
Entre Sombras e Promessas
“Eles lutaram, amaram, perdoaram.
Mas algumas feridas não cicatrizam.
Elas apenas se tornam parte de quem somos.”
Kakashi segurava a mão de Iruka com firmeza enquanto caminhavam para longe da casa de seus pais. O silêncio entre eles era espesso, carregado de perguntas não feitas, de medos não ditos. A noite estava fria, mas Kakashi não soltava a mão de Iruka nem por um instante. Ele sabia que, apesar de todo o autocontrole, Iruka estava abalado.
Quando chegaram ao pequeno apartamento que dividiam, Kakashi fechou a porta atrás de si e puxou Iruka para um abraço apertado. O menor se aninhou contra ele, e por um instante, tudo parecia seguro ali, nos braços de quem amava.
— Vai ficar tudo bem — Kakashi murmurou contra seus cabelos.
Iruka soltou uma risada fraca, sem humor, escondendo o rosto contra o peito do outro.
— Você sempre diz isso.
— Porque é verdade.
Ele segurou o rosto de Iruka entre as mãos, o obrigando a encará-lo. Os olhos castanhos estavam marejados, a dúvida e a dor visíveis em cada traço de sua expressão.
— Talvez… Talvez haja uma explicação para tudo isso — Kakashi disse, sua voz suave, quase suplicante. — Algo que ainda não entendemos.
Iruka soltou um suspiro trêmulo e assentiu lentamente. Ele queria acreditar, queria confiar que o universo não era tão cruel a ponto de arrancar dele a única coisa que fazia sentido.
— Mas e se não houver? — A voz de Iruka saiu fraca, quase quebrada.
Kakashi não respondeu de imediato. Em vez disso, roçou os lábios na testa de Iruka, num beijo lento e reconfortante.
— Então encontraremos um jeito. Juntos.
As palavras eram uma promessa. Um juramento silencioso de que, independentemente do que estivesse por vir, eles não enfrentariam aquilo sozinhos.
— Eu te amo, sabia?
— Sério? Nunca reparei…
— Baka…
— Sabe, tenho um jeito bem eficiente de fazê-lo esquecer os problemas e relaxar. — Enquanto falava, Kakashi distribuía beijos no pescoço de Iruka, as mãos se infiltrando por baixo das roupas, fazendo um carinho em sua pele.
Iruka nem conseguia pensar direito, Kakashi tinha o dom de deixá-lo à sua mercê. No começo, isso o assustava, mas agora, ele se sentia protegido e amado, e sabia que o alfa jamais faria algo sem seu consentimento ou aprovação.
Kakashi sentia que o peso do dia ainda pairava sobre eles, mas ali, no refúgio que haviam construído um no outro, nada mais importava, e queria que Iruka percebesse isso, que sentisse a mesma coisa que ele.
Kakashi passou os dedos devagar pelos cabelos de Iruka, desenhando caminhos invisíveis em sua pele quente. O silêncio entre eles não era incômodo — era carregado de tudo o que não precisavam dizer em voz alta. Os gestos, os beijos, as carícias… tudo carregava as palavras que não saíam de suas bocas.
Iruka suspirou contra o peito dele, fechando os olhos por um instante, apenas sentindo.
— Eu queria que isso fosse suficiente — murmurou, quase sem perceber.
Kakashi afastou-se levemente para encará-lo, os olhos prateados brilhando na penumbra.
— E não é?
Iruka hesitou, mas então sorriu, um sorriso pequeno, mas era o bastante para Kakashi.
— Quando estou com você, parece que sim.
Kakashi tocou seu rosto com delicadeza, como se quisesse memorizar cada detalhe, cada curva, cada sombra.
— Então pare de pensar — sussurrou contra os lábios dele.
Iruka não resistiu quando Kakashi o puxou para mais perto, seus corpos se moldando um ao outro com a familiaridade de quem já se pertence há muito tempo.
— Você sempre tem uma resposta para tudo, não é? — provocou, sua voz entrecortada pelo desejo e pelo riso contido.
Kakashi sorriu contra a pele dele.
— Apenas quando se trata de você.
Era tão fácil se perder ali, no toque, no calor, na maneira como Kakashi o segurava, como se o mundo inteiro se resumisse àquele instante.
Quando a primeira peça de roupa foi retirada, Iruka desistiu de pensar, queria se entregar àquele sentimento, se sentir amado, desejado.
A boca de Kakashi contra a sua, o beijando com paixão, fazia seu corpo vibrar de alegria, querer mais daquelas sensações. Os fios castanhos foram soltos, contornando o rosto do ômega, o deixando ainda mais belo.
Os beijos se tornaram mais intensos, sendo distribuídos pelo rosto, pescoço, ombros, e quando Kakashi passou os lábios pelo local onde um dia esperava deixar sua marca, o ligando para sempre ao outro, foi quase impossível resistir ao desejo de marcá-lo naquele momento. Iruka sentiu aquilo e também desejava, mas não era a hora. Não parecia ser.
— Já sou seu, todo seu, Kakashi.
— Sim, todo meu. — A voz do alfa era rouca, carregada de desejo e algo mais profundo, um sentimento que o fazia lutar contra seus instintos.
Passou a língua devagar pela pele sensível, sendo agraciado por um gemido sôfrego. Seus dedos exploravam, memorizavam, reivindicavam.
— Quero você, agora.
O alfa não negaria aquele pedido, nunca negaria nada ao seu ômega. Os toques se intensificaram e Kakashi o beijou, alisou e adorou cada pedaço de pele de Iruka. Ele se deliciou com cada som, com cada gemido, com cada palavra proferida por ele.
Ele o amou como se fosse a primeira e a última vez; o tocou como se estivesse descobrindo cada parte; deslizou por sua pele como se conhecesse cada parte, dando prazer, o levando ao limite e segurando a sua mão enquanto juntos pulavam no abismo que era todas as vezes que se uniam de forma tão profunda e intensa.
Iruka se permitiu ser explorado e também teve a liberdade de tocar cada pedaço, de conhecer ainda mais aquele alfa que o fazia sentir tantas emoções ao mesmo tempo. Eles se completavam como duas partes de uma mesma coisa. Eram diferentes de tantas formas e iguais em tantas outras.
Quando estavam ali, compartilhando um momento eterno em seus minutos, nada mais importava. Era somente eles em seu próprio mundo, deuses do universo que criaram. Eram almas gêmeas que se encontraram por meio do tempo e que talvez, naquela vida, enfrentariam um dos maiores desafios de sua existência.
Foi nisso que Iruka acreditou por algumas horas. Ele quis acreditar que o amor deles era forte o suficiente para resistir a qualquer verdade.
Porque, naquele momento, não havia dúvidas, não havia medo. Apenas os dois. Apenas o amor que compartilhavam, como se fosse eterno.
E, naquela noite, enquanto Kakashi segurava Iruka em seus braços, sussurrando promessas de que ficariam bem, eles não tinham ideia de que tudo o que conheciam estava prestes a ruir.