Separados, mas sempre juntos

Naruto (Anime & Manga)
M/M
G
Separados, mas sempre juntos
author
author
Summary
Kakashi e Iruka eram ninjas experientes e acostumados a realizar missões dentro e fora da Anbu. Juntos, eles formavam uma equipe formidável, para se dizer o mínimo, com um vínculo inquebrável que perdura anos. No entanto, suas vidas mudam quando são enviados em missões críticas e urgentes para locais distintos, sem possibilidade de comunicação.Separados pela primeira vez em muito tempo, ambos lutam para se concentrar em suas tarefas enquanto são assombrados pelas memórias dos momentos compartilhados e pelas oportunidades perdidas de confessar seus sentimentos, restando apenas o consolo das lembranças da amizade, ou algo a mais que isso, que os une. A ausência apenas fortalece seus sentimentos, e a saudade se transforma em uma determinação renovada de não deixar mais oportunidades escaparem.Eles precisam se manter firmes e fazer todo o possível para retornar para Konoha com vida, pois perceberam que existem assuntos que não podem ser deixados para outra oportunidade.KakaIru Valentine’s Week 2025 | Dia 2 (9 de fevereiro): Pining mútuo/Admirador secreto
Note
Chegando com o segundo dia da KakaIru Valentines Week e adorei o resultado final dessa história.Agradeço imensamente a staff do @ACNProject por todo apoio, carinho e por aguentar os surtos dos ficwrites...E também ao beta @Immorqlz que surta um pouco durante as betagens e deixa comentários que fico toda boba... (apesar de as vzs ter algumas ameaças a minha integridade física)Ao @Moonshine1024 por avaliar plot e a fanfic e não ter medo das fics enormes que aparecem...Boa leitura!

O sol se levantava timidamente sobre Konoha, iluminando a aldeia com uma luz suave e dourada. Kakashi e Iruka, ambos jounnins experientes, que formam dupla dentro e fora da Anbu, estavam acostumados a realizar missões juntos. Eles eram uma equipe formidável, completa e mortífera, acumulando mais mortes do que poderiam contar. Não se orgulhavam necessariamente daquele fato, mas acreditavam que tudo o que faziam era para manter a paz e os moradores da vila em segurança. Eles complementam perfeitamente as habilidades um do outro e criaram um vínculo inquebrável ao longo dos anos. A habilidade de Iruka com o Suiton, junto à maestria de Kakashi com Raiton, os tornavam precisos e letais e com riscos mínimos de ferir um ao outro ou ambos em um ataque.

Entretanto, naquele dia, a Hokage Tsunade tinha um plano diferente para a dupla. Não a agradava  os separar, mas ter seus dois melhores ninjas em duas missões significa chance de sucesso em dobro ao mesmo tempo. Se pudesse, os enviaria nas duas missões, mas a situação era crítica, tornando tudo urgente, e exigiam que eles fossem enviados para locais distintos. Nas raras vezes que eram enviados em missões separadas, ainda conseguiam se comunicar, mas daquela vez, o sigilo era parte crucial para que tudo ocorresse dentro do esperado e que não houvesse baixa em nenhuma delas. Pela primeira vez em anos, Kakashi e Iruka estariam sem possibilidade de comunicação, e isso os deixava mais apreensivos que a própria missão. 

Iruka partiria em uma missão secreta nas montanhas longínquas cobertas de névoa e de difícil acesso de Kirigakure, mas sua habilidade de eco-localização, quase uma kekkei-genkai, ou algo que lembrava os ninjas sensoriais como Tobirama, o tornava perfeito para a situação. Enquanto isso, Kakashi seria enviado para uma operação clandestina em Ishigakure, uma vila localizada no País dos Pássaros, com direito a um castelo ninja. O país tornou-se conhecido devido aos diversos terroristas possuidores de diversas kekkei-genkai que pertenciam a essa vila. Tinha poucas informações sobre quais eram ou quantos. A notícia os pegou de surpresa, e um sentimento de vazio começou a se instalar em seus corações.

Enquanto Kakashi ajustava sua máscara e preparava seu equipamento, não conseguia deixar de pensar em Iruka. A lembrança do sorriso caloroso e do olhar encorajador do amigo parecia ecoar em sua mente. Ele sabia que essas missões eram necessárias, mas a ausência de Iruka era algo que pesava em seu coração mais do que ele gostaria de admitir. Houve tantas vezes em que quis confessar seus sentimentos, mas sempre deixava para depois, acreditando que teria tempo.

Do outro lado da vila, Iruka também se preparava, tentando se concentrar nas tarefas à frente. Mas sua mente constantemente voltava para Kakashi. As noites que passaram discutindo estratégias, os momentos compartilhados em silêncio confortável, tudo parecia tão distante agora. A preocupação com a segurança de Kakashi misturava-se ao desejo de estar ao seu lado. Ele também havia sentido a mesma vontade de expressar seu amor, mas sempre hesitava, esperando o momento perfeito que nunca parecia chegar.

Enquanto o céu tomava tons suaves do amanhecer, Kakashi e Iruka estavam lado a lado no portão de Konoha, aguardando a chegada das equipes que os acompanhariam em direções opostas. Nenhum dos dois parecia disposto a quebrar o silêncio que os envolvia, como se as palavras pudessem tornar a despedida ainda mais difícil.

— Parece que Tsunade-sama nos separou dessa vez — Iruka comentou, sua voz serena escondendo o peso em seu peito.

— É... Mas eu diria que é só temporário — Kakashi respondeu, seu tom despreocupado tentando mascarar o que realmente sentia. — Logo estaremos juntos novamente…

O olhar de Iruka encontrou o de Kakashi, e naquele instante, nenhum dos dois conseguiu desviar. Era como se estivessem buscando algo que as palavras não podiam expressar. Por alguns segundos, eles ficaram assim, em um silêncio que dizia mais do que qualquer conversa longa seria capaz.

— Cuide-se, Kakashi. Não faça nada imprudente — Iruka disse, o tom firme, mas os olhos suavizando o peso da frase.

Kakashi inclinou a cabeça ligeiramente, com um sorriso quase imperceptível sob a máscara.

— Você também, Iruka. Não há ninguém que eu confie mais para lidar com uma missão como essa.

Houve uma pausa. Iruka abriu a boca, mas hesitou. Kakashi percebeu, e por um momento, seu coração acelerou. Ele também queria falar, dizer algo que fosse além de conselhos de missão, algo que carregava há anos.

— Kakashi... — Iruka começou, sua voz quase um sussurro. — Volte inteiro. E rápido.

Kakashi não respondeu de imediato, mas deu um passo à frente. Seus dedos roçaram o ombro de Iruka, um toque tão sutil que parecia um sonho. Ele abaixou a cabeça até estar próximo o suficiente para falar baixo, de forma que apenas Iruka pudesse ouvir:

— Sempre volto, porque tenho uma razão para isso.

Iruka não conseguiu responder, o peso daquelas palavras o deixaram sem fôlego. Antes que pudesse reunir coragem para dizer algo mais, os companheiros de missão chegaram. Anko e Genma, que acompanhariam o Umino, trocaram um sorriso cúmplice ao vê-los tão perto, esperando para ver quanto tempo conseguiriam negar que havia algo entre eles. Já Tenzou e Asuma, que acompanhariam o Hatake, desejavam que o mascarado não se distraísse durante a missão, mesmo sabendo que era difícil, pois entrava em modo soldado quando deixava os portões da vila. Os recém-chegados nada disseram, apenas os apressaram para partir. Com uma última troca de olhares, intensa e cheia de significados não ditos, ambos seguiram seus caminhos.

 

↱↰

 

O caminho até Kirigakure para a missão definida por Tsunade levou quase três dias, e durante todo o caminho, o trio apenas trocou informações sobre a missão, definindo o plano de ação

O objetivo da missão não era complicado, eles precisavam infiltrar-se em uma fortaleza escondida nas montanhas de Kirigakure para desativar um mecanismo de defesa que estava bloqueando a entrada de reforços aliados na área.  

As montanhas de Kirigakure eram traiçoeiras, cobertas por uma névoa tão densa que parecia viva. Cada passo parecia um convite ao perigo, com armadilhas escondidas e a constante sensação de estar sendo observado. Iruka liderava o grupo, sua habilidade de eco-localização sendo crucial para evitar emboscadas e encontrar o caminho certo.  

— Iruka, tem certeza de que estamos no caminho certo? — Anko perguntou, estreitando os olhos na tentativa inútil de enxergar mais além.  

— Absoluta — respondeu, fechando os olhos por um instante e concentrando-se. O som da água corrente e dos ventos nas montanhas o guiava. — Há uma passagem oculta logo à frente, mas precisamos ser rápidos.  

Enquanto avançavam, encontraram resistência. Três inimigos surgiram do nada, utilizando jutsus baseados em névoa e ilusões. O combate foi intenso, mas Iruka e Genma formaram uma dupla sincronizada, enquanto Anko, com sua cobra gigante, controlava o terreno.  

Após o embate que os deixou exaustos, Iruka e sua equipe encontraram um pequeno santuário abandonado para descansar no litoral enevoado. Próximo da Vila, Genma estava verificando os suprimentos enquanto Anko trabalhava em suas ferramentas, todos exaustos após a batalha. Iruka, porém, parecia distante, se permitindo deixar a mente voar em lembranças que, apesar de aquecerem seu coração, o deixavam um pouco ansioso para voltar para casa.

— Você está estranho hoje, Iruka. Mais pensativo do que o normal.  

Anko, ocupada afiando sua kunai, olhou de soslaio.  

— É o Kakashi, não é? — ela perguntou, direta como sempre.  

Iruka corou levemente, mas não tentou negar.  

— Estou preocupado, só isso. É a primeira vez que não temos como nos comunicar... Eu... — Ele suspirou. — Ele é importante para mim. Mais do que eu consigo colocar em palavras.  

Anko soltou uma risada curta, mas sem zombaria. Deixaria as provocações para quando voltassem para Konoha.  

— Todo mundo sabe disso, Iruka. Só vocês dois fingem que não.  

Genma acenou com a cabeça, concordando.  

— Confesse seus sentimentos logo quando voltar. Não sabemos o que vai acontecer amanhã.  

Iruka ficou em silêncio, mas as palavras deles ecoaram em sua mente enquanto se preparavam para o próximo movimento. Mais uma vez, o Umino ficou em seu próprio mundo, deixando a névoa ao redor trazer mais memórias à tona.

O ninja foi levado até o dia em que ele e Kakashi haviam praticado Suiton e Raiton juntos em um lago próximo à floresta de Konoha. Kakashi havia feito um comentário sobre como os dois elementos combinavam bem, quase como eles mesmos. Iruka havia rido, mas depois ficou pensando nas palavras. Naquele dia, Kakashi havia ficado ao seu lado, oferecendo dicas e elogios, algo que poucos faziam por ele. Talvez tenha sido ali, naquele momento, que o que sentia pelo amigo começou a mudar.

Então, outra memória surgiu. Era um dia em que Iruka, após horas corrigindo relatórios, havia desabado no chão da sala, completamente exausto. Kakashi apareceu do nada, oferecendo uma xícara de chá. Não era nada elaborado, apenas chá simples, mas o gesto aqueceu mais que a bebida. Eles não falaram muito naquela noite, apenas compartilharam o silêncio, algo que Iruka só sentia confortável ao lado de Kakashi.

Ele fechou os olhos e encostou a cabeça na parede fria do santuário. Aqueles momentos, que poderiam parecer banal para outros, eram a base de algo muito maior entre eles. Era ali que ele encontrava significado: na gentileza, na parceria e no silêncio que falava mais que palavras.

 

↱↰

 

Em Ishigakure, Kakashi, Tenzou e Asuma precisavam neutralizar um grupo de nukenins que planejavam atacar Konoha com armas criadas a partir de kekkei-genkais roubadas de outras vilas. 

O caminho até Ishigakure estava cheio de armadilhas. Kakashi, com sua experiência, liderava o grupo, mas sabia que o verdadeiro desafio seria dentro do castelo ninja, onde os renegados se escondiam.  

— Estamos sendo seguidos — Tenzou informou, enquanto moldava madeira ao redor para criar barreiras de proteção.  

— Deixe comigo — Asuma respondeu, ativando suas lâminas de chakra.  

Os seguidores eram rápidos e habilidosos, mas com a combinação de Tenzou bloqueando os movimentos, Asuma atacando diretamente e Kakashi utilizando o Sharingan para antecipar seus movimentos resultou em uma vitória rápida, embora exaustiva.  

Quando finalmente encontraram um local seguro para descansar, a noite havia caído sobre as montanhas do País dos Pássaros, e o pequeno grupo de ninjas encontrou refúgio em uma cabana abandonada, protegida por barreiras de chakra colocadas por Tenzou. Enquanto se recuperavam, com Asuma e Tenzou trocando provocações pelo fato do Sarutobi ter acendido um cigarro no pequeno ambiente compartilhado, Kakashi permaneceu sentado perto do fogo, perdido em pensamentos.

— Kakashi, você está mais quieto do que o normal. Pensando em alguém? — Asuma perguntou, soltando uma baforada de fumaça.  

Tenzou riu baixinho.  

— Ele só pensa em uma pessoa. Aposto que é o Iruka.  

Kakashi suspirou, mas não negou.  

— Ele é... mais do que um amigo para mim — admitiu, surpreendendo ambos. — Mas sempre deixei para depois. Agora, penso se terei essa chance novamente.  

Asuma olhou para ele, sério pela primeira vez.  

— Você sabe como a vida ninja é. Não deixe para amanhã o que pode dizer hoje.  

Tenzou colocou a mão no ombro de Kakashi, oferecendo um raro sorriso tranquilizador.  

— Iruka está bem. Aposto que ele está pensando o mesmo sobre você agora.  

Kakashi assentiu, o peso das palavras deles ficou com ele enquanto planejavam o ataque final, mas as lembranças de Iruka ainda preenchiam sua mente, como um farol em meio à escuridão. 

Ele se lembrou de uma noite chuvosa em Konoha, quando haviam ficado presos na biblioteca ninja durante uma tempestade. Não havia missões naquele dia, apenas silêncio e a companhia um do outro. Eles haviam discutido sobre os livros que estavam lendo — quando Iruka descobriu que Kakashi lia outra coisa além dos Icha-Icha —, trocando comentários e risadas abafadas enquanto o som da chuva preenchia o ambiente.

Era um momento simples, mas a intimidade que sentiu ao vê-lo tão à vontade, com os cabelos molhados e um sorriso tranquilo no rosto, era algo que nunca havia experimentado antes com ninguém.

Tão íntimo quanto uma manhã preguiçosa que compartilhavam após uma missão difícil. Eles haviam dividido uma tigela de ramen enquanto assistiam o nascer do sol no terraço da Organização. Kakashi nunca tinha ligado para o nascer do sol antes daquele dia, mas, ao lado de Iruka, a simplicidade daquele momento parecia extraordinária.

Ele suspirou e olhou para o céu estrelado através da janela aberta. Como algo tão simples poderia significar tanto? Por que ele só percebia isso agora, quando estavam separados?

Após o breve descanso e se recuperarem do primeiro embate que tiveram, a equipe de Iruka encontrou o mecanismo de defesa, mas estava fortemente guardado por ninjas de Kirigakure que utilizavam armadilhas baseadas em névoa e ilusões. 

Com essa nova informação, eles tiveram que esperar mais alguns dias, estudar a entrada, analisar seus adversários e traçar o melhor plano de ação para que não houvesse baixas e os ferimentos fossem o mínimos possíveis.

A missão, que deveria ser completada em duas semanas, acabou sofrendo um atraso de quase sete dias. Todos estavam acostumados com aqueles imprevistos, mas Iruka sentia o peito pesar, como se a sombra de algo ruim o cercasse. Não podia dar ouvidos àquilo, precisava focar em manter a si e os companheiros vivos.

Após alguns dias de observação, a equipe de Iruka conseguiu localizar o mecanismo de defesa, mas a luta final foi mais feroz do que esperavam. O grupo foi emboscado por um ninja de Kirigakure que utilizava técnicas avançadas de Suiton combinadas com genjutsus mortais. Iruka, guiado por sua determinação de voltar para Konoha — e para Kakashi —, utilizou seus jutsu de Suiton que nunca havia tentado antes, criando uma onda que desarmou as armadilhas para ajudar Anko, que havia sido ferida mas continuava a lutar, ambos abrindo caminho para que Genma desbloqueasse o mecanismo e eles pudessem avançar. 

No entanto, enquanto Iruka auxiliava Genma a desativar o mecanismo, outro oponente surgiu das sombras, atingindo-o com uma lâmina envenenada. Apesar da dor excruciante, ele tentou ao máximo se manter em pé, não podia se render quando quase tudo estava acabado e poderiam retornar para a Vila da Folha. 

Tentou um último jutsu para criar uma distração para poderem escapar, mas seu corpo mal respondia. Todavia, juntou toda sua força e conseguiu um jutsu final, uma espécie de barreira protetora que permitiu a fuga de sua equipe. 

Assim que se viram distante do local, o Umino não tinha mais forças para seguir, e a última coisa que ouviu e viu foram os companheiros vindo em sua direção.

— Iruka! — gritou Anko, correndo para ajudá-lo.

Genma o segurou antes que ele caísse no chão.

— Ele está envenenado. Precisamos sair daqui agora!

A equipe conseguiu escapar, mas o veneno se espalhou rapidamente. Iruka estava entre a vida e a morte enquanto Anko e Genma se revezavam para mantê-lo consciente e afastar os inimigos que os perseguiam. A viagem que normalmente levaria mais de três dias, a equipe fez em pouco mais de dois, levando todos à exaustão. Eles finalmente retornaram à Konoha, embora  Iruka estivesse gravemente enfraquecido.

 

↱↰

 

Após uma noite de descanso para dois dos três ninjas, finalmente chegaram ao  castelo de Ishigakure. Eles estavam um pouco ansiosos para aquilo, cada um desejando finalizar aquela missão o mais rápido possível para poderem retornar para casa.

O castelo ninja era uma fortaleza imponente, com torres altas e corredores sinuosos que pareciam desenhados para confundir os invasores. Kakashi, Asuma e Tenzou haviam conseguido passar pela maioria dos guardas sem serem detectados, mas agora estavam no coração do inimigo, onde o líder do grupo terrorista os aguardava.

A sala principal era ampla, com paredes de pedra negra e tochas que lançavam sombras dançantes no ambiente. O homem que se ergueu do trono improvisado no centro tinha uma presença intimidadora. Seus olhos brilhavam com uma crueldade calculada, e sua habilidade kekkei-genkai era evidente: magma começava a escorrer de suas mãos, queimando o chão ao seu redor.  

— Esse será o túmulo de vocês, ninjas da Folha — declarou o líder, sua voz grave reverberando pelas paredes de pedra.

Kakashi ativou o Sharingan, avaliando o terreno.  

— Tenzou, controle as saídas. Asuma, cerque-o. Vamos acabar com isso rápido.  

O líder não deu tempo para estratégias elaboradas. Ele lançou uma onda de magma em direção ao trio, forçando-os a se dispersarem. Tenzou rapidamente moldou madeira para criar barreiras, mas o calor era tão intenso que a madeira começava a queimar quase instantaneamente. Kakashi avançou pela lateral, usando um o Chidori para desviar a atenção do inimigo.  

— Está quente demais para você, ninja de Konoha? — zombou o homem, arremessando mais magma em sua direção.  

Kakashi usou o Kamui — recém-aprendido — para distorcer o ataque, mas o esforço exigia muita concentração. Enquanto isso, Asuma se aproximava pelas costas, suas lâminas de chakra brilhando com intensidade, mas o líder percebeu sua presença. Uma parede de magma emergiu, forçando Asuma a recuar.  

— Ele está nos controlando pelo terreno — gritou Tenzou, enquanto tentava conter o avanço do magma que ameaçava cercá-los.  

Kakashi sabia que precisava agir rápido. Ele se posicionou no alto de uma das colunas de pedra, observando cada movimento do inimigo. O suor escorria por seu rosto, tanto pelo calor quanto pela tensão da batalha. Em sua mente, lembrou-se de Iruka. Aquele não era um momento para hesitação. Ele precisava vencer — não por Konoha, mas porque havia prometido ao outro que voltaria.  

Com um selo rápido, Kakashi utilizou um clone de sombra para distrair o inimigo, enquanto preparava um Chidori carregado com intensidade máxima. O som do trovão encheu a sala enquanto ele saltava da coluna, descendo em um ataque certeiro.  

O líder tentou desviar, mas o clone do Hatake o segurou por um breve momento — tempo suficiente para que Kakashi atingisse seu flanco com o Chidori. O impacto foi devastador, mas o inimigo não caiu sem lutar. Em um ato de desespero, ele liberou uma explosão de magma que atingiu Kakashi de raspão no ombro, queimando sua pele e rasgando parte de sua armadura.  

Gritando de dor, Kakashi caiu no chão, mas conseguiu se levantar a tempo de ver Asuma terminar o trabalho com um golpe certeiro de suas lâminas de chakra, atravessando o peito do inimigo.  

O silêncio que se seguiu foi interrompido apenas pelo som da respiração pesada dos três ninjas.  

— Você está bem, Kakashi? — perguntou Tenzou, correndo para ajudá-lo.  

Kakashi pressionou a mão contra o ferimento no ombro, ofegante, mas assentiu.  

— Já passei por coisas piores. Vamos acabar logo aqui e voltar para casa.  

Enquanto eles se preparavam para destruir os equipamentos restantes e finalizar a missão, Kakashi não podia deixar de pensar em Iruka. Ele sabia que aquela luta poderia ter terminado de outra forma, e a possibilidade de não vê-lo novamente era um peso que ele não estava disposto a carregar novamente.  

↱↰

Kakashi chegou em Konoha no prazo estipulado, com o coração pesado e ansioso para reencontrar Iruka, mas claro que foi impedido por Tsunade e obrigado a ficar no hospital por quase três dias. Não foi fácil mantê-lo ali, mas a Senju sabia que bastava citar o nome do Umino que o seu melhor ninja acalmava.

— Por que você está me enrolando e não me diz se Iruka já retornou? O prazo de nossas missões era o mesmo. Ou aconteceu algo que não sabem, ou não querem me contar — afirmou Kakashi, cansado das desculpas da Hokage aos seus questionamentos sobre o Umino.

— Eles não retornaram, pirralho. Mas nem precisa se exaltar, se tivesse acontecido algo, teriam dado um jeito de nos comunicar. Fique tranquilo, logo seu namorado retorna.

— Ele não é meu namorado — resmungou Kakashi e as palavras pareceram pesar, como se fosse errado dizer aquilo.

— Só porque vocês não querem.

Apesar da brincadeira da loira, ele sentiu um frio na espinha, e uma sensação de vazio tomou conta de seu peito. O atraso não era comum. Algo estava errado.

Os dias que se seguiram foram um tormento para Kakashi. Ele passava horas no portão, esperando por qualquer sinal de Iruka. No fundo, a voz da razão dizia que ele precisava ser forte, mas a ideia de que poderia nunca mais vê-lo, de nunca poder dizer o que sentia, o deixava desesperado.

Na terceira noite, enquanto observava o horizonte escuro, Asuma se aproximou.

— Você deveria descansar, Kakashi.

— Não consigo — respondeu, sua voz rouca. — Não até saber se ele está bem.

Asuma suspirou, colocando uma mão firme no ombro do amigo.

— Ele vai voltar. Tenho certeza.

No quarto dia, quando o entardecer pintava o horizonte de Konoha em tons de laranja e dourado, Kakashi, mais uma vez, se posicionou no portão da aldeia, olhando fixamente para o caminho. Ele não sabia por que ainda esperava; os dias haviam passado, e a ausência de notícias sobre Iruka começava a sufocá-lo com uma sensação que ele não podia nomear — medo.  

Foi então que ele viu.  

Ao longe, um pequeno grupo se aproximava lentamente. Primeiro ele reconheceu Anko, suja e exausta, caminhando com dificuldade. Depois, Genma, carregando algo pesado em suas costas. Algo não… alguém.  

O coração de Kakashi parou por um momento.  

Ele correu antes mesmo de raciocinar, ignorando o cansaço acumulado da missão e a recuperação da queimadura em seu ombro. Quando finalmente os alcançou, viu Iruka inconsciente, os cabelos grudados em sua testa suada, o rosto pálido como a lua. Genma, ofegante, mal conseguia sustentar o peso.  

— Ele está vivo — disse Genma rapidamente, percebendo o desespero nos olhos de Kakashi. — Mas foi envenenado… precisamos levá-lo ao hospital agora.

Sem pensar duas vezes, Kakashi tirou Iruka das costas de Genma, os braços firmes, mas sem muita cautela, como se a urgência fosse maior que a delicadeza.  

— Anko, Genma, vocês estão feridos também — disse Kakashi rapidamente, a voz grave e inabalável. Ele olhou por cima do ombro e gritou: — Kotetsu! Izumo! Ajudem-nos aqui!  

Os dois apareceram quase instantaneamente, não muito surpresos com o tom autoritário de Kakashi.  

— Levem Anko e Genma ao hospital. Eles precisam de cuidados — ordenou Kakashi.  

— E o Iruka...? — começou Kotetsu, mas Kakashi já estava correndo em direção ao hospital com Iruka nos braços, sem se importar com os olhares curiosos ou as perguntas que vinham de todos os lados.  

— Você vai ficar bem — murmurou Kakashi para si, apertando Iruka contra o peito, como se o calor do seu corpo pudesse mantê-lo seguro. — Você precisa ficar bem.  

 

↱↰

 

Os dias que se seguiram foram um borrão para Kakashi. Iruka havia sido estabilizado, mas ainda não despertara. Tsunade informou que o veneno havia causado danos significativos, e sua recuperação dependia do quão forte ele fosse.  

Kakashi permaneceu ao lado da cama de Iruka o tempo todo, recusando-se a sair mesmo quando Tsunade ordenou que ele descansasse. Ele se sentava na poltrona ao lado da cama, observando o rosto tranquilo de Iruka, a cada dia mais impaciente para vê-lo abrir os olhos e poder contemplar as íris castanhas brilhando.  

Era naquelas horas em silêncio que Kakashi permitia que seus pensamentos mais profundos emergissem. Ele se lembrou das noites em que quis dizer algo mais a Iruka, mas nunca teve coragem. Agora, o silêncio de Iruka parecia uma punição, um lembrete cruel de que as palavras não ditas poderiam se perder para sempre.  

— Você não pode me deixar, Iruka — sussurrou certa noite, segurando a mão dele. — Eu ainda preciso de você.  

No terceiro dia, o sol começava a nascer, lançando uma luz dourada pelo quarto do hospital. Kakashi estava sentado na poltrona, a máscara um pouco abaixada, segurando a mão de Iruka. Seus olhos estavam fechados, mas ele não dormia profundamente, apenas descansava os olhos por um momento.  

Um leve movimento na mão de Iruka fez Kakashi abrir os olhos instantaneamente. Ele viu as pálpebras de Iruka se mexerem antes que os olhos castanhos lentamente se abrissem, piscando contra a luz suave da manhã.  

— Kakashi...? — A voz de Iruka era fraca, mas carregava toda a emoção que ele parecia incapaz de expressar naquele momento.  

Kakashi se inclinou para mais perto, os olhos cheios de alívio e emoção.  

— Você está bem? — ele perguntou  quase em um sussurro, mas em um tom cheio de urgência.  

Iruka sorriu fracamente.  

— Você ficou aqui… esse tempo todo?  

Kakashi desviou o olhar por um momento, como se estivesse envergonhado.  

— Eu não iria a lugar nenhum enquanto você não acordasse.  

Houve um silêncio pesado, mas não desconfortável. Era como se ambos soubessem que aquele momento exigia mais do que palavras, mas, mesmo assim, Kakashi não podia mais guardar o que sentia.  

— Iruka, eu... — começou Kakashi, a voz mais baixa agora. — Eu pensei que tinha perdido você. Não quero mais esperar para dizer isso.  

Iruka olhou para ele, e mesmo em sua fraqueza, sua voz saiu firme:  

— Eu também pensei em você o tempo todo, Kakashi. E me arrependeria para sempre se não dissesse isso... Eu amo você.  

Por um momento, Kakashi ficou sem palavras. Então, ele apertou a mão de Iruka, inclinando-se um pouco mais perto.  

— Eu também amo você, Iruka. Sempre amei.  

Não havia mais palavras. Não eram necessárias. Kakashi inclinou a testa contra a de Iruka, um gesto simples, mas carregado de significados. Eles haviam esperado tanto por aquele momento, e agora, finalmente, não havia mais barreiras entre eles.  

— Posso te beijar? — perguntou Kakashi, abaixando a máscara totalmente, dando mais uma vez ao Iruka a oportunidade de ver seu rosto.

Iruka sorriu timidamente, seu corpo ainda dolorido, sentindo-se esgotado, mas desejava aquilo mais que qualquer outra coisa. Um breve acenar de cabeça foi o suficiente para Kakashi selar os lábios do seu amado. Não foi um beijo intenso, mesmo desejando — teriam tempo para isso depois —, mas foi o suficiente para Tsunade os pegar no flagra.

— E depois não são namorados.

— Não éramos antes, mas agora… Só se Iruka não negar.

— Nunca. Eu aceito, Kakashi.

— Agora que acordou, Umino, pode me ajudar a fazer esse pirralho descansar. Não foi o único ferido em missão que precisa de um descanso. Preciso dos meus dois melhores prontos para a próxima missão.

— Separados? — Kakashi perguntou com um certo desgosto.

— Não, vocês trabalham bem juntos e sabem disso. Agora, descansem, e fico feliz por vocês.

— Obrigado, Lady Tsunade.

Tsunade apenas assentiu, e após mais algumas instruções, deixou o casal sozinho novamente.

— Podemos ir em missões separadas, mas sempre estaremos juntos, Kakashi. Agora mais do que nunca.