O que há de errado comigo?

Naruto (Anime & Manga)
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O que há de errado comigo?
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Summary
Enquanto Konoha cresce e se expande após sua fundação, Tobirama enfrenta um conflito que se ergue tão vasto quanto a nova vila. Quando Izuna declara seu amor, ele se vê confrontado por sentimentos que não consegue retribuir da maneira esperada. Dividido entre o desejo de manter Izuna por perto e a incapacidade de corresponder à intensidade do amor do Uchiha, ele se questiona se existe algo de errado consigo.BFF ACN | IV Ciclo | Tema livre
Note
Chegando com mais uma fic para esse projeto lindo, que tenho maior orgulho!E dessa vez trazendo um Tobirama arrômantico, tentando se entender, entender porque se sente tão diferente. Se acaso tenha algo fora da arromanticidade, e forem corrigir, façam com educação e respeito, pois antes de escrever pesquisei para entender mais e trazer de uma forma que represente essa orientação.Capa linda foi feita pela @caprihorn que arrasou, entregou tudo!E a betagem pela @Razzinha que me deixa feliz com seus comentários e que traz a sensação de que não ficou ruim como sempre acho que está.Boa leitura!

Fanfic / Fanfiction O que há de errado comigo?

 

Há algo profundamente belo em um amor que não busca confirmação, que não se exige, mas se oferece de forma silenciosa e sincera.


 

A lua cheia iluminava Konoha, revelando uma vila em construção e sonhos inacabados que gradualmente se tornavam reais e não apenas um desejo inalcançável. Tobirama andava pelas ruas, cada passo ecoando em sua mente tão barulhenta quanto o martelar das obras. A frase ainda latejava em sua mente:  

— Eu te amo!

Quando o Senju escutou aquelas palavras, não soube como reagir e não teve outra atitude a não ser deixar aquele que o acompanhava sozinho, nu e desamparado. O olhar magoado e os belos olhos negros acumulavam lágrimas que ele se recusava a deixar cair. 

Vagou pelas ruas sem saber exatamente para onde ir na recém-criada Konoha, seus pensamentos uma completa bagunça. Sabia que deixou Izuna magoado com sua ação, mas o que poderia fazer? Fora pego desprevenido.

Era um choque que ele não sabia como processar. Sentia-se um covarde por deixar Izuna sozinho, vulnerável, em um momento tão íntimo, envolto em tantos sentimentos. Mas, mais do que isso, sentia-se perdido. Não conseguia devolver as palavras com a mesma convicção.

Quando chegou a um riacho, sentou-se na margem, olhando seu reflexo. Os olhos castanhos-avermelhados eram os mesmos: determinados, calculistas, frios. Mas dentro deles havia algo diferente agora.  

“Por que não consigo sentir isso que ele sente?”  

O toque de Izuna sempre o aquecia, e os encontros eram intensos, desejados. Tobirama sabia que era isso que o mantinha perto do Uchiha, mas as emoções que Izuna esperava dele nunca vinham. Ele gostava da presença de Izuna, da maneira como o outro ria ou provocava, mas o sentimento que o Uchiha chamava de amor parecia inalcançável.  

— Isso faz de mim uma pessoa ruim? — sussurrou para si próprio, como se as águas pudessem responder. Ele queria entender o que acontecia dentro do seu peito da forma como entendia o Suiton, como o executava sem nem precisar pensar. — O que tem de errado comigo? — questionou-se. 

Sempre acreditou que era alguém centrado, que não tinha dúvidas sobre quem era ou quem deveria ser, mas, com Izuna, tudo parecia ficar confuso e aquela incerteza o deixava atordoado e não gostava nem um pouco daquela sensação.

 

***

 

Izuna, por outro lado, permanecia no quarto, o vazio ao redor tão profundo quanto o que sentia no peito. As palavras que escaparam de seus lábios não tinham sido planejadas, mas eram verdadeiras. Ele sabia que Tobirama era diferente, fechado, mas acreditava que, com o tempo, aquele homem rígido permitiria que os sentimentos crescessem entre eles.  

Agora, sozinho, Izuna encarava a cama desfeita e a ausência que Tobirama deixara ao sair. Sentia-se exposto, como se suas emoções fossem uma fraqueza que o Senju não sabia como lidar. Talvez ele tivesse se precipitado, mas aquela estava longe de ser a primeira vez que ficavam juntos naquela cama.

O Uchiha tinha certeza dos seus sentimentos, do amor que nutria pelo Senju e precisaria entender o que aquilo significava para o outro. Talvez não fosse algo simples para alguém como Tobirama.

Talvez ele devesse dar um tempo, esperar tudo se acalmar, mas paciência não fazia parte do jeito de ser de qualquer Uchiha que se preze, e Izuna não era diferente. Por isso, levantou-se decidido, vestiu suas roupas com pressa e saiu de casa em busca do mais velho. 

As ruas estavam quietas, pois a noite já havia chegado e o único som que se fazia presente era o do riacho que cortava a vila. Não precisou focar no chakra de Tobirama para encontrá-lo, pois o homem se encontrava sentado à beira da água, a cabeça baixa, visivelmente perdido em pensamentos. Se fosse em outra época, que até parecia outra vida, seria o momento perfeito para um ataque, mas agora, a última coisa que Izuna pensava era em machucar aquele que amava, mesmo que tivesse sido magoado há alguns momentos.

— Então é isso? — Izuna falou, aproximando-se. — Você foge quando não sabe o que dizer? 

Tobirama ergueu o olhar, pego de surpresa pela presença do Uchiha. Não havia sequer percebido sua aproximação, nem seu chakra que estava agitado e também não fez questão de esconder sua presença. Por um momento, pensou em se justificar, mas percebeu que Izuna merecia mais do que desculpas vazias. Ele respirou fundo e disse:  

— Eu não sei como responder ao que você disse. Não sinto o mesmo que você… não da maneira que você espera.

Izuna esperava tudo, menos o que parecia uma rejeição e sentiu os olhos arderem, não queria parecer ainda mais fraco e impotente diante do outro. Cruzou os braços, tentando parecer indiferente, mas sua voz tremia quando finalmente falou:

— E o que você sente, então? Porque o jeito que você me olha, o jeito que me toca… não é vazio, Tobirama. Não pode ser. Você… não brincaria comigo dessa forma… Não poderia… 

Tobirama desviou o olhar para a água novamente, sentindo a pressão aumentar.  

— Eu gosto de você, Izuna. Gosto do que temos. Mas esse amor que você descreve, esse desejo de se conectar além do físico… eu não entendo. Não é algo que sinto. Isso faz de mim alguém insensível? 

Izuna ficou em silêncio, absorvendo aquelas palavras. Era frustrante, mas, ao mesmo tempo, fazia sentido. Tobirama nunca prometeu algo que não podia oferecer. Ele era honesto, mesmo que isso doesse.  

— Você está dizendo que nunca vai me amar? — Izuna perguntou, a voz quase um sussurro.  

— Não Izuna, não da maneira que você quer — Tobirama admitiu. — Mas isso não significa que eu não me importe. Eu me importo, Izu, só… de forma diferente. Eu estou tentando entender isso. Tentando entender a mim mesmo.  

Izuna suspirou, sentando-se ao lado de Tobirama, não se importando mais com as lágrimas finas que molhavam sua bochecha.  

— Eu não sei se consigo viver com algo diferente do que eu espero, Tobirama. Mas talvez… talvez seja uma questão de encontrar um meio-termo. Se eu puder aceitar o que você é, você consegue fazer o mesmo por mim? 

Tobirama o encarou, surpreso pela proposta. Ele sabia que Izuna estava oferecendo algo precioso: paciência.  

— Eu não quero magoá-lo — declarou com sinceridade.  

— E eu não quero forçá-lo a algo que você não é — Izuna respondeu. — Mas isso só vai funcionar se ambos forem honestos. Então, seja honesto comigo, Tobirama. Sempre.  

Tobirama assentiu. Não tinha todas as respostas, mas estava disposto a encontrá-las. Talvez, com o tempo, ele pudesse encontrar uma maneira de se conectar com Izuna sem quebrar quem ele era.  Mas a incerteza, o medo de machucar a ambos, deixava tudo complicado.

— Não quero te prender, não quero que se prenda a um “talvez” que nem sabemos se irá acontecer. Você é importante para mim, óbvio que sim, mas se ficarmos juntos, você sempre vai esperar que isso mude. Pode negar e dizer que não agora, mas toda vez que estivermos juntos numa cama, numa casa, num passeio, em qualquer lugar, você vai querer as palavras que me disse hoje e vai esperar que as mesmas saiam da minha boca. Você verá nossos irmãos declarando esse sentimento a todo momento e vai ansiar pelo mesmo e isso vai te quebrar e vai transformar esse amor em outra coisa. Não quero seu ódio novamente.

— Tobirama… 

— Eu queria poder te dar tudo o que merece, Izuna. Mas o que tenho, nunca será o suficiente. 

— Vai ser, apenas fique ao meu lado.

— Você é teimoso, não é? Eu não vou te colocar numa prisão. Seja livre, e se encontrar alguém que lhe dê o que merece, aproveite sem medo, se jogue, Uchiha, seja feliz. Eu ficarei feliz por você e torcerei todos os dias para que alguém seja digno de você, que mereça tudo o que tem a oferecer. Pois eu não posso, Izuna.

O Senju deixou o Uchiha abraçá-lo e, mesmo que sentisse um incômodo por ser o causador daquelas lágrimas que agora molhavam sua camisa, ele ainda as preferia naquele momento do que se fossem derramadas num futuro, onde o carinho, respeito e o amor que ele sentia, não existissem mais.

Naquela noite, assim que Izuna dormiu em seus braços, Tobirama desejou poder sentir o mesmo. Quando o colocou em sua cama, deixou um último beijo em seus cabelos e, em seguida, um selar nos lábios pequenos.

Quem sabe, um dia, ele compreenderia a fundo o que havia de errado consigo. Ou talvez ele descobrisse que não tinha nada de errado consigo, pois ser daquela forma era parte do seu ser e, se não esperassem aquele sentimento ou afeto em troca, que o aceitassem plenamente, ele poderia encontrar a sua felicidade.