Hobby Inesperado

Naruto (Anime & Manga)
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Hobby Inesperado
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Summary
Kakashi é conhecido por sua caligrafia desleixada nos relatórios e sua personalidade reservada. Porém, até o mais famoso ninja guarda um segredo surpreendente. Por trás da fachada de ninja relaxado, ele se dedica a um hobby um tanto quanto peculiar. Quando Iruka, seu namorado, descobre por acaso seu talento oculto, ele fica maravilhado com a delicadeza e a beleza dos traços que nunca imaginou serem capazes de sair das mãos do Copy-nin.
Note
E chegamos ao quarto dia Kakashi Week e o tema da vez foi Hobby.Todos sabemos que nosso amado Rokudaime nunca gostou de escrever, mas encontrou na caligrafia, um passatempo.Mas isso significa que ele irá melhorar seus relatórios?

No silêncio da noite, a lua cheia iluminava a vila de Konoha com um brilho suave e prateado, e também um pouco a sala de um dos shinobis mais conhecidos de todas as grandes nações. 

Kakashi Hatake, conhecido por sua habilidade ninja e sua postura despreocupada e desinteressada por quase todas as coisas, estava em casa, envolto em um ambiente muito diferente daquele em que seus colegas o conheciam ou imaginavam sobre sua vida. 

Na pequena sala, uma mesa baixa estava cuidadosamente preparada com papel de arroz, pincéis de diferentes tamanhos e um tinteiro de cerâmica antigo. As sombras dos utensílios projetavam-se na parede, criando uma atmosfera quase meditativa.

Sentado em seiza, uma postura que poderia ser dita como rígida por alguns, pois é uma postura tradicional que se caracteriza por estar ajoelhado sobre os calcanhares, com as costas retas e os membros inferiores dobrados nos joelhos, formando um ângulo de 180 graus entre a perna e a coxa. Podia-se dizer que ele parecia um homem civil, sério e respeitado como um diplomata, não alguém que ganha a vida ceifando outras.

Kakashi segurava um pincel grosso com firmeza, mas, ao mesmo tempo com uma leveza que parecia natural para ele. Seus olhos se concentravam no papel em branco à sua frente. Cada movimento do pincel era meticulosamente calculado, desenhando os caracteres com uma precisão surpreendente.

Nesses momentos de quietude, ele se dedicava ao seu hobby, que havia adquirido há alguns anos e que era uma contrapartida quando ele precisava escrever algo. O famoso Copy-nin tinha como entretenimento a prática da caligrafia. 

E a praticava em três estilos diferentes: o kaisho, com seus traços claros e definidos; o gyosho, com sua fluidez sutil; e o sosho, que parecia uma dança ágil e graciosa sobre o papel, era a sua favorita.

Para qualquer um que o conhecesse, a cena seria surpreendente. Afinal, Kakashi era conhecido por sua caligrafia desleixada e relatórios quase ilegíveis. Mas ali estava ele, concentrado e sereno, praticando a arte do shodō.

Nesses raros momentos de calma e paz, Kakashi praticamente se desligava do mundo, deixava-se permitir que seus instintos não ficassem em alerta constante e que sua mente, sempre tão agitada, ficasse calma. Ele só se permitia ficar dessa forma em outro momento, quando estava na companhia de Iruka.

E falando do Umino, ele havia decidido fazer uma visita surpresa ao namorado. Sabia que o mais velho havia chegado de uma missão naquele dia, por isso, assim que terminou seu turno na Academia, passou no Ichiraku pegar lamen, mesmo não sendo a comida favorita do jounnin, mas não tinha tempo e nem capacidade para preparar um peixe grelhado ou missô de berinjela. Em outro momento faria isso, quando aprendesse a cozinhar algo decente.

 Ao se aproximar da porta da casa do namorado, notou uma luz suave que emanava por baixo dela, o que o deixou curioso. Com um leve sorriso, Iruka girou a maçaneta e entrou, esperando encontrar Kakashi lendo ou até dormindo com seu livro preferido. Se fosse o caso, apenas se juntaria a ele naquele descanso muito bem-vindo.

No entanto, ao entrar na sala, ele parou abruptamente, os olhos arregalados de surpresa. Kakashi parecia tão absorto em sua arte, completamente alheio ao mundo ao seu redor que nem notou a chegada do mais novo. O som suave do pincel deslizando sobre o papel era a única coisa que preenchia o ar. Iruka olhou algumas folhas no chão e parecia não acreditar que haviam sido feitas pelo mais velho.

— Ka-Kakashi? — Iruka mal conseguiu esconder o choque em sua voz.

Kakashi levantou o olhar, um pouco surpreso, mas sem perder sua compostura tranquila, focado demais em sua atividade. 

— Oh, Iruka. Não esperava você por aqui tão tarde.

Iruka caminhou lentamente até a mesa, olhando para os materiais de caligrafia e depois para o trabalho concluído. 

— Isso… É incrível! — Ele murmurou, examinando os caracteres perfeitamente formados. — Eu… Eu nunca imaginei que você tivesse esse tipo de habilidade.

Kakashi deu de ombros, um leve rubor subindo pelo rosto, ainda mais visível sem a máscara para esconder. 

— É só um hobby que decidi tentar. Algo que comecei a fazer para relaxar. A caligrafia me ajuda a encontrar um equilíbrio. — Kakashi levantou os olhos do papel e sorriu para o namorado tão terno que fazia o coração de Iruka acelerar somente com aquilo.  — Estou praticando caligrafia. 

— Mas… Sua caligrafia nos relatórios… — Iruka ainda estava incrédulo, lembrando-se das páginas muitas vezes ilegíveis que recebia. — É completamente diferente disso, seus relatórios são sempre uma bagunça! — Kakashi não se ofendeu com aquilo, sabia que não se dedicava nem um pouco para ser compreendido nos pergaminhos que entregava e nem se envergonhava daquilo. 

Kakashi soltou uma risada baixa. 

— Sim, eu sei. Acho que nunca pensei muito na minha caligrafia nesses relatórios. Mas quando se trata de shodō, é algo que realmente me dedico. É uma forma de arte, uma meditação. Ajuda a acalmar minha mente.

Iruka se sentou ao lado do namorado, ainda maravilhado com a revelação. 

— Eu nunca pensei que você pudesse esconder algo assim de mim. — Ele admitiu suavemente, seu tom carregado de admiração.

— Não é algo que eu esconda. — Kakashi respondeu, com um sorriso suave. — Só nunca pensei que fosse algo que interessasse a alguém.

O Umino olhava admirado para os caracteres no papel. Eles eram incrivelmente belos e precisos, cada traço executado com uma graça que ele nunca imaginou ver em Kakashi.

— Isso é... Impressionante — Admitiu Iruka, sentindo uma onda de admiração tomar conta de si. A cada dia ele descobria mais sobre seu companheiro. Encontrava detalhes que pareciam ser revelados somente para si. A cada dia ele se mostrava muito mais que o grande e temido ninja que todos conheciam.

Kakashi colocou o pincel de lado e pegou a mão de Iruka. 

— Eu queria te surpreender quando achasse que estava perfeito. E também, queria mostrar que até mesmo alguém como eu, pode encontrar beleza e paz em algo tão delicado. — Admitiu beijando brevemente a mão de Iruka.

Iruka sorriu, apertando a mão de Kakashi. 

— E você conseguiu. Estou realmente surpreso e muito orgulhoso de você! Você sempre se entrega de corpo e alma quando quer alguma coisa. Não importa o que seja. Se é para ajudar um aluno, numa missão ou…

— Te conquistar. — Kakashi interrompeu, recebendo um leve tapa em seu peito por quase estragar o momento.

— Baka… Pode me mostrar mais? Estou interessado… Isso se você não se importar em dividir seu novo hobby comigo. — Pediu com os olhos brilhando com uma mistura de carinho e orgulho. 

Kakashi pegou um pincel menor e ofereceu a Iruka, seu sorriso agora mais visível em seus olhos.

— Então, por que não tenta? Pode ser uma boa maneira de passarmos o tempo juntos.

Iruka aceitou o pincel, sentindo o calor da mão de Kakashi ao fazê-lo. Com o jounnin explicando todas as diferenças entre os estilos, de traços e até mesmo a origem delas. O chuunnin ouvia tudo atentamente, admirando a paixão que o outro parecia ter por aquela arte.

Os dois ficaram ali, em silêncio após explicações e o mais novo entender o processo, apreciando o momento. 

Para Kakashi, a caligrafia não era apenas um hobby, mas uma nova maneira de se conectar consigo mesmo e com aqueles que amava. E para Iruka, era uma prova de que, mesmo nas pessoas mais inesperadas, havia sempre algo novo e belo a ser descoberto. E se tratando do Hatake, se apaixonava ainda mais a cada nova descoberta.

Naquela noite, a casa de Kakashi se encheu com o som suave de pincéis sobre o papel e risadas quando o sensei se frustrava por não conseguir ser tão preciso quanto o outro, enquanto os dois exploravam a beleza delicada da caligrafia. 

Os relatórios nunca mudaram, mas cada bilhete, cada anotação, que fosse destinada ao Umino, essas eram sempre perfeitas.

E se isso causou algumas desconfianças sobre o casal, eles ignoraram, afinal sabiam que eram um do outro.