Ressonância

Naruto (Anime & Manga)
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Summary
Iruka é um cantor promissor que está começando a despontar no cenário musical. Ao seu lado sempre esteve Kakashi, seu maior fã e namorado, que sempre o acompanhava e o apoiava em cada show. No entanto, a vida coloca um obstáculo inesperado: o distanciamento não planejado.O que parecia ser uma separação temporária se estende por anos, e Iruka transforma sua dor e saudade em música. Exames Chuunins Fanfics | Eliminatória | KakaIru | Tema Saudades
Note
Perfil aqui também nas eliminatórias, com Iruka cantor, cantando sua saudades...Betagem feita pelo lindo Adam que arrasou como sempre! Teve alguns mini-surtos, especialmente com um detalhe da história.....Boa leitura!

“Quando a música que canta vibra em cada fibra do meu ser, ela não apenas desperta uma resposta — ela invade, reverbera nas profundezas de mim, ecoando com uma intensidade avassaladora que me faz sentir vivo de uma forma que só você consegue.”

 

Iruka nunca imaginou que sua paixão pela música o levaria tão longe. Ele era um homem simples, mas que sempre teve amor pela música, uma herança de sua mãe Kohari, que em sua juventude havia sido uma cantora promissora. Se não fosse por diversos eventos, incluindo o que ceifou a vida da mulher e seu marido, Ikkaku, o Umino tinha certeza que ela teria brilhado nos palcos do mundo inteiro. O rapaz começou a cantar de forma despretensiosa, com uma leve pressão dos amigos, em pequenos cafés e bares de sua cidade. No início, era algo que fazia por puro prazer, mas com o tempo, sua voz conquistou mais corações do que ele poderia imaginar.

Os amigos podiam sempre ter o apoiado e incentivado, porém, nenhum deles era como Kakashi, seu namorado.

Iruka ria quando Kotetsu, Izumo e Anko ficavam de implicância com o homem de cabelos brancos, dizendo que o amigo preferia o “recém-chegado”, mesmo sabendo que não era nada disso. Aquele trio gostava mesmo de provocar o Hatake.

Kakashi era engenheiro civil recém-formado e com um futuro auspicioso. Ele era um homem metódico e de pouca palavra, que dividia seu tempo entre obras e viagens de trabalho. Mas quando estava na cidade e tinha uma noite livre, estava na primeira fila dos shows de Iruka, sempre discreto, calmo, sorrindo satisfeito ao ver seu amado cantar. Seus olhos brilhavam encantados. Como amava ouvir a voz do namorado. Diversas vezes, durante as viagens de trabalho, pedia para Iruka cantar um pouco para si, e assim sentia como se ele estivesse ao seu lado.

Cantar era Iruka, no mais puro sentido. E por mais que não fosse alguém de muitas palavras, cada olhar calmo, encorajador e cada sorriso discreto, que podia ser visto mesmo com a máscara que raramente tirava, fazia o Umino sentir que estava no caminho certo.

Quando Kakashi se aproximava para abraçá-lo após suas apresentações, sentia que, mesmo com todas as responsabilidades e correria da vida do mais velho, ele o colocava em primeiro lugar.

— Sua música é o que mantém em casa, mesmo quando estou longe — Kakashi sempre repetia quando ficava dias fora, sem poder ver o namorado, o abraçar e o beijar.

Porém, o casal deveria saber que o mundo não é tão previsível quanto às declarações que faziam, especialmente para os dois e a vida que levavam. 

A carreira de Iruka começou a decolar de forma inesperada, após um vídeo seu numa apresentação no bar dos amigos, e em pouco tempo ele deixou de ser apenas um “cantor de botequim” para se tornar o “cantor de Konoha”. Sua voz se espalhava para as cidades vizinhas e estados, trazendo-lhe fama e reconhecimento. Com isso, vieram mais compromissos, e a distância, que já existia antes, começou a aumentar. E ficaria muito maior.

Após retornar de uma apresentação na cidade vizinha, Iruka encontrou Kakashi em sua casa, retornava de outra viagem. Assim que cruzou a porta e encarou o namorado, soube que alguma coisa tinha acontecido. O cantor soltou suas coisas no chão e correu até o mais velho, sentando-se ao seu lado no sofá, sendo abraçado em seguida, não processando quando foi pego no colo e aninhado como se fosse um gatinho assustado. O beijo que recebeu tinha um gosto amargo de despedida.

— Fui chamado para um projeto internacional, uma grande oportunidade em outro país. Não tenho prazo para retornar — Kakashi soltou o que parecia uma bomba, não gostando de ver os olhos sempre tão animados e brilhantes se apagando tão rapidamente e sendo tomados por lágrimas. Não que ele estivesse muito diferente.

— Quando você tem que ir? — Iruka perguntou, choroso.

— Semana que vem.

— Vou desmarcar meus shows, quero passar essa semana toda com você.

— Iru…

— Não me peça para não fazer. Se é uma despedida, me deixe me despedir da forma que desejo e que nós dois merecemos.

Naquela noite, e em todas as que se seguiram, eles se amaram como se fosse a primeira vez. Eles se divertiram, riram, comemoraram, conversaram, tudo como se não fossem se separar em alguns dias. O produtor musical do Umino que não ficou muito feliz com aquela pausa, mas não pôde fazer nada a não ser aceitar.

Na última noite juntos, após Iruka ajudar Kakashi a arrumar suas últimas coisas, eles se encontravam abraçados, apenas aproveitando a companhia um do outro. O Hatake sentia as lágrimas no canto dos olhos, que não ousava encarar o namorado. Eles não haviam conversado sobre como as coisas ficariam, se continuariam juntos mesmo com a distância, e não falariam sobre isso naquele momento.

— Tenho um presente para você, ‘Ruka — declarou Kakashi, enquanto fazia carinho nos cabelos castanhos.

— Presente de despedida?

— Não pense assim, vai… Pense como um amuleto da sorte, não que precise muito disso — Kakashi se afastou contragosto e foi buscar o “presente”, que não era nada além de uma pequena carta, dizendo o quanto amava seu golfinho e que sempre estaria torcendo por ele, algumas frases das músicas favoritas e também a camiseta que ele usava em todos o shows.

— Mesmo longe, eu vou te ouvir — prometeu Kakashi, com a mesma segurança de sempre. — Não importa onde esteja, sempre estarei sintonizado na sua frequência.

E pela primeira última vez, eles se amaram.

Na manhã seguinte, o casal se preparava para a inevitável despedida. Kakashi preferia tê-la feito em casa, mas Iruka insistiu em acompanhá-lo até o aeroporto, com Kotetsu, Izumo e Anko a tiracolo.

O cantor causou uma pequena aglomeração, reafirmando o quanto estava crescendo e as lágrimas que tentava a todo custo impedir que caíssem, derramaram quando ele deu o último beijo, o último abraço, o último toque em Kakashi.

 

「❀」

 

Nos primeiros meses, a distância parecia apenas um detalhe. Iruka seguia com suas apresentações, sempre dedicando uma música a Kakashi, acreditando que, de onde quer que estivesse, ele estaria ouvindo. As chamadas de vídeo, as mensagens trocadas tarde da noite, faziam a saudade parecer administrável. 

Mas com o passar dos meses, a saudade começou a pesar, e isso se tornou claro para os fãs, que sentiam a dor de Iruka a cada nova música, a cada nova composição. As músicas que antes eram leves e alegres começaram a tomar tons mais melancólicos. Ele escrevia sobre a solidão, sobre a falta que sentia, e sobre o vazio que se instalava onde antes havia riso e carinho. Apesar da clara e drástica mudança, isso não fez o fãs se afastarem, parecia ter o efeito contrário, eles pareciam mais próximos, mais solícitos e dispostos a qualquer coisa para ver seu ídolo com os olhos brilhando de alegria outra vez.

Com isso, a agenda de Iruka tornou-se ainda mais lotada, com shows, entrevistas, ensaios, e gradualmente, o tempo que tinha para conversar com Kakashi, foi diminuindo. Não foi apenas pelo lado de Iruka, o Hatake também se via cada vez mais requisitado, sempre de olho em tudo para que nada saísse errado, e a cada nova etapa, um novo reconhecimento surgia e o levava a outras oportunidades. No fim, ambos se viram cada vez mais sozinhos, solitários em suas próprias vidas. 

Um dia, após um show particularmente intenso, ele percebeu que já não sabia como continuar. As noites, que antes eram preenchidas por conversas e risos, agora eram silenciosas. E foi nesse silêncio que as músicas de Iruka passaram por uma nova mudança. A saudade tomou conta de suas letras. Cada nova canção era um reflexo da ausência de Kakashi, da dor de não o ter mais ao seu lado.

— Será que ele ainda me escuta? — perguntava-se todas as noites, ao se deitar na cama, usando a camiseta que ele deixou no apartamento vazio.

Mas, fiel à sua arte, Iruka transformou essa dor em canções. Cada música nova era um desabafo, uma carta em forma de melodia, esperando alcançar seu destinatário.

E com isso, ele continuava a encantar multidões e sua carreira continuava a crescer. Suas músicas sobre saudade e solidão tocavam nas rádios de todo o país. Ele se tornava uma sensação e suas canções, carregadas de melancolia, alcançavam cada vez mais pessoas. Seu maior sucesso foi “Frequência Perdida”, uma balada em que falava sobre a sensação de estar falando ao vento, sem saber se a pessoa amada ainda estava lá para ouvir. E, ainda que nunca soubesse se Kakashi escutava, continuava a cantar para ele. Porque no fundo, cantar era a única forma de mantê-lo por perto.

Com o tempo, Iruka foi se conformando com a ideia de que talvez ele e Kakashi nunca mais se encontrariam. Os shows se tornaram cada vez maiores, as turnês mais longas, e o Umino se via cercado por uma legião de fãs. Mas em meio a todo esse sucesso, a falta que sentia do seu amado era o que mais pesava. Vez ou outra ele ainda recebia algumas mensagens, no entanto, nunca conseguiam trocar mais que meia dúzia de palavras; A distância já não era só física; ela havia se tornado emocional.

O cantor se agarrava a sua paixão e suas músicas eram ouvidas em todos os cantos, tocadas nas rádios de Konoha e além. Todos sabiam que a saudade era a alma de sua arte. E, mesmo sem respostas, ele sabia que sua voz era o único elo que ainda mantinha com seu antigo amor. E por isso continuava a cantar para ele, em todas as apresentações, como se cada nota pudesse atravessar continentes e chegar até o homem que um dia foi seu maior apoiador.

Com o tempo, Iruka teve que aceitar a realidade de que talvez nunca mais veria Kakashi novamente. Ainda que numa tivesse ouvido a palavra “fim” de forma explícita, o silêncio e a ausência se tornaram a resposta para as perguntas que não queria fazer. A saudade agora era parte de quem ele era, e suas músicas, dedicadas ao ex-namorado, eram o testemunho de uma história que, aos poucos, deixava de existir.

Apesar disso, toda vez que a voz do Umino ecoava pelas rádios, ele mantinha a esperança de que, em algum lugar do mundo, Kakashi ainda o ouvia. E essa esperança o mantinha em sintonia com o passado, transformando cada música em um lembrete do amor que um dia os uniu.

Em meio a isso, os boatos corriam aos sussurros por toda a cidade e entre os fãs mais aficionados, que as letras da canção, foram todas inspiradas pelo “ex-namorado”. Muitos diziam que ele não o superava, que era preso ao passado, mas não via daquela forma. Kakashi sempre seria seu grande amor, isso era inegável e ele jamais o esqueceria. 

Quando estava com amigos, que nunca saíram do seu lado, se tornando parte da banda, Iruka se permitia sorrir tristemente com as lembranças e sabendo que, cada vez que sua música tocava, Kakashi estava lá, em algum lugar a ouvindo, como prometeu que faria.

 

「❀」

 

Iruka alcançou um sucesso que jamais cogitou. Ele conheceu o mundo, conheceu diversas culturas, pessoas. Teve até algumas paixões, uma de uma noite, outras de algumas semanas, mas nenhuma delas chegou nem perto do sentimento que tinha quando estava com Kakashi. A saudade ocasionalmente dava as caras, mas era administrável e trazia um sentimento de aconchego, era uma saudade boa. 

Naquele momento, Iruka se encontrava no aeroporto, esperando seu voo para voltar para casa. Teria, enfim, algumas semanas de férias, e ansiava por voltar para Konoha após três longos anos fora. Ele estava exausto, precisava realmente daquele descanso, de um pouco de tranquilidade. Amava o que fazia, claro, mas havia se doado tanto para aquilo nos últimos tempo que não sabia ficar sem fazer nada. 

Enquanto passava pelo saguão movimentado, onde a mistura de conversas e sons abafados preenchia o ambiente, tentava passar despercebido, e conseguia fazer aquilo, mesmo usando apenas um boné para esconder seus longos cabelos e um óculos. De repente, ao se aproximar de uma área de espera, ele ouviu alguém cantarolando baixando sua primeira música de sucesso: “Frequência Perdida”.

 

Eu falo no vazio, ninguém pra escutar,

Minha voz se perde no ar,

Será que você ainda ouve?

Será que ainda está lá?

Entre as ondas do silêncio,

Tento te alcançar.

 

A princípio, ele pensa que é mais um fã, mas algo na entonação daquela voz lhe parecia familiar. Iruka, por um momento, sentiu seu coração acelerar. Ele se virou na direção da voz, que continuava cantando, meio desafinado, mas com certa emoção a cada palavra dita.

 

O tempo passa, mas eu fico,

Esperando o sinal que não vem,

Tantas canções que eu já gritei,

Mas nenhuma chegou a quem.

Quem sempre esteve comigo,

Agora longe também.

 

Seus olhos ficaram marejados e logo sentiu as primeiras lágrimas serem derramadas. Quem cantava a sua canção, não era ninguém menos que Kakashi, sentado em um dos bancos do aeroporto, olhando distraidamente para a pista de pouso. A voz que ele reconhecia em qualquer lugar, mesmo anos depois, ecoava de forma suave, como se fosse só para ele.

Kakashi sentiu que alguém lhe observava intensamente e levantou os olhos para perguntar o que a pessoa queria, mas quando tirou um dos fones, as palavras sumiram, pois na sua frente estava Iruka. Ele, mesmo à distância, nunca deixou de acompanhar a carreira do outro, mesmo que não estivesse perto, sabia de todo o sucesso que alcançou, de tudo o que viveu. Ele manteve sua promessa, sempre ouvia Iruka. Era como estar sempre em casa, mesmo quando não sabia se ainda tinha aquele lar. Kakashi se levantou, se aproximou de Iruka, levou a mão ao rosto do outro, para confirmar que era realmente ele. Sem pensar muito, tirou o boné e o óculos que usava. Estava ainda mais bonito do que se lembrava. No fone, a música continuava a tocar e cantou junto o refrão, sem desviar o olhar uma única vez.

 

Procuro na frequência perdida,

No som que já não volta mais,

Nos ecos de uma despedida,

Que não disse adeus, mas ficou pra trás.

Será que você ainda me escuta?

Ou já mudou a estação?

Estou preso na sintonia,

Da nossa conexão.

 

— Mesmo longe, sempre te ouvi. Não importava onde estivesse, sempre estivesse sintonizado na sua frequência. Eu prometi, não foi?

O reencontro foi eletrizante, e era apenas um eufemismo para dizer como se sentiam. Era como se o tempo nunca tivesse passado. Eles se encaram por alguns segundos, sem conseguir dizer nada. A conexão entre eles foi imediata, tão intensa que as palavras não foram necessárias. Kakashi, então, o abraça com força, sendo retribuído imediatamente. 

As lágrimas que Iruka derramava e que molhavam a roupa de Kakashi eram de alegria. Sem esperar mais, o Hatake abaixou sua máscara e beijou o cantor, como desejava fazer desde o dia que se viram pela última vez. Os braços entrelaçados no pescoço do maior, os unindo cada vez mais, como se o tempo e a distância nunca tivessem existido.

—  Para onde está indo? — Iruka perguntou quando se separam, tinha medo daquilo ser um encontro único, o destino pregando-lhes uma peça.

— Estou voltando para casa — respondeu Kakashi, sorrindo de uma forma que Iruka podia dizer que se referia a si.

— Konoha?

— Sim, estava voltando na esperança de te encontrar novamente.

— Então vamos juntos para casa — declarou Iruka, segurando com força a mão de Kakashi. Não o deixaria partir outra vez, nem ele iria para outro lugar.

 

Procuro na frequência perdida,

Na saudade que o tempo traz,

Será que você ainda me ouve,

Ou tudo ficou pra trás?

Mas eu continuo cantando,

Na esperança de te encontrar,

Mesmo que seja só um eco,

Na onda do mar.