Amor Guardado

Naruto (Anime & Manga)
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Amor Guardado
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Summary
Iruka guardou por muito tempo um amor que não sabia como dar, como demonstrar. A cada dia que passava, a cada interação com Kakashi, ele aumentava, transbordava em seu peito que, por vezes, chegava a doer, então ele se viu sem saída; precisava colocar para fora tudo o que sentia antes que se afogasse nos próprios sentimentos. E para expressar o que sentia, nada melhor que uma canção. Às vezes, tudo que precisa dizer, está nos versos das canções. Desafio "Se Vira" | Inspirado na música 🎵 “Pra Você Guardei o Amor” — Nando Reis feat. Ana Cañas | KakaIru
Note
Uma hora atualizo as fics que faltam, enquanto isso, trazemos mais fics cheias de amor...Precisando escrever um angst para equilibrar as coisas aqui...Mais uma fic para o @ACNProject para o Desafio do Capitão Yamato, que era escrever algo inspirado em uma determinada canção e a escolhida para esse casal que amo só um pouquinho foi 🎵 “Pra Você Guardei o Amor” — Nando Reis feat. Ana Cañas.Capa perfeita foi feita pela minha linda, maravilhosa, gostosa, delicia... tá parei... @GlayceUzumakikenA betagem ficou por conta do meu lindu, cheiroso, maravilhoso, que tenho um carinho imenso @ImmorqlzAvaliação tbm ficou com a @GlayceUzumakiken (somos Kage mas tbm seguimos as regras...)Muita falação, bora para leitura!!

Fanfic / Fanfiction Amor Guardado

 

Era fim de outono em Konoha. As folhas das árvores pintavam as ruas com tons alaranjados e marrons, enquanto o ar fresco anunciava a chegada do inverno. No entanto, na casa de Iruka, a noite estava aquecida pelo som suave de um violão e pela intimidade silenciosa de duas almas que, por tanto tempo, se buscavam sem saber.

Iruka estava sentado em uma poltrona baixa, com o violão repousando em seu colo. A luz amarelada do abajur iluminava suavemente seu rosto, revelando um semblante concentrado e, ao mesmo tempo, sereno. Ele ajustava as cordas do instrumento, ensaiando uma melodia que parecia carregada de muito significado.

Kakashi, que observava Iruka do sofá, manteve-se em silêncio. Seus olhos, desprovidos da habitual barreira da máscara, estavam fixos no outro homem, carregando um misto de curiosidade, serenidade e algo que ele sempre teve dificuldade em expressar: afeto.

— Você parece pensativo hoje — comentou Kakashi, com a voz baixa e rouca, como se temesse quebrar o encanto do momento.

Iruka ergueu os olhos, um sorriso pequeno curvando seus lábios. Era um sorriso que dizia mais do que mil palavras, um sorriso que sempre deixava Kakashi fascinado.

— Estava pensando em como a música tem o poder de dizer o que a gente não consegue — respondeu Iruka, acariciando as cordas do violão com os dedos.

— E você tem algo que gostaria de dizer, mas não consegue?

— Sim..

— Então, por que não me mostra? Você mesmo já me falou que, às vezes, a música é todas as palavras que precisamos.

Iruka hesitou por um instante. O pedido era simples, mas carregava um peso que ele ainda estava reunindo coragem para sustentar. Respirando fundo, começou a tocar.

 

"Pra você guardei o amor, que nunca soube dar…

 

Sua voz era suave, mas carregada de emoção. Iruka não olhava diretamente para Kakashi; parecia que cada palavra da música era íntima demais, algo que ele precisava reunir forças para expor. "O amor que tive e vi sem me deixar..."

Kakashi permaneceu imóvel. Não esperava que aquelas palavras tivessem um impacto tão grande dentro de si. Era como se o outro rapaz estivesse removendo uma máscara invisível, revelando algo que ele sempre quis ver, mas nunca teve coragem de pedir.

Quando Iruka chegou ao verso: “Pra você guardei o amor que sempre quis mostrar”, ergueu os olhos e encontrou os de Kakashi.

O silêncio que se seguiu foi denso, mas ao mesmo tempo leve, como o alívio de um segredo finalmente revelado.

— Essa música… — Kakashi começou, mas sua voz falhou. Ele respirou fundo antes de continuar. — É linda, essa letra… Tem muito mais por trás, não é?

Iruka colocou o violão de lado e se inclinou para frente.

— Não é só sobre a música. É sobre o que eu sinto. Eu guardei esse amor porque nunca soube se você estava pronto… se eu estava pronto.

Kakashi desviou o olhar, seus dedos acariciando distraidamente o braço do sofá.

— Eu nunca fui bom com essas coisas. Sempre me escondi atrás do trabalho, de desculpas… e da minha máscara. Mas você me vê. Sempre me viu.

Iruka estendeu a mão e tocou levemente o rosto de Kakashi, que hesitou antes de, finalmente, tirar a máscara. Não era só o ato físico de removê-la; era simbólico, como se estivesse permitindo que Iruka visse além das barreiras que ele mesmo construiu.

— Não precisa dizer nada agora — disse Iruka, com um sorriso compreensivo. — Só queria que você soubesse como me sinto.

Kakashi, porém, sentiu que precisava dizer algo.

— Eu quero falar. — Sua voz era firme. — Eu sempre soube que você era especial. Mas tive medo. Medo de que, se deixasse você entrar, visse todas as minhas falhas, todos os meus defeitos. Que me visse como o monstro que sou.

O Umino sabia ao que o amigo falava, ele conhecia o seu passado, a culpa que carregava desde o dia que um fatídico acidente tirou seus dois amigos, aqueles que o Hatake considerava família. Ele esteve ao lado do albino durante os piores momentos, viu o quanto ele se afundou, se isolou, mas lentamente, um dia de cada vez,  foi emergindo, saindo das profundezas que sua mente o levava. Ele guardou em seu peito diversos sentimentos, que iam da amizade ao mais puro amor e entregaria a Kakashi o que ele precisasse.

Ao fim, Iruka completou a linha da música, sorrindo:

— E, mesmo assim, guardei o amor...

Com um sorriso discreto, Kakashi surpreendeu Iruka ao puxá-lo para um abraço.

— Obrigado por guardar isso para mim. E por não desistir.

O abraço durou mais tempo do que o habitual, como se Kakashi temesse que, ao soltar Iruka, a ligação entre eles se dissipasse. Sentir o calor do corpo de Iruka tão próximo fez seu coração bater descompassado, mas ele não recuou.

Iruka se afastou levemente, o suficiente para encarar Kakashi nos olhos.

— Você sempre se escondeu, se afastou, se isolou, mas sabemos que sou teimoso e esperei uma brecha para entrar, para te mostrar que ainda tinha luz no fim do túnel. Nunca quis que fosse perfeito, um amor de livros ou filmes, só queria que fosse você. Com você e para você.

As palavras carregavam uma simplicidade desarmante. Kakashi, sem saber como responder, deixou que seus olhos falassem. Havia tristeza, esperança e, acima de tudo, amor.

Iruka pegou o violão novamente e começou a tocar outra melodia.

 

“Vou nascer de novo...”

 

— É isso que você me faz sentir, Iruka — murmurou Kakashi entre um verso e outro que a voz suave do rapaz cantava. — Como se eu pudesse recomeçar, como se houvesse algo além das cicatrizes que carregamos.

Kakashi fechou os olhos, absorvendo cada nota e cada palavra. Ele sabia que Iruka falava mais do que a música. Falava de recomeços.

Quando a canção terminou, o silêncio se instalou novamente. Mas, dessa vez, não era desconfortável. Antes que Iruka pudesse dizer qualquer coisa, Kakashi o surpreendeu segurando seu rosto entre as mãos e o beijando.

O beijo foi terno e intenso, carregado de sentimentos não ditos. Kakashi sentiu o mundo girar, mas, pela primeira vez, não estava fugindo. Estava se entregando.

Quando os lábios se separaram, Iruka riu baixo, um som leve que aqueceu o coração de Kakashi.

— Finalmente tirou a máscara por completo — provocou Iruka, acariciando o rosto dele.

Kakashi sorriu.

— E você? Vai parar de esconder o que sente?

— Não quero mais guardar nada. Tudo que eu tenho... é seu.

Kakashi segurou a mão de Iruka, entrelaçando os dedos.

— Então, vamos juntos. Sem medo. Sem segredos.

O silêncio entre eles não era vazio — pelo contrário, estava repleto de promessas não ditas, de emoções que antes eram apenas sussurradas no fundo de seus corações. Kakashi deslizou os dedos pelo rosto de Iruka, como se quisesse memorizar cada detalhe.

— Você sabe... — começou, com a voz baixa e rouca, ainda marcada pela emoção do momento — que eu sempre me escondi. Mas, com você, não quero mais máscaras. Não quero mais muros.

Iruka sorriu suavemente, seus olhos brilhando com um misto de alívio e esperança.

— Eu sempre soube que, por trás das suas barreiras, havia alguém que eu queria conhecer por inteiro. — Ele entrelaçou os dedos aos de Kakashi, apertando de leve. — "Pra você guardei o amor que aprendi vendo meus pais...", mas eu demorei a perceber que o amor que eu queria mostrar... era só seu.

Kakashi puxou Iruka para mais perto, envolvendo-o em um abraço firme. O calor daquele toque dissipava qualquer sombra de dúvida ou medo.

— “E descobri o que é amar sem ter medo de errar...” — murmurou Kakashi, completando o verso com um sorriso tímido. — Eu errei tantas vezes... comigo, com as pessoas ao meu redor. Mas você me ensinou a não ter medo de tentar.

Iruka se afastou apenas o suficiente para encarar Kakashi novamente. Seus olhos estavam marejados, mas seu sorriso permanecia firme.

— Então, vamos começar de novo? — perguntou Iruka, sua voz carregada de uma vulnerabilidade que ele não temia mais expor. — Vamos amar sem reservas, sem esconder quem somos?

Kakashi assentiu.

— Vamos, porque "pra você guardei o amor que sempre quis mostrar...".

Eles se beijaram novamente — um beijo doce, repleto de significados. Não era apenas um beijo; era uma promessa de que, a partir daquele momento, eles seriam livres para ser quem eram. Livres para amar.

Iruka encostou a testa na de Kakashi, fechando os olhos por um instante.

— Eu guardei tanto, Kakashi. Guardar me machucava, mas eu não sabia como deixar sair... — Ele respirou fundo, como se estivesse finalmente se libertando. — Mas agora eu sei. Sei que estou pronto.

Kakashi sorriu.

— E eu guardei o meu amor por medo. Por receio de ser rejeitado. De não ser suficiente. — Segurou o rosto de Iruka, olhando fundo nos olhos dele. — Mas, com você, eu não preciso ser perfeito. Preciso apenas ser eu.

Iruka balançou a cabeça lentamente, um sorriso sincero se formando em seus lábios.

— Você sempre foi suficiente, Kakashi. Sempre.

O violão esquecido no canto do cômodo parecia ainda ecoar a melodia da canção que uniu seus corações naquela noite. Mas, agora, as palavras não precisavam mais ser cantadas — elas viviam neles, em cada gesto, em cada toque, em cada olhar.

Kakashi puxou Iruka pela mão, conduzindo-o até o sofá. Sentaram-se lado a lado, os corpos relaxados, mas as almas em ebulição.

— "Vou nascer de novo..." — Sussurrou Iruka, encostando a cabeça no ombro de Kakashi. — É assim que eu me sinto. Como se estivesse renascendo, deixando para trás tudo o que me impedia de ser feliz.

Kakashi beijou o topo da cabeça de Iruka, fechando os olhos enquanto permitia que aquela sensação de paz e pertencimento tomasse conta de si.

 "Pra você, guardei o amor..." — Kakashi murmurou, entrelaçando seus dedos aos de Iruka novamente. — E agora... ele é todo seu.

Iruka sorriu.

— E o meu... é todo seu.

Naquela noite, a música que tocava em seus corações transformou-se em uma promessa inquebrável de amor verdadeiro.

Eles estavam prontos. Prontos para viver. Prontos para amar.

Prontos para serem, enfim, felizes.