O Conto do Príncipe da Areia

Naruto
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O Conto do Príncipe da Areia
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Summary
Na maioria das vezes, os contos de fadas são criados para tornar histórias tristes e difíceis em mais amenas e alegres. E claro que no caso de Gaara não seria diferente, ainda mais se fosse contada por ninguém menos que Rock Lee.Eles viveriam felizes para sempre ou o final não seria tão belo?Tudo dependeria de quem a contasse e a ouvisse.
Note
Apesar do estado de espirito não estar dos melhores, trouxe mais uma fic, mais um contribuição para o @MultishipperPjctO Tema foi Conto de Fadas e fiz uma versão (uma mistura) de Rapunzel de Enrolados com Shrek (espero que entendam)Quero agradecer muito a betagem feita pela maravilhosa @schonerbrunnen tu é SENSACIONAL, deixou tudo 2000% melhor.Boa leitura!

Era uma vez, em um reino distante chamado Suna, um jovem príncipe de nome Gaara, cujo cabelo vermelho e olhos verde-claros intensos refletiam sua força e determinação. Ele havia sido trancado em uma torre alta por seu pai, escondida entre as dunas do deserto, devido às propriedades mágicas que seu cabelo possuía, além de ser protegido por uma fera conhecida como Bijuu, chamada Shukaku. Que era indomável, com uma defesa considerada impenetrável, a qual ninguém jamais conseguiu ultrapassar; e todos que tentaram, tiveram um fim trágico.

O jovem príncipe vivia sozinho, sua única companhia eram os livros e o pai que o visitava, também nunca teve contato com o mundo exterior, tudo o que conhecia era o que via pela janela da torre.

Gaara se sentia solitário e amargurado, aprendeu desde cedo que só teria o amor dele próprio, jamais receberia afeto ou carinho de quem quer que fosse. Seu pai, Rasa, fazia questão de afirmar isso todas as vezes que o via. Assegurava que a única utilidade do ruivo era lhe dar força, vitalidade e juventude para que conquistasse todos os reinos ao redor.

Conforme o tempo passava, o príncipe tomou ciência da presença da criatura que protegia a torre. A princípio, ficou amedrontado, mas depois conseguiu de alguma forma conversar — isso se apenas falar pudesse ser considerado como um diálogo — com Shukaku. Descobriu o nome por seu pai, que riu pelo filho achar que faria amizade com a fera e sairia dali, além de garantir outra vez que a besta jamais permitiria que Gaara deixasse a torre ou que qualquer outra pessoa entrasse. 

Todavia, quem diria que o príncipe seria teimoso e tentaria a todo custo se aproximar do monstro? 

Com muita determinação, ou talvez porque Shukaku foi se cansando das insistências do jovem em se aproximar e de querer ter alguém para conversar, Gaara fez a Bijuu acabar cedendo. E, mais uma vez, ficou surpreso por descobrir que a criatura, além de falar, era alguém tão solitário e até incompreendido, assim como ele. 

Apesar do mau humor constante de Shukaku, conseguiram desenvolver uma amizade, se pudesse chamar a relação deles disso, e Gaara começou a compartilhar seus sonhos e esperanças com a Bijuu. Mesmo com toda a rispidez e grosseria com a qual respondia, a criatura se revelou inteligente e até sábia.

Contudo, infelizmente, Shukaku jamais ajudaria Gaara a sair daquela torre, nem permitiria que alguém o tirasse de lá.

Enquanto isso, em um reino distante de Suna, um valente cavaleiro ouviu falar sobre uma “princesa” enclausurada e, com determinação, decidiu que este seria seu objetivo de vida: libertá-la da sua prisão.

Muitos riram da meta pretendida, falaram que era uma missão suicida, pois o cavaleiro não tinha nada de especial. Ele não vinha de uma família com poderes sobrenaturais, nem possuía habilidades elementais, muito menos sabia como lidar com a criatura que diziam proteger o local. Mas nada disso o abalou ou fez desmoronar sua confiança. Era realmente muito teimoso, como contavam. 

O nome desse bravo cavaleiro era Rock Lee.

Demorou bastante tempo para que ele chegasse ao seu destino, enfrentou muitos desafios ao longo do caminho, mas sua coragem e propósito o mantiveram firme em sua missão.

As tempestades de areia que encarou, as noites gélidas do deserto e o calor escaldante durante o dia não o fizeram esmorecer nem por um segundo. 

Por isso, naquele fim de tarde, quando o sol se punha no horizonte, Lee finalmente viu as sombras da torre se formarem na areia; havia chegado ao seu destino. Com o coração pulsando de euforia, com mais determinação que jamais sentira, partiu rumo à “princesa” para libertá-la do seu tormento.

Quando alcançou a torre, esperava uma luta árdua, em que talvez sim, ou quem sabe não, levaria sua vida ao fim. Mas não foi bem isso que aconteceu. 

Shukaku, o guardião, desatou a rir ao ver aquele mero mortal, sem nenhuma habilidade ou magia, tampouco poder elementar ou proteção, vindo em sua direção. Rock Lee exigiu respeito e uma luta, não era fraco, muito menos covarde. A situação ficou ainda mais cômica para a Bijuu quando o cavaleiro falou que salvaria a “princesa” das suas garras, deixando-o sem entender nada.

No entanto, aquilo teve um desfecho surpreendente, Shukaku permitiu que Rock Lee adentrasse as defesas da torre e fosse até a tal “princesa”. 

O jovem subiu as escadas, que eram ocultas, e foi até seu fim, no alto da torre. Deparou-se com uma porta e, quando a abriu com todo o cuidado, foi golpeado por algo pesado, de ferro. Uma arma deveras maciça.

Acordou algum tempo depois, preso em uma cadeira por cordas vermelho-brilhantes. Quando olhou bem, notou que na verdade eram muito macias para serem cordas e, ao conferir melhor o comprimento, deparou-se com o ser mais belo que já tinha visto em toda a sua vida. Um verdadeiro anjo.

Primeiro, percebeu que estava amarrado com os fios do cabelo ruivo desse anjo.

Segundo, descobriu que a arma que o acertou antes, na realidade, era uma frigideira. E assim anotou mentalmente que deveria começar a carregar uma na bolsa.

Terceiro, a princesa na verdade não era uma princesa, e sim um príncipe.

Quando seu cérebro processou todas essas informações, Lee caiu para trás, levando a cadeira consigo e consequentemente o outro, que despencou em cima dele.

O cavaleiro estava em choque com tudo que descobriu, mas não fazia diferença, afinal, foi até ali para resgatá-lo. Não importava se era uma princesa como imaginava, ou um belo príncipe.

Gaara ficou completamente assustado e apavorado com a invasão do rapaz. Não sabia que era possível que alguém entrasse na torre sem ser morto por Shukaku. Queria uma explicação daquele jovem bonito, apesar de nunca ter visto outra pessoa além do pai. Mas claro, tinha seus livros e sua imaginação.

Mantendo o cavaleiro preso, começou seus questionamentos e, a cada resposta, seu coração acelerava ainda mais. Ficou emocionado, e também um pouco desconfiado, por ter alguém que se preocupava com ele e estava disposto a tudo para salvá-lo. Quase chorou ao ser informado que seus irmãos, os quais nem sabia que tinha, pois Rasa sempre o fez acreditar que era sozinho no mundo, pensavam que havia morrido. Quase foi ao chão ao tomar conhecimento que um tio, irmão da sua mãe, fez tudo o que podia para localizá-lo. E por isso, Rock Lee agora sabia seu nome e estava ali, havia feito uma promessa a Yashamaru que o encontraria.

Gaara não estava só, nem tinha apenas a si próprio para amar; havia pessoas que o amavam também. Nessa hora, mais obstinado do que nunca, sentia necessidade de sair da torre, precisava fugir. E logo. Pois segundo suas anotações, Rasa estava perto de retornar.

O ruivo soltou Lee das suas amarras, admitiu que ele era bondoso e jamais lhe faria algum mal, sendo seu verdadeiro salvador. Poderia parecer precipitado, mas ficou fascinado com a coragem e força de Rock Lee, e confiou a ele sua vida e até mesmo seu coração, ainda que não tivesse ciência disso no momento.  

Só havia um problema: convencer Shukaku.

Era claro como o dia que o ser poderia sim libertar Gaara, mas algo o impedia. 

Para tentar persuadi-lo, Rock Lee contou que em Konoha, reino onde morava, também havia uma Bijuu, a Kurama. Disse que por muito tempo ela foi vista com maus olhos e atacava a todos, mas com a ajuda dos Uzumakis e Namikazes, conseguiram mostrar à criatura que nem todos os humanos eram ruins, que especialmente eles queriam ajudá-la e, desde então, mantiveram uma boa relação. Kurama não atacava mais o reino, e sim o protegia contra invasões. Aquilo deu até mesmo uma ideia para Gaara, poderia, junto a Shukaku, fazer o mesmo pelo seu reino, que conforme ouvia do pai e agora de Rock Lee, não estava muito bem graças à má gestão de Rasa.

Para exultação dos dois jovens, Shukaku concordou em ajudar o príncipe e nada daquilo tinha a ver com a Kurama estar sendo boa e ele querer mostrar que também podia. Claro que não, nem um pouco. 

Contudo, uma surpresa nada agradável surgiu para ameaçar o que seria um plano perfeito: o retorno de Rasa antes do previsto. Mas a Bijuu que protegia a torre, garantiu que daria um jeito naquilo e os dois não precisariam se envolver, nem teriam nenhuma culpa do que aconteceria ao rei de Suna. 

Rock Lee e Gaara entenderam muito bem o que Shukaku faria.

Em seguida, assim que a criatura retornou do seu encontro com Rasa, antes que ela chegasse à torre, apenas informou que tudo estava feito e a culpa era das tempestades de areia que pegaram a comitiva do soberano de surpresa e ninguém teve onde se esconder.

Dessa forma, as proteções da torre caíram e Gaara finalmente estava livre da sua gaiola. Lee ficou surpreso quando foi abraçado com força pelo ruivo e o consolou ao ver lágrimas tomarem conta dos seus lindos olhos verdes.

Com a ajuda de Shukaku, que levou os dois até o reino de Suna, iniciaram uma nova vida. Gaara começaria, mostraria ao seu povo que eles mereciam mais. Claro que no início muitos foram contra, sentiam medo da Bijuu e achavam que o príncipe era jovem demais para liderar o povo de Suna.

Felizmente, ele teve apoio dos irmãos, Kankuro e Temari, que lhe imploraram perdão, mesmo que o caçula garantisse que não tinham culpa, pois não sabiam da verdade. 

Gaara também descobriu que muitos dos que se diziam apoiadores do pai tirano, apoiavam-no apenas por medo e devido às ameaças, mas agora que estavam livres, e sem receio de expressar seus pensamentos, todos concordaram que o ruivo deveria assumir o trono. 

Mesmo com a pouca idade e com conhecimento quase nulo do que acontecia nos outros reinos, Gaara aceitou o desafio e se mostrou a escolha perfeita. Era um ótimo líder, um bom estrategista, e tinha um poder de convencimento impressionante. Fechou acordos importantes para Suna, sendo o maior com Konoha, o superior dentre os cinco grandes reinos. 

E em meio a tudo isso, às suas novas funções, encontros com os demais líderes e idas a outras terras, ainda obteve tempo para ficar ao lado de Rock Lee. Tornaram-se quase inseparáveis, tanto que ele foi convidado para ir a Suna e ajudar no treinamento do novo exército do reino — com todos armados ou não com frigideiras.

Além da amizade, os dois descobriram outro sentimento ainda mais forte e poderoso: o amor.

Quando se casaram, após alguns anos de namoro, claro, governaram Suna com sabedoria e compaixão, garantindo que todos vivessem em paz e harmonia.

Os jovens se mostraram corajosos e eram uma inspiração para qualquer um à sua volta, provando que o amor verdadeiro e a amizade podiam superar qualquer obstáculo. 

Eles viveram felizes para sempre em Suna, inspirando futuras gerações com sua história de coragem e amor.

 

Fim…?


 

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— Papai, por que o príncipe tem o nome do pai e o cavaleiro o seu? — perguntou Metal Lee segurando a coberta na altura do peito, após ouvir toda a história com atenção.

— Bem, por serem nomes bonitos, não acha? — respondeu Rock Lee sorrindo.

— Não sei não, ainda acho que você ‘tá inventando isso — reclamou Shinki da outra cama.

— Não inventei nada! É a mais pura verdade sobre como a minha… digo, sobre como o amor de um príncipe e um belo cavaleiro aconteceu. Agora, vamos dormir que está na hora. — Lee deixou um beijo em cada um dos filhos, apagou a luz e saiu do quarto, indo em direção ao que dividia com o marido.

Gaara estava sentado na cama, lendo um pergaminho de Konoha, ao que parecia. Ser o Kazekage era uma função que exigia muito do seu tempo. Levantou os olhos do papel, encarando o outro ninja, que tinha um certo brilho no olhar.

— Não me diga que estava contando outra vez aquela história ridícula que inventou. — Gaara a conhecia muito bem e não a odiava, apenas ficava envergonhado por ser transformado em um príncipe preso numa torre com um monstro como guardião.

— Ei! Minha história não é ridícula! Você a ama, admita! — provocou Lee deitando-se ao lado do ruivo e o trazendo para perto. O pergaminho se perdendo em algum lugar no chão, encontrariam depois.

— Lee, você simplesmente transformou minha vida num conto de fadas açucarado, me deixou com um cabelo enorme e fez de Shukaku uma espécie de cachorro bravo, mas amável. Um absurdo — fingiu irritação, não convencendo em nada o marido.

— Mas é muito melhor que a “original”. — O Sabaku sabia que ele se referia à sua história de vida, ao seu descontrole, à sua solidão. 

Não era o momento ainda de contar a verdade aos filhos, e apenas por isso, só por isso mesmo, que deixava Lee narrar sua história dessa forma a Shinki e a Metal.

— Talvez, mas uma coisa é certa, você é meu cavaleiro, que me salvou, ultrapassou barreiras para chegar até mim, desvendou todos meus segredos. Tudo isso usando não uma armadura dourada e brilhante, e sim um macacão ridículo verde — declarou e, antes que o mais velho pudesse revidar essa fala, puxou-o para um beijo apaixonado.

— Eu te amo, ruivinho — Lee disse quando se afastaram.

— Eu também te amo muito. Mesmo com sua história cafona — provocou um pouco mais o outro.

— Quando você inventar uma nova forma de contar sua história aos nossos filhos, pode deixá-la do jeito que achar melhor, mas até lá, aguente a minha — revidou Rock Lee, beijando mais uma vez o marido.

A história de Gaara e Rock Lee poderia não ser um conto de fadas, porém acreditavam verdadeiramente que viveriam felizes para sempre enquanto tivessem um ao outro.