Fantasmas Fofoqueiros

Naruto (Anime & Manga)
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Fantasmas Fofoqueiros
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Summary
Em uma pacata cidade, os segredos nunca ficam enterrados por muito tempo... Nem mesmo os que foram para o túmulo. Desde que misteriosos bilhetes começaram a aparecer, revelando as fofocas mais suculentas da região, todos se perguntam: quem está por trás disso?A resposta? Dois fantasmas bem conhecidos que, entediados com a eternidade, decidiram se tornar os maiores fofoqueiros do além. Bingo Shinobi | Tema: mistério em cidade pequena | KakaIru
Note
Chegando com mais uma KakaIru pq eu não existo sem eles...E dessa vez para um evento incrível que tá dando algumas "divergências divertidas".O Bingo Shinobi, que é literalmente um bingo de temas para escrita onde tem que ter a sorte para sair.Se quiserem saber mais, se inscrevam no @ACNProjectE os agradecimentos a essa staff incrível que se dedica para dar o seu melhor e tenho maior orgulho dela..👻Avaliação: @Moonshine1024 que num mesmo dia chorou com um capítulo triste/intenso e logo em seguida chorou de rir com uma história.👻 Essa capa divosa e com uma pitada fantasmagórica que adorei ficou com a diva @UchihaYochi👻 Betagem da beta-hiraishin @Se-ri que arrasa e sempre deixa notas sobre a história que me deixam toda feliz..Espero que gostem e se divirtam com essa história nesse final de domingo.Boa Leitura!

Fanfic / Fanfiction Fantasmas Fofoqueiros

 

“Nem todo fantasma geme no escuro… Alguns sussurram segredos pela cidade.”

 

A cidadezinha de Konoha sempre foi pacata, do tipo onde todos se conhecem e onde as maiores emoções do ano eram o festival de inverno e a briga entre os dois únicos mercadinhos concorrentes. Mas algo mudou nos últimos meses. Pequenos bilhetes começaram a aparecer em lugares inusitados: dentro de cestas de compras, presos no para-brisa dos carros, deslizando por debaixo das portas. Bilhetes que revelavam fofocas escandalosas.  

E ninguém sabia de onde vinham. Quem os enviavam. Quem sabia de todos aqueles segredos escondidos a sete chaves pelos moradores de Konoha. 

Sem nenhum suspeito, sem ninguém se apontando como culpado, só restava à população acreditar que era obra do além. 

Foi assim que o caso do Fantasma Fofoqueiro começou.  

E cada um tinha uma suposição de quem poderia ser o dito “Fantasma Fofoqueiro”. O padre da igreja acreditava que era algum espírito perturbado querendo atenção. O delegado, cético, dizia que era só um engraçadinho pregando peças. Já a dona Kurenai, a costureira da cidade, jurava que eram mensagens do além — e ela tinha um faro afiado para segredos.  

A verdade?  

A verdade era que estavam certos de que era um fantasma. Mas não apenas um, e sim dois. Um casal que há muito tempo já havia ido dessa para melhor, ou deveriam, mas acabaram ficando presos naquele linear entre o descanso eterno e a vida terrena.

Em Konoha, todos conheciam Kakashi Hatake e Iruka Umino. O casal sempre esteve junto, desde o nascimento praticamente. Seus pais eram muito amigos e acabaram seguindo seus passos. Cresceram juntos, se descobriram juntos. Apaixonaram-se e se casaram. Tiveram filhos. Netos. E então, partiram.

Mas o tempo passou e sem nada para fazer além de conversar um com o outro, e nada mais, a rotina sem graça os alcançou. 

E Kakashi e Iruka estavam entediados.  

Depois de décadas presos entre o mundo dos vivos e dos mortos, sem nenhum grande evento sobrenatural acontecendo, Kakashi teve a brilhante ideia de animar um pouco as coisas. Ele sempre fora bom em observar as pessoas e, mesmo morto, isso não mudara. Passava os dias espreitando conversas, seguindo os moradores e pescando os pequenos dramas que surgiam entre eles. Até que, certo dia, teve a ideia de anotar um desses segredos e deixá-lo em um local estratégico.  

Só para ver no que dava.  

A reação foi melhor do que ele esperava. O primeiro bilhete — “Sr. Jiraiya anda visitando a confeitaria da Dona Tsunade mais do que deveria. Ele nem gosta tanto de doce assim.” — Fez a fofoca se espalhar pela cidade em menos de 24 horas.  

Era emocionante.  Queria mais. Precisava de mais. O tédio estava o consumindo e aquilo lhe trouxe um leve sopro de vida. Por isso ele seguiu com aquilo.

O próximo alvo foi o padre. “Padre Hidan tem um fraco por novelas. Se alguém disser que viu o capítulo antes dele, ele encerra a missa mais rápido.”

Shizune, a secretária do hospital, também não ficou de fora. “A secretária do hospital já errou a idade do prefeito Hiruzen três vezes só para provocar. Ele agora mente a idade sempre que a vê.”

E uma das últimas havia causado o maior furdunço na cidade. “O delegado Yamato já prendeu a mesma pessoa, Tenten, três vezes este mês. E cada vez, ele a soltou sem explicação.” 

Kakashi riu da última, pois era mais fácil aqueles dois simplesmente assumirem o que sentiam de uma vez, ao invés de ficar com essas brincadeiras de polícia e ladrão.

Ele continuou com aquilo por semanas, mas parecia que alguma coisa faltava para deixar tudo ainda melhor. E sabia exatamente o que era. Kakashi se divertia, mas queria dividir aquilo com o Iruka, pois em vida, seu amado marido era o maior apreciador de pegadinhas, ao menos quando mais novo.

— Vamos lá, amor. O que mais temos para fazer pela eternidade? Além disso, você sempre gostou de pegadinhas e histórias. Agora podemos voltar a fazer ambas as coisas e nos divertir um pouco. 

Iruka hesitou no começo, mas logo percebeu que era, de fato, uma maneira interessante de passar o tempo. Afinal, não era culpa deles se os vivos davam tanto material para trabalhar. E uma cidade tão pequena como Konoha tinha tantos segredos que podia juntar uns dez para cada morador.

O problema foi que as fofocas começaram a escalar.  

O bilhete sobre a rivalidade entre as irmãs Hyuuga resultou em uma briga pública na praça. O caso secreto do prefeito quase causou um escândalo político. E o pior: a identidade do Fantasma Fofoqueiro virou a maior obsessão da cidade.  

Ninguém podia mais confiar em ninguém.  

Alguns acreditavam que havia um traidor, alguém que os espionava dia e noite para saber de tudo aquilo. Não sabiam como ou quando acontecia, pois havia segredos que nem mesmo o dono dele tinha a ousadia de pensar naquilo.

Sasuke e sua adoração por fantasias de coelhinho que o diga. O Uchiha quase precisou mudar de cidade.

Para Kakashi e Iruka, a diversão aumentou. Eles passaram a apostar quem conseguiria encontrar as fofocas mais cabeludas e decidir quais segredos eram interessantes o suficiente para serem revelados.  

Iruka trouxe fofocas sobre amor, no fundo queria ver aqueles corações apaixonados juntos.

“Ino, a moça da floricultura suspira por um certo policial amante de batatinhas da cidade. E ele sabe disso. O que será que falta para um deles fazer algo a respeito?”

“O mecânico Kankuro e a cabeleireira Sakura dizem que se odeiam, mas toda noite a luz do quarto de Sakura pisca duas vezes antes dele chegar.”

Outros eram sobre o cotidiano da vida das pessoas, como o da Anko. “Dona Anko diz que parou de fumar, mas todo dia esconde um cigarro atrás da padaria.”

Kakashi não ficou para trás. Em vida ele podia não gostar muito de apostas, mas quando envolvia apostar com Iruka, as coisas mudavam de figura. Ele sempre saia ganhando, na maioria das vezes.

“Maito Gai perdeu uma aposta e teve que passar um mês todo usando cuecas da Mulher Maravilha. O problema? Ele se apegou.”

Nem mesmo o casal mais respeitado da cidade, escapou das fofocas fantasmagóricas. “Hashirama achava que seu marido, Madara, trabalhava até tarde… mas ele sempre ia dormir mais cedo no carro para fugir das brigas.”

Nem mesmo os mais velhos, estimados professores, ficaram impunes.

“O professor de educação física, Tobirama, diz que corre todas as manhãs. Na verdade, ele só dá uma volta na praça e senta no banco até suar.”

E nem o médico.

“Doutor Hashirama, o médico da cidade, desmaiou ao ver sangue pela primeira vez. O paciente precisou acudi-lo.”

Kakashi e Iruka se divertiam com aquilo. É claro que eles não esperavam algumas separações e brigas entre os casais, mas eles não se sentiam culpados. Os errados eram aqueles que estavam compromissados, os dois apenas mostraram as verdades. 

Porém, havia algo que fazia os dois suspirarem apaixonados, que era quando suas fofocas faziam corações apaixonados finalmente ficarem juntos.

Como foi o caso de Shikamaru e Neji. 

Neji era o pianista da igreja e o Shikamaru trabalhava na biblioteca sempre achavam que estavam sendo discretos. Agora, tocam duetos na praça nas tardes de domingo. 

Kakashi e Iruka são os fãs Número 1 deles.

Após muito se esconderem, Gaara e Rock Lee decidiram sair das sombras. Eles eram “melhores amigos” há dez anos. Depois que um bilhete revelou seus encontros secretos, resolveram parar de se esconder.

Tudo estava indo bem, eles se divertiam, aprontaram, faziam de tudo para obter fofocas dos moradores. Mas então, um dia, apareceu um bilhete que nenhum dos dois havia escrito.  

“Eu sei quem vocês são.”

Iruka virou-se para Kakashi, olhos arregalados.  

— Isso não foi você?  

Kakashi apenas sorriu, os olhos brilhando de excitação.  

— Parece que temos um novo mistério em mãos.

E, pela primeira vez desde que morreram, os dois fantasmas se tornaram os investigados. 

Seria interessante, pois queria saber quem conseguiu descobrir realmente que eram eles.

 

જ⁀➴

 

O mistério sobre os Fofoqueiros ou Fantasmas Fofoqueiros, percorreu toda a cidade, mas quem realmente levou a investigação a sério foi Naruto Uzumaki.

De alguma forma, o homem, que era cotado para ser o próximo prefeito, parecia conhecer aquele jeito de expor as fofocas. A princípio ele não acreditou naquilo, pois parecia impossível. Afinal para ele, após a morte, as pessoas não ficavam mais na terra, iam sabe-se lá para onde.

Ele passou a investigar mais, pedia para ver os bilhetes e ao se deparar com uma particularidade em cada um deles, ele teve que rir. 

Mas não sabia se ficava feliz com aquilo ou se ficava apavorado pelo mesmo motivo. A verdade era que com sua pesquisa e investigação, ele descobriu que tinha uma conexão muito mais profunda com os fantasmas do que qualquer um poderia imaginar.  

Porque, para ele, os fantasmas fofoqueiros eram ninguém menos que seus pais.

Naruto crescera ouvindo as histórias de Kakashi e Iruka, dois homens que marcaram a cidade antes de partirem cedo demais para seu gosto. Apesar de sentir em alguns momentos que os espíritos de seus pais ainda estavam por perto, ele nunca buscou realmente se isso era verdade, mas agora parecia mais que possível. E ainda por cima, eles estavam por trás do caos na cidade. Foi um choque e tanto.  

Para sua sorte, seus filhos, Himawari e Boruto, pareciam mais dispostos a acreditar que seus avós eram fantasmas. Era muito legal. Nenhum dos amigos seriam iguais a eles.

— Não acredito que meus pais viraram os fofoqueiros da cidade! — Naruto resmungou, segurando um dos bilhetes.  

— É um tanto poético, se você pensar bem — disse Boruto, seu filho mais velho, analisando as caligrafias nos papéis. — Lembro pouco deles, mas o vovô Iruka sempre gostou de saber das histórias do povo, mesmo negando que era um fofoqueiro, dizia que era curioso. E o vovô Kakashi… bem, nunca perdeu uma oportunidade de causar.

— Isso significa que nós vamos desmascará-los? E também seria bom vê-los novamente — perguntou Himawari, a filha mais nova, com um brilho divertido no olhar.  

— Significa que eles vão levar um susto daqueles. — Naruto sorriu, já planejando sua vingança.  

Os netos dos fantasmas entraram de cabeça na brincadeira. Criaram bilhetes falsos, espalharam pistas falsas. Se Kakashi e Iruka queriam brincar de bisbilhotar a vida alheia, eles que aguentassem as consequências.

Após o primeiro bilhete, dizendo que sabiam quem eles eram, começaram a receber outros.

“Alguns segredos são antigos como a cidade. Outros são tão velhos quanto os próprios fofoqueiros.”

— Eu não sou velho! — reclamou Kakashi para diversão de Iruka.

“Os fantasmas sabem tudo. Mas será que sabem que alguém está de olho neles?”

— Acho que temos um aprendiz de Sherlock Holmes — afirmou Iruka.

— Vamos ver quem é o melhor detetive. Lembre que nós temos vantagem sobre os vivos — declarou Kakashi, gostando do rumo que aquela brincadeira estava tomando.

Um bilhete os deixou um pouco alarmados, estavam perdendo aquela disputa.

“Dizem que os mortos descansam... mas tem dois que parecem muito ocupados.”

— Como sabem que somos dois?

Numa noite de tempestade, quando Kakashi e Iruka estavam convencidos de que ninguém jamais os desmascararia, mesmo com os bilhetes que receberam. Até a chegada de três bilhetes, com uma única letra como assinatura, exatamente onde só eles poderiam ver — dentro do antigo casarão abandonado, onde gostavam de observar a cidade.

“Nós somos bons nesse jogo. Afinal, fomos ensinados pelos melhores. N”

“O que mais fantasmas podem fazer? Bem... além de contar histórias, podem ouvir as que temos para contar. B”

“Descobrimos quem são vocês. Mas não se preocupem… Nos encontramos à meia-noite, no casarão.  H.”

A dupla de fantasmas ficou genuinamente intrigada. Afinal, ninguém nunca conseguira identificá-los antes. E nem esperavam ser descobertos.

A cidade dormia, mas no topo da colina, no casarão abandonado que um dia pertencera à família, um grupo se reunia. O vento assobiava pelas janelas quebradas, fazendo as velas tremularem ao redor de Naruto e seus filhos. O relógio bateu meia-noite.  

E então, uma nova nota foi colocada no centro da mesa.  

“Quem espalha segredos, tem que saber guardá-los também. Mas e quando o segredo é ele mesmo?”

Naruto cruzou os braços, um sorriso travesso, que Kakashi conhecia bem e que sempre acompanhou, e que sentia falta, emoldurava o rosto do homem e, consequentemente,  o dos filhos. 

— Pegamos vocês.

Por um momento, só o som do vento e das folhas sendo arrastadas ecoou no casarão. Talvez tivessem criado muitas expectativas, mas antes que pudessem desanimar e retornar para sua casa, uma risada rouca preencheu o silêncio.  

— Eu devia ter imaginado que era você, Naruto.

A voz de Kakashi veio de canto nenhum e de todos os lugares ao mesmo tempo. O vento pareceu ganhar vida, um frio percorrendo as costas de cada um ali. Mas ninguém teve medo.  

— E eu que seriam vocês os fofoqueiros. Não mudaram nada, nem após partirem.

— Morremos, mas nossa alma continua a mesma, meu filho.

— Quem diria que vovô Iruka iria voltar a fazer pegadinhas… — a pequena Himawari comentou e Iruka quis poder beijar as bochechas da neta.

— Oh, minha querida, quem mais ia se meter numa confusão dessas? — Iruka completou, o tom divertido, como se estivesse ao lado deles.  

Boruto ergueu uma sobrancelha, fingindo seriedade.  Seu coração batia fortemente contra o peito, emoção o rondando, sentia falta dos mais velhos e desejava poder ter mais tempo com eles.

— Então, vão parar com isso? — perguntou o neto, desejando que a resposta fosse negativa, afinal, aquela parecia a maneira de poder sempre estarem juntos.

O silêncio pairou no ar.  

E então Kakashi soltou um suspiro dramático.  

— E o que mais podemos fazer, filho? Ficar sentados vendo o tempo passar? É entediante… 

— A verdade é que estamos nos divertindo muito — Iruka confessou, rindo. — E parece que vocês também.

Os netos trocaram olhares cúmplices. Não podiam negar que gostavam do jogo.  

Naruto suspirou, cruzando os braços.  

— Só peguem mais leve. Nem todo mundo tem um coração forte como o nosso.

O vento soprou, e por um breve instante, a figura esbranquiçada de Kakashi surgiu no canto da sala, apoiado na parede como se estivesse ali o tempo todo.  

— Se querem que a cidade fique mais animada, eu poderia começar a assustar as pessoas de verdade.

Himawari arregalou os olhos.  

— O QUÊ?!

— Já imaginou? Portas batendo sozinhas, luzes piscando... Um lençol voando no meio da rua!

— Kakashi! — Iruka ralhou, mas não conseguiu esconder o riso. — Nem todo mundo aguenta um susto desses!

— Mas seria engraçado — Kakashi murmurou, com um ar sonhador. — Um fantasma precisa inovar.

Naruto passou a mão no rosto, rindo baixinho.  

— Vocês nunca mudam...

— E nunca mudaremos — Iruka disse, com carinho.  

Por um instante, Naruto sentiu como se todos estivessem juntos de novo, como nos velhos tempos. O peso da saudade apertou seu peito, mas ele sorriu.  

No fim, a cidade ainda teria seus mistérios. Ainda haveria bilhetes, segredos e sussurros na noite. Porque enquanto houvesse histórias para contar...  

O Fantasma Fofoqueiro sempre estaria por perto, garantindo que Konoha nunca ficasse entediante.