𝓓𝓮𝓼𝓮𝓷𝓬𝓸𝓷𝓽𝓻𝓸𝓼

Naruto (Anime & Manga) Boruto (Anime & Manga)
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𝓓𝓮𝓼𝓮𝓷𝓬𝓸𝓷𝓽𝓻𝓸𝓼
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Summary
Hinata retorna finalmente a Konohagakure após uma missão misteriosa. Seus planos de confrontar Naruto logo são desmoronados levando a acontecimentos que já haviam sido traçados antes mesmo de seu retorno.Naruto aproveita o momento para focar em seus estudos e estreitar ainda mais o relacionamento com seus amigos, exceto alguém que parece estar cada vez mais longe de seus olhos.Essa história criada a partir de cenas nascidas da mais pura necessidade de criar um cenário diferente para NaruHina se passa após dois anos da quarta guerra ninja, nessa realidade The Last não aconteceu.[ NaruHina | Universo Original ]
Note
Olá pessoal! É com muito entusiasmo que compartilho minha primeira fanfic de NAruHina com vocês. Peço que mantenham a mente aberta com o rumo desta história e que entendam que apesar de se basear no cenário original de Naruto mudei algumas coisas e ordens cronológicas como a minha mente livre me solicitou enquanto redigia esse emaranhado de flashs que resultou nessa história. A ideia de escrever surgiu após ler tantas histórias maravilhosas, e me sentir inspirada em algo que me permitisse ser criativa.╔╦══• ✠•ೋ†ೋ•✠ •══╦╗Retorno: Regresso no espaço ou no tempo.╚╩══• ✠•ೋ†ೋ•✠ •══╩╝
All Chapters Forward

Égide

"Fogo em chamas

Normalmente nos mataria

Mas esse desejo intenso

Juntos, somos vencedores

Eles dizem que estamos fora de controle

E alguns dizem que somos pecadores

Mas não deixe que arruínem

Nosso lindo ritmo

Porque você me desdobra

E diz que me ama

E olha nos meus olhos

Você é perfeição

Minha única direção

É fogo em chamas"

Fire on fire - Sam Smith

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Inúmeros ninjas iguais preencheram o espaço, todos brilhavam com o modo Kyuubi que proporciona um aumento significativo no poder físico e nas habilidades de Naruto, além de mudanças visíveis em sua aparência e no uso do chakra. Ao combinar ambas as energias sua aura é envolta em dourado e laranja, lembrando chamas ou energia turbulenta se expandindo ao seu redor. Os olhos mudam para uma versão com pupilas verticais atingindo marcas distintas como linhas energéticas que lembram as de uma máscara de raposa.

No mesmo instante dois de seus clones correram para o lado de Hinata que estava sendo amparada por Tamaki, enquanto os demais cercaram todo o espaço, preparado para agir contra um Shin que estava extremamente assustado, enquanto em um canto Toneri estava fraco demais para esboçar qualquer reação.

- Peguem-no! - Naruto ordenou que segurassem o jovem de cabelos prateados. O restante poderia assistir, ele tiraria o sorrisinho debochado do sequestrador e com eles seus dentes.

- Eu aprendi alguns truques também, Senhor herói da folha! - Shin fez um selo com os dedos, e uma energia prateada emanou pelo local, as paredes vibraram e sob os pés pôde sentir o chão tremendo levemente.

Naruto cerrou os punhos e sentiu o chakra do Kurama pulsando dentro de si. Ele não podia hesitar, não quando a missão era tão importante... A batalha que estava prestes a acontecer não era só pela sua vida, mas também pelo futuro de todos que confiaram nele, era especialmente por Hinata.

- Você não pode derrotar o poder da lua, Naruto Uzumaki. - A voz do inimigo ecoou na fortaleza, com uma reverberação que parecia vir de todas as direções. O espírito inquebrável fez com que o shinobi sorrisse, não deixaria se intimidar.

Shin levantou as mãos novamente e uma onda perolada se espalhou ainda mais forte, feixes de energia dispararam em sua direção, como lasers cortando o ar com muita precisão. Algumas estátuas e tapeçarias foram danificadas à medida que a onda passou, e alguns de seus clones se dissiparam.

- Shunshin no Jutsu¹! - Gritou se esquivando, aparecendo e desaparecendo rápido como o relâmpago amarelo da folha.

Os clones da sombra restantes partiram para cima de Shin o acertando com socos e chutes, ele queria fazê-lo pagar por ter raptado Hinata, por ter tocado nela... Mas ao contrário do que supunha, ele não era um ninja qualquer. Ele girou a mão e a gravidade pareceu se modificar fazendo alguns clones perderem o equilíbrio e despedaçarem.

Naruto soube que havia algo mais no momento em que o homem girou no lugar e um lampejo de algo brilhante passou por seus olhos. O chão tremeu ainda mais quando acumulou chakra em sua mão, Shin sorriu se preparando para outro truque, porém dessa vez o herói da folha lançou seu jutsu antes do inimigo se movimentar.

- Rasengan²!

Na mosca!

A enorme esfera que se assemelhava a uma supernova acertou a lateral do corpo de Shin que caiu rolando para trás até se chocar na parede. Então ele viu ao chão o fragmento lunar quebrado em milhares de pedaços.

Após o brilho desaparecer como fumaça uma explosão de luz irradiou pelo cenáculo, distorcendo a visão de Naruto como se a realidade estivesse sendo rasgada, varrendo como um vento muito forte, as estátuas que estavam em pé caíram ao chão, um rangido alto saiu da parede então notou que a estrutura estava rachada.

Deu um passo para trás, então sentiu a energia de Hinata mais forte. Ao passo que Shin era contido, se virou e a viu tentando abrir os olhos, aquelas duas luas que ele amava com profunda devoção. O desperto que surgiu amenizou sua tensão e nem se importava mais em acertar um pouco mais o sequestrador, a dor que sentiu em vê-la imóvel dissipou, e fazendo jus a sua fama de ansioso correu para os braços dela.

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Ela viu a marca de meia lua do homem reluzir formando uma espécie de orbe que flutuou na palma de sua mão, assim que ele tocou em seu peito sentiu um esmagamento, vagou além do tempo e pensamento tomados por tamanha concentração de chakra que a fez flutuar como uma nuvem deslocada pelo ar. Em seu interior havia uma sensação de que algo havia sido comprimido em seu tórax, aquele movimento feito era um selamento de contenção. Ela conhecia o jutsu, sabia na teoria os sintomas ocasionados bem como a maneira de realizá-lo. Assim que ele isolou o poder na bolha teve certeza.

Remexeu-se lentamente, seu corpo estava dolorido como se houvesse se espremido por muito tempo em um local apertado, tentou erguer a cabeça, somente para voltar a recostar no colo de alguém que afagava seus cabelos.

Ainda imóvel, utilizando a habilidade de manipulação de chakra pode ver uma energia reminiscente sendo projetada pelo seu corpo, ela conhecia seu próprio chakra, era equilibrado, suave, e controlado, fruto de seu imenso foco e autodomínio. Era como se conseguisse ver o próprio corpo do alto e todos os pontos de seu chakra. Canalizou a energia para seus olhos, permitindo que seu byakugan se expandisse, foi quando uma grande pressão varreu o local, e algo explodiu em luzes em seu peito. Um estalido ecoou e assim uma certeza se apoderou: o tenseigan estava sendo contido. Hinata conseguiria completar o processo, faltava apenas uma pequena parte dele...

A evaporação da aura energética prateada que a cobria esvaiu completamente permitindo que ela pudesse abrir os olhos recobrando a consciência de que ainda estava na Fortaleza Lunar. Pareceu que esteve presa na visão por horas, contudo ao analisar a sua volta assimilou que algumas marionetes ainda permaneciam em fileiras, sua percepção poderia estar afetada em decorrência do isolamento do tenseigan. Tamaki a abraçou desajeitada suspirando em alívio, uma luz muito forte iluminou o espaço quando dois clones agacharam para vê-la mais de perto.

- HINATA! - O Naruto real correu ao seu encalço, ela sabia que era ele, ela sempre soube distinguir dos demais. O conhecia por seus olhos, uma força quase palpável que emanava a sua volta. - Você me assustou... - Ele se colocou de joelhos segurando sua mão nas dele com muito afeto, estava fria e o toque dele fez com que recapitulasse o que estava acontecendo.

- Por quanto tempo eu ... - Observando melhor o espaço pareceu que na verdade não havia passado muito tempo.

- Eu diria que uns quinze minutos... - Minutos? Pareceu ser horas todo o sonho que teve.

- Estou bem. - Braços fortes a apertaram contra o peitoral quase como pedra, o cheiro dele inundou seus sentidos, imagens do ninja ainda na infância retornando, olhos tão claros que a miraram em meio ao parque Senju. Exceto por um detalhe: a criança que viu possuía dois bigodes de raposa, Naruto tinha três... Um pesar correu solto, queria muito ter perguntado ao Senhor com mais afinco o significado daquela imagem em seu devaneio, mas talvez fosse apenas seu cérebro adoecido pelo amor que pregava peças.

- Você sempre sendo egoísta, se colocando em perigo... - Ele se afastou observando muito profundamente seus orbes. - Seus olhos eles... Voltaram a ser perolados...

Ela estava ciente do símbolo em formato de flor que havia surgido com o despertar do olho do destino, e se o mesmo desapareceu era outro fator que confirmava que estava realizando os passos corretamente.

- Terei muito que contar ... - Ela sorriu enquanto ele passava os braços por sua cintura a levantando, sentiu uma ligeira tontura, mas manteve-se firme.

- Tem certeza que está bem Hina? - Ela assentiu soltando muito a contragosto do corpo de Naruto, voltou o rosto para o lado contrário vendo que Shin estava machucado, e Toneri contido por clones da sombra mais pálido do que minutos antes. Avançou em sua direção observando com pesar a fraqueza do coração daqueles que buscam apenas poder, deixando um rastro de destruição, e em alguns casos, destruindo a si mesmo.

- Toneri... - Ela o chamou fazendo com que o rosto ainda jovem procurasse pelo som de sua voz. - Eu lamento pelo que aconteceu com seu clã, com seus poderes, com seus olhos... Não posso permitir que isso aconteça com o meu povo.

- O que você fez? - O Otsutsuki questionou em tom ameaçador.

- O necessário. - Sua voz saiu firme, surpreendendo até mesmo os clones de Naruto.

- Você o destruiu? - Toneri estava chocado com a boca entreaberta.

- Um poder como esse não pode ser controlado, nem por você, nem por mim, nem por ninguém... ele só tem o poder de destruir e corromper os corações enfraquecidos daqueles que buscam benefícios próprios.

Ela olhou para a figura daquele jovem, completamente enfraquecido, sem poderes, sem clã, sem família, e absolutamente arruinado. Um sentimento imenso de compaixão cresceu na kunoichi, avançou com as duas mãos levantadas, uma energia violeta se entrelaçou com fios prateados, era o melhor que conseguia fazer com seu jutsu médico, e talvez fosse o suficiente. Ela precisava que fosse.

Cobriu as cavidades onde deveria haver globos oculares, e quando as retirou olhos claríssimos se arregalaram estupefatos.

- Você devolveu meus olhos! - Ele sorriu constatando que poderia enxergar, ela ignorou buscando a sua volta o motivo de seu ato e viu a tapeçaria que continha a imagem do homem mais velho de seu sonho. - Diga-me Toneri, quem é aquele?

Levantou o dedo indicador apontando e os olhos do Otsutsuki se arregalaram em choque.

- Aquele é Hamura, Senhor dessa Fortaleza, o deus da lua, o primeiro a despertar o tenseigan... - Ela abriu a boca em absoluta surpresa, havia se conectado com ele, sim, agora fazia sentido o que ele disse, o olho do destino é um poder que não pode ser destruído, ele ecoaria pelo tempo-espaço até que outro renascesse. - O que aconteceu enquanto esteve desacordada?

- Acho que você sabe. - O jovem tentou dar um passo em sua direção, mas ainda estava contido pelos clones de Naruto, e se não fosse por eles teria se esfacelado ao chão. Não poderia devolver o poder a ele, apenas curar seus olhos, era o máximo que poderia realizar, provavelmente Toneri nunca mais se recuperasse.

- Sempre soube que você era mais do que seu Pai deixou parecer ser... - Ele a fitou com pálpebras caídas. - Ele me enganou... é óbvio que ele sabia quem era você!

- Este é meu último ato em benevolência. - Ela se afastou.

- C-como você fez isso? - Ela não poderia dizer, quando cruzasse o portal finalmente seguiria com o tenseigan inerte para sempre dentro dela, era o preço que pagaria para evitar a ruína que tal poder poderia ser capaz de causar.

- Não se preocupe. - Ela o tranquilizou.

- Hinata, não ajude este homem... - Naruto correu para sua direção.

- Está tudo bem Naruto-kun, eu prometo que vou te explicar tudo.

- Princesa, se o Deus da Lua se conectou com você... somos mais que consanguíneos... me perdoe... - O jovem prateado se jogou aos seus pés profundamente tocado pelo ato de gentileza e amor. - Eu imploro que me perdoe!

- Prometa-me, que se algum dia eu ou minha família precisar estará pronto para nos ajudar? - Ela quis devolver os olhos para Toneri, realmente desejou, entretanto, a verdade absoluta é que apenas ele poderia responder quem era o Senhor de sua visão. Aquela informação poderia ser importante algum dia, como Hamura mesmo disse, nada era certo, e consequências ainda poderiam surgir, e se esse fosse o caso cobraria o favor.

- Prometo. - E com um estalar ela segurou nas mãos de Naruto o puxando para as escadas do templo.

- Naruto-kun, vamos para casa. - Ele sorriu lindamente quando ela o chamou, e com um silêncio repleto de complementaridade alertou para que os clones pegassem os pergaminhos. Voltou-se então para a garota, a outra sequestrada. - Tamaki venha comigo.

- E quanto a ele? - Naruto apontou para Toneri e ela olhou com muito desdém para o jovem ajoelhado.

- Ele não é uma ameaça, não possui mais poderes, sua ganância o minou de quem realmente era... Vocês! - Ela olhou na direção das marionetes que ficaram eretas aguardando. - Não permitam que ele deixe esta fortaleza, esta é minha ordem, da Princesa do Byakugan!

Os bonecos realizaram uma reverência indo segurar nos braços de Toneri o levando para dentro. Tamaki agarrou os braços de Hinata, e a outra mão entrelaçou com a de Naruto. Girou a mão livre ainda com a garota de cabelos castanhos agarrada, então um arco brilhante se abriu. Ambos atravessaram o portal sendo seguidos por Shin que estava amarrado e contido pelos clones da sombra.

Ela olhou mais uma vez para aquele lugar antigo, abandonado, uma última imagem de Toneri sendo conduzido para dentro a fez pensar com pesar que ele viveria sozinho, sem chakra, fadado a definhar naquele local. Seu coração doeu por ele, entretanto o mesmo provocou tudo aquilo a si em busca de um poder pertencente a ela, que não deveria pertencer a ninguém. E com um estalido o portal se fechou assim como o pequeno buraquinho feito em seu peito.

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Após o relato do prisioneiro, todos se mantiveram calados com o cenho franzido pensando nas palavras e no plano que parecia uma tremenda loucura. Sakura apertou sua mão de repente como se tentasse conter a angústia por não saberem como trazer os amigos de volta. Ele a fitou com olhos negros e cinzentos, uma leve tribulação em seu peito o lembrou que precisava se manter distante dela, sua colega poderia ainda tentar persuadi-lo antes da missão acabar.

- Quer dizer que você é apenas um parente do verdadeiro Shin, marcado para parecer com ele, destituído de seu nome... e tudo para que ele pudesse ter a oportunidade de talvez, recuperar a liderança de Kumo? - A forma que Shikamaru colocava aquelas informações fez com que o pobre prisioneiro abaixasse a cabeça como se percebesse pela primeira vez o quanto havia sido ingênuo. Usado como uma peça em jogo que não poderiam vencer.

- Esse poder que você disse... - Um estampido fez com que todos se voltassem para o lago que reluziu algumas vezes antes de um arco se formar em sua beirada.

- Mas... o quê?

Sakura finalmente soltou sua mão ficando de pé olhando para as sombras que se formavam. Hinata foi a primeira a aparecer com vestes prateadas com diversas pedrarias em azul, ao lado dela Naruto que segurava sua mão, do outro uma jovem que ele não conhecia, e logo atrás dois clones do shinobi que segurava um homem mais velho, muito parecido com o Shin cópia, certamente aquele deveria ser o verdadeiro.

Ele sorriu, não pode se conter não naquele momento, sentiu alívio por ver os amigos, um peso foi o deixando devagar, se libertando do fardo que foi a sua displicência com o pedido de Kakashi. A Hyuuga olhou para ele em uma conversa silenciosa que ambos já conheciam muito bem, eles eram amigos silenciosos. Ela estava aliviada em vê-lo bem, assim como ele... a compreensão foi quebrada quando ela caiu de joelhos.

- Hinata?! - Ele e Naruto disseram juntos quando ela apenas tocou o solo para evitar bater com a face ao chão.

Ele correu em sua direção para certificar que estava tudo bem, mas Naruto estava mais perto, a pegando em seu colo apontando para o prisioneiro que ele mantinha seguro entre os clones. O prendeu em fios de chakra e partiram para fora da caverna. Caminharam com os prisioneiros ao meio do grupo, ambos os Shin estavam em silêncio e foram mantidos longe um do outro. Sakura e Shikamaru estavam a frente e Naruto seguia com Hinata em seus braços, e a jovem com eles parecia assustada andando incertamente por entre os pedregulhos do caminho.

Assim que alcançaram o exterior o deserto ainda estava escuro com a madrugada que caia pesada e fria sobre eles, Sasuke arrumou a capa em volta dos ombros para se proteger da baixa temperatura. Um vento cortou o ar, levando seu olhar para a direção onde o farfalhar de asas cortavam o céu, acima de suas cabeças um Sai muito sorridente pairava com meia dúzia de aves de tinta. Kakashi! Pensou com contentamento.

- Aqui que pediram uma carona? - O ex Anbu Root³ gritou pousando na entrada da caverna.

- Não era sem tempo! - O Nara respondeu colocando o prisioneiro em uma das aves sentando na mesma, sobrando para ele outra ave com o Shin verdadeiro, e Sakura e a jovem resgatada em outra.

- Eu prefiro ir com a Senhora... - Ela tentou avançar para a ave onde Naruto acomodava Hinata, entretanto Sakura segurou em seu braço a fazendo parar.

- Venha comigo... - Ela disse de forma comedida para a garota.

O jeito que aqueles olhos esmeraldinos brilharam o fez entender que ela queria dar privacidade aos amigos. Ele sorriu com a sagacidade dela, poderiam passar um tempo futuramente na companhia um do outro... quem sabe.

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O cheiro dos cabelos dela invadiam seus sentidos à medida que a ave embaixo de si rasgava o céu. Ela estava deitada em seu peito, protegida, segura, bem ali entre seus braços. Aproximou da cabeça dela inalando o perfume almiscarado com um suave aroma de camomila, o cheiro era calmante, levando um alívio para todas as regiões de seu corpo. Observou os traços do rosto, a bochecha macia, o nariz arrebitado, a boca vermelha como um morango maduro, ela era a imagem de uma Princesa aninhada em seu colo. Ele beijou a franja negra tão vagarosamente, com tanta ternura, seu coração pulava em um ritmo tamborilado, ela talvez pudesse ouvir. O corpo quente se remexeu e olhos beijados pela lua o fisgaram.

- Hinata... - Seu nome saiu esganiçado, sua voz rouca falhando. - Você está se sentindo bem?

- S-sim Naruto-kun ... - Ela não se moveu parecia confortável e ele ficou agradecido por isso, queria mantê-la para sempre sob sua posse.

- Eu fiquei muito preocupado... eu... eu... - Mão delicada tocou em seu rosto e ele se surpreendeu com a forma que seu corpo reagiu, sentiu as maçãs do rosto esquentar.

- Estou bem agora, estou bem aqui. - Ele queria que ela ficasse pra sempre.

- Queria que você ficasse pra sempre... - As palavras saltaram de seus lábios, nem havia se dado conta do que poderia parecer o que dizia. - Quero dizer... você não pode sair por aí sabe fazendo essas coisas, se afastando da vila, e... e me deixando preocupado, eu me senti culpado, não entendi sabe, o pessoal parece muito ruim em me explicar as coisas, o...

- Você não poderia ter impedido a minha saída, muito menos o que aconteceu depois. - Ela se soltou de seu abraço o fazendo perceber que havia falado a coisa errada.

- Eu preciso que me diga, por que decidiu se afastar da vila? - Ela se sentou segurando em uma das penas de tinta para se manter ereta, um biquinho se formou, mas ele não iria recuar, não agora, ela teria que dizer.

- Eu queria ficar longe de você. - O golpe o acertou em cheio, então era realmente verdade ela queria permanecer longe dele...

- Por quê? - O céu foi pintado pelas primeiras cores da manhã que dava os sinais iniciais que inundaria a imensidão enegrecida.

- Não queria vê-lo com a Sakura... é piegas, mas é a verdade. - Olhos úmidos se voltaram para ele, observando a dor causada por sua postura leviana.

- Hinata, eu e Sakura-chan somos amigos, aquelas eram fofocas apenas ...

- Você nunca fez questão de acabar com elas, então... - Idiota! Era o que ele era, Shikamaru havia alertado que alguém poderia se magoar com aquelas histórias, mas como ele poderia controlar tudo que diziam sobre o herói da folha?

- Hinata, me desculpe por ter sido tão desligado, não... - Ele coçou os cabelos nervoso pela verdade lançada por Hinata.

- Isso não importa mais...

- Importa pra mim! - Sua voz saiu um pouco mais alta do que pretendia naquele instante, olhou em volta notando que os amigos faziam questão em manter a distância para dar alguma privacidade para eles. Analisou a expressão de Hinata que parecia um pouco cansada, havia muito que queria perguntar, porém achou melhor ficar calado.

O pássaro que os guiava fez uma manobra no ar descendo para o pátio do complexo do Hokage, assim que todos estavam em solo firme, Tamaki correu abraçando Hinata agradecendo por tê-la resgatado. Alguns agentes Anbu apareceram e levaram os prisioneiros. Naruto queria ficar com Hinata, contudo uma dezena de Hyuugas apareceram ladeando um Hiashi que denotava estar nervoso ao ver a filha. Ela seguiu para o lado deles levando a garota de cabelos castanhos em seu encalço. Observou enquanto conversavam, não houve um abraço entre pai e filha, pelo contrário, ela parecia querer ficar longe do homem, e era mais que compreensível após tudo que aconteceu.

- Venha Naruto, o relatório de Hinata com certeza será preenchido depois... - A voz grave de Sasuke o fez dar um pulinho enfiando as mãos nos bolsos em desagrado.

Subiram os vários lances de escada até a sala destinada ao preenchimento dos relatórios com os detalhes da missão, ele se esforçou muito para se recordar de todos os pormenores, mas ainda faltava uma peça, e não se sentiu seguro em dizer próximo aos companheiros. Havia algumas coisas que não se encaixavam... O que aconteceu nos minutos que ela ficou desacordada? Mesmo relutante relatou tudo que aconteceu na fortaleza lunar assim como os detalhes do espaço onde encontrou a jovem. Ao finalizar correu para encontrá-la, precisava de respostas, e precisava agora!

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Felizmente hoje estava tomando café, chega de melissa, erva enviada por Shizune para acalmar seus nervos. Mais tarde ela viria ao seu escritório relatar sobre os exames de Hinata que estava há três dias no hospital da folha sendo observada de perto por Hyuugas e dois agentes Anbu, caso Hiashi tivesse mais alguma arma na manga, muito embora após conversarem ele entendeu que o velho líder preferiu agir de forma a controlar a situação, já que era inevitável.

O relatório da equipe estava mais do que aceitável, observou a letra rebuscada de Shikamaru informando cada detalhe de como a jovem Hyuuga conseguiu abrir o portal, e o tempo que transcorreu até que ela e Naruto retornassem. Para eles pareceu horas, porém para Naruto foram meros minutos, somando três quartos de horas. O desmaio de Hinata após tocar a esfera foram apenas uns quinze minutos, e agora analisando o relatório dado por ela no hospital, aparentemente a esfera apenas desapareceu, mas ele sabia a verdade.

Hinata se encontrou com seu ancestral Hamura, e com a ajuda dele selou o olho do destino em si mesma, algo que somente o deus da lua poderia fazer. Pelo que ela relatou em sua visita discreta, o poder contido na esfera de energia era o jutsu deixado por Hamura com a finalidade de selar o tenseigan, ele havia previsto que um dia a predestinada surgiria, e que sorte ter sido Hinata. Qualquer outro poderia ter apenas se apossado daquele poder para seus objetivos egoístas. A vila devia muito a ela, mesmo que ninguém pudesse saber. Para todos os efeitos ele havia sido destruído.

Quanto a Toneri estava enfraquecido demais para agir de qualquer forma, havia perdido seus olhos, chakras, e nem conseguiria sair da fortaleza. Uma ameaça neutralizada. A benevolência da Hyuuga foi capaz de ao menos devolver os olhos a ele, mas seus poderes, poderão nunca retornar, agora fadado a ficar preso na fortaleza lunar sendo mantido como prisioneiro pelas marionetes que obedeciam apenas a Princesa do Byakugan, a protetora do tenseigan.

Sentou pesadamente em sua cadeira passando as mãos pelos cabelos, estava cansado devido todo o estresse com o que aconteceu embaixo de seus olhos, embora soubesse das movimentações de Hiashi, se culpava por não ter prestado melhor atenção no que acontecia no clã. Assim que o conselho descobriu que havia tentado proporcionar um interrogatório acerca do que o líder Hyuuga estava envolvido, recebeu diversos memorando solicitando que o deixasse ir embora resolver a pendência de forma interna e discreta. Ele sabia que o clã era na atualidade o mais importante da folha, mas não imaginava que possuía tanta estima junto aos conselheiros a ponto de ignorarem suas saídas para se encontrar com um inimigo em potencial. Não teve outra escolha a não ser deixar que Hiashi saísse livre de sua sala, não queria causar mais confusão do que poderia ter ocorrido somente com a possibilidade de deixá-lo aos cuidados de Ibiki. Mais uma vez a política agiu a seu próprio gosto, deixando um dissabor em seus lábios. Assim que o líder Hyuuga deixava o complexo avistou as criaturas das super bestas de Sai se aproximando, para o seu profundo aliviamento.

- Entre. - Informou após duas batidas leves na porta o fazendo deslizar os documentos para sua gaveta. A mulher de cabelos negros com um rosto ruborizado entrou com um documento em mãos.

- Hokage-sama, trouxe o relatório médico sobre Hinata Hyuuga. - Ela esticou a mão com os papéis, ele sorriu vendo a timidez que causava na médica.

- Shizune-san, muito obrigada. Não precisava se deslocar até aqui...

- Não foi problema algum Rokudaime, eu apenas... - Ela deslizou a mão pelos fios brilhosos.

- Então... como ela está? - Perguntou a trazendo para o motivo daquela reunião

- Está bem, todos os sintomas que ela informou ter sentido ao acordar no local que foi mantida eram esperados, devido a mudança de gravidade. - Ela fez questão em não mencionar Fortaleza Lunar, por isso admirava a profissional, ela sabia como manter discrição. - Fraqueza muscular, enjoo, desorientação, cansaço excessivo...tontura, desequilíbrio... ela teve todos esses sintomas, mas está em observação se recuperando muito bem.

- Que ótimo! - As palavras o invadiu como um bálsamo, pelo jeito o contato dela com a esfera não havia ocasionado absolutamente nada de grave, suspirou depositando o relatório na mesa.

- Apenas, uma coisa me chamou a atenção... mas não deve ser nada.

- O quê? - Franziu o cenho para a ninja médica que pareceu se arrepender no mesmo instante que deixou as palavras saírem.

- É que, Hinata possui uma marca em formato de meia lua no peito esquerdo, próximo ao coração. - Ele não entendeu porque aquilo era importante, todos tinham marcas de nascença ou ainda de suas lutas.

- E o que tem demais nisso?

- Quando ela fez a última bateria de exames ela não possuía aquela marca, achei... estranho não ter reparado antes, já que é muito singular, como uma lua crescente...

- Acho que essa informação é muito privada para ser compartilhada, mesmo eu sendo o Hokage...

- Ah, claro Senhor, me perdoe apenas... eu... eu... desculpe. - Ela ficou da cor de beterrabas em fúria fazendo uma reverência se retirando assim que suas mãos gesticularam para que ela saísse.

Era algo peculiar, a ruga em sua testa acentuou, porque mesmo selado a marca permanecia no peito de Hinata, pelo que ela disse, a mesma marca que Hamura tinha em sua mão. Mesmo confiando em cada palavra dela, ainda assim solicitou que se houvesse qualquer mudança em seu comportamento, físico ou emocional que o procurasse em sigilo. Se levantou analisando que a jovem tinha um fardo a carregar assim como Naruto, eles tinham muito em comum, pensou nas palavras contidas nos pergaminhos... a profecia sendo confirmada a cada instante que analisava ainda mais tudo que aconteceu.

Olhou para o rosto sempre jovem do Quarto, "O que ele faria em meu lugar?" Sempre o mesmo questionamento, mesmo sabendo que nunca poderia ter a resposta.

Passos pesados ressoaram a suas costas e ele sabia de quem se tratava.

- Hokage-sama, finalizamos o interrogatório. - O homem alto entrou em sua sala, com certeza ansioso para revelar as novidades.

- Qual a situação?

- Shin cópia é, na verdade, um parente distante do verdadeiro, não se lembra do real nome, nem ao vasculhar sua mente foi possível descobrir, achamos que sua memória foi apagada. - Ele se voltou levemente vendo o chefe da inteligência coçar os cabelos grossos. - O outro, bem, ele queria ajuda de Toneri para conseguir voltar a ser líder de Kumo, fazendo um acordo com o Otsutsuki. Ele ajudaria no plano para despertar o tenseigan e em troca seria levado a reconquistar o lugar de seu pai.

- Claro, e receio que Shin cópia e Shin compartilham muito mais que o nome...

- Perspicaz como sempre! - Ibiki respondeu acariciando seu ego. - Descobrimos ao vasculhar a mente do sequestrador mais velho, que seu Pai, o falecido líder de Kumo havia planejado muito tempo antes de Konoha realizar o tratado de paz o rapto da herdeira Hyuuga. Ele implantou um menino no complexo como auxiliar de uma curandeira, pelo que conseguimos captar, esse garoto se passou por pedinte e ao demonstrar a velha que sabia de botânica ela permitiu que a ajudasse, indo direto para dentro dos muros do clã. Foi assim que descobriram sobre os pergaminhos. Somente seu verdadeiro nome que não pudemos descobrir...

Kakashi cerrou os olhos, lembrando da conversa que havia tido com Hiashi, e como ele levianamente relatou sobre o incidente com os pergaminhos selados. Pensou ainda mais sobre aquilo, a verdade que por mais que desaprovasse a atitude dele, não poderia ter mobilizado uma força tarefa para encontrar os documentos, chamaria ainda mais a atenção, e naqueles tempos de guerra, ser discreto era o melhor que poderiam fazer.

- Ele disse se pretendia fazer algo com Hinata devido...bem, ao passado do clã dela com o que aconteceu com seu pai?

- Pelo contrário, ele afirmou que nunca pretendeu machucá-la, o que realmente queria era voltar ao poder que havia sido de seu pai.

- Morino, muito obrigada pelo seu excelente trabalho.

- Claro, claro... - uma reverência muito exagerada foi feita por ele, enquanto Kakashi coçava o queixo perdido em suas elocubrações.

- Preciso pedir que faça uma coisa...- O homem assentiu. - Se teve uma coisa que aprendi com o que aconteceu é que precisamos ter mais detalhes sobre os clãs de Konohagakure.

- Oh! - Ele formou um "o" perfeito com os lábios.

- Quero que investigue tudo que puder sobre os Uzumakis.

- Uzumaki, senhor?

- Acaso eu gaguejei? - Morino tratou de se curvar pedindo desculpas silenciosas. - Tudo, desde a habilidade deles em selar entidades, o fuinjutsu⁴, a longevidade, a aliança deles com os Senju, por que essa aliança não foi forte o suficiente para protegê-los do ataque da vila da nuvem, entende onde quero chegar?

- Sim, é que... muito se foi perdido...

- Quero que vasculhem os escombros do clã Uzumaki, eu quero saber tudo...

- Hokage-sama. - Morino curvou mais uma vez e se retirou.

Kakashi havia percebido uma coisa sobre o que aconteceu Hinata, ela havia sido raptada duas vezes pela vila da nuvem, a mesma que atacou violentamente o clã Uzumaki no passado. Voltou a abrir sua gaveta lendo no pergaminho resgatado da fortaleza as palavras:

"Com o poder do antigo legado e a força das estrelas, ela desferirá a espada da verdade e quebrará as correntes da opressão. Suas escolhas, guiadas por sabedoria e amor, determinarão o curso do destino, unindo corações e reconciliando reinos divididos.

Ao seu lado, uma companhia leal a acompanhará, escolhida pelas forças do destino. Juntos, enfrentarão os desafios que surgirem e superarão as provas que testarão sua coragem. A vitória não será fácil, e o caminho será repleto de perigos e sacrifícios."

Seu instinto ninja gritava, aquilo ainda não havia acabado.

Precisaria estar preparado com informações precisas, havia uma ligação naquilo tudo, talvez uma ameaça que poderia surgir no futuro, no dia seguinte, ou nunca... de qualquer forma era sua responsabilidade preparar o Sétimo para o pior.

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Mentiras, maquinações, artimanhas, e tantos segredos.

Seu pai era uma decepção ambulante, mesmo ele tendo ido visitá-la não trocaram palavras, era estranho quando temos muito a dizer e simplesmente não conseguimos. Ela soube por Hanabi que alguns de seus amigos tentaram visitá-la, contudo, Shizune liberou apenas a família nos primeiros dias, felizmente hoje poderia receber outras pessoas, já que havia sido comunicada que obteria alta.

Observou o monitor cardíaco que emitia um bip contínuo, refletindo sua frequência que estava estável, enquanto o oxímetro na ponta do dedo acompanhava a saturação de oxigênio. Tentou alinhar o avental hospitalar com as mãos ao ouvir vozes pelos corredores próximos ao seu quarto. À porta alguns Hyuuga faziam uma espécie de segurança, e do lado de fora dois agentes Anbu. Pelo jeito o Hokage ainda temia que seu pai tivesse mais cartas na manga. Sentia seu corpo dolorido, um pouco de tontura e algo mais que não podia pôr em palavras, não depois de tudo que havia acontecido.

- Hinata? - Uma jovem de cabelos muito rosados entrou em seu quarto sorridente.

- Olá Sakura-chan... - Abaixou os olhos para seus pés que estavam unidos por baixo do lençol, contendo o nervosismo.

- Como está se sentindo? - Sakura tocou em sua mão esquerda apertando com carinho, ficou em silêncio, estava com vergonha em olhar para ela, depois de ter agido como tola.

- Bem... obrigada. - Respondeu simples, não sabia o que poderia dizer, e nem se deveria.

- Hina, sabe que sou sua amiga, e... bom... - Ela apertou ainda mais forte sua mão transferindo segurança. - Eu não havia realmente parado para pensar os motivos que fizeram você se afastar da vila...

- Não precisa dizer nada Sakura, eu... apenas agi como...

- Uma garota apaixonada. Eu te entendo... e senti ciúmes quando soube que estava com o Sasuke. - Elas se entreolharam sorrindo uma para outra. - Lamento...

- Eu também...- Respondeu baixinho com muita sinceridade. - Vocês conseguiram conversar?

- Ah, não é o forte do Sasuke realmente conversar... acabamos nos despedindo no escritório de análises após preenchermos os relatórios. - Olhos esmeraldinos com uma umidade fitaram o lençol da cama hospitalar.

- Sinto muito, ele... - Um pesar a atingiu, lamentava pela amiga, o tempo que passou com o Uchiha revelou que ele poderia ser muito complicado.

- Dessa vez ele disse que quando nos virmos novamente eu poderei ir com ele... - Sorrisos brotaram em ambas as jovens, Hinata se sobressaltou feliz por ela. - Ele me deu isso...

Sakura retirou de seu jaleco uma planta herbácea, quase como uma roseta, a flor com pétalas em vermelho profundo reluziu sob a luz pálida da sala, suas folhas verdes escuras abrilhantavam ainda mais sua textura rígida, curvou os lábios para cima, ela sabia muito bem o que significava.

- Uma camélia... - Deslizou a ponta do dedo pela flor delicada.

- Quando perguntei o que significava, ele pediu para perguntar a você.

- Amor, Sakura-chan... - A felicidade inundou o rosto da ninja médica, Sasuke estava claramente dizendo que correspondia aos seus sentimentos.

- Ele está lá fora... - Ela balançou os cabelos voltando a atenção para o cuidado em guardar a flor.

- Quê? - Antes que ela falasse mais alguma coisa o jovem entrou no quarto com um ramalhete de flores amarelas, sorrindo e com um dos braços na nuca. Sakura a deixou rapidamente, parecendo fugir.

- Oi Hinata! - A voz dele saiu um pouco alta ecoando pelo quarto vazio.

- Oi. - Sua face ficou quente, e ela sabia que estava vermelha. Havia dito de novo que o amava, e ele estava em sua presença com flores, talvez fosse agora que levaria um fora. Prendeu a respiração quando ele colocou os girassóis no vaso ao seu lado.

- Está melhor? - Ele sentou no banquinho muito próximo, ondas de calor começaram a aparecer quando uma de suas mãos deslizou até a sua onde o oxímetro marcava, seu coração disparou, e um som alto ecoou do aparelho. - Isso... isso é normal?

Eles observaram os batimentos aumentando, ela precisava se controlar, então suspirou fechando os olhos.

- Você... veio? - Bang! Frase errada, era o Naruto óbvio que ele viria, aquela era a pessoa mais fiel que conhecia, fiel até a medula.

- Eu... queria te ver. - Ele soltou sua mão deixando os ombros caírem em pesar. Estava muito nervosa, não sabia como falar com ele depois de tudo...

- Não precisava, e ... obrigada pelas flores, são lindas. - Ele sorriu, um curvar de lábios que disparou novamente o oxímetro assim como o marcador cardíaco. - Oh, acho que está quebrado. - Arrancou os fios de seu peito assim como o aparelho de saturação de seu dedo, sentando na cama para ficar em uma posição melhor.

- Precisava dizer algumas coisas Hinata, eu... eu...

- Naruto-kun, eu preciso perguntar uma coisa antes... - Ele abriu o seu sorriso poderoso que incendiou seu interior, sua coragem quase a deixando, mas não, dessa vez iria perguntar. - Por que você nunca veio conversar comigo após o que aconteceu ... após a batalha contra Pain?

Ele pareceu extremamente nervoso baixando os olhos, uma expressão de tristeza, aguardou em silêncio o que ele diria.

- Eu não sei... - Sua expectativa foi sendo esvaída aos poucos, ele apenas não sabia... - Na época não entendi muito bem o que você quis dizer com me amar, e... cara, como uma garota como você poderia gostar de um cara como eu? Não sabia como lidar com isso, tive medo... Hinata eu cresci sozinho, não conheci o amor de meus pais, sempre agindo pelo que achava certo, quando eu te vi pronta a dar sua vida pela minha... Alguém como eu?

- Eu teria morrido em plenitude tendo cumprido meu papel como ninja da folha, eu faria tudo de novo...

- Não diga isso, por favor, apenas a ideia de você estar em perigo novamente é capaz de... de... - Ele agarrou sua mão com força, entrelaçou seus dedos nos dela, então aproximou seu rosto.

- Você é meu sol Naruto, e uma flor sem raios solares pode simplesmente murchar... - Ele curvou os lábios contente por suas palavras.

- Você é...

- Hinata!!! - Um Kiba muito espalhafatoso correu pelo quarto jogando o corpo contra o seu a abraçando com muita força, o nin-ken⁵ latiu dando pulinhos ao redor da cama. Assim que foi liberada do abraço exagerado pode ver que Naruto não estava mais no quarto e o que ele queria dizer ficou solto pela intromissão.

- Caramba Hinata que baita susto que você nos deu... - Shino se aproximou sentando no lugar onde Naruto estava há poucos minutos antes.

Uma grande decepção pareceu emergir, estava feliz em ver os companheiros de equipe, entretanto, naquele momento o shinobi tentava lhe dizer alguma coisa, e simplesmente foram interrompidos. Lavou os sentimentos para muito longe permitindo que a energia do time oito a fizesse relaxar. Depois de todos os relatos sobre o exame de Shino para se tornar um instrutor da academia, Tamaki apareceu em seu quarto vestida decentemente com roupas casuais.

- Sen... - Hinata balançou a cabeça negativamente a impedindo de chamá-la de Senhora. - Hinata, como está se sentindo?

- Quem é você? - O Inuzuka a cheirou e a garota começou a gargalhar.

- Meninos esta é Tamaki, ela estava no mesmo lugar onde fui mantida. - Shino lançou um de seus insetos que sobrevoou a volta dela retornando para ele, ambos os amigos estavam sendo superprotetores. - Como você está?

- Muito bem, vim contar a novidade. O Rokudaime irá providenciar a vinda de minha avó para a vila da folha, vamos morar aqui Hinata! E tudo isso por sua causa. - Os olhos da garota brilharam em gratidão.

- Tudo isso é devido a sua própria integridade Tamaki-san. - Ela correu e abraçou Hinata que afagou seus cabelos sorridente.

- Estamos querendo ir no Itchiraku, precisamos comemorar Hinata. Que acha? - Kiba questionou a Hyuuga mas seus olhos estavam pousados na garota de cabelos castanhos.

- Acho que seria uma excelente ideia.

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A pedra rolou para longe deixando um rastro de sua destruição, ele desejava muito bater em algo, queria poder derrubar algumas estruturas, ou ainda quem sabe socar alguns troncos de árvores. Era muito difícil conseguir estar sozinho com Hinata e quando estava parecia dizer a coisa errada... Perguntando sobre os aparelhos do quarto dela, quando deveria ter... Merda!

- Olhem! O herói da folha voltou!

Ouviu as vozes de algumas meninas que correram em sua direção, sem pensar apenas fez um selo de mão e saltou para um dos telhados, tudo que queria era ficar em absoluto silêncio. Kiba era muito intrometido, sempre aparecendo do nada, com os braços em volta de Hinata, não conseguia se sentir acostumado com aquilo, queria muito ter socado ele, mas saiu antes que seu temperamento criasse problemas.

Correu, mas foi inundado pelo cheiro de porco, cebolinha, e macarrão, seus pés tão habituados a irem naquela direção o levaram para o seu restaurante favorito no mundo todo, agora com confortáveis assentos. Cada dia que passava o Itchiraku se tornava ainda mais moderno. Escorregou para dentro sentando em uma das banquetas, Teuchi perguntou se desejava o de sempre e tudo que fez foi aguardar.

Vozes altas começaram a ressoar pela rua, e assim que se virou viu Hinata entrando no estabelecimento ladeada por Shino e Akamaru, enquanto Kiba conversava com Tamaki. Olhou angustiado para ela, como poderia estar de alta tão rapidamente?

- Sim, Momo é o melhor, acho que ele se daria bem com o Akamaru. - Tamaki dizia alegre enquanto suas bochechas eram pintadas de vermelho.

- Claro, eu e Akamaru somos muito sociáveis. - Kiba abraçou os ombros da jovem que ficou da cor de um pimentão maduro.

- Naruto! - Shino deu passos rápidos se aproximando. - Podemos nos juntar a você?

- Sem problemas. - Hinata caminhou graciosa para o banco ao seu lado parecendo muito séria.

Ayame logo anotou os pedidos, o fazendo se surpreender pelo pedido duplo de Hinata. Escrutinou a figura dela a achando um pouco mais pálida na luz forte do restaurante.

- Tudo bem você comer ramen logo após sair do hospital? - Precisava ter certeza então não se conteve.

- Eu preciso muito comer algo bom, nutritivo, que tenha sabor de casa... - Ela acabava de descrever tudo que ele também pensava do delicioso prato. - Três dias de sopinhas insossas é o máximo que suporto.

- Você recebeu alta muito rápido... Tem certeza que está tudo bem?

- Sim, após o... - Ela pareceu incerta então disse sussurrando para que somente ele pudesse ouvir. - Hokage ir me visitar, foi constato que está tudo bem comigo... - Naruto franziu o cenho, Kakashi-sensei foi pessoalmente conversar com Hinata no hospital? - Apenas precisei permanecer um pouco em observação devido aos... efeitos da gravidade.

- Hinata, precisamos terminar aquela conversa. - Ele sussurrou próximo ao lóbulo da jovem que fechou os olhos sendo inundada por uma graciosa coloração avermelhada.

Assim que as tigelas foram depositadas, os amigos juntaram as mãos dizendo juntos:

- Itadakimasu!

Comeram tudo, e surpreendendo a todos a Hyuuga foi a que comeu cinco pratos, e com certeza prosseguiria se não fosse o fato de que Kiba informou alto que ela poderia sentir enjoo. Finalizaram a reunião, Kiba seguiu com Tamaki para a pousada que ela ficaria com a avó até que as questões com a moradia fossem resolvidas. Shino os acompanhou até metade do caminho, e assim ele e Hinata ficaram a sós indo em direção ao complexo Hyuuga.

Colocou as mãos nos bolsos do moletom enquanto caminhavam, a brisa fria avisava que finalmente o inverno estaria sobre suas cabeças. Então ela parou, abruptamente, ele se virou vendo a face feminina muito corada. Um impulso elétrico correu sem pensar em mais nada, iniciando um monólogo.

- Hinata, preciso falar uma coisa para você. Eu tentei dizer no hospital, mas o Kiba, ele vive te abraçando sabe, eu não gosto muito disso, me sinto estranho, e também eu descobri que sinto muito sua falta, mas não é como eu sinto dos meus amigos, ou do Sasuke sabe, quando ele ficou longe da vila, eu sinto uma falta que faz meu coração doer, quando eu como ramen, está sempre muito bem temperado, mas se não tem o sal nada daquilo importa, eu acho que você é o sal da minha vida, quando Kakashi-sensei disse que você havia sido raptada, eu me senti doente, eu... imaginava o que estava acontecendo com você, se alguém tivesse te machucado não sei o que faria...

Mãos delicadas seguraram seu rosto o fazendo parar de falar, ela era linda, absolutamente exuberante, tocou a mão dela sobrepondo a sua e finalmente fez o que desejava há muito tempo. Selou seus lábios nos dela, um beijo salgado, com gosto de tempero, aprofundou a língua na dela, ambas se enroscando enquanto a puxava para perto de seu corpo. Quando o ar faltou nos pulmões de ambos ela parou mordendo o lábio carnudo.

- Não precisa denominar as coisas Naruto-kun, precisa apenas ter certeza do que sente. - A voz calma e aveludada de Hinata o fizeram sorrir abobado. Ela sempre sabia o que dizer, era impressionante o quanto se conheciam.

- É que só... como eu acreditaria que algo como você poderia acontecer, quando eu te toco, ou quando me perco em seus olhos, simplesmente...

As bocas se encontraram novamente, dessa vez um beijo sem pressa, com o calor de ambos se misturando, tudo pareceu desacelerar, o ar ficou denso, e o tempo pareceu suspender tudo à volta deles. Não saberia dizer por quanto tempo fizeram aquilo, porém tomaram o gosto um do outro até que sobrasse apenas o sabor adocicado da saliva de Hinata em sua boca. A sensação era como se estivesse flutuando. O resto do trajeto foi feito de mãos dadas, até que os portões do clã se abriram determinando o fim.

- Hinata, queria pedir, não... NÃO! - Sua excitação o fez subir a voz uma oitava. - Queria implorar que saísse comigo!

- Naruto...

- Diz sim, por favor? - Não suportaria que ela dissesse não.

- Tudo bem, mas, eu preciso contar algumas coisas para você. Não pude ...

- Conte agora Hina, o que ...

- Não, o que preciso dizer, não poderei dizer aqui... - Ela pareceu nervosa olhando a volta, ele estava ciente dos Hyuuga que observavam a cena, assim como os agentes Anbu que os seguiram.

- Certo, amanhã ao pôr do sol? - Ela soltou de sua mão assentindo silenciosamente, parecendo muito triste. - No riacho, onde você me golpeou...

- Sim... amanhã. - Ele riu um pouquinho com o jeito meigo e doce dela gargalhar lembrando do golpe que recebeu ao encontrá-la na noite do festival matsuri. Ficou parado observando a silhueta feminina desaparecer na imensidão que era o complexo Hyuuga, mal havia se despedido e estava estarrecido com a falta que aquela jovem causava.

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Dormiu como não havia feito nos últimos dias. Pelo que Shizune havia informado no hospital, ela ficou cinco dias desaparecida, o que assemelhou ser apenas um dia e meio no castelo. Ao que parece o tempo devido a gravidade era diferente naquela fortaleza. Rolou sobre o futton, ainda com o enfeite entregue por Hanabi em seus dedos. Elas haviam conversado até altas horas deitadas lado a lado, aproveitando a presença de sua imouto-san⁶, que havia lhe contado que Naruto foi todos os dias visitá-la, mas não permitiram que ele entrasse em seu quarto devido as regras do hospital. Pelo menos naquela ocasião a fofoca de Hanabi era bem vinda.

Passou os dedos pelos lábios recordando do beijo trocado com Naruto, e agora eles tinham uma espécie de encontro, sorriu com o fato de que pela primeira vez em anos estava quase se sentindo muito feliz. Sua rotina foi realizada com muito esmero, vestindo um elegante quimono para a reunião com os anciões. Fez um coque em seus longos cabelos e desceu as escadas.

Borbulhas formavam um redemoinho em seu estômago quando passou as portas de arroz se aconchegando ao lado de Hiashi. Assim que a cúpula se reuniu, os assuntos administrativos iniciaram, como era de praxe. Muitos minutos depois, um homem mais velho, que ela conhecia como sendo o avô de Tetsu, um genin que treinava com Hanabi, iniciou o que realmente importava naquela manhã.

- Precisamos saber onde Hinata-sama esteve. - Ele olhou para ela com uma expressão de puro escárnio pela falta de transparência de seu líder.

- Ela esteve...

- Senhor, estive em uma missão de ordem secreta, e como podem ver estou bem, inteira e de volta ao complexo. - Havia interrompido seu pai, nunca tinha tomado aquela atitude, mas estava decidida, ele não a controlaria. Não mais.

- Vejo que Tetsu espera do lado de fora, sabe qual a punição para quem espiona o seu líder? - Ela virou a cabeça para o homem duro que dizia as palavras sem qualquer resquício de empatia, então interveio.

- Ele apenas agiu de forma a proteger a próxima líder. - Olhos duros a fitaram, e ela apenas continuou, inundada por uma coragem intrigante. - Ora, o que qualquer um de nós faríamos se nosso futuro estivesse em perigo? Se o clã como um todo estivesse em risco?

- Oh, sim, sim, eu sei que meu neto errou, e agradeço suas palavras Hinata-sama. - O homem de cabelos brancos fez uma reverência tocando com a testa no tatame.

- Então a atitude dele foi mais do que compreensiva, e acredito que a conversa com nosso líder tenha feito com que ele compreendesse as consequências de seus atos. - Hinata completou, dando fim a discussão.

- Mais alguém tem objeção sobre o assunto? - Hiashi questionou parecendo concordar com ela.

- Queremos ouvir da primogênita Hiashi-sama, ela realmente será a próxima líder do clã Hyuuga? - Um dos outros presentes perguntou observando a expressão da jovem de cabelos negros que assentiu.

- No tempo certo, quando o atual líder não puder nos orientar com sua sabedoria, estarei pronta para assumir. - Todos se entreolharam com espanto.

Hiashi pegou um sino que estava a sua frente o chacoalhou encerrando assim aquela reunião. A sala ficou em um absoluto silêncio, era o momento de ambos finalmente conversarem. O velho líder pegou a xícara com chá que fumegava e bebericou um pouco, ela fez o mesmo, mais para ter algo para focar do que realmente para apreciar o sabor amargo.

- Fico feliz que esteja bem.

- Fico feliz que quaisquer acusações de envolvimento com ameaças a folha serão retiradas. - Sim, ela sabia que o conselho deixaria a ficha de seu pai tão limpa quanto a dela.

- Você sabe que não havia muito o que eu pudesse fazer, era seu destino. - Ele falou seco.

- Sim, eu compreendo melhor algumas coisas, inclusive de nosso próprio clã.

- Como o quê?

- Sempre quis saber porque mantemos a casa secundária com o selo, as explicações que me davam nunca fizeram muito sentido. - Ela depositou a xícara na bandeja fingindo não estar ciente do olhar questionador de seu pai.

- Sabe? - Ela sorriu gentilmente.

- Sim, eu vi o que aconteceu com o clã ao qual somos descendentes, a casa secundária se rebelou, e dizimou a principal. Facilmente, poderia ocorrer em nosso seio familiar. - Semicerrou os olhos para o pai, que se ajeitou sobre as pernas demonstrando estar desconfortável com a conversa. - Eu entendo, mas não aceito.

- Está se referindo as reuniões pedindo meu deposto?

- Não saberia com certeza, porém, Tetsu ter levado informações ao hokage que ajudaria em meu resgate, ele faria isso apenas se estivesse ciente de conversas... e maquinações.

- Todos os subgrupos foram desfeitos, os pequenos fogareiros de uma rebelião interna foram controlados.

- Fico feliz por isso outo-san. - Ela estava mesmo, tudo que desejava era que seu clã obtivesse paz novamente. - E obviamente que para controlá-los informou que sua decisão sobre a sucessão seria a mim. Deu o que eles queriam...

- Preciso contar-lhe mais uma coisa...- Hiashi ignorou suas palavras. - O homem mais jovem que a raptou, ele conheceu sua mãe.

- Como assim?

- Ele era um jovem auxiliar de uma curandeira, esteve sob esses tetos auxiliando sua okaa-san⁷ que desejava ter um outro filho, foi assim que Kumo obteve informações sobre os pergaminhos. - Ela abriu os olhos em pires, não havia ainda pensado sobre como a vila da nuvem obteve aquele conhecimento.

- Então não tinha muito o que ser feito sobre...

- Não, na época não poderia formar uma equipe e buscá-los eram tempos diferentes, e quase houve uma guerra para recuperá-la. Hinata, eu a reconheço como minha substituta, eu reconheço sua força, determinação... Filha, preciso que me perdoe. Eu quis controlar a narrativa, agi pensando no clã e como seríamos beneficiados. Sem mais invasões, raptos, poderíamos ter mais liberdade, não precisaríamos nos manter vivendo fechados dentro desses portões... - Ele olhou para a parede defronte e depois a fitou com curiosidade. - Diga, antes de destruir o olho do destino, ele te mostrou fragmentos do futuro?

Oh! Sim! Ela havia visto as diversas possibilidades de um futuro incerto e quase inexistente. Negou com a cabeça em silêncio.

- Sabe o que é engraçado outo-san? Eu não fiquei chateada por ter me mantido longe de Naruto-kun, nem pelo sequestro, na verdade eu fiquei completamente estarrecida por não ter confiado o suficiente em mim... - Seus olhos se umedeceram, entretanto, não iria chorar. - Se tivesse me dito, teria ido de bom grado, não precisaria descer ao mais baixo nível...

- Espero que algum dia consiga entender que o que fiz foi para te proteger. Fiz o que era preciso.

- E eu também. - Eles se encararam com olhares desafiadores.

Hiashi estava completamente decepcionado por ter visto que o tenseigan não havia retornado com ela, ficou evidente assim que ele a viu na torre do Hokage. Como se fosse um filme a lembrança do momento sutil transpassou por sua mente.

"O que aconteceu com ele?" Ele se aproximou e baixinho sussurrou em seu ouvido. "Perdido, destruído para sempre." Respondeu deixando a mentira sair por seus lábios facilmente.

Voltou ao momento presente, bebeu mais da bebida doce com calma e graça. Seu pai observava cada movimento de seu corpo.

- Você será uma líder impecável Hinata, porque tem muito de mim.

Ela sorriu com as palavras de seu outo-san, pelo jeito ela tinha mesmo, contudo...

- Acho que tenho muito mais de mim mesma, resultado da forja que fui forçada a ser moldada. - Ele apertou os olhos e mordeu a bochecha com a resposta ácida dela, pouco se importou com a reação do homem, algo entre eles havia se dissipado completamente com o que ele traçou. - Posso me retirar?

- Mais uma coisa. - Ela se levantou dando alguns passos em direção a saída virando o corpo e o fitando com um olhar cansado. - Entre o sangue e o dever qual escolheria?

- Sou uma ninja da folha, sempre escolherei o dever.

- Então um dia poderá me entender...

- O deixei de fazer no dia em que disse a Kurenai-sensei que não se importava com o que acontecesse comigo. - Os mesmos olhos que possuía arregalaram com suas palavras, o acertando em cheio. Um dia ela o perdoaria, era de sua natureza ser condescendente, mas ainda estava magoada por ter sido usada pelo próprio pai, ainda mais quando finalmente acreditou que eles estavam próximos.

- Entendo que precisa de tempo e espaço, contudo, quero que ouça com atenção. Hinata, você sempre foi a herdeira que eu vi capaz de carregar o peso do clã Hyuuga. Apesar das dificuldades, você demonstrou um espírito forte, com uma determinação que não pôde ser ignorada. Como líder, não posso apenas seguir os sentimentos de um pai. Tenho que ver a força e a capacidade de liderar com sabedoria e justiça. Você provou que é digna de herdar a responsabilidade do clã. De agora em diante, confio em você para manter a honra e o futuro da nossa família... E respondendo sua observação anterior, eu disse a verdade aos anciões, não se trata de uma manobra para controlar fogareiros internos.

Sua boca despencou com a declaração, pela primeira vez ela realmente sentiu verdade nas palavras dele, mesmo o líder ter afirmado inúmeras vezes na reunião daquela manhã perante os anciãos, ainda assim não sentiu segurança no que ele dizia. Ela queria abraçá-lo, entretanto, ainda estava machucada por suas ações, precisava de espaço. Ele cruzou os braços virando o rosto indicando a porta, então ela saiu, queria que as coisas retornassem ao normal, seu pai distante e ela uma kunoichi da folha. Agora tudo seria diferente, sangue e dever andariam lado a lado e seu fardo dividiria somente com uma pessoa. Aquela que com certeza entenderia o peso de ter algo escondido dentro de si.

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O sol gelado do início do inverno mergulhava ao longe enquanto os dois estavam sentados próximos um de frente para o outro. O vento cortava as bochechas de Hinata que estavam queimando pela temperatura e por tudo que acabava de contar. Ele ouviu tudo, absolutamente tudo, desde como os sonhos dela eram portais que conectavam com outras pessoas, que foi dessa forma que ele a viu em seu pesadelo no mesmo dia que recebeu a notícia do rapto. Compreendeu finalmente os motivos do clã Hyuuga manter alguns costumes, soube das maquinações de Hiashi, e se chateou por não ter notado que aquelas fofocas eram mais do que aldeões desocupados, eram falácias implantadas. Soube sobre o encontro dela com Hamura, sobre as visões e o motivo dela ter devolvido os olhos a Toneri, ela precisava saber a identidade do homem que a ajudou a selar o tenseigan.

- Então a esfera de energia continha um Jutsu de contenção... e através da consciência expandida do poder que você despertou, sabia exatamente o que fazer para concluir o processo de selamento...

- Sim, foi o que Kakashi-sensei disse, Hamura previu que algum dia alguém renasceria para despertar o poder, então se precaveu... Ele também acha que parte do que vi foi devido ao poder do tenseigan em mostrar o futuro, como se...

- Como se fossem milhares de probabilidades a partir de uma decisão feita no agora...

- Isso, algo desse tipo...

Estava feliz por ela confiar nele daquela maneira, apenas ela e Kakashi-sensei sabiam sobre o selamento, para os outros foi informado que o tenseigan foi destruído, um fardo que Hinata não precisaria carregar sozinha, e se algum dia ela se cansasse, ele carregaria por ela.

Ele seria seu protetor.

- Só tem uma coisa que não entendi... - Ele coçou os cabelos contemplando a expressão triste de Hinata. - Quando o vovô de chifre disse para você que seus descendentes poderiam herdar esse poder que está selado e inerte... o que ele quis dizer?

- Eu não sei Naruto-kun, não poderia perguntar a ninguém... ou... ou podem descobrir sobre isso, é arriscado... Mas o Rokudaime acha que pode ter sido uma metáfora...

- Bem, eu tenho o Kurama selado dentro de mim, poderia solicitar alguns exames, sabe, acredito que a métrica seria a mesma...

- Isso pareceria estranho... não acha?

- O quê? Eu querer saber se a herança da kyuubi pode ser transferida para algum descendente? - Ele riu, gargalhou alto, e ela arregalou os olhos com o que ele disse, a puxou para seu colo, estavam a sós na beira do lago, iria aproveitar da bela jovem.

- Oh! - Ela soltou um gritinho surpreso, então ele emaranhou a mão protética naqueles cabelos sedosos.

- Minha Hime, vou pedir ao seu pai que namore comigo, não tem porquê eu esconder isso de ninguém, eu quero você na minha vida. Só de pensar em te perder ou ficar longe de você eu sinto que vou sufocar...

- Naruto, eu... - Ele a calou aproximando seus lábios do montinho carnudo feminino. Ela havia se declarado tantas vezes, demonstrado o que sentia, a partir daquele momento Naruto havia tomado uma importante decisão, daquele dia em diante seria dele as palavras e demonstrações. Era a sua vez de mostrar o que sentia.

- Hinata, , será com você, não quero mais ninguém na minha vida, nada mais me importa, e se algo acontecer estarei ao seu lado sempre. Juntos podemos enfrentar qualquer coisa... - Ele parou coçando os cabelos buscando uma forma de dizer o que inundava seu interior.

- Eu amo tanto você Naruto-kun, tenho guardado esse sentimento dentro do meu coração há tanto tempo, mesmo buscando formas de demonstrá-lo, ainda assim não conseguia ser realmente direta. Lembro quando o vi pela primeira vez, a sua força e determinação ao defender alguém que não conhecia... você não precisava e mesmo assim o fez. Aquele dia que me defendeu, seu cachecol foi arruinado é por isso que...

Ele retirou de dentro de seu casaco os fragmentos que outrora havia sido um elegante cachecol vermelho, ela tocou entre os dedos com a voz embargada.

- Você... o encontrou...

- Sim, então Sasuke me disse que era seu... - Eles uniram as mãos com o montinho de linha entre elas. - Você realmente fez pra mim?

- Eu queria compensar o que você perdeu, queria que soubesse o quanto eu o estimava... eu tive medo, porque... me sentia muito pequena, e mesmo sem saber você me fazia sentir como se eu fosse importante... forte a minha maneira... Você Naruto, me ensinou que posso lutar pelos meus sonhos, e que eu posso vencer sendo quem sou.

- Você sempre acreditou em mim Hinata, mesmo quando eu era apenas um perdedor...

- Não diga isso, você nunca foi um perdedor, você sempre foi e sempre será a cola que une todos nós... - Ele sorriu tão brilhantemente que ela poderia ter derretido no colo do shinobi.

- Não sou muito bom com palavras, sempre acabo me enrolando e posso estar sendo apressado, mas você me conhece melhor que qualquer um, eu sou assim... - Hinata tocou em seu rosto deslizando os dedos pelas marcas de bigodes, um suave movimento que o fez fechar os olhos, então finalmente Naruto sabia o que expressar. - É difícil traduzir o que está no meu coração, mas quero tentar. Desde que percebi que sua ausência me deixa adoecido não consegui parar de pensar nos sinais, em tudo... E quando acordei essa manhã lembrando de nosso beijo, é como se o mundo tivesse ficado mais bonito, as cores mais intensas, sinto minha alma quieta, como se pela primeira vez eu realmente pertencesse a esse lugar, que não sei ainda qual é... Não sei exatamente o momento em que esse sentimento surgiu, pode ter sido em um olhar, quando você torceu por mim na luta contra Neji, ou todas as vezes que foi gentil... Pequenos gestos comuns que foram fertilizando, condimentando algo que cresceu aqui dentro - Ele fez uma pausa dando tapinhas no peito do lado esquerdo. - O que sei é que agora o meu coração bate com mais força toda vez que te vejo ou penso em você... Eu amo a forma como você sorri, como fala, como faz o mundo ao redor parecer mais acolhedor. Eu amo até mesmo os seus silêncios, porque neles encontro uma paz que nunca soube que precisava. Não importa o que o futuro nos reserve, eu quero viver esse sentimento, sentir cada segundo desse amor e, acima de tudo, agradecer por ter encontrado você. A partir de agora, meu coração é teu, com toda a sinceridade e intensidade...

Ela fechou os olhos banhados pela lua e grossas lágrimas lavaram a face perfeita, ele tocou a maçã do rosto de Hinata enxugando com sua mão protética os resquícios do líquido prateado. Os lábios femininos foram entreabertos dando o consentimento para que suas línguas brigassem entre si, até que desceu os lábios pelo pescoço esguio, ondas de calor o dominaram, o fazendo parar, era errado estarem daquela forma. Hinata era a princesa do clã Hyuuga. Era sua princesa.

- Isso foi tão lindo... - Ela o abraçou e Naruto se sentiu aliviado por ter conseguido expressar os próprios sentimentos. - Você vai mesmo falar com o outo-san?

- Sim, você acha que ele poderá me dar uma surra ou coisa assim? - Ele ficou sério e ela riu.

- Acho que ele não agrediria o herói da folha. - Ele a tomou nos braços abraçando com muito afeto, inalou o cheiro único de Hinata, se amaldiçoou por ter sido tão imbecil e não ter percebido, havia perdido tanto tempo...

- O que foi? - Ela perguntou tirando de seu pensamento que o deixou temeroso, e se ela percebesse que ele era apenas um idiota como todo mundo dizia? De repente um medo de ser abandonado o invadiu.

- Hinata, eu fui tão imbecil, não percebi que o seu amor por mim era mais que uma mera amizade, eu não sei como ...

- Eu sei, olha pra mim. - Ela segurou seu rosto o fazendo se prender naquele olhar opalino. - Você teve uma vida difícil, não pode conhecer o amor de seus pais, como poderia perceber? E eu não facilitei...

- Não... - Eles sorriram com a confirmação. - Eu quero compensar por todo esse tempo. Prometo que serei um excelente namorado...

Ela selou os lábios nos dele o fazendo perder o ar.

- Sabe, eu sei que demorei muito para entender o que sentia por você, mas quando você olha pra mim eu esqueço o que queria falar e quando você me beija Hinata, não sei... é como se meus joelhos se enfraquecessem, eu acredito, aqui dentro... - Ele descansou a mão sobre o coração e ela sobrepôs com a sua. - Que de alguma forma Kami mandou você pra mim... Obrigada por não ter desistido... Mesmo que leve o resto de minha vida eu farei o possível pra te fazer feliz.

- Você só precisa ser você. - Era inegável a magia que existia entre eles, pouco se importava se estava indo rápido demais, ele precisava recuperar o tempo perdido.

Ele a puxou com mais ferocidade, olhos azuis escuros com o desejo de saborear Hinata, e quando tudo pareceu esquentar ainda mais ele se afastou.

- Eu, acho, que ... te amo Hinata. - Olhos úmidos o fitaram e não pode deixar de sorrir, estava finalmente dizendo as coisas certas, e essas coisas eram as que mantinha dentro do coração. - Sabe, você não precisa ser uma Hyuuga pra sempre, certo?

Hinata afastou o rosto do seu com uma expressão surpresa e confusa, em seguida relaxou informando com muita gentileza.

- Repita quando tiver certeza. Promete?

- Prometo! Dattebayo.

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