
“Nem todo amor é dito em palavras; alguns se manifestam em silêncios compartilhados, gestos incontáveis e na presença constante de quem escolhe estar ao seu lado, mesmo quando o mundo tenta separá-los.”
A guerra entre os clãs parecia eterna, mas em meio ao caos, Tobirama e Izuna encontraram algo raro e precioso: um ao outro. O início foi marcado por discussões, implicâncias e desconfianças, mas havia uma química irresistível que os unia. Sob a capa de tréguas e reuniões secretas, um amor nasceu. Era intenso, como o choque de lâminas em batalha, mas também suave, como o sussurrar das folhas ao vento.
Tobirama nunca foi de falar sobre sentimentos. Ele se expressava em gestos — um toque leve no ombro de Izuna quando ele estava ferido, um olhar demorado que dizia mais do que mil palavras, ou sua presença constante mesmo quando a guerra exigia que estivesse em outro lugar. Para Tobirama, estar ao lado de Izuna era sua confissão silenciosa de amor.
No entanto, para Izuna, isso não bastava. Ele queria ouvir. Precisava de palavras que confirmassem o que seus olhos já viam e o que seu coração já sentia.
Certa noite, após uma missão especialmente difícil, Izuna se voltou para Tobirama, o coração cheio de dúvidas e a voz trêmula de emoção.
— Tobirama, o que nós somos? O que eu sou para você?
Tobirama hesitou, o silêncio entre eles se tornando pesado. Ele queria dizer algo, mas as palavras pareciam um idioma estrangeiro que ele nunca aprendera.
— Você sabe o que sinto, Izuna. Não preciso dizer.
Mas para Izuna, ele precisava. A falta de palavras corroeu sua segurança, e ele tomou uma decisão dolorosa: se afastar.
Se Tobirama não conseguia dizer exatamente o que sentia, como se sentia em relação ao que viviam, como ele podia acreditar que o que tinham era verdadeiro?
— Por que você nunca diz nada, Tobirama? Nunca explica por que insiste em estar ao meu lado?
Tobirama o olhou, sua expressão impassível como sempre. Ele hesitou por um momento antes de responder:
— Não acho que palavras sejam necessárias quando minhas ações já mostram o suficiente.
— Eu não posso continuar assim, Tobirama. Não com esse vazio entre nós.
O Senju apenas o encarou, olhos castanhos-avermelhados tentando transmitir o que sentia, pois sempre acreditou que deixou tudo bem claro com suas ações. Mas para Izuna, as ações não eram mais o bastante. Sentindo-se ignorado e desvalorizado, decidiu se afastar, acreditando que estava perdendo tempo com alguém que nunca o corresponderia como desejava. E assim, Izuna deixou o campo onde costumavam se encontrar, levando consigo um coração partido.
Os dias seguintes foram tensos, para se dizer o mínimo e até mesmo Madara e Hashirama perceberam as mudanças em seus respectivos irmãos.
Para Tobirama tudo estava se tornando insuportável. Ele continuava suas tarefas, mas a ausência do Uchiha era como uma sombra que o seguia. Hashirama queria questionar o irmão, mas sem o pressionar ou o mais novo acabaria se fechando, mas conhecendo Tobirama como ninguém, usou sua intuição sobre o que poderia ter acontecido e decidiu intervir.
— Você e Izuna brigaram? — perguntou direto, mantendo o tom calmo para não assustar o outro.
— Ele foi embora, disse que não podia mais continuar da maneira que estávamos. Pensei que estava tudo certo, tudo bem com a gente. Não entendo, anija.
O Senju mais velho era bom observador, especialmente quando se tratava da relação do irmão com o cunhado.
— Você ama Izuna, não é? — perguntou Hashirama diretamente, o que fez Tobirama estreitar os olhos, desconfortável.
— É claro que sim — respondeu quase automático, apesar do tom baixo, como se alguém além do mais velho pudesse lhe ouvir.
— Então por que nunca disse isso a ele?
Tobirama suspirou.
— Porque eu achava que ele sabia. Minhas palavras são… desajeitadas. Eu sou bom criando jutsus, fazendo acordos, buscando melhorias, mas quando se trata dele, é complicado, por isso prefiro mostrar. Mas ao que parece, não é o suficiente.
Hashirama balançou a cabeça, sorrindo de leve.
— Talvez seja hora de sair da sua zona de conforto. Palavras também têm poder, Tobirama.
– Eu sei, anija, mais do que imagina. Só acreditei que com Izuna, nada disso seria necessário.
Do outro lado da vila recém-fundada, onde ficou o território dos Uchihas, Madara observava a tristeza de Izuna com olhos atentos. Seu irmão, sempre tão forte e confiante, parecia perdido.
Há dias o Uchiha mais novo havia dito ao mais velho que tinha terminado seu relacionamento com Tobirama, pois ele sentia que não era correspondido como esperava, ou como imaginava que as coisas seriam entre eles.
— Você está cometendo um erro, Izuna — disse Madara, sua voz dura, mas não sem compaixão. — Tobirama é um idiota com palavras, mas não com ações. Você acha que ele faria tudo o que faz por você se não o amasse?
Izuna hesitou. Madara raramente falava com tanta seriedade sobre algo que não fosse sua ambição de poder. Muito menos fazia o que parecia ser um elogio ao Senju. Realmente o tempo que passava ao lado de Hashirama o estava mudando em tantas formas, que só restava agradecer.
— Ele nunca disse que me ama, Madara. Nunca.
— Talvez porque ele acha que você já sabe — retrucou Madara, cruzando os braços. — Mas olhe para os últimos meses. Quem arriscou entrar no nosso território para estar com você? Quem te protegeu, mesmo quando isso significava enfrentar seu próprio clã?
Izuna ficou com aquilo em mente, mas não estava convencido totalmente daquilo. Ele precisava ouvir da boca de Tobirama que se sentia da mesma forma, que também era amado.
Madara suspirou frustrado, nunca pensou que algum dia teria que unir forças com Hashirama para algo como aquele. Jamais cogitou que algum dia estaria procurando o Senju para fazer seu irmão voltar com Tobirama.
O mundo não girava, ele capotava.
『』
Izuna estava sentado sob a sombra de uma cerejeira, o vento balançando seus cabelos escuros enquanto ele tentava ignorar a presença dos dois homens à sua frente. Hashirama parecia inquieto, trocando olhares rápidos com Madara, que, com os braços cruzados, exibia sua habitual expressão de impaciência.
— Você é mais teimoso do que pensei, irmãozinho — Madara começou, sua voz grave cortando o silêncio. — Tobirama não vai se ajoelhar e recitar poesias para você. Ele não é assim. Mas isso não significa que ele não te ame.
Izuna bufou, olhando para o horizonte. — Amor precisa de palavras, Madara. Ele nunca disse nada. Nunca me deu nada além de silêncio.
— Silêncio? — Hashirama riu, mas não de forma zombeteira. Ele se sentou ao lado de Izuna, os olhos brilhando com uma gentileza quase irritante. — Tobirama fala através do que faz, Izuna. Talvez você não tenha percebido, mas ele sempre buscou ter tempo para ficar ao seu lado, aproveitar cada segundo da sua companhia. Deixe-me te lembrar.
Izuna franziu a testa, mas permaneceu em silêncio, permitindo que Hashirama continuasse.
— Lembra aquela manhã em que você estava prestes a sair em uma missão perigosa? Tobirama tinha uma reunião com os líderes do nosso clã. Era essencial, até mesmo para o futuro do tratado de paz. Mas ele se recusou a ir — disse Hashirama, inclinando-se para encarar Izuna.
— Recusou? — Izuna repetiu, confuso.
— Disse que vocês dois tinham algo mais importante para fazer. Depois descobri que o “algo mais importante” era passar a manhã juntos no bosque, longe de tudo. Ele sabia que você poderia não voltar daquela missão e preferiu passar aquele tempo ao seu lado.
Izuna desviou o olhar, lembrando-se daquele dia. Ele havia notado a tensão nos ombros de Tobirama, mas nunca imaginou que ele tivesse adiado algo tão importante por causa dele.
Madara entrou na conversa, a voz carregada de sarcasmo, mas com um brilho suave nos olhos.
— E as refeições? Você acha que ele preparava comida para qualquer um? Ele é Tobirama Senju, o homem mais obcecado pelo trabalho que conhecemos. E, no entanto, ele fazia questão de preparar algo para você antes das missões.
— Ele só dizia que eu precisava comer. Nunca mencionou o motivo real — Izuna murmurou, mas agora sua voz estava menos defensiva.
— Porque ele queria que você voltasse seguro — Madara retrucou, os olhos estreitos. — Ele não precisava dizer. Ele mostrava.
Izuna não queria se sentir culpado, ou ingrato, mas os mais velhos não pareciam dispostos e recuar. Fariam ele entender a forma que Tobirama demonstra seu amor.
— E aquelas patrulhas? — Hashirama interrompeu os devaneios do Uchiha, sorrindo suavemente. — Ele sempre encontrava uma desculpa para te acompanhar. Você realmente acha que ele precisava fazer isso? Não era a missão dele, Izuna. Ele estava lá porque queria estar ao seu lado. Tem dias que mal o vejo, ele não sai daquele laboratório ou está enfiado em alguma reunião que não precisa da sua participação, ele quer ocupar o tempo que antes era destinado a você.
Izuna se lembrou das noites em que eles caminhavam juntos sob a luz da lua, Tobirama ajustando seu ritmo para coincidir com o dele. Era um silêncio confortável, mas ele nunca tinha interpretado aquilo como um gesto de amor.
Hashirama bateu no ombro de Madara, sorrindo. — Madara me contou algo sobre o treinamento no lago. Ele te ensinou a nadar, certo?
Izuna deu de ombros. — Foi só um treinamento.
— Foi mais do que isso — Madara interrompeu, o tom carregado de frustração. — Tobirama deixou de lado os malditos relatórios para passar horas ao seu lado, te guiando com paciência que ele não tem com ninguém mais. Treinamento? Não, irmão. Aquilo foi cuidado.
Izuna sentiu os olhos arderem. Foi realmente tão injusto com o namorado?
Madara cruzou os braços, aproximando-se.
— E quando você foi ferido? Ele estava lá todos os dias, Izuna. Mesmo com as responsabilidades dele como estrategista, como conselheiro, ele largou tudo para cuidar de você. Era irritante vê-lo todos os dias e reclamando que ninguém estava cuidando direito de você. Só não o expulsei porque você estava se recuperando mais rápido com os cuidados daquele bastardo.
— Isso é verdade — Hashirama confirmou, com um sorriso. — Ele nunca ficava tanto tempo longe do trabalho, mas por você, ele ficou. Ele não disse que te amava, Izuna, mas mostrou em cada momento.
Izuna ficou em silêncio, processando tudo o que havia ouvido. Cada memória parecia ganhar uma nova luz. As refeições compartilhadas, as noites de patrulha, até mesmo os momentos no lago. Tudo aquilo que ele havia interpretado como simples gestos agora pareciam gritos silenciosos de amor.
Madara suspirou, aproximando-se do irmão. — Não é todo mundo que ama como você quer, Izuna. Mas Tobirama te ama à maneira dele. Você só precisa abrir os olhos para ver isso.
Hashirama sorriu e deu um tapinha no ombro de Izuna. — Talvez seja hora de você parar de esperar por palavras e retribuir da mesma forma.
Izuna levantou-se, o coração apertado, mas decidido. Ele sabia o que precisava fazer. Mas não sabia como começar, ainda mais com seu aniversário no dia seguinte, onde sua mente apenas desejava Tobirama ao seu lado.
『』
A pequena comemoração de aniversário de Izuna estava longe de ser algo grandioso. Estavam presentes Madara, Hashirama, Mito, Tōka e Kagami, o que não era surpresa, já que Izuna preferia momentos mais íntimos. A mesa era simples, com um bolo caseiro e algumas velas acesas, a luz tremeluzente iluminando os rostos dos irmãos Uchiha e dos demais, que estranharam a falta de Tobirama, mas notaram o olhar entristecido do aniversariante e optaram por não comentar nada, apesar da curiosidade os corroer.
Izuna, no entanto, não conseguia disfarçar sua inquietação. Seus olhos escaneavam o ambiente repetidamente, buscando por algo — ou alguém — que ainda não havia chegado.
— Não adianta ficar olhando para a porta, Izuna — Madara disse, quebrando o silêncio. Ele estava encostado na parede, os braços cruzados e a expressão severa suavizada por um traço de preocupação. — Se ele não veio até agora, provavelmente não virá.
— Madara! — Hashirama repreendeu, empurrando o ombro do marido. — Não seja tão insensível!
Izuna apenas suspirou, desviando o olhar para as velas. O bolo à sua frente parecia ridiculamente vazio, como se faltasse um elemento essencial para que aquela comemoração tivesse sentido.
— Ele sempre esteve aqui, sabe? — Izuna murmurou, sua voz baixa, mas carregada de emoção. — Não importa o quanto estivesse ocupado, ele sempre dava um jeito de aparecer. E agora…
Madara franziu o cenho, mas não disse nada. Ele podia ser rude às vezes, mas entendia a dor que Izuna estava sentindo.
— Talvez ele tenha tido um bom motivo para não vir hoje — Hashirama tentou aliviar, mas Izuna balançou a cabeça.
— Não importa o motivo. Eu só... só queria que ele estivesse aqui. Só queria ouvir alguma coisa. Uma palavra, qualquer coisa que me fizesse acreditar que ele ainda... — Izuna parou, incapaz de continuar.
O silêncio caiu sobre o pequeno grupo, pesado como uma pedra. Até que Hashirama deu um leve sorriso, levantando-se e colocando uma mão no ombro de Izuna.
— Talvez você esteja procurando no lugar errado — ele disse suavemente.
Izuna o olhou com confusão. — O que quer dizer?
— Você, mais que ninguém, sabe onde ele costuma ir quando precisa de um momento para pensar, não sabe? — Hashirama sorriu. — O lago. Ele sempre foi até lá quando estava frustrado ou confuso. Quem sabe... talvez seja lá que você o encontre agora.
Madara ergueu uma sobrancelha, mas não disse nada. Izuna piscou, o coração apertado. A ideia era tão absurda quanto tentadora.
— Você acha mesmo que ele estaria lá? — Izuna perguntou, hesitante.
— Só tem um jeito de descobrir — Hashirama respondeu, sua voz calma e encorajadora.
Izuna ficou de pé, ainda incerto, mas algo dentro dele já havia tomado a decisão. Sem dizer mais nada, ele saiu da pequena cabana, os olhos fixos no caminho que o levaria ao lago.
Madara observou-o partir, então lançou um olhar a Hashirama.
— Você tem certeza de que ele estará lá?
Hashirama deu de ombros, sorrindo. — Não tenho, mas se Tobirama ama Izuna tanto quanto eu amo você, ele estará exatamente onde Izuna precisa que ele esteja.
Madara bufou, mas não disse nada, apenas observou a porta se fechar, enquanto uma parte de si torcia para que o irmão não encontrasse apenas mais um vazio.
— Izuna foi atrás do Tobirama, não é? — Kagami perguntou, enquanto cortava um pedaço do pequeno bolo para si.
— Ele finalmente entendeu que aquele idiota do Tobirama não sabe expressar o que sente por palavras? — Tōka comentou, enquanto roubava um dos morangos do prato de Kagami.
— Aquele Senju… nem parece irmão do Hashirama, que grita aos quatro ventos o que sente. Mas deve ser mal de família, conseguir que essa aqui falasse “Eu te amo” foi uma missão Rank-S. — declarou Mito, recebendo um revirar de olhos de Tōka.
— Nossa forma de demonstrar amor é diferente desse escandaloso, não deveriam se surpreender. Eu não digo muito o que sinto, querida, mas te encho de presentes, sempre lembro de ti quando saio em missão, então, não reclame.
— Jamais, meu amor. Te conheço muito bem. — A Uzumaki abraçou a Senju, dando um selinho demorado em seus lábios.
— Hei! Não vou ficar de vela aqui não! Podem parando com essa melação ou juro que saio correndo com esse bolo — reclamou Kagami emburrado, sendo prontamente abraçado por Hashirama e Mito, enquanto seus parceiros pensavam em como podiam amar aqueles dois.
『』
Izuna caminhou rapidamente, o vento frio da noite roçando seu rosto enquanto ele seguia o familiar caminho para o lago. Ele passou o dia inteiro desejando ver o outro e agora que estava prestes a vê-lo após tantos dias, não sabia como seria aquele encontro. Cada passo parecia mais pesado, como se o peso de suas dúvidas e do medo de uma decepção se acumulassem em seus ombros. Mas, ao mesmo tempo, havia uma pequena chama de esperança em seu coração.
Quando finalmente alcançou a clareira que dava para o lago, ele parou, o coração batendo tão forte que ele quase podia ouvi-lo. A luz da lua refletia na água cristalina, criando um cenário sereno e quase mágico. E ali, sentado à beira do lago, fazendo alguns jutsus simples com o Suiton, estava Tobirama.
O Senju parou de repente, inclinando seu corpo para frente, os cotovelos apoiados nos joelhos, olhando fixamente para a água, havia sentido a chegada de Izuna muito antes dele chegar ali. Apesar disso, manteve-se na mesma posição, esperando que o outro dissesse algo, não sabia como começar aquela conversa que sabia que precisavam ter.
— Então, você estava aqui realmente — Izuna disse, sua voz baixa, mas quebrando o silêncio.
Tobirama ergueu a cabeça, seus olhos prateados encontrando os de Izuna. Havia um misto de surpresa e alívio em sua expressão, mas, como sempre, ele permaneceu calado.
Izuna caminhou até ele, o coração apertado ao ver o homem que ele amava tão distante, tão difícil de ler. Isso o assustava, pois pensou ter conseguido decifrar o outro após tanto tempo de convivência, de momentos compartilhados. Porém, ele parecia tão distante e o Uchiha tinha medo que aquilo aumentasse ainda mais. Ele parou ao lado de Tobirama e, por um momento, nenhum dos dois disse nada. Apenas o som suave da água batendo contra a margem preenchia o espaço entre eles.
— Você não foi à minha comemoração — Izuna finalmente disse, a dor evidente em sua voz.
Tobirama suspirou, passando uma mão pelos cabelos. — Não achei que você quisesse que eu estivesse lá.
Izuna arregalou os olhos, surpreso. — Por que pensaria isso?
O Senju desviou o olhar, fixando-o na água novamente. — Você se afastou de mim, Izuna. E... talvez eu tenha pensado que seria melhor assim.
Houve um momento de silêncio antes de Izuna se agachar em frente a ele, forçando-o a olhar para si.
— Eu me afastei porque precisava de algo que você não me dava — ele admitiu, a voz embargada. — Palavras, Tobirama. Só precisava que você dissesse algo. Algo que mostrasse que eu importava para você.
Tobirama franziu a testa, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas, mas elas simplesmente não vinham.
— Eu não sou bom com palavras, Izuna — ele finalmente disse, a voz baixa e hesitante. — Nunca fui.
Izuna balançou a cabeça, frustrado. — E você acha que isso é suficiente? Isso é tudo o que você irá me falar?
Tobirama o encarou, e então algo mudou em sua expressão. Ele parecia determinado, como se estivesse prestes a cruzar uma barreira que sempre o segurou.
— Talvez palavras não sejam meu forte, mas… você percebeu que eu sempre estive ao seu lado? — Tobirama começou, sua voz agora firme, mas carregada de emoção. — Eu adiei reuniões importantes, deixei de lado meus deveres para compartilhar uma refeição com você antes das suas missões, segui você em campos de batalha quando ninguém mais o faria. Isso não significa nada para você?
Izuna ficou em silêncio, as palavras de Tobirama o atingindo como um choque. Ele pensou em todas as vezes que o outro estava lá, mesmo quando não dizia nada. Pensou nas noites silenciosas que passaram juntos, apenas apreciando a companhia um do outro, e nas vezes em que o Senju aparecia nos momentos mais inesperados, mas sempre quando ele mais precisava.
Hashirama e Madara já haviam dito aquilo, mas ouvir da boca de quem sempre esteve ao seu lado, era doloroso, pois afirmava algo: ele nunca havia prestado atenção verdadeiramente naqueles gestos.
— Você não percebe, Izuna? — Tobirama continuou, sua voz quebrando ligeiramente. — Eu não sei como dizer que “te amo” com palavras, mas tudo o que faço é por você. Sempre foi.
As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Izuna enquanto ele ouvia. Ele nunca tinha ouvido aquelas palavras antes, mas agora ele entendia. Não eram as palavras que importavam; eram as ações, os momentos que eles compartilhavam.
— Tobirama... — ele começou, mas sua voz falhou.
Sem pensar duas vezes, ele se inclinou para frente, capturando os lábios de Tobirama em um beijo profundo e cheio de emoção. Não havia necessidade de palavras naquele momento. Tudo o que ele precisava estava ali, naquele toque, na presença de Tobirama ao seu lado.
Quando finalmente se separaram, Izuna encostou sua testa na de Tobirama, um pequeno sorriso nos lábios.
— Acho que finalmente entendi você — ele disse, sua voz suave. — Obrigado por estar sempre ao meu lado.
Tobirama não respondeu com palavras, mas o modo como segurou Izuna, com força e ternura, dizia tudo o que ele precisava saber.
— Tenho algo para você, um presente, não é muita coisa, porque não consegui pensar em nada decente. Espero que goste. — O Senju se afastou minimamente, apenas para pegar um item que estava ao lado da pedra que estava sentado.
Assim que alcançou o pequeno pergaminho, puxou Izuna para seu colo, o mantendo ali, como deveria ser. Ele entregou o pergaminho a Izuna, que o abriu com dedos trêmulos. Era uma carta. As palavras eram simples, mas cheias de significado:
“Izuna, você é a única pessoa que consegue me fazer sentir que há algo além da guerra. Quando estou com você, é como se o mundo pudesse parar. Eu amo você. Sempre amei. Só não sabia como dizer isso até agora.”
Izuna levantou os olhos, as lágrimas escorrendo mais uma vez pelo rosto.
— Você demorou, Tobirama.
O Senju o abraçou, sendo correspondido na mesma intensidade, podendo sentir o coração do Uchiha bater tão freneticamente quanto o seu.
— Eu sei. Mas estou aqui agora.
— Não preciso de mais nada. Só… não me deixe mais duvidar.
Tobirama o segurou firme, como se nunca mais fosse soltá-lo.
— Nunca mais. Eu te amo, Izuna, e feliz aniversário.