Eu - Naruto - Feliz - Escolhido - Pais

Naruto (Anime & Manga)
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Eu - Naruto - Feliz - Escolhido - Pais
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Summary
Naruto finalmente vai deixar o orfanato em que viveu durante toda sua vida ao ser adotado por Kakashi e Iruka. Porém, tem algo no homem de fios brancos que o intriga e após descobrir a verdade, ele pede a Rin que o ensine uma forma de poder comunicar-se com ele.E no dia da oficialização da adoção, Kakashi e Iruka tem uma surpresa emocionante, que apenas confirma, que eles foram feitos para serem uma família..Desafio Kakashi | 23 de setembro — Dia Internacional das Línguas de Sinais.
Note
Chegando com uma fic que eu simplesmente amei escrever e ela é tão linda, tão perfeita.Naruto está aprendendo Libras e se no final, alguma coisa ficou errada, me corrijam, com respeito tá.Espero que gostem tanto quanto eu gostei de escrever. Boa leitura!

Quando Iruka conheceu Kakashi há alguns anos, não sabia que sua vida mudaria tanto. Para melhor. 

Ele teve que aprender a conviver com o silêncio e começou a gostar dele, especialmente vindo de uma família tendo como pais Madara Uchiha e Hashirama Senju e como irmão, Obito. Era uma falação que não acabava mais.

Iruka conheceu o marido no aniversário do irmão e, desde então, não se separaram, o que resultou numa superproteção exagerada do mais velho, que acabou dando trabalho a Rin e Deidara, seus companheiros que aturavam todo aquele ciúmes sem sentido.

Mas agora, parecia que aquele silêncio, na maior parte do tempo, estava para ser quebrado e os dois não poderiam estar mais felizes. Após anos na fila de espera para adoção, eles haviam finalmente sido aprovados e agora se preparavam para conhecer seu filho, ou filha.

Naquele dia, eles iriam até o Orfanato Girassol, onde a cunhada de Iruka trabalhava como assistente. Ela estava tão empolgada quanto os futuros papais, afinal, seria tia.

Kakashi e Iruka não tinham exatamente uma preferência, mas pensavam que talvez, uma criança mais nova, seria um pouco mais fácil de lidar, pelo fato do Hatake ter problemas auditivos e se comunicar apenas por gestos, utilizando a Linguagem Brasileira de Sinais; Libras. Tinha receio que uma criança mais velha não conseguisse entender ou se adaptar a essa nova rotina. Mas o futuro é algo que não podem prever e ele pode estar guardando surpresas maravilhosas.

Ao chegarem no local, sentiram um misto de ansiedade e tristeza, ver tantas crianças ali, esperando por um lar, fazia o coração do casal apertar. Rin, que os aguardava, os levou até onde ficavam as crianças mais novas.

Kakashi e Iruka já haviam passado por todas as fases daquele processo lento, demorado e burocrático, que aprecia ainda pior por eles serem um casal homoafetivo.

Por sorte, a mulher era dedicada e muito competente, os orientou e auxiliou em todas as etapas. Ela os acompanhou desde o início, explicando cada etapa com paciência. A primeira coisa que fizeram foi uma avaliação inicial, que consistia em preencher o que parecia centenas de formulários. Ela havia explicado que era um levantamento, queria saber mais sobre eles, como casal, as condições financeiras e o ambiente onde a criança seria criada. Eles desejavam muito serem aceitos, por isso levavam tudo com muita seriedade. 

Após passarem por toda a parte burocrática, vieram as entrevistas pessoais. Essa foram um pouco mais complicadas, pois nem todos sabiam ou sequer se esforçavam para entender a situação de Kakashi e achavam que o fato dele se comunicar apenas por sinais seria um empecilho para ele cuidar de uma criança pequena. Ficaram realmente com medo de serem rejeitados apenas por isso. 

Porém, mais uma vez, Rin os ajudou, acompanhando as sessões individuais e em conjunto. Mais um passo que davam para garantir que estavam prontos para os desafios e responsabilidades que existiam ao criar uma criança.

Agora, após anos de espera, eles estavam apenas a um passo de formarem sua própria família.

No orfanato, eles conheceram as crianças, ouviram suas histórias e se emocionaram com a maioria delas, porém, tinham um sentimento que algo faltava. Kakashi e Iruka aguardavam a Nohara para mais informações quando foram abordados por uma criança loira, que deveria ter talvez uns 10 anos. 

— Oi, você gosta de lamén? Sabe, eu adoro, mas as tias da cozinha quase não fazem e não posso sair para ir comer.

Iruka o encarou com surpresa e diversão, por ver alguém tão animado e sem medo de aproximar-se. Olhou para o marido por alguns segundos, antes de voltar-se para a criança.

— Acredita que eu amo lamén e que Kakashi faz o melhor de todos? — respondeu quase como se fosse uma confidência, vendo os olhos azuis aumentarem de tamanho.

— Sério?

— Muito! Como você se chama?

— Eu sou Naruto Uzumaki e um dia eu serei um super chefe e terei meu próprio restaurante!

Iruka sorriu ainda mais, sentindo o marido apertar sua mão, chamando sua atenção. Ele também parecia encantado com o pequeno e nem precisava o ouvir para saber que falava sobre algo que gostava.

— Eu sou Iruka e esse é meu marido, Kakashi, é um prazer te conhecer — se apresentou, esticando a mão para Naruto, que a aceitou, repetindo o gesto com o homem de cabelos brancos, não deixando um detalhe passar e como criança, não tinha muito senso ou filtro para suas falas.

— Ele não fala? — perguntou direto e antes que Iruka pudesse responder, Rin apareceu.

— Ei, Naruto! Como você está? Kurenai estava te procurando, não tinha ninguém para ver hoje?

— Eu tinha, mas aquele homem lá tinha uma cara estranha, dava medo. Ai eu não fui. — respondeu com simplicidade.

— Naru….

— Eu sei tia Rin, mas… tenho certeza que eles não iram gostar de mim. Ninguém gosta, por isso ainda estou aqui.

Iruka e Kakashi tinham muitas perguntas sobre o pequeno e nem era preciso perguntar para saber que aquele pequeno, que antes tinha um olhar tão brilhante, agora havia esmorecido e parecia ter aceitado que viveria toda sua vida ali naquele lugar.

— Isso não é verdade, meu amor. Olha, vá até Kurenai e prometo que depois te trago um lamén, só não conte para a senhora Tsunade, ou ela vai brigar com nós dois — prometeu a mulher, ganhando um belo sorriso em troca.

— Tchau tia Rin, tchau tios — Naruto se despediu, correndo para a sala onde a outra mulher estava.

Quando os três ficaram sozinhos, o casal encarava a amiga com olhar questionador e a Nohara apenas riu, sabendo o que aquilo podia significar.

— Bom, aquele era Naruto… ele tem traumas, inseguranças, muitos pesadelos, por isso até hoje ninguém ficou com ele, as pessoas não querem ter que lidar com traumas que não são de suas responsabilidades. Mas ele é um garoto tão querido, cheio de vida e sonhos. Ele só precisa de alguém que o ame e o apoie.

Kakashi chamou a atenção de Iruka e de Rin e com sinais, pediu se ela podia contar mais sobre o garoto.

Nem era preciso que eles trocassem uma palavra para saber que aquele garotinho era tudo o que procuravam, sentiam aquilo desde o momento que ele aproximou-se e conversou com eles.

Não foi preciso pedir duas vezes, a mulher começou a contar mais sobre Naruto, em como ele perdeu os pais e como aquilo o deixou com alguns traumas, mesmo sendo tão pequeno quando tudo aconteceu. A cada palavra dita, a cada nova descoberta, Kakashi e Iruka tinham a certeza que o queriam como parte da família deles.

— Vocês têm certeza? — Rin perguntou, mesmo sabendo a resposta.

— Estamos pronto para isso, para ele — Kakashi respondeu, com sinais, deixando o marido emocionado, pois significava muito vindo dele. — Queremos ser a família que ele nunca teve e que ele merece.

— Se é assim, darei entrada na documentação para poderem começar a conviver com ele e o conhecer melhor.

 

𖣠 𖣠 𖣠 

 

Após mais alguns dias, Rin organizou visitas para ver como Kakashi e Iruka se saíam com Naruto. As visitas eram supervisionadas e foram essenciais para avaliar a adaptação de todos. O Hatake sentia que sempre ficavam mais de olho em si, queriam saber como ele agiria com Naruto e vice-versa.

Tanto Naruto quanto os candidatos a “papais” pareciam cada vez mais entrosados. Porém, tinha uma dúvida que rondava a mente infantil e em uma das conversas com a Rin, o pequeno expôs seus sentimentos em relação aos futuros pais, especialmente Kakashi.

Os dois se encontravam em uma sala, aguardando os próximos passos no processo de adoção. O Uzumaki parecia contar os dias para deixar aquele lugar. Sua ansiedade era visível, pois seus pequenos pés balançavam no ar sem parar. Quando ele olha para Rin, que sorri gentilmente para ele, decide que é hora de esclarecer suas dúvidas.

— Tia Rin, posso te perguntar uma coisa?

— Claro, Naruto. O que foi? 

O garoto pareceu hesitar um pouco antes de continuar, por isso respirou fundo, juntando toda coragem que tinha para falar.

— Por que o tio Kakashi nunca fala comigo? Ele nem olha direito pra mim… Ele não gostou de mim, né?

A mulher queria apertar as bochechas gordinhas e abraçar com força o menino, mas tinha que se manter profissional. E mesmo surpresa com a pergunta, não demorou a respondê-la. 

— Oh, Naruto! Não é isso. Não mesmo! O Kakashi… Ele gostou de você, sim. Ele só tem um jeito diferente de se comunicar.

Aquela resposta pareceu apenas confundir ainda mais o loirinho.

— Diferente? Como assim? Ele não fala a nossa língua?

— Kakashi tem alguns problemas auditivos, sabe? Ele não consegue ouvir direito e, por isso, não costuma falar como as outras pessoas. Ele usa Libras para se comunicar — a linguagem de sinais. — Rin explicou com calma, para que ele entendesse.

— O que é isso? Libras? — Naruto ficou curioso com aquela novidade e inclinou-se para frente, esperando ansioso por mais explicações.

— Libras é a linguagem brasileira de sinais. É uma forma de falar usando as mãos, os gestos. — Começou a explicar, mostrando as mãos. Kakashi cresceu usando Libras para conversar, e é assim que ele se comunica melhor. Talvez você não tenha notado, mas quando ele olha para as pessoas, ele observa as expressões e os sinais que elas fazem com as mãos.

Essa informação deixou Naruto pensativo, lembrando dos encontros que teve com Kakashi e Iruka e como eles sempre mexiam muito as mãos. Ele achava engraçado no começo, e para ele, mesmo que com essas poucas informações, era quase como um código secreto que somente eles podiam entender. 

— Então… é por isso que ele não fala comigo? Ele não consegue ouvir minhas perguntas?

Rin confirmou acenando com a cabeça.

— Exatamente. Ele te observa, Naruto, e quer ter certeza de que você está confortável. Mas ele não quer te pressionar a aprender algo novo de uma hora para outra.

O Uzumaki pulou da cadeira e se aproximou de Rin, com uma determinação que somente ele conseguia ter e um brilho nos olhos que deixava a mulher emocionada.

“Ah, Naruto, você encontrou mesmo sua família”, pensou.

— Eu quero aprender Libras! Quero poder falar com ele de um jeito que ele entenda. E... e quero fazer isso em segredo! Quero que seja uma surpresa para quando eu for embora com eles, oficialmente. Você sabe Libras? Pode me ensinar, tia Rin?

— Eu sei, meu querido, e claro que ensino! Vai ser uma surpresa maravilhosa. Tenho certeza de que ele vai ficar muito feliz, Naruto. — Rin concordou, ficando mais emocionada e sorrindo com ternura.

Se fosse possível, Naruto teria pulado de alegria, empolgado com a possibilidade de conversar com o homem.

— Então ‘tá combinado! Vamos começar logo! Quero poder falar “Oi, pai!” pra ele na hora certa!

Rin só pode rir e se animar junto ao Uzumaki.

— Vamos começar agora mesmo. E prometo, não contarei a nenhum deles, será nosso pequeno segredo, tá bom?

E assim os dias se seguiram, com Rin ensinando Libras a Naruto, que ficava focado em cada detalhe. Ela não o ensinou nada complexo, apenas coisas básicas e uma frase que ele pediu a ela. Uma que desejava dizer e que pudesse transmitir toda sua alegria. E Naruto prestava muita atenção também em Iruka quando estavam juntos, não queria fazer feio quando o momento chegasse.

Depois de mais algumas semanas, que pareciam uma eternidade tanto para Naruto quanto para Kakashi e Iruka, e após passar um período também com os dois, para saber se todos se dariam bem, veio finalmente a fase final: O parecer da assistente social e a decisão do juiz. Rin preparou um relatório detalhado, destacando o amor e a dedicação que via em Kakashi e Iruka. O juiz então tomou sua decisão.

No tribunal, Kakashi segurou firme a mão de Iruka, enquanto Naruto olhava nervosamente para o juiz, Inoichi Yamanaka.

— Após a análise, declaro que Kakashi Hatake e Iruka Senju estão aptos para adotar Naruto Uzumaki. Parabéns, vocês são oficialmente uma família.

Naruto sorriu amplamente, correndo para abraçar seus novos pais. Kakashi e Iruka o seguraram com força, enquanto Rin observava com um sorriso satisfeito. Além é claro dos tios babões, vulgo Obito, irmão de Iruka, e Deidara, junto aos avós que só faltavam alagar o local com tantas lágrimas Para eles, aquilo era apenas o começo de uma nova e emocionante jornada juntos.

Naruto se afastou um pouco dos pais, olhou para Rin que fez sinal de positivo para ele, deixando Kakashi e Iruka desconfiados. Se bem que já estavam há semanas, parecia que a mulher e o filho estavam aprontando algo.

— Tio… papai Iruka — se corrigiu apressadamente, agora podia o chamar assim sem medo. — Eu sei que o pai Kakashi não ouve e eu pedi para tia Rin me ensinar algumas coisas. Posso falar para ele? Se eu errar algo, me desculpe, não sou tão bom quanto você — pediu Naruto, sendo abraçado com força e beijado diversas vezes no rosto, fazendo todos rirem.

— Sei que será perfeito, pois você se dedicou, não foi? — Iruka perguntou e recebeu diversos acenos com a cabeça.

— Tia Rin me explicou certinho e eu ensaiei todos os dias.

Iruka fez sinal para Kakashi, dizendo que o filho queria dizer uma coisa e que havia aprendido Libras apenas para aquilo. Kakashi se apoiou em um joelho, para poder ficar de frente para Naruto e podia sentir seu nervosismo. Segurou suas pequenas mãos e as beijou, um pedido para ficar calmo. O loiro respirou profundamente, para enfim começar os sinais.

Ele fez o sinal de “Eu”, que é feito apontando para si com o dedo indicador. “Sou Naruto”, fez a sequência, com o nome sendo soletrando com o alfabeto manual, ele teria um sinal para si, Rin havia dito. Depois veio “Feliz”, que o sinal é feito com as duas abertas, movendo-as em círculos ascendentes à frente do corpo, expressando uma sensação de alegria.

Kakashi já sentia os olhos arderem apenas por esse começo, assim como Iruka.

“Escolhido” foi a próxima palavra, feita com a mão aberta e a outra mão com o indicador e o polegar juntos, como se estivesse “pegando” algo da mão aberta, que simbolizava a ação de selecionar ou escolher. A última palavra foi “pais”. O sinal para o pai foi feito com a pequena mão aberta, dedos juntos, tocando a testa com o polegar. Repetiu duas vezes, pois tinha dois pais. 

Para muitos, aquilo era gestos sem sentido, ou quem entendesse um pouco, poderia ser apenas palavras soltas. Mas para quem sabe e entende de Libras, sabe que a ordem dos sinais geralmente é mais direta, então a tradução aproximada do que Naruto disse, seria algo como:

“Eu — Naruto — feliz — escolhido — pais.”

Era simples, direta, preservando a simplicidade e fluidez da Libras, que tende a ser mais direta e menos detalhada em termos de gramática comparada com o português escrito ou falado.

A frase falada, com todas as letras seria:

— Eu sou Naruto e estou feliz por terem me escolhido, por serem meus pais.