A Arte de Ensinar

Naruto (Anime & Manga)
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A Arte de Ensinar
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Summary
A pedido do Shodai, Hashirama, Izuna aceita o desafio de ser sensei de uma das primeiras turmas da Academia Ninja, assim que ela foi criada por Tobirama. O Uchiha tinha todos os motivos para se sentir nervoso e temer todas as dificuldades que apareceriam, especialmente por muitos não confiarem nos Uchiha, mas com a ajuda dos Senju, especialmente de Tobirama, ele gradualmente encontra seu jeito de ensinar e ganhar a confiança de todos, especialmente do seu time.Izuna Week 2025 | 3º dia | 12 de fevereiro | Equipe Genin | Relacionamento secreto | Star Wars AU | Izuna e seus gennins (OC's): Yuki Senju, Saya Inuzuka e Daiki Shimura | TobiIzu
Note
Chegando com mais uma Week da Izuna Week e dessa vez trouxe o Izuna como um sensei, um jounnin-sensei com seu próprio time (poderia ter sido o primeiro time 7, mas ficou apenas o Time 1).Sem foco no romance hoje...E olha, que essa staff do @ACNProject arrasa sempre!Avaliação do Plot e Fanfic por @Moonshine1024Betagem com a linda beta @Se-ri que aceita tudo!Capa provisória e os 3 gennins da capa são os gennins do Izuna (conseguem no fim, dizer quem é quem?)Espero que gostem e boa leitura!

Fanfic / Fanfiction A Arte de Ensinar

(Os gennins de Izuna)

 

Izuna caminhava pelos corredores recém-construídos da Academia Ninja. A luz do sol atravessava as janelas de papel, iluminando as paredes de madeira. O aroma da construção nova ainda preenchia o ar, mas o peso da desconfiança pairava sobre ele. Como irmão de Madara e uma figura proeminente do clã Uchiha, Izuna sabia que sua presença ali era vista por muitos como controversa.

O convite para se tornar sensei de uma das primeiras turmas de gennin da Academia partira diretamente de Hashirama Senju. “Você pode moldar as novas gerações, Izuna. Mostre-lhes o que é ser um verdadeiro ninja de Konoha”, disse Hashirama com aquele sorriso gentil. Apesar de seus próprios receios, Izuna aceitou. Ele queria provar que os Uchihas eram dignos de confiança e capazes de algo além do ódio que o clã tanto carregava.

Porém, os primeiros dias não foram simples. Muitos pais ficaram insatisfeitos com a designação de Izuna como professor. As vozes de que ele traria favoritismo ao clã Uchiha ou de que era “frio demais” ecoavam. “Aqueles pais conheciam o Bloco de Gelo Senju, vulgo Tobirama?”. Ele se questionava sempre que ouvia algo naquele sentido. As crianças refletiram sobre as desconfianças de casa, e Izuna percebeu a hesitação em seus olhares. Mas, com confiança e determinação, ele persistiu.

E agora, ele se preparava mentalmente para conhecer seus três alunos. Era estranho ter crianças como alunos, mas apesar da guerra entre os Uchihas e Senju terem finalizado, o mundo shinobi não era um lugar seguro e o perigo espreitava nas sombras. Existiam muitas aldeias determinadas a acabar com aquela frágil estabilidade, aquela paz momentânea.

A escolha dos seus alunos foi uma decisão cuidadosamente tomada por Hashirama e Tobirama, um por ser o Hokage e o outro por criar a Academia e definido a classificação de cada um. Enquanto Academia Ninja, eles seriam os pré-gennin, quando se formassem, após aprendem a base do treinamento shinobi, eles se tornaram gennin. Mais para frente, se tornaram chunnin e após isso, jounnin, que seriam os ninjas de elite de cada Aldeia. 

A ideia era que os três alunos, com suas personalidades e origens diferentes, poderiam crescer sob a tutela de um sensei tão experiente quanto Izuna em batalhas e missões, que enfrentava uma missão não apenas de treiná-los, mas de superar a desconfiança enraizada na vila.

O Uchiha caminhava até um pequeno campo de treinamento, onde foi informado que os três estavam o aguardando. A empolgação de Hashirama não foi o suficiente para tirar o nervosismo do Uchiha. O que piorou foi o sorriso presunçoso de Tobirama, como se esperasse que ele fracassasse, ou que tivesse, no mínimo, um começo difícil.

Ao chegar no local, que ficava próximo ao prédio da Academia, um campo cercado por árvores altas, com uma leve brisa agitava os galhos. Ele chegou, parou em frente ao trio, cruzando os braços, com postura firme, mas sem um sorriso no rosto, o que imediatamente chamou a atenção dos jovens.

Assim que colocou os olhos neles, soube quem eram, a vila não era tão grande ainda e conhecia quase todos os clãs. Era uma bela mistura, com diferentes opiniões sobre os Uchihas. Seus alunos eram: Yuki Senju, Saya Inuzuka e Daiki Shimura. 

Quando abriu a boca para começar a falar, Yuki se aproximou primeiro. Ele correu até Izuna com energia quase exagerada, sua bandana mal amarrada refletindo sua personalidade descuidada, chegou a pensar que Hashirama era daquela mesma forma naquela idade. Assim que viu Izuna, seus olhos brilharam de curiosidade e entusiasmo.

— Sensei Uchiha, hein? Aposto que você vai ter trabalho comigo! — disse Yuki com um sorriso largo. Ele parecia genuinamente empolgado, mas sua confiança era quase desafiadora. Ele queria provar que poderia ser tão forte quanto Tobirama, mesmo que isso significasse testar a paciência de Izuna. Aquele pequeno Senju já era conhecido do Izuna e tentava de todas as formas se tornar parecido com o albino.

Logo depois, Saya Inuzuka chegou, com seu pequeno ninken, Kaiko, trotando ao lado dela. A garota tinha um olhar determinado, como se já estivesse preparada para um combate. Ela parou ao lado de Yuki, cruzando os braços, e olhou Izuna de cima para baixo.

— Espero que você saiba como lidar com gente como eu, sensei. Não sou de aceitar pedidos tão fáceis. — Kaiko, sentindo a energia da dona, rosnou baixinho, como se concordasse com ela. Izuna apenas arqueou uma sobrancelha diante da atitude feroz, mas viu que Saya o observou com cautela, provavelmente tentando decidir se ele era digno de respeito.

Por último, Daiki Shimura apareceu, caminhando lentamente, sem pressa. Ele parecia hesitante, quase desconfortável, enquanto analisava Izuna de longe. Assim que parou ao lado dos outros, seu olhar fixou-se no chão.

— Shimura Daiki. — Sua apresentação foi breve, quase fria. Ele olhou diretamente  para Izuna, claramente desconfiado. A confiança dos Uchihas e os rumores que ele ouviu em casa o deixaram em alerta. Para ele, trabalhar sob um Uchiha seria um teste de paciência, e ele já estava preparado para o pior.

— Como sabem, sou Izuna Uchiha, e serei o sensei de vocês. Nós quatro estamos trabalhando juntos pela primeira vez, então teremos que ter paciência uns com os outros e aprender a confiar nos nossos companheiros.

Izuna sabia que, para ser um bom sensei, precisaria entender o potencial de cada um de seus alunos desde o primeiro dia. Após as apresentações, ele os encarou com seriedade e pôde jurar que Daiki esperava ver o Sharingan.

— Muito bem. Agora que nos conhecemos, vamos ao que importa: eu quero ver o que vocês sabem fazer. Hoje, não vou ensinar nada. Quero apenas observar. — Ele apontou para o campo de treinamento. — Cada um de vocês vai mostrar suas habilidades. Não importa se é taijutsu, ninjutsu ou estratégias. Mostrem o que acham que é o seu ponto forte.  

Os três alunos se entreolharam. Yuki parecia animado, Saya, levemente desconfiada, e Daiki apenas suspirou, como se já estivesse prevendo que isso seria cansativo.  

Yuki foi o primeiro a se voluntariar, praticamente saltando para o centro do campo e Izuna notou que ele seria energia e impulsividade pura.

— Vou mostrar do que um Senju é capaz! — ele declarou com confiança, juntando as mãos em um selo.  

Ele usou um jutsu básico de liberação de água, criando uma pequena corrente que fluiu em sua direção e formou um chicote líquido. Com um sorriso, ele girou o chicote no ar e tentou atingir um alvo improvisado — um tronco de madeira que estava ao lado.  

O ataque foi poderoso, mas desajeitado. O chicote acertou o tronco com força suficiente para arrancar pedaços de casca, mas Yuki perdeu o controle, tropeçando para trás.  

Izuna observou em silêncio, mas seus olhos captaram tudo.  

— Boa energia, mas precisa de controle. Você confia muito no poder bruto, Yuki. Isso é perigoso em uma batalha real. — Yuki ficou um pouco vermelho, mas assentiu, ainda com um sorriso determinado.  

Saya foi a próxima. Ela não esperou que Izuna pedisse; deu um passo à frente, com Kaiko ao seu lado.  

— Nós dois treinamos juntos, então espero que preste atenção. — Ela fez um gesto para Kaiko, e o pequeno ninken latiu em resposta.  

Saya usou o Shikyaku no Jutsu (Técnica da Imitação da Fera), impressionando Izuna por saber aquilo com uma quase perfeição, ganhando agilidade e força animal. Em conjunto com Kaiko, ela correu em alta velocidade, simulando um ataque direto contra um dos alvos do campo. A dupla se moveu como uma tempestade feroz, com Saya rasgando o tronco com suas garras e Kaiko mordendo outro ponto estratégico. A garota era instinto fúria.

Quando terminaram, Saya olhou para Izuna, esperando alguma crítica.  

— Seu trabalho em equipe com Kaiko é sólido. — Izuna inclinou levemente a cabeça, avaliando. — Mas você age por impulso. Não avalia o terreno nem considera o que o oponente pode fazer para contra-atacar. Sua força é impressionante, mas se você não aprender a pensar antes de atacar, isso pode custar caro.  

Saya franziu a testa, mas não discutiu. Era claro que ela não estava acostumada a receber críticas, mas Kaiko latiu baixinho, e ela pareceu relaxar.  

Por último, Daiki deu um passo à frente, claramente sem vontade.  

— Vou fazer isso rápido. — Sua voz era baixa e calculada. Ele formou alguns selos e desapareceu em um instante, usando o Shunshin no Jutsu (Técnica de Movimentação Rápida).  

Enquanto os outros olhavam ao redor, confusos, Daiki surgiu atrás de um dos troncos de madeira e lançou uma kunai com uma bomba de luz, cegando temporariamente todos no campo. Quando a visão voltou ao normal, eles o viram parado novamente no mesmo lugar, como se nunca tivesse se movido.  

— Isso foi tudo? — Yuki perguntou, ainda piscando por causa da luz.  

Izuna, no entanto, pareceu intrigado.  

— Simples, mas eficaz. Você é cauteloso e prefere estratégias a ataques diretos. Isso pode ser uma vantagem, mas também pode ser uma fraqueza se não aprender a adaptar seu estilo. — Ele observou o olhar impassível de Daiki. — E você terá que aprender a confiar mais nos seus companheiros. Em um time, individualismo não leva longe.  

Daiki não respondeu, apenas deu de ombros, claramente desinteressado.  

Izuna observou os três em silêncio por alguns instantes antes de falar. Seus olhos escarlates com o Sharingan ativo, observou cada detalhe do que demonstraram, que apesar de parecer sempre tão intimidantes, eram calmos, mas ainda carregavam uma firmeza inabalável. Ele estava satisfeito por ver que cada um tinha algo único a oferecer, mas sabia que isso tornaria o trabalho ainda mais desafiador.  

— Vocês têm muito a aprender, mas isso é bom. Um time com diferentes pontos fortes pode se complementar, se souberem trabalhar juntos. — Ele cruzou os braços, olhando de um para o outro. — Meu trabalho será transformar vocês em uma equipe de verdade. Isso não vai ser fácil, mas também não espero que seja.  

Os alunos se entreolharam. Apesar de suas diferenças, havia algo na forma como Izuna falava que inspirava uma fagulha de curiosidade.  

— Amanhã, voltaremos aqui cedo. Preparem-se para algo mais intenso. — Izuna virou-se para ir embora, mas parou e olhou para trás. — Ah, e tragam determinação. Vocês vão precisar.  

Os três jovens ficaram no campo, com sentimentos mistos. Yuki parecia animado, Saya estava pensativa, e Daiki, como sempre, continuava calado. Mas, de alguma forma, todos sentiram que aquele seria o início de algo importante.  

Aquele era o primeiro passo para Izuna trilhar seu caminho como sensei da primeira turma da Academia. O desafio não seria apenas treinar três jovens ninjas, mas moldá-los em um tempo verdadeiro — e conquistar a confiança deles no processo.

 

『』

 

Izuna mal cruzou a porta da casa e foi abordado pelo irmão, que parecia ansioso para saber como havia sido seu primeiro dia. Madara sabia que não seria fácil, nem esperava tal coisa, mas ficou apreensivo ao notar a face preocupada do mais novo.

— Então, como foi? Quem são seus pirralhos? São bons? Te ouviram? Não fizeram nenhuma insinuação sobre mim ou nosso clã? — As perguntas deixaram Izuna um pouco zonzo.

— Sim e não — respondeu sentando-se pesadamente no sofá que havia ali. Ele só queria descansar um pouco.

— Para quais perguntas? 

— São bons, mas são como pedras brutas. Me ouviram e ao que parece, ao menos dois não têm problema comigo. Acho que impressionei um Senju.

— Os Senju são impressionáveis, nada fora do comum. Qual deles acha que te dará problemas?

— Um Shimura. Sei que são desconfiados, apesar de um deles estar na equipe de Tobirama, eles não me passavam muita confiança. Ou talvez apenas não estejam crentes na mudança e nesse acordo de paz.

— Mas sei que vai conquistá-lo. Virou amigo daquele bastardo do Tobirama.

— Nós não somos amigos, nos toleramos, é diferente.

— Sei, mas aquele idiota não é o assunto e sim seus alunos. Me conte direito quem são eles e o que achou deles. Têm futuro?

Izuna suspirou, deitando no sofá e colocando as pernas no colo do irmão, que resmungou com a ousadia, mas não o tirou do lugar.

— Tem o Yuki Senju, que é puro fogo. Tem a energia e o entusiasmo típicos dos Senju, mas não tem disciplina. Ele quer provar que é tão forte quanto Tobirama, mas age sem pensar. Isso pode colocá-lo em perigo. Ainda assim, há algo nele… a maneira como se levanta mesmo quando falha. Ele não desiste, e isso é algo que posso trabalhar. Se eu conseguir ensinar a ele controle, Yuki pode se tornar um ninja formidável, assim como Tobi… 

— Tem apelido e não são amigos…

— Cale a boca, Mada, não me interrompa. Tem também Saya Inuzuka e seu parceiro ninken, o Kaiko. Ela é feroz, como esperado de uma Inuzuka. Ela tem um coração protetor, mas isso a torna imprudente. Seu instinto é lutar, não pensar. Mas o vínculo dela com Kaiko é impressionante; o potencial está ali, só precisa ser lapidado. Ela é como um lobo jovem: cheia de energia, mas precisa aprender a canalizar isso com sabedoria. Vai ser desafiador fazer com que ela confie em estratégias além da força bruta, mas se conseguir, ela pode ser o pilar de sustentação do time.

— Isso é bom, encontrará um jeito de fazer isso — Madara interrompeu novamente, recebendo um chute em resposta, que apenas o fez rir.  

 — E por último, o Daiki Shimura. Ele é um mistério. É calmo, quieto e inteligente, mas mantém as pessoas à distância. Ele já tem uma mentalidade estratégica, algo raro para alguém tão jovem, mas essa postura solitária pode ser um problema. Ele carrega a desconfiança do clã Shimura em relação aos Uchihas, e isso será uma barreira. Não será fácil conquistá-lo, mas posso ver que ele tem potencial para ser o cérebro do time. Se ele aprender a confiar nos outros, pode ser a peça mais importante de todos. — Izuna finalizou, deixando escapar um sorriso discreto.  

— Eles são como peças de um quebra-cabeça completamente diferentes. Sozinhos, são inexperientes e cheios de falhas, mas juntos… há potencial. Com trabalho duro, eles podem se complementar e se tornar um time incrível. Mas para isso, precisarei ganhar a confiança deles primeiro. Especialmente de Daiki.

— Não se preocupe, sei que vai conseguir fazer com que eles vejam além das diferenças e que trabalhem juntos. Eles não irão apenas se fortalecer sobre sua tutela, mas também irá provar que os Uchihas têm um lugar na vila por mérito, não apenas pela minha relação com Hashirama. Esse time será uma chance para todos e você não irá desperdiçá-la.

No resto da noite, enquanto preparavam o jantar, Izuna, com a ajuda de Madara, planejava os próximos passos. O mais novo sabia que a jornada seria difícil, mas, como qualquer Uchiha, ele estava preparado para o desafio.

 

『』

 

Izuna dedicou-se a moldar os três com o tempo. Ele queria que os três se entendessem, que começassem a agir como uma equipe, mas era difícil. Eles eram impulsivos e queriam provar que eram capazes de resolver tudo sozinhos. 

Izuna tentou aplicar lições práticas no campo, onde forçava os alunos a depender uns dos outros. Em um dos treinos, ele criou um teste de sobrevivência, que consistia nos três cooperarem para capturar uma bandeira em um terreno acidentado. Porém, nada saiu como o esperado: Yuki tentou avançar sozinho, enquanto Saya insistia em proteger Daiki, que por sua vez se recusava a pedir ajuda.

O resultado foi desastroso, mas Izuna não os repreendeu. Em vez disso, ele sentou-se ao lado deles após o fracasso, com um olhar paciente, e explicou:

— Sozinhos, vocês só alcançarão a derrota. Mas juntos, vocês podem superar qualquer desafio. Olhem para mim e para o clã Senju. Não é fácil trabalhar com quem é diferente de você, mas é assim que criamos algo maior.

Mesmo com resistência, suas palavras resultaram em efeito surpreendente. Yuki, pela primeira vez, pediu desculpas a Saya. Daiki murmurou algo sobre trabalhar em equipe. E Izuna notou que, aos poucos, eles começaram a confiar um no outro.

O Uchiha chegou a pensar que tudo ficaria bom, apesar dos infortúnios, mas o trio parecia dar um passo para frente e cinco para trás. E mesmo percebendo que ensinar não era apenas passar conhecimento, mas também conquistar a confiança de seus alunos, cada um com suas próprias barreiras.  

O que ele constatou era que o Yuki queria provar seu valor e constantemente questionava as críticas de Izuna, insistindo que podia fazer mais do que era pedido. Sua energia descontrolada resultava em erros durante treinos, como desperdiçar chakra ou agir sem pensar.  

A Saya mostrava resistência à disciplina e preferia depender de seus instintos e de Kaiko em vez de ouvir as estratégias propostas. Isso frequentemente a fazia entrar em conflitos diretos com Daiki, que preferia soluções planejadas.  

Já este, por sua vez, era um desafio maior. Além de desconfiar de Izuna por causa das tensões entre os Uchihas e os Shimura, ele evitava trabalhar em equipe, insistindo em resolver os desafios sozinho. Sua postura fria criava atritos constantes com os colegas.  

Izuna frequentemente voltava para casa frustrado, questionando se conseguiria fazer o time funcionar. Apesar disso, ele persistia, ajustando seus métodos para cada aluno. Com Yuki, começou a reforçar exercícios de controle de chakra. Para Saya, introduziu cenários táticos que exigiam calma antes de agir. E com Daiki, ele usou provocações sutis para forçá-lo a se abrir e confiar mais nos outros.  

Ainda assim, o progresso era lento. As brigas entre os alunos eram constantes, e Izuna se via tendo que interromper treinos para lidar com conflitos que iam além de habilidades ninjas. Ele sabia que a verdadeira prova do time viria em um momento de pressão real.

Essa pressão chegou mais cedo do que Izuna esperava. Ele e seu time foram enviados para uma missão simples de escolta, onde não tinha nada para dar errado. Porém, eles foram emboscados por um grupo de bandidos. Izuna, como sensei, estava lá para garantir a segurança de todos, mas decidiu observar como o time lidaria com a situação antes de intervir.  

Yuki, no calor do momento, atacou o grupo sem esperar as instruções de Izuna ou coordenação com os colegas. Saya o seguiu instintivamente, confiando que Kaiko poderia cobrir seus flancos. Daiki, por outro lado, hesitou em entrar na briga, observando os movimentos dos inimigos e esperando a melhor oportunidade para agir.  

O resultado foi um desastre.  

Yuki foi rapidamente cercado e desarmado por três oponentes.  

Saya conseguiu proteger Yuki por um tempo, mas ficou sobrecarregada e acabou se ferindo ao proteger Kaiko de um ataque.  

Daiki, mesmo com um plano em mente, não conseguiu agir a tempo para evitar os danos aos colegas, ficando paralisado pela incerteza.  

Izuna foi forçado a intervir, derrotando os bandidos sozinho. Após garantir a segurança do grupo, ele reuniu os alunos feridos e, pela primeira vez, levantou a voz:  

— Isso não foi uma derrota apenas para vocês. Foi uma derrota para mim. Como sensei, esperava que estivessem prontos para algo tão simples, mas falhei em prepará-los.  

As palavras de Izuna foram duras, mas ele não as usou para humilhar. Em vez disso, ele se ajoelhou diante deles.  

— Vocês são meus alunos. Eu acredito no potencial de cada um, mas se continuarem a agir sozinhos, não haverá equipe. E sem uma equipe, nenhum de vocês sobreviverá ao mundo real. Sei que construir confiança é complicado e demorado, mas se até mesmo dois clãs que passaram anos lutando, conseguiram encontrar uma forma de coexistir e se fortaleceram, vocês também conseguem. Deem uma chance ao colega e a mim.  

Foi um momento que marcou os três profundamente. Pela primeira vez, eles sentiram o peso do trabalho em equipe e começaram a refletir sobre suas falhas.

 

『』

 

Depois da fracassada missão de escolta, Izuna estava sentado no terraço do prédio da Academia. A noite envolvia a vila em silêncio, mas a mente do Uchiha estava longe disso. Ele tinha muito a refletir, especialmente sobre as falhas dele como sensei. Quando ouviu passos firmes atrás de si, não precisou se virar para saber quem era.

— Já veio dizer que eu estava errado desde o começo? — perguntou Izuna, com um tom levemente irritado.  

Tobirama parou ao lado dele, olhando para a vila iluminada abaixo. Ele não respondeu imediatamente, o que deixou Izuna ainda mais inquieto.  

— Não, Izuna. Admito que tinha minhas dúvidas, Uchiha, mas parece que você está conseguindo.

Izuna arqueou uma sobrancelha.

— Isso é um elogio, Senju?

  O Uchiha ergueu uma sobrancelha, surpreso com a declaração incomum. Ele se virou para encarar o Senju, tentando decifrar a expressão séria de Tobirama. 

— Talvez… Na verdade, eu vim dizer que você está no caminho certo 

— No caminho certo? Eu fracassei, Tobirama. Eles não trabalharam como equipe. Fizeram exatamente o oposto do que venho tentando ensinar. Como isso pode ser o caminho certo?  

Tobirama suspirou e sentou-se no parapeito, algo que parecia surpreendentemente casual para alguém tão rígido.  

— Porque fracassar faz parte do processo, Uchiha. A diferença entre um bom sensei e um fracasso é o que você faz depois.  

Izuna franziu o cenho.  

— Isso é fácil de dizer vindo de você, não é? Os Senju sempre tiveram as portas abertas na vila. As pessoas confiam em vocês. Eu não tenho esse privilégio, Tobirama. Tudo o que faço está sendo observado e criticado.  

— E você acha que eu não sei disso? — retrucou Tobirama, sua voz adquirindo um tom mais firme. — Você acha que foi fácil para mim, enquanto meu irmão proclamava a aliança com os Uchihas? Você não é o único que teve que engolir desconfiança e olhar de esguelha, Izuna. A diferença é que eu não fico me lamentando sobre isso.  

Izuna abriu a boca para responder, mas fechou-a novamente. Havia verdade nas palavras do Senju, por mais irritantes que fossem. Tobirama aproveitou o momento de silêncio para continuar.  

— Eu te escolhi para esse time, Izuna. Não porque achei que seria fácil, mas porque sabia que você é capaz.  

O Uchiha o encarou, desconfiado.  

— É mesmo? Ou você escolheu três alunos problemáticos para garantir que eu fracassasse?  

Tobirama revirou os olhos.  

— Não seja dramático. Cada um deles têm potencial, mas precisa de algo que só você pode oferecer.  

— E o que seria isso? — perguntou Izuna, cruzando os braços.  

— Persistência. — Tobirama se levantou e o encarou diretamente. — Eu sei que é difícil lidar com Yuki, Saya e Daiki. Mas você já começou a entender as fraquezas deles, e agora é sua chance de transformá-las em forças. Eles precisam de você, Izuna, e, talvez, você também precise deles.  

Izuna riu baixinho, embora não houvesse humor em seu tom.  

— Você está um poço de conselhos hoje, Tobirama. Vai me dizer que acredita em mim também?  

O Senju deu um pequeno sorriso, algo raro de se ver.  

— Eu acredito. Mesmo que me irrite admitir isso. Você é teimoso, Izuna. Mais do que eu. E isso é exatamente o que esses três precisam.  

Por um momento, o silêncio pairou entre eles, quebrado apenas pelo som do vento noturno. Então, Tobirama deu um passo mais perto, sua voz se tornando mais suave.  

— E quem sabe, Izuna, esse time não seja só sobre ensinar. Talvez eles sejam o começo de algo maior. Algo que possa quebrar essa tensão entre os Uchihas e os demais clãs… E também entre nós. Eu estou começando a te ver além do meu inimigo, o qual desejava apenas a morte e quase consegui, foi por um triz que as coisas não terminaram de outra forma. Quero abrir espaço para algo… novo.  

Izuna piscou, surpreso com o tom mais pessoal nas palavras de Tobirama. Ele sentiu o peso do olhar do Senju e desviou o olhar, confuso com a intensidade que parecia surgir naquele momento.  

— Você realmente não consegue evitar esses comentários ambíguos, não é? — murmurou Izuna, sem saber ao certo se estava irritado ou intrigado.  

Tobirama deu de ombros, começando a se afastar.  

— Apenas algo para você pensar, Izuna. Não desista. Não deles, e, definitivamente, não de si próprio.  

E com isso, Tobirama desapareceu na noite, deixando Izuna sozinho novamente. Mas, desta vez, o Uchiha sentia algo diferente. Talvez fosse esperança. Ou talvez fosse outra coisa que ele ainda não estava pronto para admitir.

 

『』

 

Algumas semanas depois do fracasso da primeira missão e após a conversa de Izuna com Tobirama, tanto o Uchiha quanto seus gennins passaram por mudanças significativas, moldadas pelo peso do fracasso e pelo desejo de superá-lo. 

Izuna começou a analisar a fundo cada um deles, de onde vinham seus pontos fortes e porque agiam de maneira individualista e levados pelo instinto ou desejo de se mostrar alguém tão forte quanto aquele que admirava.

Yuki, antes impulsivo e cheio de confiança, começou a entender o valor de pensar antes de agir. Ele percebeu que sua força bruta não era suficiente para compensar a falta de estratégia e começou a escutar mais Izuna, ainda que com relutância inicial. O jovem Senju lentamente mostrou uma vontade genuína de amadurecer, mesmo que ainda mantivesse sua energia vibrante e determinação em provar que poderia ser um grande ninja como Tobirama.

Já a feroz e instintiva Inuzuka, começou a reconhecer que sua agressividade às vezes colocava os outros em perigo. Após falhar em proteger o time devido a sua impulsividade, ela começou a trabalhar em autocontrole, aprendendo a canalizar sua força e lealdade de forma mais produtiva. Ela e Kaiko começaram a treinar mais com foco em trabalho em equipe, reforçando seu vínculo e habilidade em coordenação.  

O mais cético entre os três, que mais desconfiava de Izuna, Daiki viu pela primeira vez que seu sensei estava tentando ajudá-los, mesmo quando ele não sabia como. Ele começou a mostrar mais respeito, ainda que contido, e sua mente estratégica se tornou mais cooperativa ao perceber que sua inteligência era mais útil quando usada em conjunto com os outros. A desconfiança que ele tinha em relação ao Uchiha começou a ceder, embora não desaparecesse completamente.  

Para Izuna, o fracasso foi uma lição amarga, mas também um ponto de partida. As palavras de Tobirama ecoavam em sua mente: “Não desista deles, nem de si próprio.” Ele começou a observar os gennins de forma mais empática, entendendo que cada um tinha não apenas potencial, mas também inseguranças que precisavam ser trabalhadas. Izuna começou a adaptar seu estilo de ensino, criando treinos específicos que exploravam as fraquezas de cada um, enquanto fortaleciam o trabalho em equipe.  

Ele também passou a se comunicar mais abertamente, mostrando aos três que, apesar de sua rigidez, ele se importava com eles como indivíduos. Essa aproximação gradativa começou a dissolver a tensão entre eles, criando pequenos momentos de conexão que pavimentavam o caminho para uma relação de confiança.  

Izuna, ao refletir sobre tudo isso, começou a perceber que ensinar não era apenas transmitir conhecimento, mas também crescer junto aos seus alunos. Ensinar era uma arte que poucos dominavam. Pela primeira vez, ele sentiu que talvez, com o tempo, aquele pequeno time pudesse se tornar algo verdadeiramente especial.

Após a evolução, notada por todos, especialmente por Tobirama, o time teve a oportunidade de se redimir em outra missão. Eles foram encarregados de recuperar uma caravana de suprimentos roubada por bandidos que haviam se escondido em uma área florestal.  

Desta vez, Izuna insistiu em um planejamento detalhado antes de qualquer ação. Porém, ele deixou que os alunos assumissem a liderança do plano, guiando-os apenas quando necessário.  

Daiki, com sua mente estratégica, traçou a abordagem: Yuki e Saya criariam uma distração na entrada do acampamento enquanto ele se infiltraria para localizar os suprimentos e garantir que não houvesse armadilhas.  

Com sua melhora nos jutsus que envolviam o Suiton, Yuki, agora mais controlado, ficou responsável por criar uma barreira de água para bloquear qualquer possível perseguição.  

Quem iniciaria o ataque inicial seria Saya ao lado de Kaiko, e desta vez, não agiu apenas por instinto. Ela seguiu as ordens de Daiki, mantendo os bandidos ocupados enquanto ele trabalhava.  

O plano funcionou perfeitamente. Com coordenação e comunicação, eles recuperaram os suprimentos sem ferimentos graves. Quando retornaram à vila, Izuna os parabenizou pela primeira vez:  

— Isso foi trabalho em equipe. Era isso que eu esperava desde o início. Vocês mostraram que podem confiar uns nos outros e em mim.  

Pela primeira vez, os três alunos sentiram um senso de orgulho como um time. Mais do que isso, começaram a ver Izuna não apenas como um sensei distante, mas como alguém que realmente se importava com eles.  

 

『』

 

Depois da missão, Izuna observou os alunos conversando e rindo juntos, algo que era raro antes. Ele percebeu que, mesmo com todas as dificuldades, aquele era o começo de um verdadeiro vínculo.  

“Esse é apenas o início”, pensou ele, com um pequeno sorriso. “Mas agora sei que eles podem crescer. Não apenas como ninjas, mas como pessoas que confiam uns nos outros.”  

E, naquele momento, Izuna sentiu que, apesar dos desafios, estava no caminho certo — tanto como sensei, quanto como alguém que lutava para mostrar que os Uchihas tinham um papel vital no futuro da vila.

Com o passar do tempo, as barreiras entre Izuna e seus alunos foram se dissolvendo. Ele começou a conquistar também a confiança de outros pais, especialmente com os resultados de seu tempo.

E quando o trio passou pelo Primeiro Exames Chunnins, onde o Uchiha quase teve um infarto e uma grande discussão com Tobirama por propor aquilo, mesmo sabendo que era uma forma de tentar aproximar as outras vilas que estavam sendo criadas, ainda poderia acabar em uma grande tragédia. As coisas poderiam não ter acontecido como ele esperava, ou como o Hokage havia planejado, ainda havia aqueles que queria destruir o que conquistaram, mas conseguiram evitar um grande conflito.

Apesar disso, o trio conseguiu com sucesso seu título de chunnin, mostrando que eram a equipe mais preparada e mais unida, e que apesar de toda a diferença, eles se tornavam um só quando precisavam defender sua vila, suas famílias e até mesmo, seu sensei.

Quando Yuki disse um dia: “Sensei, um dia quero ser como você”, Izuna sentiu um calor no peito. Ele sabia que ainda havia desconfianças no mundo, mas, ali, naquelas crianças, ele havia plantado os sentimentos de algo maior.

Mesmo Tobirama, conhecido por sua aversão aos Uchihas, começou a tratar Izuna com mais respeito, passando cada vez mais tempo ao seu lado, compartilhando técnicas de ensino, formas de melhorar cada habilidade que eles possuíam. Ele sabia que Izuna não apenas ensinava técnicas ninjas; ele moldava o futuro de Konoha. Como Hashirama costumava dizer, Izuna carregava a “vontade do fogo” em seu peito.

O Uchiha demorou um pouco para entender o que aquilo significava, mas entendeu que era o que faltava aos shinobis de Konoha, para aquela nova geração, a força para continuar a lutar contra todas as adversidades, construindo a força de vontade e um forte caráter. E também simboliza as esperanças e sonhos da geração anterior que estão sendo transmitidos para a próxima. Eles continuariam buscando a paz e lutando para mantê-la.

 

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Anos depois, Konoha só crescia e demonstrava a todos a sua força e dos seus shinobis. Mesmo enfrentando novas batalhas, continuavam unidos. 

Izuna agora não era mais sensei, ele era o que se poderia comparar, diretor da Academia e conselheiro do Hokage, Tobirama. Além de marido. Nunca pensou que era mais fácil lidar com os três sendo gennins desobedientes do que se intrometendo em sua vida pessoal e o perturbando a cada minuto, querendo saber de todos os detalhes do seu relacionamento. Yuki, Saya e Daiki se tornaram sua família e não tinha vergonha alguma de dizer que eram seus filhos de coração.  

Enquanto guardava alguns pergaminhos, encontrou um dos primeiros registros da Academia, onde o nome de sua época estava gravado, junto ao seu time; o Time 1. Seus pequenos haviam evoluído tanto, crescido e se tornado ninjas incríveis, além de pessoas admiráveis.

 Yuki se tornou um jovem notável, um ótimo conselheiro e estava prestes a ter seu próprio time de gennins. Saya liderou os esquadrões de Inuzuka, criando técnicas que iam além dos instinto e tornando o clã os maiores rastreadores de Konoha. Daiki era um estrategista respeitado e um dos melhores ninjas, fazendo parte do esquadrão Anbu, os ninjas que eram enviados para as missões mais perigosas. Eles eram um lembrete de que, apesar das diferenças, era possível construir um futuro baseado na confiança e no esforço mútuo.

E Izuna, ao olhar para o céu, sentiu que, finalmente, ele estava honrando o sonho de Hashirama e os ideais pelos quais ele e Madara haviam lutado.