
“A força de uma família está na união, não importa o sangue, mas o coração.”
Kakashi e Naruto haviam voltado de um pequeno treinamento em uma vila próxima a Konoha, e apesar de passarem poucos dias fora, os dois ansiavam por aquele tão merecido descanso. O treino não havia sido difícil, apenas foi longo e entediante, na opinião do loiro, que desejava apenas “sair socando os inimigos”.
Agora, naquele final de tarde tranquilo, encontravam-se desfrutando de um momento de paz ao lado de Iruka, que havia sentido falta do namorado e do Uzumaki que já era considerado como um filho pelos mais velhos.
O sol começava a dar indícios que logo daria lugar para a lua, e Kakashi queria apenas ficar abraçado ao namorado, observando Naruto brincar no quintal com os ninkens. Eram raros os momentos em que o pequeno deixava de pensar em treinos e agia como a criança que deveria ser.
O som das risadas, junto aos latidos, preenchiam o ambiente e trazia uma leveza que os mais velhos se davam ao luxo de apreciar, e por mais que parecessem alheios ao que acontecia do lado de fora, os instintos estavam sempre alerta.
No quintal, Naruto brincava com os ninkens, que pensavam que o pequeno cairia exausto antes de admitir que estava cansado. E eles nem perceberiam, pois desabariam antes.
— Pirralho, o que você pensa que vai fazer? — pergunta Pakkun, percebendo que aquilo não iria dar certo. O filhote de humano estava com suas mãos sobre o chão, tentando a todo custo imitar um certo sensei de sobrancelhas grossas. — Cadê o Espantalho? Não sou pago para isso não.
— E por acaso nós recebemos alguma coisa? — perguntou Guruko. — Filhote, é melhor não fazer isso.
— Gu! Eu vou conseguir! Olha só, eu vi como Gai-sensei faz, é desse jeito — disse o Uzumaki ficando de ponta-cabeça, confiante que sua acrobacia improvisada daria certo. Os movimentos foram rápidos, porém não foi como esperava, os outros ninken fecharam os olhos e só ouviram o pequeno bater com suas costas imediatamente no chão.
— É… poderia ser pior — Akino disse abrindo apenas um olho
— Pior? — Shiba reclamou, indo na direção do pequeno. — Filhote, você está bem?
— Ele ‘tá bem, não bateu com a cabeça — respondeu Akino
Antes que o Uzumaki pudesse responder qualquer coisa, ou até reclamar de alguma dor, Kakashi, que estava na sala lendo o seu livro, não estava totalmente concentrado na leitura. Com seus movimentos ágeis, colocou seu livro em um canto qualquer do sofá, e foi até o mais novo. Naruto por sua vez tentava não chorar, para e não queria incomodar nem o seu pai Kakashi e muito menos seu pai Iruka, queria mostrar que conseguia se virar sozinho. O mascarado se aproximou de Naruto e o levantou, colocando-o em seu colo, as pequenas mãos abraçaram o pescoço do Hatake, um leve fungar e ouvido
— Naruto, cuidado. Ei, não segure o choro e se estiver doendo deve dizer, está bem? — pediu Kakashi fazendo com que Naruto olhasse para si. — O que você queria fazer? — perguntou o mascarado calmamente.
— Acrobacias… igual ao Gai-sensei… mas não consegui… — explicou o loirinho soluçando.
— Hum, interessante, mas é errando que aprendemos, não é?
Iruka, que estava na cozinha preparando o jantar, sentiu que algo estava errado, principalmente quando tudo ficou extremamente silencioso de repente. Com passos rápidos saiu e seguiu para onde o seu pequeno estava, assim que os viu se aproximou, vendo o garoto com o joelho ralado e nos braços do Hatake.
— Você está bem? Machucou muito? Onde dói? Kakashi temos que levar ele para o hospital! Olha o joelho dele tá sangrando muito — exclamou preocupado, fazendo carinho nos fios loiros, enquanto o Uzumaki se encolhia nos braços do mascarado.
— Calma, ele está bem, é apenas um joelho ralado. Naruto, que tal se em vez de acrobacias, treinarmos juntos? Tem algum jutsu que você queira aprender? — sugeriu o Hatake direcionando sua atenção ao Naruto, que imediatamente abre um sorriso.
— Sim! Quero invocar Ninken como você, papai! — O Uzumaki gritou completamente animado, esquecendo a dor.
— Oh, nossa! Isso me pegou de surpresa. É isso mesmo que quer? — perguntou o ex-ANBU, segurando-se o máximo, não era primeira vez que o pequeno o chamava de “papai”, mas a sensação era maravilhosa todas às vezes que escutava.
— Não — negou o loiro, virando o rosto para o Iruka. — Papai, você pode me ensinar a fazer barreiras?
Iruka não era tão bom quanto Kakashi em controlar suas emoções quando ouvia aquela pequena palavra sair da boca do garoto e seu coração se enchia de alegria e felicidade. Porém, conseguiu conter as lágrimas e respirou fundo antes de continuar.
— Claro, meu filho. Mas primeiro, vamos cuidar do seu machucado, tomar um banho, comer e depois começamos planejar tudo para você aprender o que deseja. O que me diz?
— É um bom plano, Naru, e você sabe que seu papai Iru é ótimo em planejamentos.
— Melhor que você, papai Kashi?
— Sim, melhor que eu.
— Então vamos logo! Quero poder ter meu ninken e aprender a fazer barreira de som para não reclamarem da bagunça que fazemos — Naruto falava animado, olhando para os ninkens em conspiração, fazendo Kakashi e Iruka rirem com sua empolgação, nem um pouco surpreso com aquilo.
Para sorte dos mais velhos, o Uzumaki caiu no sono logo após o jantar, os ensinamentos ficarão para outro dia.
Após colocar Naruto em sua cama, com Guruko ao seu lado, Kakashi e Iruka aproveitavam um momento só deles, trocando beijos e carícias.
— Vai mesmo ensinar barreiras para Naru? Ele não é muito novo para entender como funciona, controle de chakra e tudo mais…
— Sim, eu sei de tudo isso, mas tenho uma ideia e pode ser divertido. E você, acha mesmo que nosso filho poderá ter um contrato com os ninkens?
— Se me disser o que está aprontando, te conto como planejo fazer com que a matilha concorde com um novo contrato, especialmente vindo de alguém que não é um Hatake.
— Pensei que não tínhamos segredos — provocou Iruka.
— Foi você que começou. — Puxou o companheiro para si, o beijando intensamente.
【】
O Hatake e o Umino só não esperavam que a ânsia de aprender um novo jutsu e ter uma invocação ainda estaria na mente do pequeno na manhã seguinte.
— Papai! Papai! Já posso ter minha invocação e aprender as barreiras? Quero só ver a cara do Kiba quando mostrar para ele que também tenho um cachorrinho, ele vai ficar morrendo de inveja! — falava empolgado enquanto devorava seu café da manhã.
— Bom, primeiro temos que terminar nosso café e mais tarde, irei convocar toda a matilha.
— Mas já não estão todos aqui? — O loiro olhou ao redor, encontrando quase todos os cachorros, exceto Pakkun e Akino. — Cadê Pakkun e Akino?
— Logo estarão aqui…
Depois do café da manhã, todos estavam em um campo de treinamento próximo, Iruka tentava segurar Naruto que queria sair correndo para todos os lados, sem saber exatamente para onde ir, tamanho era sua euforia. Determinado a aprimorar suas habilidades como ninja e se tornar o maior Hokage de todos.
— Naruto, acho que está na hora de dar um passo adiante — começou Kakashi com seriedade, atraindo a atenção do Uzumaki, que tentava seu máximo para prestar atenção nas palavras do mais velho. — Você já viu como os ninkens são úteis em batalhas, certo? Não apenas para brincar, eles são muito mais que animais de estimação.
— Eu sei, papai… bom, quero dizer, Kakashi-sensei. — Apesar da idade, o garoto sabia diferenciar quando era seu sensei falando de quando era seu pai. — Eu sei, eles são incríveis, e adoraria ter um parceiro assim.
— Filhote, sente-se — ordenou Pakkun, surgindo ao lado de Akino.
Sem demora, o pequeno sentou-se, com Kakashi e Iruka logo atrás, deixando o mais novo por conta.
Como pedido, Naruto sentou-se em uma pedra, com as pernas balançando e os olhos azuis brilhando de curiosidade e empolgação. O Hatake se aproxima, ficando ao lado do Uzumaki, com o pergaminho de invocação nas mãos e começa a explicar como funciona as coisas, sendo observado pelo Umino e pelos ninkens.
— Kakashi-sensei, como é que você faz esses cães aparecerem do nada? É algum jutsu secreto super incrível? Quero aprender também! — perguntou Naruto, quase pulando, mal contendo sua animação.
Kakashi apenas sorriu sob a máscara, uma de suas alegrias era ver o filho e o companheiro daquela forma.
— Não é exatamente um segredo, Naruto. É chamado de Contrato de Invocação. É um acordo especial que fiz com os ninkens. Com esse contrato, posso chamá-los sempre que precisar de ajuda.
— O QUÊ?! Eu posso ter um contrato desses também?
— Claro, mas tem algumas coisas que você precisa saber antes. Vou explicar. — Kakashi se ajoelha ao lado de Naruto, mostrando o pergaminho aberto. — Um contrato de invocação é como uma promessa mágica. Você escreve seu nome e deixa uma marca com o seu sangue. Isso conecta você às criaturas que aceitaram a promessa.
— Sangue?! Isso parece perigoso! — Não que o loirinho nunca tivesse visto sangue, mas ainda parecia algo estranho. O mascarado riu mais uma vez com o leve desespero do menino.
— Não se preocupe, é só uma gotinha. Depois disso, você usa o chakra, concentra um pouquinho dele como o pai Iruka te ensinou, para chamar seus companheiros sempre que precisar. Mas tem algumas regras importantes. Primeiro, você deve tratar as criaturas com respeito. Eles não são ferramentas, são seus parceiros. E segundo, precisa treinar bastante para controlar seu chakra, ou pode acabar chamando a coisa errada.
— Hã? Tipo um sapo gigante ou algo assim?
— Algo assim. Então, pronto para tentar?
Naruto pulou da pedra, pronto para ter sua própria invocação.
— Com certeza! Quero um ninken só meu!
— Muito bem. Primeiro, vou precisar de uma gota do seu sangue. — Kakashi pegou uma kunai e estendeu a mão para o Uzumaki.
Naruto estende o dedo sem hesitar. Kakashi faz um pequeno corte e ajuda Naruto a pressionar o dedo contra o pergaminho, deixando a marca. Naruto escreve seu nome com letras tortas, mas claramente empolgado.
— Agora, concentre seu chakra na sua mão e bata no chão. Pense nos ninkens e no vínculo que você quer criar.
Naruto faz os selos que Kakashi lhe ensinou e bate a mão no chão com força. Uma pequena nuvem de fumaça surge, e de dentro dela aparece… um filhote de cachorro. Ele é pequeno, com orelhas caídas e um olhar curioso. O pelo marrom-claro está desgrenhado, e ele solta um latido hesitante.
— AAAAAHHH! Ele é tão fofinho! Esse é o meu ninken?! — pergunta já querendo pegar o filhote e Kakashi assente.
— Sim. Ele ainda é um filhote, então vai precisar de cuidado e treino. É sua responsabilidade agora, Naruto.
Naruto pegou o filhote no colo, e o cachorrinho lambeu seu rosto, fazendo-o rir.
— Vou cuidar bem de você! Vou ser o melhor parceiro que você já teve! — garante Naruto, abraçando o cachorrinho, sendo observado pelo mais velho e Iruka. Aquele era um momento único do filho com o Hatake, criando mais um vínculo que nunca seria quebrado.
— É isso que eu queria ver. O vínculo entre invocador e criatura é mais do que poder. É confiança e amizade. Como vai chamá-lo?
— Eu que dou o nome? Pensei que ele já tinha um.
— Alguns já têm, quando criam um vínculo depois de um tempo, mas esse pequeno, é filhote, como você, então, você dará nome a ele — esclareceu Pakkun.
Naruto pensou por um tempo, analisando o animal, até sorrir abertamente, dando a certeza que havia escolhido um nome aos pais.
— Chibi! Ele irá se chamar Chibi.
— Bem apropriado — comentou Iruka, rindo contido, pois quando crescesse, talvez o ninken não gostasse tanto do nome, pois significava literalmente algo ou alguém pequeno, fofo ou jovem. Ou quem sabe, iria adorar. Só o tempo diria.
Enquanto isso, Pakkun, sentado ao lado de Kakashi, observa a cena com uma expressão quase paternal.
— Esse garoto tem jeito, hein? — afirmou Pakkun para Kakashi
— Sim. Ele tem muito potencial… e muita energia — declarou o mascarado, olhando para o filho que saiu correndo pelo campo com o filhote no colo, já sonhando com as aventuras que terão juntos, enquanto Kakashi o observa com um sorriso escondido sob a máscara.
— Pensei que somente os Hatake poderiam ter um contrato com os nin-dog, Kakashi — comentou Iruka, abraçando o namorado.
— Sim, é verdade, mas já considero o Naruto um Hatake. Ele pode não ter o meu nome, ou o meu sangue, mas ele é da família. Assim como você.
— Nossa família… Eu amo muito vocês.
— Eu também. Obrigado por isso.
De repente, nuvens escuras começam a se formar no céu, anunciando uma chuva iminente.
— Bem, parece que uma tempestade está chegando. Vamos testar algo interessante. Naruto, Chibi, vamos.
Quando todos estão juntos, Iruka então concentra seu chakra e executa uma série de selos de mão rápidos.
— Barreira de Chuva!
Uma cúpula transparente se forma sobre o grupo, impedindo que a chuva os atinja.
— Incrível! É como se estivéssemos sob um guarda-chuva gigante! — Naruto fica admirado.
Isso mesmo, Naruto. As barreiras são habilidades muito úteis para se aprender. Elas podem nos proteger em diversas situações — explicou Kakashi.
A tempestade continua lá fora, mas Naruto, Kakashi e Iruka permanecem secos e protegidos sob a barreira de chuva de Iruka.
— Bem, acho que nosso treinamento por hoje está completo. Vamos voltar para a casa antes que a chuva se intensifique. E quem sabe, te ensino como fazer uma quando chegarmos — comentou o Umino, fazendo Naruto quase pular.
— Ouviu, Chini? Papai vai me ensinar a fazer uma barreira! Hoje é o melhor dia de todos — gritou Naruto enquanto Chibi latia junto, em perfeita sincronia.
【】
Ao chegarem, os três com os oito ninkens de Kakashi, e também Chibi, a casa parece ainda mais cheia. O filhote de ninken, pula animadamente ao redor de Naruto, que ainda está empolgado por seu novo companheiro. A casa está iluminada por uma luz quente, e o ambiente é confortável, refletindo o aconchego de uma família unida.
Iruka, com a mão na cintura, observa a interação dos menores daquela família.
— Certo, Naruto, como você está treinando com o Kakashi-sensei, achei que seria uma boa hora para te ensinar algo também. Que tal aprender uma barreira básica?
Naruto encara o mais velho com os olhos brilhando como faróis:
— Sério, pai, digo, Iruka-sensei?! Tipo aquelas que protegem contra ataques ninja? Ou contra a chuva. — Lembrou da recente barreira feita pelo outro.
— Quase isso, essa é mais simples. Vamos começar com uma barreira de som. Ela é ótima para impedir que ruídos saiam de um lugar. Pode ser útil se você precisar de privacidade ou quiser manter Chibi quieto durante um treino.
— Chibi? Quieto? Isso vai ser divertido! — O Uzumaki parecia prever que aquilo não aconteceria.
Iruka se ajoelha ao lado de Naruto e pega um pequeno pedaço de papel de barreira que trouxe consigo. Ele desenha rapidamente alguns símbolos com um pincel fino e coloca o papel no chão.
— Agora preste atenção, Naruto. Essa barreira cria um campo que impede que sons saiam daqui, mas as pessoas de fora ainda podem ver o que está acontecendo. É útil para treinar sem incomodar os vizinhos ou até para proteger informações — explicou Iruka enquanto junta as mãos e faz selos lentos e claros, enquanto Naruto o observa atentamente.
— Depois de ativar a barreira, você só precisa concentrar um pouco de chakra no selo para ajustar o alcance. No entanto, fiz uma pequena falha de propósito, para que eu possa desfazê-la facilmente se algo der errado. E, Naruto… — Olha firme para o filho — nada de usar isso para travessuras.
— Travessuras? Eu? Nunca! — Defendeu-se, tentando parecer inocente.
Kakashi, encostado na porta, apenas balança a cabeça, já prevendo o contrário.
Iruka termina os selos e toca o papel, ativando a barreira. Uma leve ondulação transparente aparece no ar ao redor do espaço onde ambos estão, deixando Kakashi e os ninkens de fora.
— Uau! Parece mágica! — diz Naruto, impressionado.
— Agora tente falar um pouco mais alto, Naruto.
— “CHIBI, VOCÊ É O MELHOR!" — Naruto grita, mas o som fica abafado e quase inaudível fora da barreira e o filhote parece confuso, tentando entender porque não ouve seu amigo humano. — Isso é incrível! Posso tentar agora?
Iruka desfaz a barreira e passa o papel para Naruto e o orienta a repetir os selos. Após algumas tentativas atrapalhadas, Naruto consegue ativar a barreira, cobrindo Chibi e os ninkens que decidiram se juntar à diversão.
Dentro da barreira, Naruto se senta no chão, com Chibi no colo e os outros ninkens descansando ao seu redor. Ele olha para Kakashi e Iruka, que observam tudo do lado de fora, e sua expressão muda de animada para serena.
— Eu nunca pensei que teria algo assim... Uma casa, uma família... Vocês são os melhores pais que eu poderia ter — declarou encarando os mais velhos, que não ouviram, mas tinham uma ideia do que o pequeno havia dito.
Iruka coloca a mão no ombro de Kakashi, emocionado, enquanto Kakashi dá um pequeno aceno de cabeça, escondendo um sorriso sob a máscara.
Iruka desfaz a barreira e pega Naruto em seu colo, sendo abraçado por Kakashi.
— Nós também somos muito sortudos de ter você, Naruto.
Cada um tinha o mesmo sentimento, que cresceu de forma diferente durante os anos. Iruka perdeu os pais para a besta que habitava seu pequeno. Este que cresceu sendo odiado por todos, mas encontrou pessoas que o amavam e o protegiam de tudo e Kakashi, que acreditava ter perdido tudo, mas encontrou naqueles dois uma família que nunca pensou que teria.
— Eu amo vocês dois. E essa família que formamos.