
O verdadeiro inimigo
Kawaki saiu de um limbo, a sua mente havia se reiniciado após um apagão, ele sentia como se seu corpo tivesse escapado de um afogamento depois de lutar para chegar à superfície num desespero pelo ar. Tinha o coração acelerado e a respiração exasperada, sentiu uma dor fina percorrendo seus nervos à medida que recobrava o comando de seus músculos, sendo as pálpebras as primeiras a obedecerem, a claridade do ambiente o fez piscar forte algumas vezes até encarar a figura à sua frente.
_Bo.ru.to!
Kawaki pronunciou com os dentes cerrados, tendo dificuldade para manter-se de pé ao dar seu primeiro passo para fora da cápsula. Sua visão estava turva, mas ele não tinha dúvidas de quem estava ali.
_Momoshiki!
Kawaki avançou na pessoa diante dele agarrando-lhe o pescoço com as duas mãos e a derrubando no chão.
_Ka…waki…você está enganado!
Boruto revidou enquanto pressionava com as mãos pontos específicos dos punhos de Kawaki o fazendo afrouxar o aperto ao sentir uma dor em choque irradiando para seus dedos e para seus braços chegando até sua nuca.
_Urgh, desgraçado!
Kawaki esbravejou percebendo que estava sendo vencido quando seus braços foram afastados por Boruto que também empurrou o tórax do moreno para trás usando os joelhos dobrados juntos.
_Por favor, Kawaki-kun, você precisa me ouvir!
_Cala a boca, Otsutsuki!
Kawaki, enfurecido, ativou o a lâmina em seu braço direito para atacar Boruto, mas o loiro foi mais rápido se desvencilhando do golpe ao mesmo tempo em que saía de debaixo de Kawaki o jogando para o lado com a força das pernas. No instante seguinte era Kawaki quem estava no chão com uma pessoa em cima dele e ele já não tinha força para manter a transformação do braço direito.
Que humilhação. Ele deveria ter esperado pelo menos cinco minutos para tentar engrenar uma luta logo depois de acordar de uma sedação cavalar, a dor em seus nervos voltava excruciante. Era uma sensação familiar, infelizmente, algo que ele passara algumas vezes depois dos procedimentos de Amado durante seu cativeiro na Kara. Avaliando sua situação, Kawaki lamentou-se por ter agido tão precipitadamente.
_Se acalma, você está se machucando assim!_Boruto o advertiu ciente do estado físico do mais velho.
Kawaki fechou os olhos começando a respirar fundo e compassadamente, pensava em reunir forças para contra-atacar quando sentisse seu corpo recobrando o controle.
_Se eu te soltar você vai me ouvir?
_Mal.di.to!
Kawaki resmungou entredentes tentando se soltar e foi contido com mais severidade, tendo seus braços imobilizados contra o chão, bem próximos ao seu tronco além de um peso sobre seu abdome que limitava sua respiração, seu oponente usou infusão de chacra para sobrepujá-lo em força física.
Kawaki estranhou esse padrão de contenção e pensava: “Essas mãos parecem pequenas pra serem do Boruto, e macias... espera ele está encostando a coxa na minha barriga? Parece que não está usando calça!”
Com esse pensamento Kawaki abriu os olhos imediatamente observando seu próprio abdome, enxergou um corpo feminino com as pernas expostas, o joelho esquerdo estava no chão e o direito sobre sua barriga, a qual estava parcialmente descoberta pois a sua regata havia subido na luta, ele sentia o contato de pele com pele.
_Sexy jutsu não funciona comigo, Boruto!
_Eu não sou o Boruto, você está delirando.
Kawaki buscou com o olhar o rosto da figura feminina e quando a reconheceu ficou embasbacado, “Isso é golpe baixo, por que tinha que ser ela?!” pensou sentindo as bochechas esquentarem.
_Para com esses joguinhos, Boruto! Você não me engana.
Ser pego em um ponto fraco, que nem ele mesmo sabia ter, deixou Kawaki enfurecido. “O Boruto é muito sacana.” pensava diante da visão da bela garota de longos cabelos roxos que estavam soltos e graciosamente emolduravam seu corpo vestindo um conjunto de renda rosado composto de short e blusa de alcinha.
_Kawaki-kun, o Boruto está bem longe daqui, eu não sou um jutsu de transformação!
_Mentira! Até parece que eu vou acreditar que, do nada, a Sumire está de lingerie em cima de mim, seu pervertido!
Sumire arregalou os olhos e sentiu as bochechas queimando, ela soltou os braços de Kawaki, tirou o joelho de cima dele, sentou-se sobre as próprias pernas, abaixou o olhar enquanto brincava com os dedos indicadores. Kawaki sentou-se e observou, ainda incrédulo, a garota falando sem coragem de olhar para ele:
_Isso não é lingerie... É um babydoll, uso pra dormir em noites quentes... eu não tive tempo de trocar de roupa, tive que sair correndo de casa pra vir aqui, até vesti um casaco por cima, mas eu perdi no-
Kawaki fez uma careta e disse desconfiado antes que Sumire conseguisse concluir a própria fala:
_Conta outra! Se é pra usar isso pra dormir por que é tão... tão... uh..._Kawaki hesitou sem conseguir escolher um adjetivo para a vestimenta que deixava a arroxeada tão atraente aos seus olhos._Quer dizer, a Sumire tem gosto diferente pra escolher roupa, não que eu saiba a roupa que ela usa pra dormir, mas, sei lá... ela não usaria isso...
Sumire ergueu o olhar fitando Kawaki com um ar sereno:
_Tem razão, se fosse para escolher, eu não ficaria com este baby doll pra mim, mas acontece que eu ganhei de presente da Ada, então uma hora ou outra eu teria que usar.
Kawaki arqueou a sobrancelha:
_Sério? Agora a Ada fica te dando presentes?
Sumire explicou timidamente:
_Bem, ela comprou pra ela mesma usar, mas ficou pequeno no corpo depois que foi lavado, então ela pediu pra eu experimentar e falou que ficou perfeito em mim...
“Ficou mesmo... droga, o que eu tô pensando?”, Kawaki balançou a cabeça afastando seu pensamento e disse em seguida tentando mostrar desinteresse:
_Tsch, tá, até que essa história faz sentido, vou fingir que acredito.
Kawaki começou a se levantar e Sumire fez o mesmo se aproximando dele para ajudá-lo.
_Agora me explica que história... é essa de você ter que... sair desesperada de casa pra vir até aqui... foi pra me tirar da cápsula? O que está acontecendo?
Kawaki questionou enquanto ficava em pé já sentindo um pouco de mal-estar, ele fechou os olhos com força abaixando a cabeça e se apoiando em Sumire.
_Kawaki-kun, você ainda não está bem par sair andando. Você está sentindo dor, vertigem?!
Sumire questionou preocupada ajudando Kawaki a manter o equilíbrio e o levando até uma maca enquanto ele respondia:
_É, minha cabeça está latejando, meus nervos estão dando choque. Quanto tempo eu fiquei apagado? A cena da dona Hinata me nocauteando parece que foi há uns cinco minutos, mas sei que deve ter mais tempo...
Sumire acomodou Kawaki na maca e respondeu:
_Tem seis dias, Kawaki-kun.
_Droga, a última vez que eu fiquei numa cápsula eu acordei naquele dirigível cheio de marionetes pra eu arrebentar... mas meu corpo estava bem melhor que agora, se não fosse por isso eu teria derrotado o Boruto na hora...
_Você ainda está achando que eu sou o Boruto?!
Kawaki arqueou a sobrancelha encarando Sumire e deu de ombros. Sumire suspirou e disse:
_Sobre o seu corpo, eu sinto muito, você está mal por causa da resposta exacerbada à carga de adrenalina que eu injetei para você recobrar a consciência e suas funções motoras mais rapidamente. Me desculpa, a ideia não era que você acordasse de forma traumática, no plano inicial seria bem mais tranquilo, mas levaria pelo menos duas horas e não temos esse tempo no momento.
Kawaki torcia as sobrancelhas ouvindo a explicação de Sumire enquanto ela aproveitava para conferir os sinais vitais dele e em seguida examinava os olhos e a boca.
_Você não parece desidratado, mas deve estar com sede, não?
_Hmmhm_Kawaki respondeu lacônico.
_Já consigo algo para você beber, mas vou testar a glicemia primeiro.
Sumire pegou o glicosímetro num balcão próximo, limpou o dedo anelar esquerdo de Kawaki com algodão e álcool, usou uma lanceta pra extrair uma gota de sangue dele a qual ela colocou na fita leitora acoplada ao aparelho.
Sumire disse aflita:
_Sabia! Você está com hipoglicemia intensa, deu 35! Não sei como você não desmaiou.
Kawaki não pareceu preocupado:
_Hmm, isso resolve comendo um Taiyaki, né?
_Ah, é, mas... eu só tenho solução de glicose a 5% aqui, por via endovenosa é mais rápido..._Sumire respondeu enquanto pegava 3 frascos de 10ml da solução glicosada e uma seringa.
Kawaki comentou jocoso
_Tsch, você ama ficar me furando hein, roxinha!
Sumire parou por um segundo como se uma ideia caísse como um raio em sua mente.
_Eu posso tentar outra técnica, sem agulha. É uma junção de jutsu médico com jutsu de água.
Kawaki torceu as sobrancelhas comentando sarcástico:
_Desde quando você sabe fazer isso? Por que tinha que me espetar todas as outras vezes?
Sumire mordeu o lábio inferior:
_Eu aprendi esses dias atrás com a Lady Tsunade.
Kawaki puxou o canto da boca:
_Esses dias? Então você ainda está inexperiente.
Sumire uniu as sobrancelhas:
_Se você não confia na minha habilidade, eu posso fazer com a agulha e seringa mesmo.
Kawaki abafou um riso anasalado:
_Não, de boa, faz aí sua “mágica”, doutora.
Sumire rompeu o lacre dos três frascos e com movimentos das mãos manipulando o chacra extraiu o conteúdo deles os unindo numa esfera que flutuava no ar, Sumire a posicionou sobre o antebraço direito de Kawaki, impôs as duas mãos sobre ela e em poucos segundos infundiu o líquido nas veias de Kawaki. O rapaz observou tudo de boca aberta; ao término da infusão, ergueu o braço e abriu e fechou a mão algumas vezes.
_Está tudo bem, Kawaki-kun?
Kawaki;
_Sim, só deu um formigamento estranho, mas já passou.
_Que bom, loguinho você vai se sentir bem, vou pegar um isotônico pra você beber.
Sumire respondeu já indo em direção a um frigobar na parede próxima à maca. Ela pegou um frasco com um líquido alaranjado o entregando para Kawaki:
_Pode beber esse isotônico aqui, é gostoso.
Kawaki sentou-se na cama, pegou a garrafa de 600ml e tomou o líquido em goladas amplas.
_Quer que eu pegue outro?_Sumire questionou vendo quão rápido Kawaki bebeu.
_Não, tá bom.
Kawaki respondeu impaciente, entregando a garrafa para Sumire que a jogou em um cesto de lixo.
_Agora chega de me enrolar e fala o que está acontecendo. Pelo que eu entendi, a gente está correndo contra o tempo, não é?
Kawaki se colocou de pé na frente da maca e cruzou os braços sobre o peito. Sumire segurou nos braços do mais velho falando:
_Melhor ficar sentado para ouvir o que vou dizer.
Kawaki arfou e retrucou:
_Tá, fala logo e não me esconde nada.
Sumire torceu as sobrancelhas não gostando do tom de Kawaki, mas continuou:
_Há cerca de quarenta minutos, pouco mais de nove da noite, criaturas humanoides com cauda, extremamente fortes invadiram pontos estratégicos da Vila, elas carregam marcas da garra de Code. São chamadas de garras-suja e são miniaturas da Dez Caudas, já tínhamos conhecimento prévio delas graças a informações da Ada, mas não previmos o ataque de hoje.
Kawaki trincava o maxilar à medida que ouvia Sumire e questionou aflito:
_Que pontos estratégicos? O Nanadaime está bem?!
_Sim o Nanadaime-sama está bem, até a última notícia, ele o, Boruto e o sr Sasuke estão tentando rastrear o Code que pode estar por perto. O sr Shikamaru, o tio Sai e outros Jonins e chunins estão organizando as frentes de batalha para derrotar os garras sujas com apoio do time sensorial e da força policial.
Kawaki se levantou abruptamente e começou a andar, Sumire não o impediu, mas disse:
_Kawaki-kun, antes de tudo você precisa saber que o Momoshiki não é mais uma ameaça, nós conseguimos derrotá-lo ontem!
Kawaki que já estava no meio da sala virou o corpo de repente olhando sério para Sumire:
_Como derrotaram? Se o Boruto está vivo o Momoshiki também está!
Sumire andou até Kawaki e disse firme olhando dentro dos olhos dele:
_O Momoshiki foi selado na mente do Boruto, o último resquício de existência dele foi silenciado.
Kawaki arfou em descrédito:
_Até parece que um selo vai segurar um maldito Otsutsuki!
Sumire replicou firme:
_Pois um selo Otsutsuki pode segurar um ser Otsutsuki sim! Foi assim que a Kaguya foi derrotada.
Kawaki torceu as sobrancelhas:
_A Kaguya que foi derrotada na quarta Guerra?! Mas é diferente, ela não tinha um vaso ambulante.
Sumire persistiu convicta olhando Kawaki dentro dos olhos:
_O Boruto deixou de ser o vaso do Momoshiki quando ele gastou 18% do DNA Otsutsuki para restaurar o buraco que você cravou no peito dele. Tudo que ainda existia era a alma do Momoshiki sem poder se apossar do corpo do Boruto, pois a consciência do Boruto já era dominante. Então os últimos resquícios eram os pensamentos intrusivos do Momoshiki perturbando o Boruto. Foi isso que você sentiu naquele dia no apartamento da Ada.
Kawaki prestava atenção em Sumire, sem gostar do que estava ouvindo, mas deixou Sumrie continuar:
_E isso nós já eliminados com um selo originado da fusão de dois selos, um do Hagoromo e outro do Hamura, tivemos um Otsutsuki e uma Uzumaki executando o jutsu de selamento simultaneamente sendo modulados por uma Senju (que também é Uzumaki) para infundi-lo na mente do Boruto. A eficiência do selo foi confirmada quando o sr Sasuke entrou na mente do Boruto usando o sharingan, o que sobrou do Momoshiki está inativado.
Kawaki arfou e disse ríspido:
_Corta essa, não existe opção de derrotar o Momoshiki se o Boruto continuar vivo, esse selo pode ser rompido, não pode? E quem é esse outro Otsutsuki que estava fazendo o selo? Já vai pra minha lista.
Sumire respondeu sem pestanejar:
_Não, o selo é a prova de aberturas tanto de fora quanto de dentro, nós trabalhamos duro para não haver falhas. Não inventa de procurar inimizade com o Toneri, ele é nosso aliado há muito tempo, depois que se arrependeu do que fez contra a tia Hanabi e a tia Hinata. Bem, você já ouviu a história, né? Além do mais, ele tentou impedir o Urashiki antes do incidente do exame chunin, mas foi derrotado.
Kawaki revirou os olhos. Lembrando-se de que quando ouviu o relato sobre os feitos de Toneri e a coragem de Hinata e Naruto, existia um viés muito mais romântico do que ele estava acostumado.
_Tsch, não importa. Eu sou o único que enxerga o perigo e o único capaz de acabar com isso de verdade.
Kawaki virou o corpo na intenção de sair, Sumire, num impulso, segurou o braço dele com as duas mãos:
_Não é verdade, nós sabemos do perigo incluindo o próprio Nanadaime e o Boruto, acontece que nós encontramos a solução que não exige sacrificar a vida dele. Você sabe que quando essa foi a única opção, o próprio Boruto te pediu pra fazer isso.
Kawaki respirou fundo e virou o rosto para olhar para Sumire.
_Não é o suficiente. Essa solução não é o suficiente._Disse frio, se desvencilhando da arroxeada.
Kawaki chegou até a porta da sala, percebendo que estava trancada e que nem maçaneta possuía, apenas um leitor biométrico, olhou ao redor, não havia janelas. Sumire permanecia olhando para ele séria.
_Você me acordou pra me deixar preso aqui, roxinha?
Sumire cruzou os braços.
_Não, eu te acordei para você poder se defender caso o Code te encontrasse, você estava totalmente vulnerável se ele te encontra-se na cápsula.
Kawaki andou até Sumire dizendo:
_E você acha que eu vou ficar aqui esperando?!
Sumire ergueu o pescoço vendo Kawaki parado na frente dela furioso de punhos cerrados e o questionou:
_O que você quer fazer depois que sair daqui?
Kawaki bufou e disse:
_Não é óbvio? Vou achar o desgraçado do Code e acabar com essa invasão.
Sumire arqueou a sobrancelha:
_O que você vai fazer quando encontrar o Nanadaime e o Boruto?
Kawaki franziu o nariz:
_Vou resolver com o Boruto longe do Nanadaime.
Sumire:
_O Nanadaime não vai deixar o Boruto sozinho com você, aliás, ele não vai ser o único a te impedir de tocar no Boruto.
Kawaki estalou a língua e disse carregado de sarcasmo e com uma ponta de ciúmes:
_É, pelo jeito você é a primeira da fila de dos que querem “proteger o precioso Boruto” de mim!
Sumire respondeu enérgica e com os olhos brilhando:
_Não é só o Boruto que é precioso, Kawaki-kun, você também é! Você precisa se libertar dessa obsessão de que precisa matar o próprio irmão. Você se importa com o Nanadaime e quer o melhor pra ele, acha que o Nanadaime iria quere ficar vivo se fosse às custas de perder dois dos três filhos dele?!
Kawaki ficou boquiaberto e com um vinco em sua testa, estava impressionado com as declarações de Sumire, mas não conseguia acreditar nelas. Ele engoliu em eco e abaixou a cabeça, numa luta interna de emoções.
_Essas palavras... não... não querem dizer nada pra mim. Eu não sou nada, sou vazio, a única coisa útil que eu posso fazer é proteger o Nanadaime! Mesmo que eu tenha que matar e morrer pra isso!
Sumire colocou uma mão em cada lado do rosto de Kawaki o fazendo olhar para ela enquanto dizia:
_Você não é vazio, Kawaki-kun! Você tem um coração cheio de lealdade e amor. Existem caminhos melhores pra você, por favor, abra a sua mente para respostas diferentes das suas. Se dê uma chance de ser feliz ao lado da família Uzumaki!
Os olhos de Kawaki começaram a tremular, ele se recordou dos momentos alegres com Naruto, Himawari, Hinata e Boruto. Também se recordou das palavras de Hinata e Naruto o chamando de filho na sua última “visita” à casa Uzumaki. O moreno sentiu um aperto no peito e a sensação de algo entalado em sua garganta.
_Isso é impossível... o Momoshiki-_Balbuciou angustiado sendo interrompido por Sumire
_O Momoshiki perdeu! Está acabado, já era. Presta atenção, o Boruto está livre. Acredite no que eu estou te dizendo.
Sumire respondeu enérgica apertando um pouco o rosto de Kawaki, que fez uma careta em resposta.
_Só acredito vendo._Kawaki disse sério, enquanto segurava as mãos de Sumire as tirando de seu rosto e as abaixando.
_Sim, quando você encontrar o Boruto, vai poder comprovar que é verdade!_Sumire falava mudando as mãos de posição, passando a ser ela a segurar as mãos de Kawaki as unindo e erguendo na altura de seu próprio queixo num gesto de comemoração.
Kawaki torceu as sobrancelhas e enquanto desvencilhava cuidadosamente suas mãos das mãos de Sumire disse:
_Tsch, não se empolga. Se eu sentir o mínimo da presença daquele Otsustuki desgraçado, você já sabe o que vou fazer. Não terei outra escolha.
Sumire deu um suspiro:
_Kawaki querido... você não vai precisar fazer nada disso. Confia em mim.
Kawaki arfou ainda dividido entre acreditar na arroxeada ou manter sua teimosia, mas ouvir Sumire o chamando de “querido” deixou seu coração mais leve:
_Se fosse tão simples assim, roxinha.
Sumire ergueu o indicador direito como se quisesse ressaltar o seu argumento:
_Ah, claro que não é simples, foi bem trabalhoso e extenuante o esforço em conjunto realizado para deter o Momoshiki e deixar o Boruto ileso.
Kawaki torceu a boca:
_É, e você deve ter adorado participar disso tudo, aposto que você teve um envolvimento direto, né?
Sumire:
_Aham, ajudei na parte teórica e na iniciativa de reunir uma equipe especializada.
Kawaki estalou a língua:
_Tá bom, “senhorita especialista em jogar lábia” pra cima de mim. A gente vai sair dessa sala ou não? Aliás, que lugar é esse? Parece diferente do Departamento Científico.
Sumire torceu as sobrancelhas:
_Você quer sair para lutar?
Kawaki:
_Óbvio, acha que eu vou ficar aqui escondido enquanto essas mini Dez Caudas-
Sumire:
_Garras-sujas.
Kawaki:
_É, que seja. Enquanto esses monstros destroem a Vila e o Code está tramando algo pior?
Sumire:
_Okay, Kawaki-kun, mas você tem que deixar claro que está saindo para combater o Code e não o Boruto.
Kawaki revirou os olhos:
_Tá, você já falou de mais do Boruto por hoje. Eu vou combater a ameaça mais iminente, que no momento é o Code. Satisfeita?
Sumire balançou a cabeça afirmativamente e foi até a porta colocando a palma da mão no leitor biométrico.
_Tudo bem, vem comigo.
A porta se abriu e Sumire guiou Kawaki pelo corredor, que estava mal-iluminado.
_É, aqui não é mesmo o Departamento Científico._Kawaki comentou ao olhar ao redor.
Sumire entrou em seu modo explicativo:
_Ainda bem que não é, lá foi um dos primeiros lugares a ser atacado pelos garras-sujas. Você seria um alvo completamente a mercê do Code se tivesse sido mantido lá. Nós estamos num abrigo subterrâneo da Ambu criado quando a Raiz ainda era dominante. Aqui foi feito pra resistir a explosões e intempéries da natureza também. Fora os selos contra dojutsu, que funcionaram satisfatoriamente contra o Senrigan, o principal motivo de você ter sido trazido pra cá.
Kawaki deu uma leve arfada:
_Hã, quer dizer que vocês estavam me escondendo da Ada. Pelo menos uma vantagem de ter ficado apagado por esses dias.
Sumire apertou os lábios e limitou-se a um resmungo.
_Hmm.
Kawaki comentou debochado:
_Já você não conseguiu se esconder da Ada ultimamente, né? Até “presente” dela você ganhou.
Enquanto Kawaki falava Sumire notou que ele a olhava de cima a baixo com os olhos afiados, isso a deixou constrangida, a fazendo cruzar os braços sobre o peito para cobrir o decote, o qual não era tão revelador naquela posição em que estavam. Entretanto, minutos antes, quando Sumire estava segurando Kawaki no chão, o ângulo de visão do garoto havia lhe permitido enxergar além do que ele jamais cogitara espiar. A cena veio à memória de Sumire, que, apenas naquele instante, se deu conta das chances de ter exposto partes do seu corpo involuntariamente por conta daquela posição de luta e contenção.
_Ergh, por que você... está me olhando desse jeito...?_Sumire balbuciou com as bochechas vermelhas e sem ter coragem de olhar Kawaki nos olhos.
Kawaki limpou a garganta, virando o rosto para o caminho à sua frente, condenando seu próprio “comportamento inapropriado”, afinal não era hora para ficar admirando a beleza da arroxeada, já que ele deveria manter o foco na batalha que estava prestes a travar. No entanto, ficar perto de Sumire, fazia o garoto de quatorze anos se comportar apenas com o adolescente que ele era, mesmo que por breves momentos.
_Não é nada. Hein, depois de me mostrar a saída você vai ficar no abrigo, né?_Respondeu mudando de assunto.
Sumire abaixou os braços e o rubor de suas bochechas havia sumido. Ela disse séria:
_Não, eu vou com você até nos reagruparmos nas frentes de batalha.
Kawaki arqueou a sobrancelha, não gostando da ideia de ver Sumire lutando contra os mini clones da Dez Caudas e muito menos contra o Code.
_Você vai lutar? Não era melhor ficar apenas dando suporte logístico, você não faz parte da galera da teoria e ciência?
Sumire respondeu convicta:
_Eu continuo sendo uma Kunoichi, consigo fazer as duas coisas quando necessário. Por sinal, pra chegar até aqui eu precisei lutar contra uma dúzia de garras-sujas que estavam soltos pela rua fora, e antes disso fui perturbada na minha própria casa pelo Co-, ergh, quer dizer, não se preocupe comigo, eu sei o que estou fazendo.
Kawaki cruzou os braços erguendo o queixo tentando mostrar indiferença:
_Quem disse que eu estou preocupado?
Então Kawaki se apercebeu da fala de Sumire e voltou o olhar para ela franzindo o cenho:
_Espera aí, quem que apareceu na sua casa?!
Sumire mordeu o lábio inferior evitando contato visual:
_Não importa agora, ele não conseguiu o que queria.
Kawaki parou na frente de Sumire a impedindo de continuar caminhando pelo corredor (que já era o terceiro desde que saíram da sala):
_Você tá falando do Code? Como assim? Achei que ele não tivesse dado as caras ainda na Vila. O Nanadaime o Boruto não estavam atrás dele?_Perguntou a encarando cheio de tensão.
Sumire arregalou os olhos ligeiramente e respondeu:
_Até a última notícia, não se sabia do paradeiro dele. Mas antes, ele apareceu no Departamento Científico e em seguida me atacou na minha casa, momentos depois os garras-sujas atacaram vários outros locais pela Vila.
A feição de Kawaki foi ficando mais transtornada:
_Droga, e por que ele iria pessoalmente pra sua casa? Ele machucou você antes de você fugir?!
Sumire deu um suspiro e abaixou a cabeça se perdendo brevemente num flash back.
Cerca de uma hora antes, a arroxeada estava em seu quarto no segundo andar do pequeno sobrado onde morava, ela havia acabado de se vestir depois de sair de um banho quente relaxante, a intenção dela era dormir cedo, pois deveria acordar de madrugada para estar presente no plano de acordar Kawaki na casa dos Uzumakis.
Nue, em sua forma em miniatura estava acomodado na cama, Sumire foi até a penteadeira para pegar na gaveta o secador de cabelo, Nue começou a rosnar olhando para a janela chamando a atenção de Sumire que ficou atônita ao ver uma figura de cabelos brancos entrando pela janela que acabara de abrir.
_Ora, ora, será mesmo que é você a senhorita Kakei? Tsc, tá, não seria a primeira vez que o Amado arruma uma criança pra ser assistente dele.
“Sumire, Sumire, você está bem? Tivemos invasores no Departamento Científico poucos minutos atrás e percebemos que surgiram outros nos arredores da sua casa, o Sai vai chegar aí em instantes” Ino se comunicou com Sumire no link telepático.
Code olhou para Sumire com um sorriso perturbador.
“Eu estou bem, tia Ino, que invasores são esses? Tem um no meu quarto agora. Mas ele está omitindo o chacra e não demonstrou violência por enquanto. Diga para o tio Sai esperar o meu sinal, preciso avaliar a situação primeiro.” Sumire respondeu no link.
Sumire franziu o cenho tensionando os músculos de seu corpo enquanto Code se aproximava a passos curtos.
“Oh meu Deus, por isso não percebi, são raros os que têm a habilidade de omitir o chacra. Segundo relataram, os invasores não são humanos, são criaturas motivadas apenas para destruição, ao que tudo indica são os garra-sujas que a Ada relatou outrora, já tem equipes se dirigindo para o apartamento dela. A torre Hokage e a casa dos Uzumaki também estão recebendo proteção extra. Lamento por não termos pensado que sua casa poderia ter sido o próximo alvo.” Ino continuou informando no link.
Nue ameaçou aumentar seu tamanho, mas Sumire o repreendeu com o olhar, era melhor não se antecipar para não provocar o inimigo, ela precisava ter sangue de barata.
“Ah, provavelmente ele quis atacar pelo lado ‘mais fraco’, mas ele vai se arrepender de me subestimar”. Sumire respondeu no link telepático.
“Querida, quem está aí com você?! Por favor, tome cuidado, não hesite em pedir ajuda. O Sai está a dois quarteirões daí, já identifiquei dez garras-sujas se aproximando”. Ino aconselhou Sumire angustiada, já ativando a capacidade de escutar tudo o que Sumire escutava.
_Você tem uma aura intrigante, garota._ Code parou a 40 centímetros de distância de Sumire, que teve que erguer o rosto para olhar para ele_ Não está com medo de mim? Você sabe quem eu sou?_ele se inclinou na direção dela tentando intimidá-la.
“O Nue está comigo, tia Ino, fica tranquila. Vou precisar do tio Sai pra distrair os garras-sujas, mas só depois. Peça para ele aguardar sem ser notado, por favor.”
Sumire engoliu em seco pensando no que deveria responder.
_Você não é muda ou surda, é?_Code indagou sustentando um olhar impaciente. Torceu as sobrancelhas um tanto entediado, já que não recebia resposta da arroxeada. _Como que não saiu nenhum som da sua boca até agora?
Code ergueu a mão devagar a levando até o rosto de Sumire a qual o virou evitando que Code tocasse os lábios dela com seus dedos os quais tocaram sua bochecha direita brevemente. Sumire poderia ter evitado o contato completo, mas ainda não queria fazer movimentos bruscos. Code também estava estranhamente cauteloso com ela.
_Ah, finalmente uma reação, achei que ainda estivesse paralisada pela minha presença, gracinha._Code comentou debochado dessa vez segurando o queixo de Sumire, que se desvencilhou dando dois passos para trás.
_Não me toque._Ela advertiu.
_Olha só, ela finalmente falou! Sua voz é música para meus ouvidos, principalmente porque você vai me dizer como eu encontro o Kawaki._Code replicou com um tom de psicopata.
_Por que você acha que eu teria essa informação?._Sumire replicou evasiva.
_Ora, você é a enfermeira particular dele, não é? Vai todo dia cuidar do seu paciente. É óbvio que sabe onde ele está sendo mantido.
Sumire engoliu em seco pensando: “Droga, como ele sabe disso?!”
_Você confundiu as coisas, um prisioneiro não recebe visita de enfermeira._Sumire respondeu dissimulando.
Code torceu as sobrancelhas:
_Prisioneiro? Huh. Ele foi detido em alguma cela especial, então... Você vem comigo pra mostrar onde é!
Code avançou na direção de Sumire com seu braço transformado em garra gigante. Nue, transformado em sua forma de tigre, pulou em cima de Code, Sumire saiu correndo pela porta do quarto e pulou para o andar de baixo não perdendo tempo com as escadas.
Ela já havia sinalizado para Sai, o qual, do lado de fora, havia distraído os garras sujas usando criaturas do pergaminho da besta, Sumire pegou um casaco pendurado na entrada da casa e saiu pela porta ainda com suas pantufas, sem tempo de colocar suas botas.
No meio do jardim teve que golpear dois garras sujas, que não haviam sido detidos por Sai, se movimentando por cima da cabeça deles já chegando ao portão, mas antes que ela pulasse por cima deste, sentiu algo segurando sua perna, Code havia brotado do chão saindo de uma marca de garra.
_Ei, gracinha, você não vai fugir de mim!
Code não se deu ao trabalho de sair completamente da marca, apenas arrastando Sumire consigo a segurando pela coxa direita.
“Sumire, você está livre pra quebrar o protocolo de Anistia, o Nue pode usar poder total”
“Nanadaime! Eu-“
“Pode agir, Sumire, você vai conseguir deter o Code até chegarem os reforços, o poder do Nue vai ser muito útil pra deter os garras-sujas também”._ Naruto se comunicava por link telepático com Sumire, estando ele mesmo e Hinata enfrentando garras-sujas que tinham atacado a casa Uzumaki. Sorte que Himawari estava com o avô e os Hyugas já haviam sido avisados dos ataques a vila, reforçando a segurança da caçula do Hokage e atentos a qualquer ameaça a quilômetros de distância.
Sumire se embebeu de chacra negativo, Code sentiu-se entorpecido por milésimos de segundos que foram o suficiente para Sumire desferir um chute em sua cara que o fez soltá-la. A arroxeada lançou diversos feixes de chacra negativo que circundaram Code o “amarrando” e lhe sugando o chacra. Mas em resposta Code ativou o karma e contra-atacava recuperando o chacra sugado, havia virado um cabo de guerra. Nue surgiu no ar em sua forma miniatura, se acomodando do ombro da arroxeada lhe reforçando as redes de chacra negativo.
Os garras-sujas que haviam sido noucateados por Sumire no jardim estava haviam se recuperado e, além deles, surgiam mais de outras marcas de garra pelo chão. Nue pulou do ombro de Sumire espalhou as redes de chacra negativo para fechar as marcas das garras e segurar os garras-sujas para não atacarem.
Na calçada em frente à casa de Sumire, Sai enfrentava outros garras-sujas que surgiam a todo momento. Ele já havia sido informado que uma mordida deles poderia transformar uma pessoa em árvore e estava bem cauteloso, tentando impedir que eles chegassem mais perto de Sumire, a rua estava ficando lotada.
“Quanto tempo pros reforços?!”_Sai questionava Ino no link telepático.
“Logo, querido, a Vila está sendo ataca em muitos pontos no momento, segura as pontas mais um pouco.”_Ino respondeu apreensiva.
“A situação está muito caótica, por aqui, se não chegar reforços vamos ter que recuar. Não é fácil pra Sumire usar o chacra negativo, ela absorve as emoções ruins do oponente, e esse Code é muito perturbado.” _Sai podia observar através das grades da casa de Sumire, o jeito que Code olharva para a Kunoichi, parecia que o ex-ruivo estava gostando daquilo.
_Você não é fraca, gracinha, como consegue usar um jutsu Otsutsuki assim?!_Code falou em meio a um sorriso sádico._Está tornando minha noite mais divertida, acho que vou ficar com você pra mim depois que eu destruir essa vila.
_A única destruição aqui vai ser a sua, Code!_Sumire revidou raivosa.
_Humm, você sabe o meu nome, fala de novo, fala..._Code respondeu parecendo cada vez mais louco.
_Cala essa boca seu maníaco pervertido!_Sai esbravejou saltando por cima das grades.
_Tio Sai!_Sumire exclamou.
_Já deu, Sumi, vamos sair daqui.
Sai criou um pássaro com seu pergaminho da besta, segurou Sumire pela cintura e subiu com ela no pássaro voando pra longe dali. Nue ficou mais um tempo segurando os garras-sujas e Code, até Sumire estar a uma distância segura então ele sumiu numa nuvenzinha de fumaça.
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Sumire respondeu depois de alguns segundos e introspeção:
_Ele queria que eu o levasse até você. Desculpa, eu não consegui segurá-lo por muito tempo, mesmo com a ajuda do Nue, eram muitos garras-sujas, muito chacra pra absorver, e o efeito do chacra negativo no meu corpo naquela proporção era quase insuportável, eu-
_Que merda, Sumire! Você tá maluca? Como que você tentou enfrentar o Code?! Você queria morrer?! Tinha que ter fugido na primeira brecha!_Kawaki segurou Sumire pelos ombros e disse exasperado a interrompendo.
Sumire ficou atônita com a reação de Kawaki o olhando atordoada. Kawaki estava ofegante a encarando sem saber controlar as próprias emoções.
_V-você tá me machucando..._Sumire comentou sentindo a aperto das mãos de Kawaki.
Kawaki soltou Sumire constrangido, abaixou a cabeça a sacudindo para os lados.
_Desculpa, roxinha.
Sumire respirou fundo e disse amável:
_Eu estou bem, Kawaki querido, sou mais forte do que você imagina.
Kawaki ergueu o rosto, sentindo um aperto no peito, finalmente reconhecendo na coxa direita da arroxeada uma marca compatível com a garra de Code. Ele sentia vontade de vomitar com a ideia de seu arque-inimigo havia ameaçado a integridade física de “sua roxinha”, embora esse sentimento de que Sumire fosse alguma coisa “sua” não fosse algo que Kawaki reconhecesse conscientemente. Kawaki bufou e disse sério:
_Me mostra logo caminho pra fora daqui.
O moreno deixou Sumire caminhar alguns passos na frente enquanto ela dizia:
_Estamos perto, mas, antes de chegarmos nas ruas, tem uma coisa que eu preciso te dizer...
Sumire ficou confusa interrompendo a própria fala ao ver Kawaki parar em sua frente depois de tê-la alcançado. Ele a empurrou para trás dizendo:
_Me perdoa, mas não quero você correndo perigo por minha causa.
Sumire sentiu seu corpo sendo sugado por um vórtex, ela esticou o braço e tentou chamar por Kawaki mas era inútil.
Ela desapareceu na dimensão controlada pelo Daikokuten.
_Eu tiro você daí depois que acabar com o Code. E com...
Kawaki suspirou olhando o vortex negro desaparecer diante dele.
_...o Boruto.
Concluiu sua fala desativando seu dojutsu.
CONTINUA