olhar do livro quando sentiu uma pessoa se aproximando, esta que assim que entrou em sou campo de visão, notou um sorriso de orelha a orelha em seu rosto. Estava muito feliz e isso trazia um pouco de alegria ao ninja mascarado. O ninja tão conhecido se aproximou e parou ao seu lado, tomando o livro das mãos do Hatake, o encarado severamente.
— Atrevido! O que quer? — Perguntou se deitando sobre as telhas.
O recém-chegado suspirou pesadamente, preferia mil vezes ouvir uma reclamação do mais velho de vê-lo tão para baixo como está agora.
— Deixa quieto, conto em outro momento — declarou o Yamato sentando-se em seguida ao lado do amigo. — Tem visto o Iruka? — Perguntou curioso, sabia que o sensei era o único capaz de animá-lo.
— Todos os dias, de longe, não consigo me aproximar dele como antes… Mas diga o motivo de estar tão sorridente a segundos atrás, não quero ser o pivô da tristeza de ninguém, já basta ser o do Iruka — pediu o platinado em lamento mal disfarçado
— Kakashi, por Rikudou, desde quando você é de desistir do que é importante para você? Vai mesmo deixar o Iruka escorregar de suas mãos tão fácil assim? Sem lutar? Eu sei o quanto que vocês se amam e o quanto estão sofrendo por estarem longe um do outro. Iruka é inseguro e sabe muito bem disso, você deveria mostrar para ele o quanto está disposto a superar qualquer coisa para ficarem juntos. Deixar a sua insegurança e medo de perder novamente alguém que ama o dominar não é caminho. O que vejo agora é um covarde que não serve para ser o padrinho do meu filho! — Despejou Yamato irritado e se levando em seguida.
— Lutar? Covarde? Filho? Padrinho? Espera aí, você está me insultando? — Perguntou Kakashi e levantou-se, parando de frente ao outro.
— Nem parece um prodígio, alguém que entende uma situação em segundos, que sempre tem uma solução para tudo. Desde quando se tornou incapaz de perceber aquilo que está na sua frente? Vai esperar o quê? Outra pessoa aparecer? Ele cansar? Ele não vai te esperar para sempre — continuou seu discurso, cansado de ver o Hatake daquela maneira.
— Tenzou… — o mascarado advertiu, usando o nome antigo da época da Anbu.
— Idiota, covarde, fracote. Quer ouvir mais? Acorda, caramba! Vai à luta pelo homem que ama. Tenten me contou que está acontecendo um festival em umas das Vilas vizinha, dá um jeito de levar o Iruka. Use a oportunidade e diga tudo o que está sentindo, tudo o que lhe perturba. Abra seu coração, mais uma vez para ele — sugeriu o ex-Anbu em súplica.
— Não tenho certeza se ele me ouvirá! — Lamentou o platinado. Yamato se aproximou e segurou nos ombros do seu amigo
— Esse é momento perfeito para vocês ficarem sozinhos e se resolverem, seja sincero com ele, e com você mesmo — insistiu Yamato sorrindo novamente. — Quero a felicidade de vocês, se não tentar, irá perder seu posto de padrinho do meu filho para o Gai — falou ele se afastando.
— Diga a Tenten que só aceito se o outro padrinho for Iruka, e que estou muito feliz por me escolherem, Yamato, obrigado — disse Hatake, sumindo em seguida, deixando o amigo satisfeito, pois sabia que o prateado estava indo fazer a coisa certa.
[…]
O Hatake seguiu para a torre do Hokage, falar com Tsunade. Graças ao que o Yamato disse, finalmente acordou. Seu amigo está certo, desistiu fácil de mais de Iruka, deixou sua insegurança tomá-lo por inteiro. Lembra de como não foi nada fácil conquistar o coração daquele moreno, não iria perdê-lo. Não demorou muito para chegar à torre, e conversar com a Senju, usou toda sua lábia para convencer Tsunade a lhe dar uma missão Rank D, obviamente acompanhado pelo sensei. A loira concordou apenas porque as missões de alto nível as quais Kakashi era enviado estavam quase em falta e não porque gostaria de ver o casal junto novamente. O mascarado deixou a parte de convocar o Umino para mulher resolver, pois um pedido vindo diretamente da Godaime não poderia ser recusado pelo chunnin. Acertando todos os detalhes da missão, voltou para sua casa arrumar suas coisas, apenas o básico para a missão.
A partida dos dois aconteceria no mesmo dia, após tudo pronto o Hatake caminhou calmamente para os grandes portões de Konoha, esperar Iruka, iria o surpreender por não chegar atrasado.
O sensei tentou argumentar com Tsunade de todas as maneiras para não ir naquela missão, mas não teve sucesso, foi obrigado a ir, sem reclamar. Bufando saiu da sala da mulher que apenas riu da atitude do ninja.
Iruka conhecia bem o platinado e sabia que ele acabaria se atrasando e no final dando a desculpa que estava ajudando uma velhinha na rua, ou qualquer outra desculpa esfarrapada. Então o moreno não se deu ao trabalho de arrumar suas coisas com pressa, com paciência colocou tudo em mochila, fechou a porta de casa e seguiu em direção ao local de encontro. Pelo percurso, ficou pensando se era mesmo necessário ir nessa missão. O problema não era a missão e sim a pessoa que estaria com indo. O jounin de elite poderia muito bem ir sozinho, para que a Hokage pediu para ele ir também? A missão era simples, não precisava duas pessoas, já bastava o Hatake, ou apenas ele. Já havia feito outras missões daquele tipo antes.
Qualquer um deles conseguiria resolver tudo sozinho, se por ventura aparecesse algum imprevisto. Agora que ele iria fazer? Em poucos minutos o encontraria seu ex-companheiro, aquele que quase nunca trocavam olhares ou palavras, sempre mantendo distância desde que se separara e que ainda possuía sentimentos profundos e estariam andando lado a lado.
— Com tantos ninjas disponíveis, por que eu? Não estou preparado para encará-lo — falou baixinho, perdido em seus pensamentos, não percebendo que o homem que dominava seus pensamentos e seus sonhos o esperava ansioso.
— Iruka, está atrasado — chamou Hatake com voz suave, o coração de Umino disparou.
"Ele realmente chegou cedo? Seu aroma continua o mesmo. Aquele olhar que consegue me fazer esquecer de tudo ao meu redor!", pensou Iruka que encarava Hatake, logo desviou seu olhar, ao ser olhado de volta.
Mesmo com tanto tempo separados, a prepotência do Hatake mexia internamente com o moreno, só de olhá-lo por frações de segundos seu corpo lembrou de tudo que passaram juntos. Não apenas ele, Kakashi também sentia. O platinado segurava-se para não beijá-lo ali mesmo. Mas seus propósitos eram outros, reconquistar Iruka Umino, não fazer nenhuma merda e estragar tudo.
— É verdade, mas não tem problema, não é? Afinal, você não se importa com atrasos — respondeu Iruka ríspido e continuou andando, passando pelo mascarado sem o olhar.
Kakashi nada disse, apenas começou andar ao lado seu amado, em silêncio. Rezava para os deuses o ajudar de todas as formas, precisa tê-lo de volta em seus braços, em sua cama, em sua vida.
Os ninjas encontravam-se quase na metade do caminho quando Kakashi sugeriu uma breve pausa. Poderiam seguir direto até a Vila, mas quanto mais rápido chegassem na Vila Tori, mais rápido retornariam e não teria tempo de colocar seu plano em prática. Enquanto comiam as frutas que Kakashi encontrou, Iruka notou um pequeno sorriso no rosto descoberto do Hatake. Esse breve gesto chamou a atenção do moreno, mesmo tentando não ficar olhando para seu antigo parceiro, aquele sorriso era a queda de Iruka, pois sempre foram raras as ocasiões em que pode o contemplar. Pensou em perguntar o motivo daquele ato, mas tinha receio da resposta, por sorte o Hatake se pronunciou primeiro.
— Yamato e Tenten vão ser pais, sabia? Você tinha que ver a felicidade dele — contou, fazendo com que seu sorriso aumentasse, porém, seus olhos pareciam tristes.
— Sério? Então era isso que ela queria falar? Infelizmente estava ocupado e não pude dar muita atenção a ela. Quando voltarmos vou à casa deles parabenizá-los — respondeu Iruka animado. — Eu sei que não é da minha conta, por que sua boca diz uma coisa e seus olhos outra? — Perguntou e Kakashi balançou a fruta que tinha nas mãos, ponderando um pouco em sua resposta.
— Não sei ao certo, mas acho que estou ficando com inveja. Yamato está com a pessoa que ama e agora vão ter um filho… Um Filho! E eu… bem… deixa para lá. Já terminou de comer, temos que continuar? — Kakashi se levantou guardando as frutas intocadas, ainda bem pensativo.
“Inveja? Um filho”, pensou Iruka, sentindo uma sensação estranha em seu peito. Nunca pensou que um dia ouvira aquelas palavras saindo da boca do Hatake. “Será que ele está pensando em arrumar uma companheira para ter filhos? Entendo, ele passou a maior parte da sua infância sozinho, claro que um dia ele desejaria ter uma família, como Yamato. Ter uma mulher ao lado dele, todos os dias… filhos… seria melhor do que eu, não é?”, pensou o chunnin, caminhando em silêncio, sentindo o coração apertar.
Na cabeça do moreno a insegurança crescia, o medo de nunca ter sido o suficiente para o outro, de nunca ser. Infelizmente, com tais pensamentos uma tristeza o dominou. Por um lado ficou incomodo em ver o olhar triste do platinado, mas por outro, ficou triste ao imaginar Kakashi com uma companheira. Esqueceria tudo que viveram juntos? Se esse dia chegar, não desejava estar presente. Ainda assim, desejaria a felicidade dele, independente se não estiverem mais juntos. A insegurança novamente o fazia ter pensamentos negativos sobre si e sobre o que viveram. Se aceitasse de uma vez por todas que o Hatake é o único em sua vida, saberia que seus sentimentos são correspondidos na mesma intensidade.
Kakashi, pensava no que uma criança poderia trazer na vida de duas pessoas, principalmente na vida de um ninja como ele. Sem querer invejou seu amigo que aos poucos estava formando uma família, tinha uma pessoa que o amava e que amava de volta, eram felizes e essa criança seria amada. Kakashi nunca pensou sobre o assunto e se fosse querer ter uma família, um filho, seria pela adoção. Para isso acontecer, queria, principalmente, o homem que ama ao seu lado. Sem Iruka sentia-se incompleto. Será que o Umino aceitaria ter uma família com ele, um filho? Criar uma criança não seria nada fácil, ele sabia. Os dois entrariam em alguns conflitos, discutiriam como deveria ser a educação do pequeno. Um, o deixaria mimado e o outro, seria responsável pelos castigos e sermões.
Olhou de relance para o Iruka, tendo a certeza que ele seria o que puxaria a orelha, lembrou-se de todas às vezes que viu o moreno chamar a atenção de Naruto, no fundo, era somente proteção que tinha com jovem Uzumaki. Imaginando como seria o Umino com filho “deles” soltou uma risada alta, chamando atenção do moreno.
— O que foi? Tem alguma coisa na minha cabeça ou na minha cara? — Perguntou Iruka parando de andar.
— Nada, não é nada — respondeu ele colocando as mãos no bolso. Deu alguns passos, aproximou seu rosto e encostou sua boca bem perto do ouvido de Iruka. — Seu rosto continua lindo, não há nada de errado nele — sua voz saiu rouca, extremamente sexy, aproveitou o momento e deu selinho demorado na bochecha do chunnin. Iruka o empurrou devagar e desviou o rosto completamente corado, se afastando em seguida.
— Não começa! Vamos logo, temos que voltar para Konoha — respondeu sem olhar para o outro. Não poderia se deixar afetar com aquelas atitudes, não queria interpretar tudo errado.
Kakashi iria responder, porém, sua atenção foi atraída para outro lugar, especificamente para um casal um pouco a frente. O homem carregava sacos de arroz nas costas e mulher um cesto grande sobre a cabeça. Não foi só isso que chamou a sua atenção e sim a mulher que deixou o cesto cair no chão e seu corpo pendeu para frente, em seguida o homem tentando correr para segurá-la. Kakashi sumiu da frente de Iruka e consegui pegá-la antes que caísse. Iruka também correu na direção deles para ajudar quando viu para onde o prateado havia ido.
— Ayumi? Ayumi? — Gritou o homem, retirando o peso das suas costas com a ajuda de Iruka e os jogando no chão.
— Ela está bem, digo eles estão bem — respondeu Kakashi vendo a grande barriga da mulher em seu colo, o homem se aproximou tocando no rosto de sua esposa.
— Muito obrigado, meu senhor, muito obrigado — agradeceu se ajoelhando diante do sensei.
— No precisa disso, levanta — pediu Iruka tocando no ombro do homem, e vendo que ele estava com ombro machucado devido ao peso que carregava.
— Me chamo Kenji, os deuses mandaram vocês na hora certa. Mais uma vez muito obrigado — o homem agradeceu enquanto ajudava a sua esposa a se sentar.
— Kakashi? Vamos parar por enquanto? Eles precisam descansar — falou Iruka, outro concordou.
Os quatro pararam perto de uma clareia, colocaram a grávida em lugar confortável, enquanto Iruka cuidava do machucado do homem com ninjutsu médico básico que sabia. Kakashi pegou um pergaminho e selou os sacos de arroz com as outras coisas que a mulher carregava no cesto. Kenji explicou que os dois estavam a dois dias caminhando com as mercadorias, e que não poderia deixar a mulher sozinha em casa, ainda mais agora que faltavam poucos dias para o nascimento do primeiro filho deles. Insistiu a ponto de brigar para mulher não pegar o cesto, ela é teimosa demais, afirmou o homem.
— Só estava querendo ajudá-lo. Não quero ser um estorvo para você, seu ingrato! Estou grávida e não doente — bradou a mulher, sentando-se novamente com a ajuda do Kakashi.
— Ajudaria muito você não se esforçasse tanto. O que teria acontecido se esses ninjas não tivessem chegado na hora? Tem noção do que poderia acontecer? Vocês dois estariam correndo perigo de vida… eu morreria se perdesse vocês dois — respondeu o homem um pouco alterado.
Enquanto descansavam, os ninjas explicaram estarem em missão rápida para Tori, a Vila onde o casal morava. Como forma de agradecimento, sugeriram que os ninjas aproveitam o festival Matsuri Tanabata¹ que estava acontecendo na pequena vila. O único problema seria o lugar para se hospedaram, pois todas as pousadas estavam ocupadas, muitas pessoas de outras vilas vinham para esse festival que acaba unindo os casais separados e fortalecendo os que estão juntos. O amor deles sendo revigorados com o encanto das Chōchin, luminárias que são soltas no último dia do Matsuri Tanabata.
— O que acha Iruka? Podemos aproveitar um pouco? — Perguntou Kakashi, torcendo para o moreno aceitar.
— Estamos aqui somente para missão, não tenho intenção nenhuma de ir ao festival com você, esqueça — respondeu seco.
— Deixa de ser rabugento, você deveria mostrar respeito ao seu senpai — falou com sorrisinho maroto por baixo da máscara que o Iruka conhecia perfeitamente, deixando o moreno envergonhado.
"Como poderia ser tão trapaceiro a esse ponto? Tinha que lembrar isso logo agora? Ainda na frente de desconhecidos", pensou o moreno.
Kakashi sabia que essa palavra era o modo que o moreno o chamava nas noites quentes dos dois, Iruka olhou para mulher que sorria bem travessa, parecendo ter entendido o sentindo por trás daquilo, o que deixou mais envergonhado.
O descanso prolongado rendeu boas risadas e uma nova amizade surgiu entre os quartos. Seguiram o caminho da Vila com tranquilidade, conversavam, riram. Iruka caminhou ao lado da mulher, que com seu jeitinho doce conseguiu o convencer a ir ao festival. E ofereceu sua casa para que eles ficassem, sem problema nenhum. Onde cabem dois, cabem mais.
Chegando na casa do casal, se surpreenderam com o local que viviam. A casa era pequena com apenas um quarto e uma sala grande onde era dividida como cozinha. Na pequena estante havia apenas três fotos: uma deles crianças, outra adolescente e outa de agora com Ayumi exibindo seu barrigão.
Iruka ofereceu ajuda para a mulher no preparo de um almoço reforçado para eles, entretanto a dispensa do casal não tinha muita coisa, por isso ordenou aos outros dois que fossem comprar tudo que iam precisar fazer, que obedeceram sem questionar. Enquanto cortava os legumes Ayumi cantarolava uma música, o moreno ficava a observando admirado que mesmo com uma vida difícil ela demonstrava calma e força. Percebeu claramente o bebê se mexendo dentro do ventre da mulher e achou aquilo incrível, maravilhoso. Ayumi notou o olhar do outro sobre e si e o chamou para sentar ao seu lado, assim que Iruka se sentou, ela colocou a mão dele sobre sua avantajada barriga, começando a contar a história deles para o Unimo, que ouvia com atenção.
— Eu e Kenji nos conhecemos em um orfanato, ninguém quis nos adotar, então fizemos uma promessa que sairíamos juntos. Crescemos e começamos a sentir amor um pelo outro. Nós casamos ainda bem jovens e agora fomos abençoados com esse bebê. — Iruka-kun, sabe que nos mantém unidos? — Perguntou a mulher, Iruka balançou a cabeça negando. — O nosso amor. Claro que tivemos brigas, algumas bem feias, onde chegamos a nos separar. Quase desisti dele, mas Kenji sempre foi paciente e me esperou, porém, a paciência não dura para sempre! Eu não sei o que aconteceu com vocês, mas pelo pouco que vi, tenho certeza que existe um amor tão forte dentro de vocês, lute por esse amor. Use como inspiração nosso festival. Quer saber a origem dele?
— Claro — concordou o Umino, vendo a jovem sorrir satisfeita.
— A Lenda que deu origem à comemoração festival Tanabata, vem de muito tempo atrás. Uma linda princesa chamada Orihime, a "Princesa Tecelã", morava próxima à Via-Láctea. Certo dia Tentei, o "Senhor Celestial", pai da moça, apresentou-lhe um jovem e belo rapaz, chamado Kengyu, o "Pastor do Gado", acreditando que este fosse o par ideal para ela. Os dois se apaixonaram fulminantemente. A partir de então, a vida de ambos girava apenas em torno do belo romance, deixando de lado suas tarefas e obrigações diárias. Indignado com a falta de responsabilidade do jovem casal, o pai de Orihime decidiu separar os dois, obrigando-os a morar em lados opostos da Via-Láctea. A separação trouxe muito sofrimento e tristeza para Orihime. Sentindo o pesar de sua filha, seu pai resolveu permitir que o jovem casal se encontrasse, porém, somente uma vez por ano, no sétimo dia do sétimo mês do calendário lunar, desde que cumprissem sua ordem de atender todos os pedidos vindos da Terra nesta data. O casal é representada por estrelas situadas em lados opostos da galáxia, que realmente só são vistas juntas uma vez por ano: Vega (Orihime) e Altair (Kengyu). Não deixe que isso aconteça com vocês. Não se amem a distância, não deixe que esse amor se torne uma lenda, uma história, não deixa que se perca no passado. Lute.
As palavras de Ayumi ficaram na mente do sensei e ele se perguntava se valeria a pena lutar. Estava sendo muito difícil ficar longe do platinado, queria muito tê-lo de volta. O modo como terminaram foi doloroso, deixar todo aquele sentimento de lado, fingir que ele não estava presente, deixou que insegurança infelizmente que fazia morada em seu coração superasse o amor. Deveria tentar novamente? Se não desse certo como antes? O que aconteceria depois? Será que Kakashi ainda sentia alguma coisa por ele? Essas perguntas sem resposta o matavam por dentro. Mas elas não seriam respondidas sozinhas, por isso, decidiu. Ayumi o abraçou de lado, sorrindo para Iruka, sabendo que o novo amigo havia tomado uma decisão.
Assim que Kakashi retornou, Iruka o chamou para conversar e sem muito enrolação aceitou o convite para irem ao festival. Kakashi quase não se conteve de felicidade e lutou para não abraçar o amado. O prateado aproveitou para revelar que já tinha finalizado a missão, aproveitando a ida deles ao mercado.
Mesmo que os ninjas da Folha tivessem chegado no penúltimo dia do festival, ainda poderiam aproveitar o máximo e Kakashi planejou tudo para que o momento que passassem juntos fosse inesquecível. Acreditava fielmente que seria.
Infelizmente não seria tão gratificante o simpático casal. O destino estava planejando outra coisa para eles, que poderia trazer inúmeros sentimentos, alguns bem dolorosos, como a culpa.
Mas como eles iriam adivinhar?
Em todos os lugares existem pessoas que não se importam com nada nem com ninguém e como ninjas, Kakashi e Iruka sabiam disso. Entretanto, nunca passou pela cabeça deles que algo tão terrível aconteceria bem debaixo dos seus olhos.
[…]
A Vila de Tori estava animada, as pessoas sorriam, cantavam, dançavam, mostravam que tudo de ruim desse mundo nunca existiu. Eram nesses momentos felizes que todos esqueciam as maldades que os cercavam. As famílias se divertiam, as crianças corriam com um grande sorriso no rosto, os enamorados faziam declarações de amor. As ruas se encontravam cheias de barracas vendendo de tudo um pouco: comidas, bebidas, presentes, jogos e também Chōchin, as lindas luminárias de papel.
Antes de se juntarem com a pequena multidão, o Hatake comprou duas yukatas. Para Iruka, um todo marrom-claro com alguns detalhes em marrom-escuro nas bordas, a parte de dentro era de tom azul-escuro, que combina perfeitamente com a yukata azul-escuro de Kakashi, que tinha a parte de dentro marrom quase sem detalhes.
Iruka pensou em recusar, mas aquele presente era tão lindo e combinavam perfeitamente, que simplesmente aceitou, para deleite do mascarado.
Os dois chamaram o casal para irem junto, mas eles afirmaram que estariam lá somente para vender os bolinhos de arroz. Era assim que eles aproveitavam os festivais, vendendo seus bolinhos e juntando dinheiro para pagar dívidas e comprar as coisas para o bebê.
O dia foi divertido para eles, apesar de tudo. Kakashi a todo momento perguntando se Iruka queria alguma coisa e mesmo que negasse o platinado comprava. Os dois chamavam atenção de alguns curiosos, principalmente das mulheres que ficavam completamente encantadas quando viam Kakashi, mesmo que seu rosto estivesse quase todo completo. Os olhares dirigidos ao Hatake começaram incomodar o Umino, por algumas vezes pensou em repreendê-las, mas logo desistia, afinal não tinha esse direito, não estavam mais juntos.
O pobre coração do sensei quase entrou em pane quando duas mulheres se aproximaram deles quando estavam na barraca de Kenji e Ayumi. As duas jovens se aproximaram animadinhas e Iruka queria enfiar sua cabeça em buraco para se esconder. Entretanto, uma nova sensação tão deliciosa o preencheu quando escutou Kakashi Hatake as responder.
— Olá, já tem algum tempo que o vejo andando sozinho pelo festival e ficamos pensando se gostaria da nossa companhia. Podemos nos divertir muito, o que acha? — Sugeriu uma das mulheres.
— Primeiramente, boa noite! Segundo, não estou sozinho, estou com meu esposo. E terceiro, prefiro ficar onde estou, minha diversão está ao lado dele, nada, além disso, importa! Agora se não forem comprar nada, poderiam por gentileza saírem? — Declarou Kakashi, pegando um bolinho de arroz e entregando ao Iruka. As moças saíram sem dizer nada, a vergonha estava estampada em seus rostos e no Umino, que não sabia se ficava bravou ou feliz com o que ouviu.
— Kakashi? — Iruka o chamou, mas nada saiu além do nome do outro.
— Que foi? Disse alguma mentira? Não responda! A única mentira é que não estamos casados, ainda. Não concorda Ayumi-sama — afirmou olhando para a mulher, que ria de toda a situação.
— Isso mesmo. Ainda não são, mas é só questão de tempo — respondeu ela, deixando Iruka com um sorriso que não conseguia evitar.
Kakashi quis aproveitar aquele momento e por isso fez um rápido sinal de selos e um clone apareceu, logo ele entregou uma câmera ao clone, pegou na mão de Iruka e olhou para trás da barraca e quando viu estarem sozinhos, chamou o casal para perto, no mesmo momento tirou algumas fotos dos quatro, outras do casal sozinho e conseguiu uma com aquele que ama. A felicidade reinava ao redor deles. Apesar do platinado ter planejado uma comemoração apenas entre ele e o Iruka, de certa forma aquele casal desconhecido que abriu a porta da pequena casa tornava as coisas ainda mais especial. Kenji e Ayumi trouxeram sentimentos incríveis e Inesquecíveis e sem perceber estavam ajudando ao Hatake a reconquistar seu amado Iruka. No final do festival, todos estavam retornando para suas casas, e os ninjas ajudaram o casal a guardarem tudo e levar o que sobrou para casa.
Naquele momento, algo estranho para os ninjas acontece. Kenji se afastou deles assim que ver um grupo de homens a certa distância. Olhou com ternura para sua esposa e foi ao encontro do grupo.
— Quem são? — Quis saber Iruka. A mulher soltou um suspiro fraco, parecia preocupada.
— Cobradores. Estávamos com problemas com as vendas e Kenji teve que pedir dinheiro para eles. Todos os dias eles vêm buscar uma parte do que devemos. Amanhã vamos pagar tudo, as vendas de hoje foram ótimas, melhor do que ano passado, graças a Kami — respondeu ela, continuando a caminhar.
Os ninjas se entreolharam não gostando da sensação que sentiram quando viram aquele grupo de homens. Ficariam de olho neles, pelo menos até irem embora. Não demoraram muito para chegar a casa dos seus anfitriões para poderem descansar. O casal estava bem cansados, principalmente Ayumi. Iruka até mesmo se ofereceu para fazer um chá para a gestante, que aceitou. Enquanto o chunnin estava com a mulher na pequena cozinha, Kakashi ficou analisando Kenji, percebendo como ele estava nervoso, tentando ao máximo disfarçar, provavelmente para não preocupar a esposa. Assim que o casal se recolheu, o mascarado se aproximou do moreno, que se encontrava pensativo, sua feição mostrava preocupação e sentou-se ao lado dele.
— Tem algo te incomodando? — Pronunciou Kakashi, buscando a mão do outro, que não recusou o toque.
— Não exatamente, estava apenas pensando.
— Posso saber o que é? Claro, se quiser compartilhar comigo.
— Olha a situação deles. Enquanto conversava com ela me contou um pouco da sua história. Como eles vão criar esse bebê em lugar desses? Você viu aqueles homens, percebeu como são ameaçadores? Aqui é muito perigoso para os três.
— Tem alguma coisa em mente? — Perguntou, sabendo que Iruka planejava alguma forma de ajudar aquela família.
— Posso conversar com a Lady Tsunade, eles poderiam se mudar para Konoha, lá poderiam viver uma vida melhor! Aqui todos os olham com desprezo, quase ninguém compra na barraca deles. Só venderam muito hoje porque estávamos lá e você tem uma reputação e por que havia pessoas de outras vilas — declarou irritado. — Vi algumas pessoas jogando fora os bolinhos da Ayumi, a comida dela é tão deliciosa, por que fizeram isso? Fiquei com vontade de bater naquelas pessoas — Iruka ainda estava irritado com tudo que presenciou.
— Vamos dar um jeito, prometo para você — respondeu Kakashi apertando suavemente a mão de Iruka, que retribui o gesto.
— Bem, vou descansar. Apesar de ser uma missão, a qual não ajudei praticamente em nada, estou cansado. Boa noite, Kakashi. — Se despediu, indo deitar no colchão que Kenji havia arrumado para eles.
— Boa noite, Iruka.
Kakashi passou a noite acordado, estava com pressentimento ruim e nunca ignoraria seus instintos, eles o mantiveram vivo por muito tempo. Enquanto todos dormiam, invocou seus Ninkens e instruiu tudo que eles precisavam fazer.
Na manhã seguinte a situação mudou um pouco, Ayumi não passava bem, sentia algumas dores em seu ventre, Iruka passou boa parte do dia com ela, ajudando no que fosse preciso, enquanto Kakashi e Kanji cuidavam das outras coisas.
Na hora do festival, eles resolveram não abrir a barraca, Kenji estava muito preocupado, provavelmente o bebê nasceria logo, as dores de Ayumi aumentaram consideravelmente e o homem deveria estar perto para fazer o parto, pois o único hospital ficava em Konoha.
Iruka não estava querendo ir ao festival, preferia ficar por perto para qualquer coisa, Ayumi não permitiu, não queria se sentir culpada por estragar a noite deles e o que parecia ser uma reconciliação. Com muita insistência, os dois ninjas aceitaram meio contra gosto e com uma condição.
— Vamos vender os bolinhos para vocês e assim que tudo for vendido, aproveitaremos aproveitar o festival, é mínimo que podemos fazer por vocês dois. — Declarou Kakashi com seriedade e como forma de deixar Iruka mais tranquilo e ele próprio, convocou novamente seus cachorros. — Porém, eles vão ficar aqui — apontou para os Ninkens — Peçam o que quiser e eles vão obedecê-los.
Ayumi e Kenji assentiram e Kakashi e Iruka seguiram para o festival, um pouco aliviados por deixar os Ninkens com o casal, para eles os dois estavam seguros.
No festival, Kakashi e Iruka venderam todos os bolinhos de arroz bem rápido, guardaram o dinheiro, e foram aproveitar o restante do Matsuri Tanabata. Kakashi pegou na mão de Iruka pouco se importando se estavam chamando atenção dos outros. Pararam em várias barracas, experimentado quase tudo. Uma das barracas chamou a atenção do platinado, que se aproximou e encontrou vários ursinhos de pelúcia, mas ele queria somente uma. Porém, para consegui-lo precisava acertar kunais em alvos que se mexiam rapidamente. Muitos ali não conseguiram, mas ele era um ninja, um jounin, o temido Kakashi do Sharingan.
Ele se preparou, pegou as kunais, posicionou seu corpo e assim que velho que cuidava da barraca lhe deu permissão, lançou as kunais aos mesmo tempo, em segundos todos os alvos foram acertados. O que se encontravam na barraca ficaram impressionados pela habilidade do homem. O Hatake não disse nada, apenas apontou para uma pelúcia de golfinho azul, assim que seu objetivo se encontrou em suas mãos, esticou seus braços entregando o golfinho para Iruka. A surpresa estava estampada em seus olhos e grande sorriso enfeitava seu rosto. Kakashi estava atento a tudo que Iruka olhava, o brilho nos olhos do moreno diante das comidas que nunca tinha visto e as que já conhecia e adorava, o mascarado não perdia tempo e comprava, não importava o que fosse. Dangos, Sata Andagui, Dorayaki, Tiyaki, Daifuku. Iruka teve que reclamar para ele parar, mesmo achando fofo as atitudes do platinado.
Ao final da noite os moradores se reuniram perto de riacho, todos seguravam Chōchin, era um momento especial para todos, era hora das lanternas de papel serem soltas com seus pedidos dentro. O Hatake deixou o Umino sozinho por momento e quando retorno tinha duas lanternas e papel para escrever seus pedidos. Iruka foi o primeiro a terminar seu pedido e quando olhou para o Kakashi notou que ele ainda não tinha escrito nada, apenas olhava fixo para ele.
— Não vai pedir nada? — Pediu Iruka.
Kakashi levou sua mão para o rosto do moreno e se aproximou lentamente. Abaixou sua máscara sem se preocupar com as pessoas ao seu redor e pairou perto dos lábios do outro e com calma os uniu, pensando, esperando Iruka o empurrar. Seu coração acelerou tão forte quando o mais novo aceitou o beijo de bom grado.
O beijo calmo se transformou em intenso, suas bocas diziam o quanto sentiam saudades um do outro, o quanto seus corpos ansiavam pela falta dos toques, o quanto estavam sofrendo por estarem separados. Aos poucos foram cessando os beijos, Kakashi beijou demoradamente a testa do seu amado, recolocou sua máscara e se ajoelhou diante de Iruka, arrancando vários suspiros das mulheres do festival.
— Meu maior desejo é viver uma vida longa ao seu lado, e juntos construir uma família. Quero envelhecer com você ao meu lado, desejo acordar todos os dias sabendo que você vai estar comigo, quero escutar suas reclamações por qualquer coisa que fiz ou que esqueci de fazer. Tomar café, provar sua comida, cozinhar com você, todos os dias até o meu último suspiro — declarou. — Iruka, eu te amo, quer voltar a ser meu namorado, continuarmos de onde páramos, retomar nossa vida juntos? — Perguntou Kakashi e ouviu mulheres e até mesmo homens gritando "ACEITA!"
— Sim, Kakashi, eu aceito — respondeu emocionado, Kakashi se levantou para o beijar novamente, entretanto alguns jovens correram em sua direção gritando desesperados, segurando firme uns dos ninkens, parecia ser Akino, o cachorro estava um pouco machucado, ofegante.
— O que houve? — perguntou Iruka preocupado, enquanto Kakashi pegava o cachorro e o colocava no chão, com cuidado.
— Alguns homens invadiram a casa, conseguimos capturar quatro deles, outros dois fugiram, você precisa encontrá-los — falou o Akino desmaiando logo depois.
Kakashi deixou sua invocação com os jovens que garantiram que cuidariam dele até que voltassem e junto a Iruka saíram correndo na direção da casa de Ayumi e Kenji, alguns dos moradores os seguiram.
Ao chegar na casa dos novos amigos o pavor tomou conta de todos, a casa estava destruída. Iruka não pensou duas vezes e entrou procurando pelo casal. Infelizmente a cena que vi não era nada agradável. Tudo estava revirado, sinais de luta era visíveis, o pior deles era o corpo sem vida de Kenji segurando uma grande katana com o cachorro Shiba preso em seus braços. Perto da porta do quarto do casal estava Ayumi deitada, sangue escorrendo abaixo do seu corpo, a grande barriga não estava mais presente, Iruka viu ela mexer sua mão e se aproximou rapidamente e a pôs sentada apoiado sobre seu corpo.
— Não deveria ter deixado vocês sozinhos — afirmou Iruka com a voz embargada.
— Ayumi, o que aconteceu? Onde está o bebê? — Perguntou Kakashi ao se aproximar dos dois.
— Kenji... pagou toda divida… mas ele queriam pegar o nosso filho... Ele tinha acabado… de nascer. Bull… está com ele… mandei ele fugir com bebê… para bem longe. — contou com dificuldade. — Iruka, Kakashi, estou dando parte da minha para vocês — disse ela tossindo sangue.
— Ei, fica quieta por favor. Vamos levar você e o bebê para Konoha e vão morar conosco. Você vai ver seu filho crescer, vai cuidar dele. — Afirmou Iruka, mesmo sabendo que aquilo era impossível de acontecer.
— Eu adoraria, Kenji disse que confiava em vocês… foram os únicos amigos que tivemos nesses últimos anos… meu filho, cuide dele como se fosse de vocês… tenho certeza que ele será... muito amado... será muito feliz com dois pais incríveis que também se amam. Não quero meu filho vá parar em um orfanato, quero que ela cresça ao lado de uma família, vocês serão os pais dele… por favor, me prometam! Estarei sempre com vocês, com ele… Diga ao meu filho que eu e seu pai nunca deixamos de amá-lo. Ele foi a nossa maior felicidade... não importa onde estivermos, vão sempre amá-lo… — pediu com um lindo sorriso, pegou nas mãos de Kakashi e Iruka e as juntou uma na outra e colocou a sua por cima, logo depois fechando os olhos. — Por favor, prometam que vão permanecer juntos e amar nosso filho — implorou, segurando firme nas mãos deles. — Ele será melhor ninja de Konoha não é?
— Sim — responderam juntos. — Nosso filho será amado para sempre, vamos ensinar tudo e contar o quanto os pais dele são pessoas incríveis — afirmou Iruka beijando a testa dela.
O aperto da mão dela se desfez e o último suspiro foi ouvido. Iruka não conseguiu se conter, abraçou fortemente e sussurrou para a mulher:
— Ele será muito amado, vamos protegê-lo.
O Hatake pegou a mão dela e deu um beijo demorado. Se levantou e o moreno o olhou, percebendo que tudo que acabou de acontecer não ficaria impune e os desgraçados que fugiram teriam um fim doloroso.
— Iruka, cuide do Akino e do Shiba, irei atrás dos outros. Até amanhã estarei de volta — ordenou Kakashi assim que viu um dos jovens trazendo Akino até ele.
O jounin desapareceu num redemoinho de folhas. Faria justiça.
[...]
Kakashi não precisou procurar muito pelos responsáveis daquela barbaridade, no meio da floresta sentiu o chakra dos ninkens, não todos. Bull estava muito longe de seu rastro quase sumindo. Entrou na floresta, olhando os seus alvos, que foram paralisados por Guruko e Urushi. Pakkun se encontrava sentado em cima de um dos homens. Os três ninkens se afastaram dos inimigos deixando o restante com Hatake. O platinado não teve pressa, não queria ter nenhuma pressa. Quando finalmente terminou, o sol começava a nascer. Não sobrou nenhum vestígio, a única coisa que se via era fumaça cinza se misturando com vento. Ao sair da floresta juntos aos ninkens, voltou para pequena vila, alguns moradores ajudaram a tirar tudo da casa. Já o casal estava coberto com um lençol branco, deitados lado a lado. Encontrou também alguns ninjas de elite parados ao lado do Iruka, entre eles Yamato. A casa foi completamente destruída pelo fogo que se iniciou quando saiu em busca dos outros, Iruka e alguns moradores conseguiram tirar todos os pertences do casal, não eram muito, mas eram deles. Bisuke e Ūhei não saiam de perto do moreno.
Iruka virou o rosto, seus olhos estavam inchados, Kakashi se aproximou e o abraçou.
— Encontrou o bebê? — Perguntou Iruka olhando para Kakashi e os cachorros
— Bull o levou para Konoha, a mulher pediu para mandarmos ele para bem longe daqui e que o Bull entregasse a criança somente para vocês dois — esclareceu Pakkun.
— Bull apareceu com um bebê na Anbu, eu estava lá e chamei a Hokage para ficar com ele. O grandalhão se recusou a sair do lado da criança — acrescentou Yamato, que estava feliz por ver Kakashi e Iruka juntos novamente, apesar das circunstâncias que as coisas aconteceram.
Assim que resolveram tudo em Tori, eles voltaram para Konoha. Shibi e Akino foram mandados para clínica dos Inuzuka para tratamento. Yamato acompanhou os ninkens.
Iruka e Kakashi foram mandados para a maternidade para encontrar o pequeno. Ao chegarem no local, encontraram Bull de frente para o berçário, esperando seu dono chegar. Ele era o único que não estava machucado, Pakkun fez seu relatório para todos.
O pequeno pug explicou que o nascimento da criança foi um pouco demorado infelizmente ela teve algumas complicações no parto. Assim que o bebê nasceu, aqueles homens apareceram, destruindo tudo e gritando que levariam o recém-nascido. Ayumi agiu rapidamente, cortou o cordão com uma kunai, o enrolou em manta e prendeu na barriga do Bull, e o mandou fugir por uma passagem secreta que ficava atrás do guarda-roupa. O caminho dava direto para floresta, Bisuke e o Ūhei o acompanharam para ficarem na retaguarda, por Rikudou não foram seguidos. Os outros ficaram para ajudar Kenji, a luta foi difícil, infelizmente Shiba foi atingido ao defendeu a mulher, não foi tão grave porque Kenji o protegeu. Os outros conseguiram fugir querendo ir atrás da criança, não conseguiram ir longe já que foram pegos e presos por Pakkun, Guruko e Urushi.
— Kakashi sentimos muito por não ter conseguido salvar a vida da senhora Ayumi e do Kenji. Pedíamos para eles fugiram, mas eles disseram que não nos abandonariam naquele momento, e também nos pediram para cuidar do filho deles. — falou Urushi.
— Ela deu nome a ele quando dissemos que seria um menino. Sabe que nós podemos saber se o bebê será menino ou menina apenas pelo cheiro, não é? — Contou Pakkun.
— Qual o nome que Ayumi escolheu? Vamos honrar sua escolha — Pediu Iruka abraçado ao mascarado, que observam o pequeno através do vidro.
— Houki — respondeu Pakkun prontamente.
— Bem-vindo ao mundo Houki — declarou Iruka, vendo o pequeno garotinho se contorcer e começar a chorar.
— Vamos cuidar muito bem de você — garantiu Kakashi.
Tsunade apareceu um tempo depois e autorizou os dois a entrar e pegar o bebê no colo. Afirmou que apesar das complicações e a forma como ele fora trazido para Konoha, ele estava bem e precisaria ficar no hospital mais um dia para observação. Ainda ordenou que os dois fosse a sua sala para esclarecer a origem da criança e o que seria feito com ela após a saída do hospital.
[...]
Foi mais burocrático e complicado conseguirem adotar o pequeno Houki do que esperavam. Iruka e Kakashi tiveram que apressar algumas coisas em seu relacionamento recém-retomado. Precisaram ir morar juntos, ter uma casa que comportasse uma criança e até mesmo os ninkens quando invocados. Não duvidavam que os conselheiros estavam fazendo o possível para que aquilo não desse certo. Mas com o apoio de Tsunade e dos amigos do casal, conseguiram resolver todos os empecilhos e agora, final e oficialmente Houki Umino Hatake era filho deles.
Claro que a rotina dos novos papais não era perfeita e não se ajustou da noite para o dia. Quando conseguiram conversar sobre eles, Kakashi e Iruka colocaram na mesa todas as suas inseguranças e medos, se abriram como nunca haviam feito antes. Aceitaram e acolheram as fraquezas e defeitos um do outro e o mais importante, cresceram e evoluíram juntos. Nutriram, cuidaram e regaram o amor que sentiam, o tornando ainda mais forte e sólido.
O golfinho de pelúcia faz companhia para Houki todas as noites para dormir, não larga seu amigo para nada.
Kakashi está feliz e realizado, nada comparado ao homem que era antes de ir para aquela missão. Yamato está orgulhoso do amigo.
Aquele festival marcou um novo começo em sua vida e na de Iruka.
Todos os anos, sem falta, não importa o que aconteça, Kakashi, Iruka e Houki vão à Vila de Tori para o festival Matsuri Tanabata, seus pais não querem que ele esqueça Ayumi e Kenji, aqueles que o trouxeram ao mundo.
Houki é amado e protegido e está trilhando caminho para se tornar um dos melhores ninjas de Konoha. Em seu coração sabe que é protegido por sua mãe e seu pai da mesma forma que é protegido por Kakashi e Iruka.
É feliz por ter uma família que o ama e pais mais que especiais.