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Naruto (Anime & Manga)
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Summary
Sakura, recém formada na academia, percebe que está sendo abandonada pelo time 7 e não tem valor como membro da equipe. Não quando seus companheiros são privilegiados em comparação a uma simples civil. Para compensar seu infortúnio, seu sensei, Kakashi Hatake, um dos mais poderosos ninjas da Vila, era um péssimo sensei. Sakura não é mais do que um preenchimento para a equipe. Mas tudo começa quando ela ainda é uma criança e nota o problema que é ser civil na academia.
Note
Estou postando nessa plataforma além de outras, espero que gostem da história. Vou tentar postar sempre que possível!
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Capítulo II

A convicção de Sakura para permanecer forte apesar de tudo, estava entrando em crise nesse exato momento. Principalmente, quando ela tinha seus olhos verdes mirando surpresos na direção um de seus dois instrutores.

 

Ela sentiu seu peito se apertar com a notícia que acabou de receber. Contrariando o semblante feliz da pessoa a sua frente. 

 

- Você deve ficar feliz, Haruno-san! Suas habilidades foram reconhecidas e manter uma aluna com suas notas aqui seria um desperdício. Nesses dois últimos anos, conseguiu provar que você está mais do que qualificada para pertencer a uma nova turma que vai estar ao seu nível. Parabéns! É uma grande conquista!

 

Não, não é uma grande conquista. 

 

Estamos fodidas!

 

Sakura estava mais do que fodida. Ela estava ferrada! 

 

As aulas já tinham acabado. O homem que foi seu instrutor por três anos deu mais algumas informações irrelevantes para a garota que ainda estava em estado de choque e foi embora, felicidade e orgulho estavam estampados em seu rosto, como se tivesse cumprido uma grande missão.

 

Não passa de um bastardo que pensa que a melhora de suas habilidades é graças às aulas dele. 

 

Uma parte de Sakura concordava com Inner. Todo seu conjunto de habilidades se deve somente ao seu puro esforço. Nenhum de seus instrutores a ajudou quando tinha dúvida ou não sabia determinado assunto. Nenhum deles a orientou em seus katas. Tudo que Sakura tinha era sua inteligência e memória perfeita.

 

Como seus instrutores não davam atenção a ela, Sakura teve que arrumar uma forma de aprender o conteúdo físico e teórico. Sua sorte era que ela tinha memória eidética e usava para observar como as crianças de clãs realizavam seus katas e alongamentos. 



Não foi fácil. Sakura não tinha ninguém para orientar em cada movimento ou avisar se ela estava fazendo correto. O mesmo foi para a parte teórica. Enquanto seus colegas tinham o apoio de suas famílias e dos instrutores, Sakura só tinha a biblioteca da academia, a mesma que não permitia que os alunos levassem os livros para casa. Sakura teve que fazer anotações e memorizar cada palavra que existia em todos os livros.

 

Suas mãos se apertaram com as lembranças das noites sem dormir. Dos dias que passou treinando em um terreno pequeno e abandonado perto de casa até suas mãos sangrarem e ela não conseguir se levantar de tão exausta. Dos dias, meses e três anos que suportou cada insulto dirigido a ela e cada brincadeirinha de mal gosto. De todo o esforço que fez para sobreviver naquela turma. Tudo para seu idiota de instrutor se sentir como se fosse o heroi do dia.

 

Mas ele não é, Outer. Se lembre e nunca se esqueça disso. Tudo que você conquistou foi por esforço próprio e sozinha.

 

Sim, Ela não chegou onde estava com a ajuda de ninguém além de si mesma e de Inner.

 

Isso mesmo! Eu sempre vou estar aqui para te ajudar… apenas por você, Outer.

 

Obrigada, Inner! Mas, mesmo assim, ainda estamos ferradas.

 

A turma que Sakura pertencia pode não ser um paraíso, mas a que ela está sendo movida é muito pior. A chances que ela tem para se tornar uma shinobi eram muito pequenas e dependia dela não ficar do lado ruim de ninguém, principalmente quando seus futuros colegas de turma seriam os herdeiros dos principais clãs shinobis de Konoha. 

 

Ah, não seria fácil sobreviver naquela turma, não quando ela tinha o status civil estampado em seu sobrenome. Sakura vai ter que se esforçar mil vezes para acompanhar crianças que são treinadas desde o dia que nasceram, crianças que pertencem a famílias que ensinam jutsus de assinatura. 

 

Seria difícil, mas Sakura precisava do dinheiro para ajudar em casa. Ela já tinha sete anos e estava no terceiro ano da academia. Se ela não continuar entre os dez da lista de classificação de habilidades gerais dos alunos da turma, ela terá uma redução no auxílio financeiro oferecido pela vila.

 

Algo que não pode acontecer! Não, não, enquanto o estado de sua mãe só piora e apenas remédio não está ajudando a mantê-la viva e bem. Konoha é considerada a vila dos melhores médicos das cinco nações. Mas, como é engraçado que eles têm que ser pagos para poderem curar alguém. Seus serviços não são de graça para quem não é um ninja e mesmo que os civis tenham dinheiro para pagar, os shinobis sempre tem prioridade acima dos civis.

 

Sakura só pode segurar toda sua angústia, raiva, rancor e juntá-los em uma grande bola em sua mente e dar para Inner guardar em algum lugar escuro de sua mente.

 

Deixa comigo! Vou sempre ficar atenta para suas emoções e se qualquer uma ficar incomodando, eu vou afastá-las para longe.

 

Sua respiração ficou mais calma depois que não sentiu tantas emoções que pareciam que iriam consumir todo seu ser.

 

Sakura ergueu a cabeça e manteve seu objetivo em mente. Não importa quanto sofrimento e esforço ela tenha que fazer para estar no topo da lista de melhores alunos de uma turma composta por todos os herdeiros dos maiores e principais clãs de Konoha, Sakura vai conseguir.





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O dia estava claro e parecia que seria tranquilo, assim Iruka Umino pensava em uma segunda-feira enquanto analisava o planejamento para aula de hoje. Porém, tinha algo que não saia de sua mente nas últimas semanas.

 

Sua nova aluna, Sakura Haruno.

 

Uma recém chegada na turma. Por suas roupas escuras que consistiam em um casaco que cobria seu cabelo e olhos, seus shorts e botas que aparentavam serem velhas, era uma criança pobre e de origem civil. Foi uma surpresa para ele e seu colega quando o Hokage, em uma das reuniões mensais sobre assuntos da academia e dos alunos que se destacaram no ano, anunciou que uma aluna civil que tinha mostrado habilidades acima da média, estaria sendo colocada na turma de Iruka.

 

A mesma turma que só tinha crianças de clãs shinobis e dentre eles, crianças que são filhos e filhas de chefes desses clãs. No início, Iruka pensou que a garotinha, Haruno, não iria conseguir acompanhar o nível de seus novos colegas, mas foi uma surpresa para ele quando ela ficou entre os dez melhores alunos da turma. Exatamente na décima colocação. Iruka ainda se lembra que antigamente a classificação era dividida por gênero, algo que foi modificado pelo Lorde Quarto.

 

Ela não era uma péssima aluna, pelo contrário, Sakura Haruno era uma garota calada, um pouco tímida e comportada. Sempre sentava na última fileira sozinha, não interagia com outros colegas e sumia nos intervalos. Iruka também percebeu que nem os avanços da herdeira Yamanaka para serem amigas tinha efeito na parede invisível ao redor da garota civil.

 

Isso preocupou Iruka. 

 

Haruno-san não deixava ninguém ser próximo a ela, mas isso não impedia de ela continuar  subindo na classificação da turma. Iruka não tem dúvidas que Haruno-san é uma garota inteligente e esforçada. Sua teoria foi comprovada quando ele a viu todos os dias depois da aula, estudando diversos livros na biblioteca e fazendo anotações. 

 

Ela tinha uma mente estratégica e analítica brilhante, seus katas eram perfeitos. O problema era que ela nunca pedia ajuda quando tinha dificuldade com algum assunto ou orientação nas aulas físicas. Sempre fazendo sozinha. Isso era preocupante para um futuro genin que estaria em um time. 

 

Trabalho em equipe era importante.

 

Contudo, Iruka tem um pressentimento que sua brilhante aluna solitária, imagina que vai parar no Corps Genin. Uma coisa que Iruka tem certeza que não vai acontecer, não quando o próprio Hokage estiver de olho em seu progresso. 

 

Essa parte deixou Iruka um pouco incomodado. O Lorde Quarto, foi ele que a transferiu para sua turma, a qual seu próprio filho estuda, assim como ele pediu que todo progresso que Haruno-san tivesse fosse informado.

 

Crianças prodigiosas nunca tem uma vida tranquila, não quando chamam a atenção de pessoas importantes.

 

No entanto, não foi apenas Lorde Hokage que a sua nova aluna chamou atenção. Iruka não deixou de notar que muitos de seus alunos também se interessaram pela garota civil misteriosa. Ela não apenas está entre os melhores da turma, como não cai na manipulação da herdeira Yamanaka. 

 

Porque, não se pode baixar a guarda diante de uma criança dos principais clãs, especialmente, Yamanaka Ino que é a herdeira de um clã conhecido por seu conhecimento e arte da manipulação de informações e trabalhar em possuir mentes. Ser social é uma das formas que as crianças Yamanakas se destacam para ter sempre informações, assim como ocupar o poder entre as colegas é algo que ela fez desde o primeiro dia de aula. Cada fala e gesto tem segundas intenções. Nada é ingênuo por parte de um Yamanaka.

 

Apesar de usar todo seu charme, Ino-chan não chegou nem perto de se aproximar de Haruno-san. Não foi diferente para aqueles que arriscaram tentar.

 

No final, todos perceberam que Sakura Haruno é inacessível.

 

Uma parte de Iruka fica aliviada por isso, ele não quer ser maldoso, mas não é ignorante para não saber o que uma criança civil passa no meio de uma sala com outras crianças de clã shinobi.

 

Algo que vem passando pela mente de Iruka a algum tempo, um pensamento passageiro e que ficou preso na memória, que Haruno-san sabe a situação que o status civil levanta na academia em geral e para se manter segura, ela se afasta de todos e se mantém isolada para sua segurança.

 

Se ele estiver correto nessa hipótese, a mente de sua aluna é mais inteligente e estratégica do que Iruka deu crédito.





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O dia estava brilhante e sem sinal de nenhuma chuva. Ainda era o horário da academia, especificamente, a parte do dia em que são feitos os exercícios físicos e pequenas disputas que servem como treino para os futuros genins. Como a maior porcentagem da turma já realizou os exercícios corretamente, o instrutor Iruka os deixou livres para formar grupos para a próxima atividade na sala.

 

Em uma parte com algumas árvores, podia ver dois garotos desfrutando desse tempo livre, até que…

 

- Impossível! Como é que aquela garota consegue continuar vencendo ?!

 

O garoto que estava deitado tirando um cochilo, se acordou com o som das reclamações de Ino. Não era a primeira vez que isso acontecia. Shikamaru ainda não entende porque a garota loira não para de incomodá-lo com suas reclamações sobre a novata da classe.

 

- Ino-chan… não acho que Haruno-san esteja fazendo isso para te incomodar ou te vencer - Chouji opinou depois de colocar mais um pouco de sua batatinha na boca.

 

Yamanaka Ino só fez olhar para seu amigo que teve a coragem de dizer isso na cara dela. Ele sabe o quanto ela tem se esforçado para estar no topo da classificação dos melhores da turma, muito perto de alcançar seu amado Sasuke-kun.

 

Mas não, essa oportunidade foi perdida por essa novata arrogante. Ino tentou de todas as formas se aproximar de Haruno, mas a garota construiu uma parede de ferro ao seu redor. Não foi por falta de tentativas, Ino ate atuou amigável e do jeito que ninguém recusaria ser sua amiga. Contudo, essa civil não deu a mínima para Ino ou qualquer um da turma.

 

Shikamaru só pode suspirar pelo incômodo de ter sua soneca perturbada outra vez. Ele observou o rosto furioso de Ino, ela realmente não aceitava que uma garota civil ocupasse os holofotes que antes pertenciam à herdeira Yamanaka. 

 

Não foi apenas isso, Ino não suporta a ideia de que ela, com todas as suas manipulações para se aproximar de Haruno e ter algum poder em uma possível relação falsa que usaria para enganar e fazer com que a Haruno perdesse a posição atual…  não funcionou. Para um Yamanaka, não conseguir manipular a mente de alguém é como uma facada em seu orgulho.

 

Que chatice.

 

- Eu só não entendo como Haruno ser melhor do que você, iria me preocupar, Ino - Shikamaru reclamou já se sentando na grama macia em que estava deitado antes de ter seu tempo de lazer interrompido. Algo que está se tornando uma rotina ultimamente.

 

Problemático!

 

Ino sabe que está sendo irracional e depositando certa raiva para a novata, mas ela não consegue diminuir todos esses sentimentos negativos relacionados à nova garota. Umas das coisas boas do preguiçoso Shikamaru e o doci Choji serem seus melhores amigos é que Ino pode desabafar tudo com eles, sem medo de estragar sua imagem que os outros têm dela.

 

- Sou eu que não entendo como uma garota civil, pobre e vira-lata pode ser melhor do que a herdeira de um dos clãs mais importantes de Konoha ?! - Ino gritou apontando o dedo para os dois garotos a sua frente - Haruno não passa de uma rata do distrito vermelho, aposto que a mãe dela é uma prostituta e o pai algum vagabundo velho!

 

Shikamaru olhou descontente com o que Ino disse, ela tava ultrapassando algumas linhas. Chouji não sentiu mais vontade de comer enquanto Ino-chan falava tantas coisa sobre Haruno-san. Ele gostava da sua nova colega de turma, ela era uma das poucas garotas que não o insultava pelas costas ou colocava apelidos em seu nome.

 

- Se a profissão de sua mãe for de uma prostituta, Haruno pode muito bem tá subindo na classificação do ranking da turma, oferecendo alguns serviços a nossos instrutores!

 

- Chega, Ino! - Shikamaru falou alto para a loira parar de gritar insultos a alguém que nunca a fez mal. Ele se levantou para ir embora - Vamos para sala, já passou do tempo que Iruka-sensei determinou para o tempo livre.

 

Ino não aguentou os olhos julgadores do herdeiro Nara, saiu puxando Chouji com ela em direção a classe de aula. Raiva e um pouco de vergonha estampadas em seu rosto. Assim, como algumas lágrimas que queriam surgir.

 

Em todos os anos que Ino conhecia Shikamaru, ele nunca gritou com ela, nunca!

 

O mesmo garoto citado bagunçou seu cabelo com irritação. Que problemático, ela com certeza não iria falar com ele por alguns dias. Ah! Quando Shikamaru estava já a alguns metros do lugar que os três estavam a um tempo atrás, o som de folhas se mexendo chegou aos seus ouvidos.

 

Seus olhos se tornaram linhas afiadas com isso, não tinha nenhuma brisa para causar esse fenômeno. Por curiosidade, Shikamaru olhou para trás para ver a sombra de uma garota com capuz pulando de um galho da árvore em que eles estavam conversando.

 

Seus olhos se arregalaram de surpresa. Seu peito se apertou por algum motivo e seu corpo se sentiu paralisado sem conseguir se mexer. Shikamaru só pode observar congelado quando a garota em que foi o centro da discussão se retirava em outra direção, uma que levava a saída da academia.

 

Sakura Haruno não apenas ouviu tudo, ela assistiu desde o começo.





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Sua visão estava embaçada por conta das lágrimas que caem como chuva de seus olhos. Sakura não ligava se estava perdendo o resto do dia de aula, ela não aguentaria ficar naquela sala. As palavras da herdeira Yamanaka ainda zumbiam em seus ouvidos.

 

Sakura tinha decidido tirar um descanso em cima daquela árvore, era um bom lugar para ninguém a achar. Ela só não contava que seria o lugar onde ouviria o que seus colegas diziam sobre ela e seus pais.

 

Uma raiva começou a dominar a tristeza em seu coração. Aquelas palavras machucaram mais do que Sakura pensou. Mas, essas palavras dirigidas aos seus pais doeram mais ainda, não só isso, também causaram certa raiva.

 

Sakura não é de um clã shinobi, ela não tem um parente que possa ensinar técnicas para ela. Seus pais não tem dinheiro para comprar roupas bonitas ou comida suficiente para os três. Mas, eles eram honestos e trabalhavam muito, principalmente seu pai que não descansava nem quando estava em casa. Sua mãe não era uma prostituta, ela era a mulher mais inteligente que Sakura conhecia, não tinha culpa de ter nascido doente.

 

Seus pais eram incríveis.

 

Os melhores que sempre davam o melhor abraço, o melhor beijo, o maior carinho do mundo. 

 

Ninguém tinha o direito de insultar alguém sem conhecer. Sakura estava com raiva da vida injusta. Ela estava com raiva de tudo que aquela Yamanaka disse. 

 

A pequena Haruno chorou em um canto do parque até ficar de noite, ela não queria voltar para casa e sua mãe ficaria preocupada. Sua saúde só piorou nos últimos dias.   

 

Seus passos foram lentos em direção a sua casa. Sua mente continuava a repetir as palavras da herdeira Yamanaka. Uma é outra vez, sem parar, logo se juntando com as que seus antigos colegas de turma diziam sobre sua família. 

 

Seus passos terminaram a poucos metros da porta devastada pela velha de sua casa. Sakura limpou qualquer vestígio de lágrima em seu rosto. Contudo, sua mente ainda estava uma bagunça entorpecida por palavras ociosas, memórias horríveis e sentimentos turbulentos. 

 

- Acalme-se. Eu estou aqui, Outer.

 

Sakura sentiu quando Inner afastou todas as vozes e apagou qualquer sentimento que a deixava triste ou com raiva. Sua mente voltou a um estado de calma equilíbrio. Ela abriu a porta e colocou um sorriso no rosto, sua mãe e seu pai mereciam apenas alegria. Sakura já imaginava seus sorrisos ou as perguntas que fariam de como foi o dia dela na academia.

 

A porta abriu facilmente, assim como seus olhos arregalados diante do cheiro de sangue.

 

Seu pai estava ajoelhado no chão, limpando uma poça de sangue.

 

Sua mãe repousava mais pálida do que a última vez que Sakura a viu de manhã.

 

- Sakura, meu amor, você poderia me ajudar ? - Seu pai perguntou com um sorriso cansado e sofrido. Seus olhos estavam vermelhos e existia aquela dor que tentava esconder toda vez através de sorrisos que sempre pareciam vazios.

 

- Claro! Mamãe não gosta de sujeira - Sakura respondeu com um sorriso forçado.

 

Era uma rotina que ela gostava de não lembrar que estava acontecendo cada vez mais.

 

Todo dia era a mesma coisa e a pequena criança não queria encarar a verdade que acontecia à sua frente.

 

Sua mãe estava morrendo de pouquinho a pouquinho a cada dia.

 

Sakura deixou suas coisas no chão e foi ajudar pegando um outro pano. Seus movimentos eram práticos e rápidos. Ela não queria que seu pai continuasse olhando para o sangue no chão e lembrasse a quem pertencia.

 

- Nós não podemos levar ela para o hospital ? - Sakura fez a pergunta com uma esperança na voz, olhando para o pai com olhos cheios de lágrimas.

 

Kizashi terminou de limpar e guiou sua filha para perto da mãe dela. Ele continuou calado e não respondeu. Ainda queria um pouco de tempo para juntar coragem para dizer a sua filha, o fruto de amor dele e Mebuki, que esse seria possivelmente o último dia deles juntos. 

 

A família de três não teria mais todos os membros.

 

As crises aumentaram e Kizashi tentou esconder o fato que a mãe de Sakura não conseguia mais comer ou mover seus membros. Não conseguia ficar acordada por mais de duas horas e sua respiração falhava cada vez que tentava falar.



Sakura não se importou da falta de resposta. Ela apenas observou seu pai preparar para pegar na cozinha um prato com três dangos.

 

Dangos.

 

Ela segurou as lágrimas com força e mordeu o lábio para não soltar nada. Por conta de serem muito pobres, seus pais queriam fazer lembranças felizes juntos, então toda vez que havia algo muito especial para guarda na memória, eles compravam três dangos.

 

Se tornou algo só deles que virou uma tradição.

 

A tradição da família Haruno.

 

Sakura sabia o que fazer. Assim como Inner.

 

Tudo vai ficar bem, estou aqui com você. Sempre.

 

Suas lágrimas secaram e os sentimentos que nublam sua mente, sumiram na escuridão de sua mente. Trancados para não perturbar seu, possivelmente, último momento em família com sua mãe e pai juntos. 

 

Sakura colocou um sorriso quando viu que sua mamãe estava acordando. Reparando que seu pai sorriu feliz para ela.

 

Mebuki abriu os olhos com dor. Seu corpo fez protesto com o esforço, mas valeu a pena ver diante dela, as pessoas que mais amou na vida.

 

Sua família. 

 

Mebuki sorriu feliz e triste ao mesmo tempo, o prato de dango olhando para ela nas mãos de seu esposo.

 

Naquela noite, a família Haruno comeu enquanto contava histórias sobre suas viagens ou momentos engraçados.

 

Sakura segurou as lágrimas com força, suas mãos apertando levemente a mão macia e delgada de sua mãe. Aqueles olhos verdes como os seus estavam começando a perder a cor e ficarem opacos.

 

A voz de Mebuki saiu fraca, mas ainda cheia de amor.

 

- Eu te amo, Sakura. Me promete que vai sempre cuidar de seu pai, né?

 

Sakura mordeu a língua com força, ela não queria que sua mãe fosse embora. Ela não queria chegar em casa e não ver o sorriso dela e suas risadas. 

 

Com um sorriso no rosto e olhos brilhando de lágrimas não derramadas, Sakura fez a promessa.

 

- Eu prometo! Te amo, mamãe.

 

Mebuki sorriu levemente, ela não conseguia mais sentir todo o seu corpo.

 

- Prometa também que não importa o quê tenha que fazer, sempre vai sair vitoriosa.

 

Sakura assentiu em uma promessa, ela entendeu a mensagem.

 

Não importa o quê tenha que fazer, sobreviva.

 

Quando os olhos de Mebuki fecharam e eles não ouviram mais sua respiração, os dois choraram tudo que estavam segurando.

 

A pequena família Haruno agora só tinha dois integrantes depois dessa noite.

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