Em Boa Companhia - Kawasumi

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Em Boa Companhia - Kawasumi
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Um dia Kawaki viu Sumire voltando do trabalho num horário diferente que o de costume, ele resolveu conversar com ela.Essa estória se passa na versão alternativa que eu criei dentro do Universo Original do Anime/Mangá, nessa versão Naruto e Hinata não foram selados, a vontade do Kawaki em matar o Boruto foi contornada, a Ada não ativou a Onipotência e Kawaki e Boruto já estão morando de volta na casa da família Uzumaki. Kawaki tem 16 anos e Sumire tem 14 anos. É uma prequela da minha outra fic "Peripécias de Kawasumi e Borusara".Obs: Essa fic eu já postei no Twitter.
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Ensopado e frustrado

Três minutos depois, Kawaki e Sumire chegaram ao campo de treinamento e soltaram as mãos. Kawaki correu ao redor do lago lançando várias rajadas de fogo para acender as tochas altas que serviam como iluminação do lugar. A margem do lago era toda em grama, as tochas ficavam a um metro de distância do espelho d’água. O lago artificial, alimentado por uma mina d´água natural, era perfeitamente circular, suas margens tinham cinco metros de borda gramada que terminava onde começavam arbustos e árvores frondosas que circundavam todo o local. Alguns bancos de madeira ficavam próximos a essas árvores, o local era bem agradável até para um passeio, mas era reservado para treinamentos ou aulas de alunos da Academia.

Sumire foi até um dos bancos de madeira, o que mais próximo à entrada por onde eles chegaram, o banco tinha encosto e era longo o suficiente para caberem até seis pessoas sentadas, ela tirou a mochila da cintura e a deixou em uma das extremidades do banco, Kawaki já tinha iluminado metade das tochas, Sumire então correu sobre a água do lago chegando até o seu centro, cerca de 20 metros de distância da margem.

Kawaki, depois de acender todas as 30 tochas tendo dado a volta no lago, um belo aquecimento para seu treinamento, chegou até o mesmo banco de madeira colocando sua mochila, e seu manto sobre ele, ele caminhou até um deck de concreto firmado sobre rochas, que adentrava três metros no lago, aquela era sua posição para lançar os Katons diretamente em Sumire enquanto ela anulava o fogo usando Suiton.

Era o décimo segundo treino dos dois, eles já estavam em perfeita sincronia, nos últimos quatro treinos Kawaki avançara o dobro do que tinha conseguido nos oito treinos anteriores. Algo que alguém que tivesse visto os três primeiros treinos deles consideraria impossível de estar acontecendo. Aliás, muitos diriam que Sumire era muito persistente por ter voltado a treinar com Kawaki depois do que aconteceu entre eles no primeiro treino.

FLASH BACK – PRIMEIRO TREINO

Sumire anunciou o encerramento do treino pela quinta vez, necessitando de desferir um rojão de água suficiente para derrubar Kawaki do Deck o fazendo ser lançado a dez metros de distância, quatro destes fazendo parte da margem de grama, Kawaki “aterrissou” com os pés no chão, mas com joelhos fletidos tirando o corpo do rapaz do seu centro de gravidade o fazendo cair sentado.

Sumire tinha planejado usar suiton para modular cada variante de Katon de Kawaki de maneira gradual, visando aperfeiçoar o tempo de resposta, constância de fluxo, alcance das chamas, a tipologia do Katon adequada para combate à média e longa distância. Mas Kawaki não tinha entendido o objetivo, apenas tentando produzir fogo quente o suficiente para evaporar a massa de água manipulada por Sumire, tendo falhado repetidas vezes. A fúria despertada cada vez que as águas venciam suas chamas o fez entrar em modo de combate simplesmente atacando com ferocidade na intenção de provar que era mais forte que Sumire. Foram dez minutos para Sumire finalmente conseguir fazer Kawaki parar, tendo precisado ser agressiva em seu golpe final.

Sumire correu até Kawaki assim que ele “sentou” no chão, completamente encharcado e bufando de raiva, ele tinha cruzado os braços sobre o joelho e apoiado o rosto sobre eles, olhando para baixo. Sumire se inclinou na direção de Kawaki, então sentou de frente a ele em cima das próprias pernas dobradas para trás e disse preocupada:

_Você está bem, Kawaki-kun?

Kawaki apenas grunhiu em resposta, expressando sua irritação. Sumire franziu o cenho e fez uma varredura visual rápida do estado de Kawaki, ela tocou de leve a franja dele a afastando rapidamente da testa, o que fez o rapaz levantar os olhos na direção dela, então Sumire disse:

_Aparentemente não se feriu.

Kawaki resmungou algo incompreensível enquanto pensava “Só meu ego que tá ferido, bosta”. Ele ergueu o rosto encarando com mais precisão o rosto de Sumire, lançou um olhar intenso sobre ela pensando: “fazia tempo que ela não me humilhava desse jeito”. Sumire mordeu o lábio inferior, notando a frustação de Kawaki, mas ela mesma estava decepcionada com as reações dele no final do treinamento, então ela o questionou demonstrando decepção:

_Kawaki-kun, você não deveria ter insistido depois que eu encerrei a sessão de treinamento, não fez o menor sentido você ficar me atacando. Você não entendeu o objetivo do treino?

Kawaki respondeu com desdém:

_Entendi que eu treino melhor sozinho.

Sumire entreabriu a boca, deixando escapar um pequeno “Ah?!”, ela respirou fundo pensando numa réplica, então disse:

_Você está treinando Katon sozinho há quando tempo?

Kawaki torceu a sobrancelha, respondendo desconfiado:

_Dois meses.

Sumire olhou esperta para Kawaki dizendo sugestiva:

_E você acha que progrediu muito nesse tempo?

Kawaki estalou a língua e disse irritado enquanto se levantava:

_Não fica jogando na minha cara.

Sumire também se levantou e retrucou:

_Não é nada disso, se você entender os exercícios que eu estou propondo você vai conseguir aumentar o controle e...

Enquanto Sumire falava, Kawaki tinha tirado seu manto azul sem mangas e o jogado bruscamente no chão, Sumire deu uma pequena pausa na sua fala, vendo o gesto raivoso de Kawaki, mas continuou:

_...a intensidade dos seus Katons, sozinho você não teria a mesma oportunidade de modulação contra um poder oposto que é o Suiton.

Kawaki tirou a regata branca que vestia, Sumire notou que ele não tinha dado a mínima importância ao que ela estava falando, da mesma forma que ele havia ignorado as instruções dela durante o treino, pois ele não tinha paciência para começar pelo básico. Sumire se lembrou que Sarada já havia comentado sobre esse tipo de comportamento de Kawaki quando a Uchiha tinha começado a ser capitã do time 7. Sumire deu um suspiro e resolveu conversar com Kawaki em outro momento, quando ele tivesse se acalmado.

Kawaki estava torcendo a regata pra tirar o máximo de água que podia, Sumire ainda o olhava em silêncio, pensando em dizer algo que amenizasse a raiva do garoto, a qual era evidente pela maneira com que ele torcia o tecido da roupa com força e tensionava os músculos do pescoço além dos músculos dos braços. Sumire notou como Kawaki estava mais atlético e atraente com o passar dos anos, mas antes que se distraísse com esse pensamento, a garota logo saiu dali e correu até o banco (que estava a dois metros de distância) e tirou da própria bolsa uma toalha de banho lilás perfeitamente compactada em um rolinho e a levou rapidamente até Kawaki dizendo:

_Pega, usa pra se secar e se cobrir.

Kawaki que já tinha deixado a regata pendurada no ombro esquerdo cruzou os braços sobre o peito e resmungou:

_Ahh, quer dizer que desde o começo você estava planejando me afogar? Essa toalha é o símbolo da minha derrota?

Sumire arfou e respondeu séria:

_Eu só gosto de ser prevenida e não teve derrota nenhuma._ ela estendeu novamente a toalha para que Kawaki a pegasse.

Kawaki puxou o canto da boca e disse pensativo:

_Segura ela aí mais um pouco.

Ele se abaixou e começou tirar a bota do pé direito, com isso a regata escorregou quase caindo de seu ombro, mas ele a segurou e se levantou novamente. Sumire analisava os movimentos de Kawaki um tanto desconfiada. Kawaki olhou pra ela, sorriu de canto e colocou a regata sobre o ombro direito de Sumire, teatralmente dizendo:

_Já que você faz questão de ficar aí parada me olhando tirar a roupa, pode servir de cabide.

Sumire fez uma cara de espanto e constrangimento:

_Eu não faço questão de- eu só vim te dar a toalha! Urgh_reagiu ao sentir a umidade da regata encostando em seu pescoço.

Sumire tirou a regata de cima do ombro a pegando com a mão esquerda enquanto a direita continuava segurando a toalha, Kawaki já tinha tirado a outra bota, deixando as duas do lado da jaqueta, Sumire disse saindo dali incomodada:

_Vou estender a blusa no encosto do banco.

Sumire foi até o banco, ficando de costas para Kawaki, colocou a toalha enrolada de volta em sua bolsa, que ainda estava aberta, pois ela não queria sujar a toalha a colocando diretamente no assento do banco. Então Sumire usou as duas mãos para “alisar” a regata o máximo que podia e a estendeu cuidadosamente no encosto do banco na outra ponta, ela ficou analisando que o tecido de algodão tinha esgaçado bastante com a força que Kawaki tinha exercido contra as fibras. Ela ficou um pouco distraída com isso, acabou levando um ligeiro susto quando ouviu o impacto de algo molhado contra o encosto do banco a poucos centímetros de onde ela estava: era a bermuda marrom encharcada de Kawaki que ele tinha arremessado ali, com cinto e tudo.

Sumire fez uma careta, sem saber como reagir ao fato de Kawaki ter quase a acertado com aquela peça de roupa molhada ou ao fato de que Kawaki estava naquele momento apenas de cueca a dois metros de distância dela. Distância reduzida nos cinco segundos seguintes, pois Kawaki depois de arremessar a bermuda de longe, caminhou até a arroxeada se posicionando bem atrás dela, a vinte centímetros. Essa proximidade foi sentida por Sumire mesmo sem contato visual causando um frio na barriga da garota. O olhar de Kawaki passava por cima da cabeça da arroxeada, dada sua diferença de altura, o garoto tinha chegado bem perto para olhar as roupas estendidas no encosto do banco e disse:

_É, acho que torci de mais a regata, parece que estragou, né?

Sumire estava sentindo-se muito tensa com aquela situação inusitada respondeu nervosa:

_Acho que sim... m-mas a bermuda você nem se seu a trabalho de torcer, aliás estava q-querendo me acertar com ela?!_ Ela pensava “Por que ele está tão perto assim? Acho que se eu me mexer um pouco já esbarro nele!”

Kawaki deu um passo largo para trás, dando mais espaço para Sumire, ele só tinha chegado perto para ver a regata, não tinha a intenção de deixar Sumire desconfortável, ele estalou a língua e disse:

_Se eu quisesse acertar eu teria acertado. Mas cadê a toalha?

Sumire ficou aliviada com seu espaço pessoal respeitado e então pegou novamente a toalha na bolsa que estava na outra ponta do banco, esticou o braço aproximando a toalha de Kawaki e virou o rosto rapidamente para evitar vê-lo só de cueca.

Kawaki sorriu maroto já percebendo as bochechas coradas de Sumire, então pegou a toalha e começou a se secar. Sumire virou totalmente o corpo ficando de costas, Kawaki não resistiu à oportunidade e comentou jocoso:

_Pra que esse medo todo de me ver de cueca?

Sumire respondeu segura:

_Não é medo, é pudor.

Kawaki deu de ombros:

_Você sabe que eu não me importo.

Sumire cruzou o braço sobre o peito:

_Mas eu me importo.

Kawaki comentou num tom de voz insinuante:

_Hã, mas até sem cueca você já me viu.

Sumire arregalou os olhos sabendo exatamente a que Kawaki se referia:

_Foram só duas vezes, porque me deixaram como responsável pelo seu exame médico quando o sr. Amado estava afastado, mas eu tive uma pessoa me auxiliando, são situações completamente diferentes da de agora!

Kawaki resmungou:

_Já viu uma, já viu duas, não custa ver três...

Sumire descruzou os braços os pendendo ao lado do corpo e cerrou os punhos:

_Kawaki-kun, nem brinca com isso! Existe um protocolo de atendimento quando uma pessoa inconsciente é admitida para cuidados médicos em internação. Você tinha sido noucateado e precisava ser avaliado, tratado. Tudo é feito sem expor o paciente, o corpo é despido e examinado por partes, com ferimentos limpos e tratados, em seguida com troca de roupa adequada. De maneira profissional e respeitosa.

Kawaki arfou:

_É só sei que eu acordei de banho tomado e até com uma cueca limpa. Bem, melhor do que sem nenhuma roupa de baixo e com aquela roupa de hospital que parece um vestido.

Sumire:

_Você está falando de Ryutan?

Kawaki:

_É, aliás, daquela vez eu nem devia ter dado chutes tão altos quando lutei com você na escadaria, deu pra ver alguma coisa?

Sumire arregalou os olhos tentando se recordar da cena em que ela lutava com Kawaki na escada do laboratório de tecnologia de Ryutan depois que Kawaki tinha fugido do time 7.

_N-não. Eu nem ia saber se você não falasse._respondeu corada, mas longe da vista de Kawaki, pois ela ainda estava de costas.

Kawaki:

_Hã, mas acho que se você tivesse visto também não ia me dizer, né?

Sumire:

_Ahh eu não iria mentir, não vi nada mesmo!

Kawaki:

_Tá certo, menos mal, se não era outra coisa pra eu ter que pedir desculpas pra você, aquele dia foi bem louco.

Sumire:

_Bom, você passou por outros dias bem complicados, mas tudo se supera e fica o aprendizado.

Kawaki estalou a língua:

_É, naquele dia eu achei que tivesse aprendido a não te subestimar, mas eu continuei te subestimando depois daquilo e hoje foi mais uma prova.

Sumire uniu as sobrancelhas:

_Mas eu nunca quis que você medisse forças comigo. Tudo o que eu sempre quis foi te ajudar.

Kawaki lambeu o lábio inferior:

_É, essa mania sua de cuidar da minha vida.

Sumire fez um biquinho:

_Eu só quero o seu bem, Kawaki-kun, você se incomoda com isso?

Kawaki deu um sorriso largo, genuíno, não precisava disfarçar já que Sumire estava de costas pra ele, mas a arroxeada conseguiu sentir um contentamento quando ouviu Kawaki dizer:

_Acho que já tô acostumando...

Sumire também sorriu satisfeita. Aquela conversa sem olho no olho tinha sido um tanto peculiar, mas só revelava o quanto os dois estavam mais próximos ao longo do tempo.

 

CONTINUA

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