
DEIDARA
Se me perguntassem o que eu mais gostava em Obito, nem iria demorar para responder: sociabilidade, energia para tudo em todas as horas, o jeito irritante que sempre está tocando os outros ou até as suas pequenas tatuagens. Mas o que eu mais amava nele, sem sombra de dúvidas, era quando estava em seu modo esgrimista. O seu corpo exalava uma confiança tão tremenda, que era tão sexy, ou a rapidez com que marcava um ponto, ou talvez seria aquele rosto todo sério quando estava praticando…
Então, sempre que tinha a oportunidade de ver Obito em uma competição de esgrima, meu dia iria melhorar 100%.
— Tá vendo seu ¨namorado”? — Nagato sussurrou atrás de mim, antes de fazer a maior aspas do mundo com suas mãos na última palavra. Com toda suavidade, empurrou a cadeira ao meu lado para se sentar e observar o jogo do meu namorado. No momento, me encontrava na biblioteca, pois era o único lugar da faculdade onde possuía wifi e, por mais que adorasse o mais velho com todo meu ser, não iria gastar meu 3G por ele.
— Deidara está vendo pela milésima vez o Obito esgrimindo? — Agora foi a vez de Konan perguntar, com Nagato dando aquele sorriso, uma vez que não poderiam rir como se fosse a piada do ano, se não iríamos ser expulsos.
— Ele é meu namorado! Tá vendo? Usamos o mesmo colar! — Pela indignação, minha voz quase aumentou. Quando outros alunos olharam para mim, pedi desculpas rapidamente, a abaixando.
— E..? Hinata e Sakura têm os mesmos pares e são amigas. Deidara, tenho certeza que metade do campus tem esses colares. — Foi a vez de Rock Lee revirar os olhos quando apontei meu namorado comemorando e dando um beijo no colar que tínhamos em conjunto.
— Puta merda, por que eu iria mentir falando que ele é meu namorado? A faculdade toda sabe que ele tem um namorado, né? O jornal da escola até fez uma matéria de primeira página sobre isso. — Eu estava com ele já ia fazer um ano, e desde o primeiro dia que conheci meu grupo de amigos, eles nunca acreditaram, mesmo mostrando fotos, o colar e Deus sabe mais o quê como argumento.
— Obito é super conhecido no campus, legal e... que corpo! Todo mundo gostaria de namorar ele, seja homem ou mulher. E seu ponto do jornal não conta. Na matéria dava para ver que Obito beijava alguém, mas não para reconhecer o rosto, por isso é um rumor.
— Ele é um puta esgrimista bom, fazendo com que a nossa faculdade fosse reconhecida.
— Bem, ele é o Obito, não precisa falar mais nada. — E lá íamos novamente com Kakashi revirando os olhos, como se não tivesse inteligência para entender o seu argumento.
Realmente o namorava, os outros somente não acreditavam, pois o seu campus era a uns 20 minutos do meu, sem contar que, como possuía bolsa esporte, Obito tinha uns horários loucos para treinamento. Então, não era como se meu grupo de amigos e o grupo dele se conhecessem.
— Tá bom, se vocês não acreditam, não posso fazer nada. — Antigamente, sempre que falávamos sobre isso, uma frustração iria se fazer presente, uma vez que os caras me conheciam e, mesmo assim, pensavam que estava mentindo. Porém, nesses meses, fiquei tão, mas tão cansado, percebendo que não iriam mudar seus pensamentos, que decidi que não valia a pena.
Na próxima semana, como tínhamos trabalhos e mais trabalhos, não consegui falar com meu namorado direito pela correria, então imaginem a minha surpresa quando o vi apoiado na parede do corredor próximo a minha sala.
— O que está fazendo aqui? Não deveria estar treinando? — Passei alguns segundos o observando para ver se meu cérebro cansado com xícaras e mais xícaras de café não estava pregando alguma pegadinha. Uchiha nunca, mas nunca, me visitou em meu campus, assim como nunca o visitei em seu, pois era muito longe e não valia a pena.
— Acabei de ser suspenso do time. — O mais velho geralmente era uma pessoa alegre, então, quando vi seus braços se cruzarem e ele fazer aquela feição de sério, nem liguei para a próxima aula e o arrastei pelos corredores para fora.
— Quer falar sobre isso? — Perguntei quando sentamos em um banquinho qualquer, vendo o jardim quase vazio, já que os alunos estariam ou em aula, ou na biblioteca fazendo trabalhos.
— Eu tô tão estressado com as minhas provas, trabalhos e ainda tem os jogos da semana que vem... Lembro que alguém falou algo bem banal, mas como a semana está sendo ruim, me ofendi e acabamos gritando um com o outro. Pegamos suspensão de dois dias. — Essa era uma das razões que odiava não poder fazer nada realmente efetivo para o ajudar, somente o beijar, fazer massagem em seus ombros e o puxar para a cafeteira sem ninguém, comprando seu chá preferido para tentar melhorar seu humor.
Porém, quando se despediu de mim, falando que tinha aulas e não gostaria de chegar atrasado, meu coração se despedaçou um pouco, percebendo que o dia de meu namorado não melhorou e, sim, somente algumas horas dele.
Lá pela noite, Kakashi pediu para encontrar alguém que iria entregar algo que precisava com urgência, mas como ficou enrolando e não acabou o seu trabalho, era impossível ir encontrar a pessoa. Como bom amigo, claro que fiz o favor.
Nem dava para não reconhecer a pessoa que deveria me encontrar, pois era praticamente o único lá, tirando funcionários e uma outras duas pessoas. O cumprimentei antes de sentar à sua frente.
— Deidara, não é? Você é muito mais bonito do que seus amigos falaram. Prazer, Naruto. — O homem deu um sorriso tão bonito, que era claro que estava flertando comigo.
— Huhm, o que está acontecendo aqui? — Raspei minha garganta pela vergonha.
— Um encontro? Kakashi me disse que você precisava de um namorado, temos coisas em comum, por isso falei que estaria interessado em o conhecer melhor. — Quando percebeu que não me encontrava na mesma página que ele, seu nervosismo ficou claro, assim que mexeu suas mãos e sua bochecha se pintou de vermelho como um tomate.
— Com licença, mas porque você está em um encontro com meu namorado? — Nem tive tempo para reconhecer a voz, pois Naruto quase se ajoelhou no chão pedindo desculpas.
— Me desculpa, Obito! Juro por todos os deuses que não sabia. Me perdoa. — Não deveria rir de sua situação, mas o ver tão assustado por causa do meu namorado, o cara mais gente boa que conhecia, fez meus lábios se curvarem em um sorriso.
— Eu vou fazer todos acreditarem que tenho namorado. Finalmente nosso namoro vai parar de ser um rumor. — Quase gemi de satisfação ao ouvir aquelas palavras. Quer dizer, tem ideia do quanto era desgaste namorar alguém e os outros não acreditarem?
Mesmo que tivesse o beijado milhões de anos, pareceu muito melhor, sabendo que as pessoas iriam tirar foto e claro, estaríamos na capa do jornal da faculdade no dia seguinte.
Vocês não imaginam minha felicidade quando cheguei no meu grupo de amigos no dia seguinte, jogando o jornal na cara deles e com a foto de nós dois nos beijando bem nítida, enquanto ia embora com passos de “HAHAHAHA eu avisei vocês!” e os deixando completamente chocados.