Amor em dois tons

Naruto (Anime & Manga)
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Amor em dois tons
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Summary
Obito e Yamato são opostos perfeitos; enquanto um vive intensamente ao som do rock e heavy metal, o outro busca serenidade em melodias suaves como jazz e MPB. Apesar de suas diferenças, o amor que compartilham os mantém equilibrados.Porém, quando um grande festival de rock se aproxima, Obito fica animado, mas sabe que Yamato prefere a calmaria longe de multidões. Mesmo assim, Yamato decide tentar algo fora de sua zona de conforto, disposto a vivenciar essa experiência ao lado do namorado. Rhytms Week | 1º Dia | Rock and Roll | ObiYama (Obito e Yamato) | 100ª Fanfic ACNProject
Note
Chegando com mais uma fic e muito especial!Além de ser a primeira de mais uma Week, a Rhytms, também é a CENTÉSIMA FIC do @ACNProject!Nem acredito que chegamos a 100 em um ano de projeto! Tudo graças a nossa staff..Teremos muitos crackshipps essa semana, então se preparem, bem a nossa cara né, @Uzumakiken. Espero que gostem e se divirtam!

When I grow older, I will be there at your side to remind you how I still love you 

 Queen, “Love Of My Life”

 

Obito era um apaixonado por rock. Desde adolescente, ele coleciona discos, camisetas de bandas e sabia tocar várias músicas na guitarra que ganhou após muita insistência e incontáveis aulas para deixar de fazer ruídos agudos e transformar as notas em  algo agradável aos ouvidos. Nem sabia dizer exatamente como acabou namorando alguém com gostos musicais totalmente opostos ao seu. Mas esse detalhe não impediu de ficar empolgado quando soube que um grande festival de rock aconteceria na cidade. Era a oportunidade perfeita para ver suas bandas favoritas ao vivo, e  claro, levar seu amado consigo.

Mas tinha um pequeno problema, seu namorado, Yamato, tinha um gosto musical bem diferente. Ele preferia músicas mais calmas, como MPB e jazz, e sabia que somente a ideia de passar um dia inteiro em um festival de rock, com multidões e som alto, não o atraía nem um pouco.

Uma noite, enquanto jantavam e uma música das bandas favoritas do Uchiha tocava ao fundo, Obito decidiu tentar convencer Yamato a ir ao festival com ele.

— Yama, você sabe que eu amo rock, né? — começou Obito, com um sorriso esperançoso. — Vai ter um festival incrível no próximo fim de semana. Eu adoraria que você fosse comigo.

Yamato ergueu os olhos do prato, já sabendo onde aquela conversa iria. Ele respirou fundo, contendo o incômodo que sentia sempre que se imaginava em meio a uma multidão barulhenta.

— Obito, você sabe que não sou muito fã de rock — respondeu, com calma, mas firmeza. — Prefiro algo mais tranquilo.

A expressão animada de Obito murchou um pouco. Ele não queria forçar nada, mas desejava muito compartilhar aquilo com Yamato. Segurando a mão do namorado, Obito tentou apelar para o lado emocional.

— Eu sei, amor. Mas pensei que poderia ser uma experiência divertida para nós dois. Podemos ir juntos, aproveitar o dia… e quem sabe você até descubra alguma banda que goste? Além disso, prometo que, na próxima vez, a gente faz o que você escolher.

Yamato apertou os lábios, ponderando. Não era uma decisão simples. Ver Obito tão entusiasmado sempre mexia com ele, mas a ideia de passar horas em meio a algo que ele mal suportava o deixava inquieto. Ainda mais o estilo. Ele podia não gostar daquele gênero musical em especial, mas como namorado de um aficionado, sabia algumas coisas, como, por exemplo, que o festival englobaria músicas de banda de Heavy Metal e Hard Rock. Ele aprendeu um pouco, pois sempre que pensava em presentear o Uchiha, tudo que envolvesse Rock and Roll era o ideal.

— Não sei, Tobi — disse Yamato, um pouco mais sério. — Sinto que vivo cedendo nesses momentos, como se estivesse me forçando a gostar de algo apenas para evitar brigas, e isso não me parece certo. Eu não quero ir e passar o dia todo desconfortável. Isso vai acabar mal para nós dois.

Obito sentiu o peso daquelas palavras e retraiu um pouco, sentindo a frustração crescer. Ele sabia que Yamato estava certo, de toda forma, mas também era difícil não levar para o lado pessoal. O fazia sentir que o outro era o único a ceder, mas não era verdade.

— Não acho que seja assim. Eu só… eu só queria que você tentasse, Yama. Não é só sobre o festival, é sobre a gente fazer algo juntos, mesmo que seja diferente — Obito deixou escapar, com uma leve tensão na voz.

Yamato percebeu a frustração do namorado, suspirou. Ele também não queria deixar aquilo se tornar uma barreira entre eles e causar uma discussão sem sentido.

— Eu entendo, Obito. E quero fazer parte das coisas que você gosta. Mas precisamos encontrar um equilíbrio, entende? Olha, eu vou ao festival com você, mas você tem que entender que o meu limite é diferente do seu, ‘tá bem? E que talvez eu queira vir embora antes. Mas prometo ficar o máximo que conseguir e escutar todas aquelas músicas de Black Sabbath, Iron Maiden, Led Zeppelin, AC/DC, Deep Purple…

Obito sorriu e o interrompeu com um beijo antes que ele citasse todas as bandas internacionais e nacionais que sabia. Era adorável a forma como ele não gostava do ritmo, mas sabia o nome dos grupos apenas pelo fato do Uchiha gostar. Deveria começar a fazer o mesmo com a MPB, Jazz e outras coisas que o namorado amava.

— Eu sei… — Obito murmurou, um pouco mais calmo, abraçando o namorado. — E eu prometo que vou fazer o meu melhor para não te pressionar. Só me avisa quando não estiver confortável.

Yamato assentiu, e após um breve silêncio, sorriu suavemente, deitando a cabeça no ombro do namorado, sentindo-se acolhido e protegido e principalmente amado.

— Então… vamos ao festival, e depois você vem comigo a um show de jazz. Algo mais tranquilo, para compensar.

Obito concordou rapidamente, fazendo carinho nos cabelos castanhos, ainda um pouco pensativo, mas finalmente cedeu a um sorriso ao ver Yamato relaxar em seus braços.

— Combinado. Talvez eu até descubra uma banda de jazz que goste.

 

──◍───

 

No dia do festival, as diferenças entre eles ficaram ainda mais evidentes, e isso era óbvio apenas em olhar para a maneira que cada um estava vestido.

Obito usava uma camisa clássica de bandas, a da vez era uma de do Led Zeppelin, uma jaqueta de couro preta, com alguns detalhes metálicos — presente de Yamato —, calças jeans rasgadas que com certeza já viram dias melhores, e um coturno igualmente  preto. Para finalizar, o Uchiha terminava de colocar os últimos acessórios; pulseira de couro, colares, anéis e um óculos escuro, pois o festival começaria durante o dia. Para Yamato, o namorado todo produzido, um verdadeiro metaleiro, conseguia ser ainda mais bonito e afirmava, quando olhava para si, que a diferença entre eles era enorme, e mesmo assim, ainda faziam aquele relacionamento dar certo. 

Obito encarou seu reflexo no espelho para ajeitar seus cabelos, ou seja, bagunçá-los um pouco mais e ficou observando o namorado através  dele. O outro usava algo mais neutro e confortável, mantendo seu estilo pessoal de sempre e tentando não destoar tanto do ambiente que iriam.

Yamato usava uma camisa da banda AC/DC que Obito praticamente jogou em sua cara, num pedido nada discreto para que pelo menos usasse algo de rock; calça jeans básica, sem rasgos ou despojada, como as que o Uchiha costumava usar em qualquer ocasião. Nos pés, um tênis suave e confortável para aguentar longas horas em pé, uma jaqueta leve, pois ficariam até a noite, e alguns poucos acessórios, como a bolsa crossbody, para carregar o essencial e os óculos escuros.

— Eu sabia que namorava um príncipe, mas acho que ele é um deus! — elogiou Obito e viu o rubor subir pelo rosto de Yamato.

— Idiota! Se tem algum deus aqui, é você — apontou para o outro, que sorriu um tanto convencido. Ter aquele ego era mal de Uchiha? Acreditava que sim, pois seu amado sogro era bem convencido ou mais que o próprio namorado.

— Eu queria ficar aqui e te provar de todas as formas que está errado, mas acabaremos nos atrasando e não quero ser igual o idiota do Kakashi.

— Meu amor, você e o Kakashi tem que marcar compromisso com duas horas de antecedência, para vocês pensarem em chegar na hora. É o sujo falando do mal lavado. Pelo menos seu irmão não deixa ele se atrasar tanto. Por que ele não fez isso com você?

— Porque eu não vou obedecer meu irmãozinho mais novo, oxê, simples assim. Vou dar asa para golfinho nada… 

— Pois é, nem comigo você chega no horário e quero te matar todas as vezes que isso acontece…

— Mas estou melhorando…

— Porque moramos juntos. E anda logo, sabe que pegaremos um trânsito e não vamos encontrar um bom lugar para estacionar, e não quero me estressar antes da hora.

Obito beijou rapidamente o namorado, entregou sua carteira para ele colocar em sua bolsa, pegou as chaves do carro e, com as mãos unidas, finalmente partiram para o festival. O Uchiha sabia que qualquer mudança nos planos que haviam feito poderia estragar o que esperava ser uma experiência maravilhosa para os dois. Queria que o namorado aproveitasse o dia, se abrisse para novas coisas e faria o possível para tornar tudo o mais agradável possível para ele.

Ao chegarem no local e se depararem com a multidão, Obito sentiu o namorado estremecer e seus olhos vagarem para todos os lados. Apertou suavemente a mão de Yamato e o trouxe para perto, passando o braço por seus ombros, como se o protegesse de algo. Ouviu um suspiro de alívio e em seguida um “vamos”, baixo. Era um sinal que estava pronto para mergulhar naquele novo ambiente totalmente diferente do seu “habitat”.

A multidão, pessoas trombando em si o tempo todo, o barulho, tudo incomodava Yamato, mas ver o brilho nos olhos de Obito, sua empolgação, tentava controlar seu humor, não queria exagerar e acabar com a empolgação do outro. Amava vê-lo daquela forma.

O casal andou pelo festival, compraram alguns itens, comidas e bebidas, até encontraram Kakashi e Iruka, que pareciam até um só, devido às roupas idênticas que vestiam, e pela cara do cunhado, sabia que tinha sido ideia do de cabelos brancos.

Yamato e Obito, após o encontro com os amigos, seguiram até um local onde poderiam aproveitar os shows em sua magnitude. Durante as apresentações, o ambiente vibrava de energia, deixando todos ainda mais elétricos, incluindo o Uchiha. 

As guitarras estridentes, a bateria pulsante e a multidão fervorosa criavam um cenário perfeito para Obito, que não conseguia conter a felicidade. Ele cantava alto, pulava ao ritmo das músicas e, de vez em quando, lançava olhares rápidos para o namorado, tentando incluí-lo na experiência.

No começo, Yamato tentou manter um sorriso no rosto, embora se sentisse deslocado. A música alta era uma barreira quase física, pressionando seus ouvidos, e a multidão que o cercava fazia com que cada vez mais seu espaço pessoal fosse invadido. Ele olhava ao redor, vendo pessoas tão imersas no show, gritando, suando e pulando, enquanto ele mal conseguia se conectar com qualquer coisa naquele ambiente, e isso começava a incluir Obito. O som ensurdecedor das guitarras parecia entrar diretamente em sua cabeça, martelando suas têmporas.

À medida que o tempo passava, Yamato começou a se sentir sufocado. O chão vibrava sob seus pés, o som ficava mais intenso e as vozes ao seu redor pareciam se misturar em um zumbido dissonante que não dava trégua. Suas mãos começaram a tremer levemente, e ele percebeu que sua respiração estava ficando cada vez mais curta.

Obito estava tão imerso na música que não notou imediatamente o desconforto crescente em seu amado. Mas, em um momento de pausa, ele se virou para perguntar algo e viu a expressão de pânico no rosto do namorado. Yamato estava pálido, suas mãos agora fechadas em punhos e seu peito subindo e descendo em um ritmo rápido.

— Yama? — Obito chamou, a voz preocupada em contraste com a energia ao redor. — Ei, está tudo bem?

Yamato balançou a cabeça lentamente, seus olhos focados em um ponto distante. Ele tentou falar, mas as palavras não saíram. O som da música, os gritos, o empurra-empurra das pessoas… era demais.

— Eu… não… — Yamato conseguiu murmurar, sentindo seu corpo começar a tremer. Ele não sabia como explicar o que estava sentindo, mas sabia que não conseguia mais ficar ali.

Obito imediatamente percebeu o que estava acontecendo. Sem pensar duas vezes, tateou os bolsos e encontrou os dois pequenos abafadores que trouxe consigo, imaginando que precisaria, mas não em meio a uma crise. Deveria ter dado ao outro logo que chegaram. Sabia como os ruídos afetam o namorado, e havia outros abafadores em casa, maiores, mas trouxe os que julgou mais práticos. Sentia-se um péssimo namorado por deixar as coisas chegarem nesse ponto. 

Em seguida, pegou a mão de Yamato e começou a abrir caminho pela multidão, ignorando os protestos das pessoas ao redor. Cada passo era uma luta contra o caos ao redor, mas Obito sabia que a prioridade era tirar o outro dali.

Quando finalmente saíram da multidão e encontraram uma área mais tranquila, distante do palco e da confusão, Yamato deixou escapar um suspiro trêmulo, ainda tentando recuperar o fôlego. Ele se sentou em um banco próximo, cobrindo o rosto com as mãos.

— Desculpa… — sussurrou Yamato, o peso da culpa em sua voz. — Eu estraguei tudo… Você nem conseguiu aproveitar o show da sua banda favorita…

Obito, ainda um pouco ofegante pela correria, se abaixou na frente de Yamato e gentilmente afastou as mãos do namorado do rosto, olhando nos seus olhos.

— Ei, você não estragou nada, Yama — declarou Obito com firmeza, mas em um tom suave. — Eu sabia que isso seria difícil para você. E não quero que você sofra só pra me agradar. O show não vale mais do que o seu bem-estar.

Yamato balançou a cabeça, ainda sentindo a carga negativa de culpa. Ele sabia o quanto aquele show significava para Obito e, por mais que estivesse grato por ter sido tirado daquela situação sufocante, não conseguia evitar a sensação de que tinha decepcionado o namorado.

— Mas você estava tão feliz, Tobi… Eu só… — Yamato suspirou, fechando os olhos por um momento. — Eu queria que você se divertisse. Eu queria conseguir lidar com isso por você.

Obito sorriu com ternura, puxando Yamato para um abraço apertado.

— Só o fato de você ter tentado já significa muito pra mim — garantiu, sussurrando perto do ouvido de Yamato, que havia retirado os abafadores e os segurava com força. — Eu prefiro mil vezes estar aqui com você, agora, do que em um show sem você. Não tem graça se você não estiver bem.

Yamato relaxou um pouco nos braços de Obito, sentindo o calor e o carinho naquelas palavras. Ainda havia um incômodo no fundo de sua mente, uma sensação de que ele havia deixado algo incompleto. Mas, ao ouvir a sinceridade na voz de Obito, começou a aceitar que, talvez, o que realmente importava era o esforço de ambos em se entenderem.

— Vamos fazer o seguinte — Obito disse, afastando-se apenas o suficiente para olhar Yamato nos olhos. — Da próxima vez, a gente vai a um show de jazz. Eu prometo que vou tentar ao máximo aproveitar, assim como você fez hoje. Só… da próxima vez, me avisa antes, tá? Não quero que você se sinta assim de novo. Ainda não sei todos os sinais que dá antes de uma crise e prometo que também ficarei mais atento, ok? 

Yamato sorriu levemente, embora seus olhos ainda estivessem cheios de emoções conflitantes.

— Combinado — ele respondeu, apertando a mão de Obito com mais firmeza. — Obrigado por me entender e você já me conhece bem, senão, não teria trazido os abafadores e nem me tirado de lá rapidamente e me acalmado. Obrigado por cuidar de mim.

Obito beijou a testa de Yamato, e os dois permaneceram ali, longe do som ensurdecedor do festival, entretanto, mais próximos do que nunca.