Numa tarde tranquila em Konoha, Naruto, com seus 12 anos, estava sentado no telhado da Academia Ninja, balançando as pernas enquanto observava Kakashi e Iruka lá embaixo. Desde que os dois passaram a conviver mais frequentemente, algo parecia… estranho. Para Naruto, que os via como figuras paternas, suas interações tinham mudado de um jeito que ele não conseguia entender, mas certamente podia notar.
— Eles estão escondendo alguma coisa — murmurou para si, estreitando os olhos. — Mas o que será? Eles estão tramando algo? Ou será que vão me mandar para outra missão com o Sasuke e não querem me contar?! Não... é mais sério que isso...
Nos últimos dias, Naruto vinha acumulando “provas”:
1. Iruka, que sempre ficava bravo com o jeito desleixado de Kakashi, agora parecia relevar tudo.
2. Kakashi, que só aparecia na Academia para assuntos urgentes, ultimamente parecia surgir lá sem motivo algum.
3. E o mais suspeito: Naruto os viu dividindo dangos outro dia, o que para ele era um comportamento extremamente suspeito.
Decidido que precisava confrontar ambos, Naruto irrompeu pela porta da sala onde Iruka corrigia provas e Kakashi lia seu livro despretensiosamente no canto.
“Mais uma prova, os dois estão sempre juntos, e nunca ficaram tão perto. Onde um está, o outro também está”, adicionou mentalmente a sua lista de suspeitas.
— Eu sei o que vocês estão fazendo! — Naruto declarou, apontando o dedo com dramaticidade.
Iruka deixou cair sua pilha de provas, enquanto Kakashi sequer levantou os olhos do livro.
— Ah, é? — disse Kakashi, o tom desinteressado de sempre, mas os olhos brilhando com diversão, esperando a resposta do garoto. — E o que exatamente estamos fazendo, Naruto?
— Vocês estão tramando alguma coisa juntos! Vocês acham que eu não percebo, mas eu sou um ninja muito observador! — Naruto cruzou os braços, com uma expressão de triunfo.
— E o que te faz pensar isso? — questionou Iruka, tentando soar calmo, mas claramente desconfortável.
Naruto começou a listar suas “provas” com entusiasmo, desde os olhares que trocavam até os momentos de proximidade suspeita. Iruka tentou responder, mas Kakashi, divertido, interrompeu com uma de suas desculpas esfarrapadas.
— Na verdade, Naruto — começou Kakashi, fechando o livro com um estalo. — Estamos planejando roubar a receita secreta do Ichiraku. É isso que estamos escondendo.
Naruto piscou, confuso.
— Espera, o quê? Isso não faz sentido!
Iruka suspirou, massageando as têmporas, perguntando-se o motivo por ser apaixonado por aquele homem.
— Naruto, você está imaginando coisas. Não há nada acontecendo.
Embora tentassem disfarçar, Naruto não se convenceu. Ele saiu da sala decidido, murmurando para si.
— Eu vou descobrir! Eu sei que estão escondendo algo!
Mais tarde, naquele mesmo dia, Kakashi e Iruka se encontraram em um canto mais isolado da vila. Kakashi, como sempre, estava relaxado, enquanto Iruka parecia inquieto.
— Você não acha que devemos contar logo? — perguntou Iruka, baixando a voz. — Naruto já está desconfiando, e não vai demorar para os outros perceberem também. Ele é teimoso e não vai parar de nos seguir.
Kakashi apoiou-se preguiçosamente contra a parede e deu de ombros, além de fazer um sinal para dizer que estavam sendo ouvidos.
— Talvez, mas confesso que estou me divertindo. Até Gai e Tenzou já estão desconfiando, sabia? Mas, claro, eles acham que eu estou tramando alguma coisa misteriosa, não que estou com alguém. Não Gai pelo menos.
— Você só pode estar brincando! — Iruka colocou as mãos na cintura, indignado.
Kakashi sorriu, um sorriso quase infantil por trás da máscara.
— Não é todo dia que você vê o Gai lançando teorias malucas sobre como eu provavelmente estou envolvido em um torneio secreto de chá ou espionando para outra vila. Quero aproveitar mais um pouco essa confusão antes de contarmos.
Iruka soltou um suspiro longo. — Você não tem jeito… — Mas o tom em sua voz estava mais resignado do que irritado. — Só não reclame quando isso sair do controle.
Kakashi deu uma piscadela, o que era impossível de perceber, devido ao olho esquerdo estar coberto, mas Iruka já sabia diferenciar até isso no outro.
— E você não vai reclamar quando finalmente virmos a cara de surpresa de todos.
Apesar da preocupação de Iruka, ele não pôde evitar sorrir. Havia algo cativante no jeito despreocupado de Kakashi lidar com tudo.
Enquanto isso, Naruto, escondido atrás de uma árvore próxima, tentava ouvir o que eles estavam dizendo, mas a única coisa que conseguia captar eram palavras soltas.
— Eu sabia! Eles estão tramando algo! Mas o quê? Espionagem? Roubo? Um complô para me deixar fora das missões?! Eu vou descobrir!
Enquanto isso, Kakashi notou que estavam sozinhos, sem estarem sendo observados e se aproximou de Iruka, o colocando contra a parede, sorrindo ao ouvi-lo arfar e as mãos irem direto ao seu pescoço.
— Agora que não temos ninguém nos atrapalhando, quero aquele beijo que está me devendo desde que cheguei na Academia.
— Não pode esperar chegarmos em casa?
Kakashi negou enquanto abaixava a máscara e unia sua boca com a do Umino em um beijo cheio de saudade.
— Senti sua falta, sensei.
— Eu também. Seja bem-vindo de volta.
— É bom estar de volta.
Talvez aquele fosse um dos motivos de manterem tudo em segredo, poderem aproveitar as poucas oportunidades de estarem juntos, sem ninguém os atrapalhando, ou desejando a companhia de um deles.
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Ao longo das semanas, Naruto continuou com suas teorias e perguntas inconvenientes, deixando Kakashi e Iruka em situações constrangedoras. Como quando Naruto, com um sorriso travesso, perguntou em voz alta no Ichiraku:
— Por que o Kakashi-sensei sempre te espera, hein, Iruka-sensei?
Ou quando o garoto apareceu de surpresa na casa de Iruka, só para encontrar Kakashi lendo na varanda e ouvindo a desculpa de que era um bom lugar para ler.
— Na casa do Iruka?
— Oh, ele mora aqui? Juro que não sabia! — declarou na maior cara de pau, vendo Iruka esconder o rosto diante a mentira mais descarada do outro.
Eventualmente, Naruto resolveu confrontá-los de vez.
— Vocês podem me contar o que estão escondendo! Eu prometo não contar pra ninguém, nem pro Sasuke ou pra Sakura!
Cercados pelo jeito infantil e leal de Naruto, Kakashi e Iruka finalmente perceberam que não havia por que continuar escondendo a verdade.
— ‘Tá bem, Naruto — Iruka se rendeu, suspirando. Ele olhou para Kakashi, que apenas deu de ombros, como se dissesse “Você que lide com isso.”
Iruka respirou fundo antes de dizer:
— Eu e o Kakashi... estamos juntos.
Naruto piscou, o cérebro tentando processar a informação.
— Juntos? Tipo... juntos, juntos?!
— Exatamente. Juntos, juntos, como um casal — respondeu Kakashi, casual, enquanto folheava seu livro, pensando que não precisava de todo aquele alarde pelo simples fato de estar namorando o Umino.
Naruto ficou em silêncio por alguns segundos, antes de soltar um enorme sorriso.
— Por que vocês não me disseram antes? Isso é incrível! Mas espera... vocês ainda vão me levar para comer ramen, certo?
Os dois riram, aliviados.
— Claro que sim, Naruto — respondeu Iruka.
— E vai pegar mais leve comigo nos treinos, Kakashi-sensei? — Aproveitou a brecha.
— Não. Na verdade, vou pegar mais pesado contigo se continuar com isso.
— Mas não é justo! Sou quase filho de vocês! — reclamou, deixando o casal sem palavras diante da afirmação.
— Por isso mesmo que não deve ter privilégios, pirralho — avisou Kakashi, querendo soar irritado, mas não obtendo tanto sucesso.
— Tudo bem, o que importa é que agora tenho uma família. Vocês… são minha família, né?
— Claro que somos, Naruto — garantiu Iruka bagunçando os cabelos loiros e puxando o pequeno para um abraço e sinalizando para Kakashi juntar-se a eles.
No fim, Naruto, com toda sua energia e lealdade, passou a defender o relacionamento dos dois de qualquer comentário estranho na vila, embora sua ideia de “ajudar” fosse um pouco exagerada — como gritar na rua:
— Esses dois estão namorando! Não mexam com eles! — Enquanto iam jantar no Ichiraku.
Embora Kakashi e Iruka quisessem discrição, no fundo, estavam felizes por ter Naruto ao lado deles. Afinal, o garoto os via como família — e eles, como pais do jovem Uzumaki.