
“O amor eterno é o amor impossível.
Os amores possíveis começam a morrer no dia em que se concretizam.”
Eça de Queirós
Em tempos antigos, quando o mundo era jovem e os elementos ainda aprendiam seus papeis, nasceram duas entidades poderosas: O Céu e o Mar.
O Céu, que gostava de ser chamado de Kakashi, era um vasto e enigmático ser. Seus cabelos prateados representavam as nuvens que flutuavam graciosamente, e seus olhos, que refletiam o infinito, eram como as estrelas que brilhavam durante a noite. Ele era calmo, observador e distante, sempre pairando acima de tudo, vigilante, com uma presença protetora, mas solitária. O Céu, em sua serenidade, guardava os segredos dos ventos, das tempestades e do trovão, nunca revelando completamente sua verdadeira natureza.
Mesmo parecendo sempre distante e enigmático, ele carregava consigo o peso de responsabilidades celestiais. Ele controlava as nuvens, os ventos e as estrelas, sempre observando o mundo de cima com uma calma impenetrável. Seu papel era garantir o equilíbrio do cosmos, mantendo as estações e as correntes de ar em harmonia. No entanto, essa calma exterior escondia um coração que ansiava por conexão, algo que ele nunca poderia admitir, pois sabia que sua verdadeira função era permanecer acima de tudo e de todos.
O Mar, que deram o nome de Iruka, por outro lado, era vibrante e cheio de vida. Suas águas profundas e cristalinas abrigavam todas as criaturas, grandes e pequenas, e sua superfície refletia as mudanças de humor do Céu. Quando ele estava tranquilo, as águas eram suaves e acolhedoras, mas quando perturbado, suas ondas se erguiam com fúria, mostrando a força implacável que carregava em seu coração. O Mar era uma força que trazia tanto a vida quanto a destruição, sempre se movendo e mudando.
Ele também era considerado a força vital do mundo, vibrante e dinâmico, com suas ondas trazendo vida às terras e conectando todos os seres vivos. Ele era generoso e acolhedor, mas também imprevisível e intenso.
Eles eram tidos como entidades poderosas, que governavam seus respectivos domínios. E ambos eram fascinados um pelo outro, mas sua relação era marcada por desafios e obstáculos que tornavam sua união quase impossível.
O Mar não podia esconder seus sentimentos, e seu amor pelo Céu era tão profundo quanto suas próprias águas. No entanto, sua natureza impetuosa o tornava perigoso, capaz de gerar tempestades devastadoras que ameaçavam tudo o que ele amava.
Esse era apenas um dos diversos motivos que faziam com que eles apenas se admirassem a distância. O Céu se encantava com a beleza e a profundidade do Mar, enquanto o Mar era fascinado pelo mistério e a quietude do Céu. No entanto, a proximidade entre eles era perigosa. Diziam os antigos que, se o Céu e o Mar se encontrassem de verdade, isso traria caos ao mundo.
Mas havia momentos em que não podiam resistir à atração que sentiam um pelo outro. Nesses breves encontros, quando o Céu descia para tocar o Mar, nasciam tempestades poderosas. O vento uivava, as ondas rugiam, e o trovão ressoava, como se o mundo inteiro estivesse em conflito. Porém, depois de cada tempestade, surgia um arco-íris, a lembrança de que, mesmo em sua fúria, havia uma beleza e uma conexão indestrutível entre eles.
E isso era apenas o primeiro obstáculo para esse amor: A natureza contraditória de seus papeis. O Céu era estável, sempre no controle, enquanto o Mar era volátil, mudando constantemente. Seus encontros, embora cheios de paixão, sempre resultavam em caos. Quando o Céu descia para encontrar o Mar, ventos uivantes e tempestades furiosas se formavam, abalando o mundo abaixo. Essas tempestades causavam destruição, forçando os dois a se afastarem novamente para evitar danos maiores.
Embora não pudessem estar juntos por muito tempo, o Céu e o Mar sempre encontravam maneiras de se tocar. O Céu beijava o Mar ao amanhecer e ao entardecer, pintando-o com cores douradas e alaranjadas. O Mar, por sua vez, oferecia ao Céu o reflexo de suas estrelas durante a noite, tornando-se um espelho de sua vastidão.
Além disso, havia os Deuses Ancestrais, seres antigos que criaram o mundo e que viam a relação entre o Céu e o Mar como uma ameaça ao equilíbrio do universo. Eles decretaram que o Céu e o Mar deveriam permanecer separados para sempre, proibindo qualquer contato entre eles. Se quebrassem essa ordem, os Deuses puniriam o mundo com catástrofes inimagináveis. O medo de causar sofrimento às criaturas que amavam mantinha Kakashi e Iruka afastados, apesar de seus desejos.
No entanto, mesmo sob essa ameaça, o Céu e o Mar encontravam maneiras de desafiar seu destino. Em momentos de fraqueza, quando o peso da solidão se tornava insuportável, o Céu enviava suaves chuvas ao Mar, um toque delicado que só eles podiam sentir. O Mar respondia com marés calmas e profundas, abraçando o Céu com sua quietude. Esses breves momentos de conexão eram sua única forma de expressar o amor que carregavam, mesmo sabendo que, jamais poderiam estar juntos de verdade.
O maior teste para esse amor proibido veio quando os Deuses Ancestrais enviaram o Guardião das Estrelas, chamado Obito, uma entidade poderosa cujo dever era garantir que o Céu e o Mar permanecessem separados. O Guardião, implacável e sem piedade, controlava o firmamento e as profundezas do oceano, criando barreiras invisíveis que tornavam impossível qualquer encontro entre Kakashi e Iruka. Cada tentativa de se aproximarem era imediatamente bloqueada, e as poucas vezes em que conseguiam se tocar resultava em tormentas tão terríveis que quase destruíam o mundo.
Porém, o amor entre o Céu e o Mar era inquebrável. Eles sabiam que, apesar dos obstáculos, não podiam simplesmente desistir um do outro. Assim, encontraram um meio de se comunicar, com a ajuda de Tenten, a governante da terra dos Sonhos. A deusa sempre admirou aquela história e ansiava poder ajudar aquelas duas almas eternas. Não poderia simplesmente fingir que não via o sofrimento e a saudade que Kakashi sentia de Iruka.
Toda noite, enquanto o mundo dormia, o Céu e o Mar sonhavam juntos, criando um reino de fantasia onde podiam estar juntos sem causar destruição. Nesse reino onírico, eles se amavam livremente, longe dos olhos dos Deuses e do Guardião das Estrelas.
Mas a cada amanhecer, ao despertar, a realidade cruel voltava a separá-los, e eles precisavam se contentar com os breves momentos de contato nos limites do horizonte. Sabiam que jamais poderiam realmente estar juntos no mundo real, mas isso não impedia que continuassem a sonhar, pois no coração de cada tempestade, havia a promessa de que um dia, em algum lugar além do tempo e do espaço, o Céu e o Mar poderiam finalmente se unir, livres de todas as barreiras.
E assim, o Céu e o Mar permanecem, eternamente ligados por um amor proibido, enfrentando todos os obstáculos e desafios que o destino coloca em seu caminho, enquanto continuam a moldar o mundo com sua eterna dança de aproximação e separação.
Se encontram nos sonhos, onde podem se amar sem medo e fora do reino de Tenten, eles se encontram no horizonte, onde é possível sentir a presença desses antigos amantes, sempre em busca um do outro, em um eterno ciclo de atração e separação.