Rosas Azuis

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Rosas Azuis
Summary
Melissa voltando da faculdade, se perde pela cidade e entra em uma floricultura pequena, para pedir direções. Mal sabia ela que aquele seria o momento que viu o azul de seus olhos duas pessoas seriam unidas pelo destino, talvez sempre fosse pra ser.
Note
Escrevi de presente pro kori, deixei essa guardada por muito tempo e finalmente animei de terminar, então se tiver meio ruim é por isso!!If any of my english only followers are reading I WILL bring the english version, just don't know when yet since it will be annoying considering this oneshots lenght! So sorry about this in advance!!Boa leitura :3

Melissa se considerava alguém normal.

Sua vida era como a de qualquer outra pessoa comum, ela ia à faculdade - e fazia psicologia! Já estava em seu terceiro ano e tinha conseguido manter sua bolsa durante todo esse tempo - conversava com seus amigos e claro, sempre cumprimentava quem estivesse disposto a lhe dar bom dia.

Ela era perfeita.

Suas notas eram impecáveis em todos os exames de todas as matérias, seus professores faziam questão de sempre falarem bem dela, o que só fez com que sua reputação dentro do campus aumentasse.

Ela tinha um pequeno grupo de amigos composto por Jaiden, Rivers e Mariana.

Jaiden era como uma irmã para si, elas praticamente cresceram juntas se conhecendo desde muito cedo no ensino fundamental. Ela era calma, porém sabia quando bater o pé. Ela era sempre a pessoa com quem você poderia contar para tudo.

Mariana se juntou ao seu grupo quando estavam no 6º ano, ele sempre foi alguém muito carismático e os três se deram muito bem, haviam pequenos desentendimentos entre si mas todos foram rapidamente resolvidos. Mariana era dramático mas sabia nunca passar dos limites, ele sempre queria estar no centro das atenções e saber de tudo que acontecia.

Por último mas não menos importante: Rivers. Ela entrou em seu círculo social quando ainda estavam no ensino médio e foi como se a última peça do seu grupo de amigos finalmente tivesse sido encontrada. Ela era sempre a alegria da festa e tinha uma energia contagiante.

Eles mantiveram sua amizade forte durante todos esses anos e conseguiram todos frequentar o mesmo campus, geralmente passando os intervalos que tinham juntos em grupo e conversando, seja sobre suas aulas ou sobre alguma fofoca do dia.

E Melissa amava seus amigos, mas nunca pode deixar de sentir que existia algo que faltava ali.

Não a leve a mal, ela aprecia a companhia de seus amigos, mas ela desde que consegue se lembrar se sentia incompleta, como se algo não estivesse certo sobre si.

Ela tentou procurar uma solução pra esse sentimento - por mais que seus amigos não necessariamente concordassem com seus métodos - de forma tanto interna quanto externa.

Tudo que você possa imaginar? Melissa provavelmente já tentou. Ela tentou frequentar um psicólogo, mas acabou desistindo quando ela começou a falar sobre isso, talvez seja algum “problema de auto estima”. Ridículo! Quem ela pensa que é? Melissa sempre soube seu valor e se ama acima de tudo, no fim foi apenas uma perda de tempo.

Ela também tentou preencher esse vazio com casos e namoros, algo que seus amigos sempre tentaram alertá-la sobre ser algo “ruim”. Honestamente, a única coisa ruim disso tudo é que nunca funcionou se ela fosse sincera. Ela sempre daria o seu coração num prato de porcelana e não receberia nada além de migalhas em retorno, era frustrante!

Melissa amava demais, e as pessoas não estavam dispostas a devolverem seu amor na mesma medida.

Bem, não importa. Essas pessoas não valiam mais seu tempo e esforço, ela fez questão de deixar isso mais do que óbvio.

De qualquer forma, não quer dizer que ela desistiu, ela ainda buscava algo - ou alguém - que a fizesse se sentir completa. Ela queria se sentir completa, ela precisava encontrar sua alma gêmea, era só questão de tempo até quando o faria.

E não demorou muito para sua pergunta ser respondida, ela ainda se lembra exatamente de tudo, até mesmo dos detalhes mais específicos!

Ela tinha acabado de sair da faculdade como sempre por volta das 18:00, ela e seus amigos haviam marcado de se encontrarem naquele dia porém acabaram desmarcando, já que os três tiveram problemas completamente diferentes:

Jaiden precisaria passar a noite em claro para fazer uma atividade que esqueceu que era para o dia seguinte, Mariana acabou desmarcando sua presença no passeio, já que acabou tendo problemas com o namorado outra vez então decidiu não ir já que não estava de bom humor e não queria baixar a astral do rolê, e Rivers por sua vez teve problemas no trabalho e acabou tendo que fazer hora extra para cobrir o turno de um colega que adoeceu.

 

Se já não fosse ruim o suficiente, Melissa ainda tinha se distraído enquanto conversava com Rivers e deve ter virado alguma rua errada, já que foi parar em uma parte da cidade que geralmente evitava frequentar.

 

Era uma área mais perigosa - e não é como se ela tivesse problemas com isso já que conseguia se virar muito bem sozinha - mas dado o horário ela estava perdida e não havia ninguém nas ruas para que pudesse pedir direções.

 

A maioria das lojas desse lado fechavam cedo então não é como se ela pudesse entrar em alguma delas e pedir direções também, até que viu uma pequena floricultura que parecia aberta.

 

Ela era pequena comparada às construções ao seu redor, mas ainda assim possuía um charme. Enquanto Melissa se aproximava do local ela conseguia sentir o cheiro das pequenas flores em exibição, infelizmente não conhecia muito sobre os significados da linguagem das flores mas ainda podia apreciar sua beleza.

 

E falando em beleza quando abriu a porta para dentro do estabelecimento percebeu o quão bonito era ali. Era o tipo de lugar em que você aprecia a beleza dos detalhes: as flores enfileiradas, os tons claros das tintas que pintavam as paredes, parecia uma floricultura destes filmes bonitos de romance.

 

Falando em beleza, o pequeno sino ligado a porta da qual entrou deve ter alertado o dono - ou nesse caso dona - do lugar, já que após segundos viu a mulher mais linda que já teve o prazer de dar as caras em sua vida parada em frente ao pequeno caixa.

 

Ela tinha cabelos loiros escuros amarrados em um pequeno coque bagunçado com uma mecha branca destoante na frente, além de pequenas cicatrizes, uma sem sua boca e outra cortando verticalmente sua sobrancelha direita. Isso sem contar do piercing na sobrancelha oposta e pequenas tatuagens que pode ver em seus braços - muito musculosos se ela pudesse acrescentar - e seu semblante para Melissa era como um anjo caído diretamente do céu.

 

Essa deveria ser sua alma gêmea, ela conseguia sentir, com certeza era ela!

 

Melissa era uma mulher que facilmente conseguiria conversar com quem precisa, mas por algum motivo se sentia nervosa. Talvez conhecer sua cara metade estivesse a afetando mais do que ela esperava.

 

Ela não a odiaria assim do nada né?

 

A loira então parecia finalmente perceber o silêncio confortável - ou desconfortável, mas Melissa achou a situação mais do que confortável - e resolveu tomar a frente da conversa.

 

- Eu posso te ajudar com algo ou você vai ficar parada aí me encarando? - ela perguntou com um certo tom de sarcasmo em sua voz, talvez até irritação? Não não não! Isso não é bom! Elas mal se apresentaram ainda, não era pra ser dessa forma!

Bem, não importa, ela ainda pode contornar essa situação.

- Hola! Me desculpa aparecer nessa hora mas eu acabei me perdendo nessa parte da cidade e não sei como voltar - ela disse com um sorriso dócil.

Por algum motivo a deusa grega detrás do balcão ainda parecia incerta sobre a presença da morena ali, o que com certeza seria um problema caso Melissa quisesse conseguir o número dela de alguma forma mais “convencional”.

- Bem e o que você quer que eu faça sobre isso? - o ideal para Melissa provavelmente seria acompanhá-la como naquelas lindas cenas dos romances que sempre lia, mas por agora não poderia pedir isso dela, ainda era cedo demais.

Melissa então se aproximou do balcão onde ficava a caixa registradora onde estava a outra mulher, ainda mantendo um sorriso em seu rosto - Bem eu gostaria de direções de como voltar para o centro daqui, mas eu acabei achando suas flores muito bonitas então caso você ainda não tenha fechado queria saber se você tem alguma recomendação gatinha.

O apelido pareceu interromper os murmúrios da outra que encarou Melissa com uma expressão indignada - Do que você me chamou?

- Bem, você nunca se apresentou certo? Achei que o apelido combinava então não vejo que mal faz te chamar assim - ela apoiou seus cotovelos sobre o balcão enquanto encarava a outra.

Gatinha era bom, mas não era o suficiente. Se dependesse de Melissa ela a chamaria de algo mais bonito como cariño, corazón, amor de mi vida, mas ainda assim não seria o suficiente.

De qualquer forma não importa, ela acharia o apelido perfeito quando ela finalmente percebesse que elas eram feitas uma para a outra.

- Quer saber? Esquece, não me importo o suficiente, enfim se quiser comprar algo só compra logo e para de desperdiçar meu tempo.

- E comprar o seu nome, eu posso? - ela apoiou sua cabeça sobre suas mãos, tentando parecer o mais confiante que conseguisse.

 

A outra por sua vez parecia cada vez mais irritada, talvez fosse pelo horário ou pelo motivo óbvio de que Melissa claramente estava a impedindo de algo - Selma. Pronto, te falei meu nome, feliz? Vai embora agora?

 

Então o nome dela era Selma? Por algum motivo só de pensar em seu nome fazia a cabeça de Melissa girar. Era viciante pensar em qualquer coisa sobre uma mulher que acabou de conhecer, mas sentia como se tivesse vivido uma vida ao seu lado.

 

Melissa então pegou seu celular de sua bolsa, quase esquecendo o motivo pelo qual havia entrado naquela loja em primeiro lugar - Você pode me dizer o endereço daqui? Eu vou usar o mapa do meu celular pra voltar pro meu caminho de casa e você vai poder voltar a fazer o que quer que eu esteja interrompendo Selma.

 

O nome deixou um sabor doce em sua boca, ela nunca tinha se sentido tão ligada a alguma pessoa antes, ela achou que possuía esse tipo de ligação com sua ex, Natália, mas tudo não passavam de mentiras bonitas. Sempre havia algo mais importante, alguém mais importante. Mas Melissa sabe que dessa vez seria diferente, ela iria garantir que fosse, custe o que custar.

 

Selma foi feita para ela e ela para Selma, talvez ela só precisasse de um tempo para perceber isso ainda e Melissa tinha todo tempo do mundo.

 

A outra deu uma risada sarcástica trazendo Melissa de volta a realidade - Achei que você ia pedir meu número considerando sua falta de vergonha na cara até agora - ela disse levantando uma de suas sobrancelhas.

 

-Você me daria seu número?! - Melissa não conseguiu conter seu desespero, ela mal havia encontrado o amor da sua vida e já teria estragado tudo? Como é possível?!

 

Selma não se conteve e soltou uma gargalhada - Provavelmente não, mas admiro sua persistência - Melissa murchou ao ouvir isso, claramente decepcionada com a resposta - Mas quem sabe se você tentar de novo amanhã eu acabe te dando meu número?

 

Isso provavelmente era para ser algo irônico vindo da outra mas para Melissa não importava, se houvesse uma chance, mesmo que mínima, não haveria problema em realmente tentar certo?

 

No fim Selma acabou dando o endereço e Melissa a agradeceu, se despedindo e obviamente guardando o endereço junto com os outros que tinha como salvos - como sua casa, o campus da sua faculdade, alguns lugares que agora eram menos importantes e as casas de seus amigos - em seu celular.

 

Ela mal percebeu o tempo passar, já que já haviam passado das 8 da noite, talvez o tempo realmente passasse de forma diferente quando você está com boa companhia!

 

Durante todo o trajeto apenas conseguia pensar na figura misteriosa que era Selma, talvez ela estivesse envolvida com algo problemático e por isso sua pressa para que Melissa saísse de lá. Bem, não importa, Melissa saberia lidar com tudo que precisasse para sua amada.

 

Ela só conseguia pensar em como ela queria descobrir tudo sobre a outra. Onde ela morava? Quais eram seus amigos? Ela tinha algum familiar do qual apresentaria para Melissa algum dia?

 

Ele sequer precisou se perguntar se ela era solteira, não porque necessariamente sabia a resposta, mas porque no fim do dia não importava. Ela e Selma eram predestinadas a ficarem juntas, alguma distração ridícula como essa não seria o maior de seus problemas.

 

Selma, que nome bonito ela tinha. Talvez se Selma um dia quisesse adotar filhos ela escolheria um nome tão único como o seu? Melissa obviamente não teria nada contra, o que fizesse sua amada feliz era o que a faria feliz também.

 

Naquela noite ela mal havia conseguido dormir, era um sábado, o que significava que ela não teria que se preocupar com sua faculdade e teria o dia livre para ir se encontrar com Selma.

 

Talvez ela até estivesse com um humor melhor hoje! 

 

Ela rapidamente olhou seu celular e viu apenas algumas mensagens irrelevantes de seus amigos com as mesmas conversas que sempre tinham. 

 

Não a leve a mal, Melissa gostava da companhia deles mas era tudo tão… monótono. Eram sempre as mesmas conversas, as mesmas pessoas. Ela tentou sentir algo além de tédio mas quase sempre era inútil sequer tentar. Ela sempre acha que conseguia ser cordial com todos e sempre tentaria mostrar que está se divertindo com eles, mas se ela fosse sincera, ela não sabia que valor eles deveriam ter para ela.

 

De qualquer forma isso não importa mais! Agora ela finalmente conheceu Selma e se sente mais viva do que nunca! Obviamente se ela decidisse contar aos seus amigos sobre isso, eles provavelmente iriam lhe repreender dizendo algo estúpido como: “Mas você mal conhece ela” ou “Melissa você não pode simplesmente assumir que as pessoas se sentem da mesma forma que você”. Ela não precisava assumir nada, ela sabia! Mas é claro que eles provavelmente não acreditariam no que ela teria a dizer a respeito disso, então talvez fosse melhor guardar esse pequeno segredo para si por agora.

 

Ela tomou seu café da manhã rapidamente naquela manhã vigiando o horário, se ela fosse rápida conseguiria chegar na floricultura por volta das 9, talvez até descobrir o horário em que o lugar abriria, ou ao menos o horário que Selma chegava.

 

Ela teria que admitir que sentiu tanta urgência para sair que não se maquiou da forma que geralmente fazia, dessa vez preferiu apenas um delineado e lápis de olho pretos e seu gloss de morango - será que Selma gostava do sabor de morango? - e vestiu um de seus moletons do homem aranha. Ela apenas pegou o primeiro que encontrou e esperava que estivesse apresentável o suficiente, mas sua ansiedade de ainda não ter saído iria matá-la viva se ela não fosse logo.

 

Ela não havia memorizado o caminho ainda então estava apenas seguindo o GPS de seu celular. Como agora era um sábado de manhã as ruas evidentemente estavam mais cheias, o que não seria um problema se ela não encontrasse ninguém que conhecia pelo caminho.

 

- Melissa! - e infelizmente ela falou cedo demais.

 

Ela se virou escondendo seu óbvio desdém pela pobre alma que decidiu interrompê-la num momento tão importante, quem sequer saía num sábado tão cedo?

- Rivers! ¿Qué haces aquí tan temprano? - Rivers? De todas as pessoas que ela poderia esperar ver ali, Rivers com certeza era a última em sua lista. A garota dormia igual uma pedra e muitas vezes perderia seus alarmes por causa disso.

Então o que raios ela estaria fazendo acordada justamente agora?

- Hola Melissa! Você tá diferente gostei do visual - Rivers sinalizou um joinha com ambas as suas mãos.

É verdade, seus amigos não tinham muito o costume de vê-la menos arrumada já que ela gostava de se maquiar para passar o tempo, mas obviamente ela não diria o motivo do porquê agora.

- É hoje eu queria relaxar um pouco, além do mais não preciso me arrumar muito para dar uma volta num sábado de manhã né? - ela respondeu com uma voz doce.

- Tem razão, mas posso saber onde você tá indo? - Rivers perguntou tão genuína que se Melissa não quisesse arrancar fora todos os cabelos da loira juntamente de seu boné vermelho naquele momento, ela provavelmente teria achado graça.

- Bem, eu nunca te vi acordar antes das 12 em um sábado, acho que se você quiser me contar onde vai talvez eu te diga - ela estava perdendo tempo demais ali mas precisava enrolar a outra o suficiente para sair logo dali.

A loira suspirou ajeitando o boné em sua cabeça - É tem razão, eu preciso comprar umas coisas pro Missa já que eu tava devendo ele pela outra vez.

Missa, Melissa conhecia ele. Não eram particularmente próximos, mas ele e Rivers dividiam o apartamento em que moravam, então ocasionalmente eles conversavam sobre algumas coisas.

- Bem, então é melhor eu não te atrapalhar muito. Você geralmente já não é muito pontual e se eu te atrasar ainda mais você deve chegar no seu apartamento lá pelas 5 da tarde né? - ela deu uma risada torcendo para que Rivers finalmente entendesse o recado, mesmo que de uma forma diferente do que ela realmente queria dizer.

- Ei! Eu ficaria muito ofendida se não fosse verdade! - ela cruzou seus braços fingindo irritação - Mas tem razão já devem ser por volta das 9 agora e eu já deveria ter voltado, depois a gente se fala então Melissa!

A loira acenou enquanto se afastava e Melissa acenou esperando até que ela finalmente sumisse de seu ponto de vista para voltar a seguir seu caminho praticamente correndo. Não tinha como já terem dado 9 horas certo? Ela deveria ter chegado na floricultura por volta das 8:45, isso era irritante.

Quando Melissa finalmente virou na rua do lugar no qual tinha tanta pressa para chegar viu Selma destrancando a porta com uma chave - ela tinha um chaveiro lindo do herói de quadrinhos Deadpool. Linda e com bom gosto? O que mais ela poderia pedir? - provavelmente tendo chegado agora.

 

Isso era bom, Melissa viu que seu relógio em seu celular mostrava o horário de 9:32, então ela provavelmente abria às 9:30.

 

Ela não podia deixar de notar o quão maravilhosa ela estava debaixo dos raios de sol matinais, Melissa estava grata por não ter sido notada ali.

 

Aproveitando a distração de sua amada, Melissa se esquentou atrás de algumas lixeiras perto o suficiente para apreciar a vista de Selma sem ser interrompida por alguma outra distração.

 

Após Selma abrir a loja ela observou como a loira suspirou e entrou no estabelecimento modesto, talvez ela não gostasse de trabalhar ali? 

 

Por mais que Melissa preferisse observar o local de longe, as plantas atrapalhavam sua visão para o interior, o que era mais inconveniente do que ela esperava que fosse.

 

Então enquanto levantava ajeitou um pouco sua aparência - dando leves tapinhas sobre seu moletom para tirar qualquer resquício de poeira e ajeitando seu cabelo o máximo que conseguia com a câmera de seu celular - e finalmente andou em direção à loja.

 

Será que ela deveria fingir que estaria realmente comprando flores dessa vez? Selma provavelmente não acreditaria que esse era o motivo pelo qual ela realmente apareceu ali, mas talvez seria melhor que apenas incomodá-la em seu horário de trabalho.

 

Talvez ela devesse procurar algumas flores que a lembrassem de Selma, seria bom ter um lembrete dela em sua própria casa.

 

Parando em frente a porta ela não conseguiu evitar o sentimento ansioso que aumentava em seu peito sempre que pensava no que deveria dizer, mas ela nem sequer sabia dizer se o sentimento era bom ou ruim. Ela se sentia como se estivesse andando descalça na praia, ao mesmo tempo que a areia está tão quente que chega a queimar seus pés, ela também corre feliz sabendo que seu destino final será a água do mar.

Os olhos de Selma poderiam ser seu mar, ela se afundaria neles sem hesitar. Ah, só de imaginar seria se afogar naquele olhar complicado, Melissa só queria ver tudo que Selma tinha para esconder. Seus sentimentos, sua vida, seu amor, sim elas dividiram tudo aquilo.

Selma poderia não saber ainda mas ela era apenas uma pequena mosca que teve a sorte de cair na teia de Melissa, que diferente das outras aranhas sempre se lembraria da imagem de seu coração em seus mais profundos pensamentos.

Ela mal conseguia conter seu pequeno surto de risadinhas histéricas, ela realmente parecia uma dessas garotas de romances bregas, onde elas se apaixonam à primeira vista e mal conseguem trocar uma palavra sequer com seus amados. Era mágico mas ela tinha certeza que tudo seria perfeito, elas não precisavam de coisas inúteis como “desentendimentos”.

Melissa então animadamente abriu a porta da pequena floricultura - segurando a porta com uma força um pouquinho exagerada - com um sorriso enorme estampado em seu rosto.

Ela pode ver o momento que Selma se virou para olhar em sua direção e ela podia sentir que explodiria ali mesmo. Se elas se conheceram a tão pouco tempo e já tem uma conexão assim Melissa não podia esperar para ver como seu amor florescerá.

Selma, no entanto, parecia relativamente surpresa em vê-la ali, talvez ela realmente achou que Melissa não voltaria? Não, isso é simplesmente inaceitável! Ela precisaria mostrar que sempre voltaria para ela, não importa a circunstância, assim como Selma sempre voltaria para ela.

 

Ela viu que Selma parecia ter um certo carinho com suas flores, talvez ela realmente gostasse de ser florista?

 

Selma então largou a pequena planta que estava olhando e se virou para Melissa com uma expressão difícil de se ler - Não esperava que você realmente tivesse a cara de pau de voltar aqui, ao menos vai comprar algo dessa vez?

 

Mesmo que ainda houvesse rigidez em sua voz, ela parecia menos irritada do que em seu primeiro encontro. Isso era ótimo! Quer dizer que elas finalmente estavam chegando a algum lugar.

 

- Mas é claro gatinha, eu vi as flores ontem e não pude deixar de pensar nelas nem por um segundo.

 

Selma parecia um pouco mais intrigada agora - Sério? Não achei que você fosse voltar só pelas flores - e Melissa se sentiria arrasada se não conseguisse ver que havia algo genuíno na pergunta de Selma, ela era simplesmente adorável.

 

- Bem, eu percebi que meu apartamento andava meio vazio e adoraria alguma planta para me fazer companhia.

 

Selma então suspirou resignada - Tá bom, a gente ainda tá no meu horário livre mesmo, então só me diz logo que flor você quer.

 

Talvez se Melissa não estivesse tão distraída ela teria se questionado com o que a outra quis dizer com “horário livre”, mas honestamente de que importa? Essa era sua chance de ter flores para se lembrar de Selma e para elas se aproximarem!

 

- Você provavelmente vai me achar clichê por isso, mas eu amo rosas.

 

- Rosas? Sério? Achei que alguém tão “misteriosa” igual você teria alguma flor de quem ninguém ouviu falar como favorita para parecer diferente - Selma gargalhou.

 

E Melissa sequer conseguiu se ofender, a risada da loira era como uma melodia melosa em seus ouvidos - Sim, não gosto de mentirosos. Prefiro só admitir que gosto de uma flor comum do que tentar parecer alguém muito diferente do resto.

 

- Ao menos nisso a gente pode concordar queridinha.

 

Espera… ela ganhou um apelido?

 

Ela ganhou um apelido de Selma?! 

 

Ela sequer conseguia processar a informação, se sentindo como se estivesse prestes a derreter ali mesmo. Sim, ela poderia se acostumar com esse sentimento ♡.

 

Selma percebendo o silêncio momentâneo decidiu tomar a frente da conversa outra vez - Mas você ainda não me disse a cor que você vai querer.

 

Cor? Bem, ela geralmente escolheria algo vermelho para si, mas estas flores não eram para ela.

 

- Bem, você não teria rosas azuis, certo? - ela sequer sabe se tais rosas azuis realmente existem. Claro que ela poderia culpar algum artigo falso que leu na Internet mas ainda seria vergonhoso, ela apenas queria algo que a lembrasse do oceano tempestuoso que eram os olhos de Selma.

 

Selma a encarou com uma sobrancelha erguida - Olha só, quem diria em? Eu tinha certeza que você só me diria vermelhas, algum motivo pela cor?

 

É claro que tinha um motivo, mas talvez Selma fosse esperta o suficiente para descobrir sozinha - Bem, na verdade sim, mas acho que você já deve imaginar cariño.

 

Selma pareceu ficar um pouco chocada com a resposta direta de Melissa, que conseguia ver um certo rubor em suas bochechas.

 

- Na verdade não importa, não quero saber. E só pra constar, sim temos rosas azuis.

 

Selma então começou a andar e Melissa apenas a seguiu em silêncio encarando a figura da outra.

 

No fim ela chegou a conclusão que sua amada ficaria linda de terno.

 

Ela pode ver em uma pequena estante, diversos vasos com rosas de diferentes cores como vermelhas, amarelas, rosas e é claro azuis.

 

- Aqui, quantas você vai querer? - Selma parecia estar se acostumando mais com a presença da morena ali, mas ela estava começando a se irritar pelo ritmo em que isso acontecia. Ela estava esperando demais!

 

- Apenas uma azul. - ela respondeu sorrindo de orelha a orelha.

 

- Você não disse que ia comprar azuis para decorar seu apartamento? Por que só uma? - Selma perguntou suspeitosamente.

 

- Mas assim eu não teria uma desculpa pra voltar aqui né? - e por mais que Melissa tentou fazer com que sua fala soasse como uma piada, as duas já sabiam que aquilo era verdade.

 

- Você é muito insistente, sabia? Tudo bem então só uma azul - Selma então cuidadosamente pegou a rosa para entregar a Melissa. 

 

Ela tinha tanto cuidado com as flores que Melissa não podia deixar de se sentir hipnotizada, ela sentia como se estivesse invadindo um momento pessoal de Selma, mas como elas sempre estariam juntas a partir de agora não teria muito problema certo?

 

Ainda assim ela não conseguia deixar de se sentir ansiosa, e dessa vez não era de uma forma boa. Claro que elas estavam fazendo progresso… na verdade elas estavam fazendo progresso? E se Melissa estivesse apenas sendo precipitada outra vez?

 

Ao menos dessa vez ela não cometeria o mesmo erro de antes.

 

Mas ainda sim, ela definitivamente não gostava do ritmo em que as coisas estavam indo. Era lento demais, e por mais que Melissa pudesse, o amor não poderia esperar para sempre.

 

Ela pegou a rosa da mão de Selma e tentou oferecer um sorriso, mas dada a expressão confusa da outra, provavelmente não foi um de seus melhores.

 

- Bem e quanto eu te devo?

 

- Por agora nada, essas rosas não vendem muito de qualquer forma então considere isso como um “presentinho” meu - Selma semicerrou seus olhos como se analisasse qual seria a resposta da morena.

 

Melissa por sua vez estava a um passo de desabar em lágrimas, o que era irônico considerando sua hesitação momentos atrás, mas quem poderia culpá-la? Ela recebeu um presente de Selma! Talvez ela realmente tivesse acertado em algo dessa vez!

- Pra mim, sério?! Tem certeza mesmo? - ela mal conteve sua óbvia mudança de humor repentina, se ela segurasse a rosa com um pouco mais de força provavelmente acabaria sufocando a pobre flor ali mesmo.

Selma, ainda meio surpresa com a animação repentina da outra, apenas concordou - Bem, foi isso que eu disse né? Só não faça com que eu me arrependa disso, tá legal?

Melissa ainda estava com um pé atrás e decidiu não responder verbalmente, com medo que sua voz quebrasse no meio da frase e apenas acenou positivamente com força o suficiente para causá-la uma dor de cabeça.

- Bem, se for só isso você já vai estar indo né? Queira você ou não eu ainda preciso trabalhar e te vigiar não tá exatamente me ajudando aqui. - Selma respondeu com um pouco de irritação por trás de sua voz, e se Melissa não estivesse tão focada em seu presente talvez teria começado a se preocupar com o que isso poderia significar outra vez.

- Uhm, claro… -  respondeu Melissa, ainda presa naquele pequeno gesto.

Ela relutantemente obedeceu ao “pedido” de Selma sabendo que ao menos ela era alguém que Melissa, por mais que com dificuldade, conseguiria convencer de que pertenciam juntas, afinal ela até lhe presenteou uma rosa, certo?


Mas ainda era cedo demais, Melissa aprenderia mais sobre Selma antes de tentar mostrar a verdade a ela, assim Selma entenderia finalmente o tamanho de seu amor.

Afinal, Melissa sempre foi alguém persistente.





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Selma tinha uma rotina da qual ele preferia seguir, incluindo, claro, seus “negócios”.

Honestamente era tudo tão fácil que ela duvidava se realmente ninguém tinha percebido que uma floricultura que não vendia sequer uma flor continuava ali.

Bem, que antes não vendia.

Por algum motivo, a inconveniente - e muito bonita - mulher que descaradamente tentou dar em cima de si desde que descobriu sobre sua existência, decidiu que era uma desculpa perfeita vir incomodá-la todos os dias para “comprar” rosas azuis com a intenção de “decorar seu apartamento”.

Honestamente, Selma tem que admitir que sua persistência é invejável, mas ela já conheceu várias pessoas em sua vida, e apenas persistência não é suficiente para nada.

De qualquer forma, por mais que Selma tivesse suas suspeitas sobre ela, Melissa parecia ser de certa forma inofensiva, então Selma não se importava em aturar seus avanços descarados.

Além do mais, ter algum cliente que realmente sai com flores da loja nunca seria um problema, quanto menos olhos tivesse voltados para si, melhor.

Veja bem, a floricultura é apenas a fachada do seu real negócio, afinal, assassinos de aluguel não são exatamente uma “profissão renomada”.

Talvez algum dia ela teria se sentido mal por terminar com tal carreira, mas não é como se ser presa tivesse exatamente a ajudado em sua carreira profissional.

De qualquer forma, não é como se ela não gostasse do que faz.

Claro, ela não fazia isso apenas porque era “divertido”, ela ainda - surpreendentemente - tinha um pouco de compaixão em si, mas seus alvos não eram exatamente boas pessoas.

Políticos corruptos, membros de gangues, esses eram alguns dos exemplos de alvos dos quais ela geralmente lidava. Ela estaria mentindo se não dissesse que, ironicamente, uma assassina de aluguel é mais justa do que a própria justiça, mesmo que seus métodos não sejam exatamente bem vistos como uma forma de solução.

E se ela pudesse se divertir enquanto trabalhava, qual era o problema?

Ela sabe que a polícia estava procurando o responsável por trás dos diversos crimes, mas geralmente seus crimes sequer eram conectados como cometidos pela mesma pessoa. Às vezes ela se questionava se a polícia realmente estava tentando, ou se era na verdade grata pelas pessoas das quais ela se livrava e apenas fingiam estar buscando o responsável por questões de aparências.

Desde que eles não tentassem realmente entrar em seu caminho, para ela pouco importava.

No momento Selma estava perseguindo seu alvo, um homem rico que não apenas traiu sua esposa, mas conseguiu ser burro o suficiente ao ponto de achar que conseguiria enganar uma gangue com um empréstimo e cheques em branco. Honestamente ela sequer sabe de onde toda essa audácia e coragem vieram, mas ela não mentiria que aquela gangue lhe dever um favor por aceitar esse trabalho era uma ótima oportunidade.

 

O homem andava nervoso pelo parque durante a noite, provavelmente já percebeu que estava sendo seguido, mas por mais que olhasse ao redor não conseguia ver uma pessoa sequer.

 

Por algum motivo Selma que andava pelas sombras também se sentia observada, mas ela tem se sentido assim por um mês e nada havia acontecido, então provavelmente era apenas sua paranóia outra vez.
Selma se aproximava com passos leves do homem, sem pressa alguma. Ela conseguia sentir a adrenalina começar a fazer efeito em seu corpo, a caça era sempre a parte mais divertida.

O homem parecia tentar apressar o passo, e Selma que cada vez se aproximava mais, apressou seus passos juntamente dele, evitando fazer qualquer tipo de barulho. Ela podia sentir como um sentimento familiar lhe subia dos seus pés aos seus braços, uma coceira insuportável, causada pelo formigamento de sua ansiedade.

𝙈𝘼𝙏𝘼 𝙀𝙇𝙀 𝙇𝙊𝙂𝙊

𝙋𝙊𝙍 𝙌𝙐𝙀 𝙏𝘼 𝘿𝙀𝙈𝙊𝙍𝘼𝙉𝘿𝙊 𝙏𝘼𝙉𝙏𝙊?

𝙌𝙐𝙀𝘽𝙍𝘼 𝙊 𝙋𝙀𝙎𝘾𝙊Ç𝙊 𝘿𝙀𝙇𝙀, 𝙌𝙐𝙀𝘽𝙍𝘼 𝙏𝙊𝘿𝙊𝙎 𝙊𝙎 𝙊𝙎𝙎𝙊𝙎 𝘿𝙀𝙇𝙀

𝙊 𝙎𝘼𝙉𝙂𝙐𝙀 𝘿𝙀𝙇𝙀 𝙑𝘼𝙄 𝙎𝙀𝙍 𝙉𝙊𝙎𝙎𝙊 𝙅𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍 𝙃𝙊𝙅𝙀

Ela conseguia sentir um sorriso maníaco se formando em seu rosto, pouco a pouco se tornando tão extasiada apenas com a adrenalina de saber o que estava por vir, acidentalmente dando um passo alto demais e entregando sua presença ali.

O patético homem se virou, numa tentativa idiótica de tentar observar de onde veio o barulho, mas para sua infelicidade - e nesse caso, a felicidade de Selma e de suas vozes - ela já esperava por isso, cravando de uma só vez sua prezada companheira de caça, sua faca, na barriga daquele semblante fracote.

O homem assustado com a repentina presença alheia e recém facada caiu no chão como um pobre peixe, que pulando para fora de seu tanque de água acabou caindo miseravelmente no chão, e agora se debatia na esperança de qualquer tipo de escapatória para a situação da qual o mesmo se colocou.

Ao ver o sangue que jorrava da ferida Selma conseguia se sentir perder em seus próprios pensamentos de loucura, as vozes tão altas que ela sequer conseguia ouvir quando os gritos enfraquecidos da figura ridícula pararam, ela só via o vermelho, o sangue e ela se deliciava na adrenalina que sentia.

Esses eram os poucos momentos em que Selma realmente conseguia sentir que tinha controle sobre algo, sua vida? A vida dos miseráveis dos quais ela era contratada para arrancar suas vidas de si? Será que importava? Ela tinha todo o controle da situação, e isso era ótimo.

Então pense em sua surpresa em perceber enquanto a adrenalina que sentia se dissipar entre respirações pesadas, bem próxima de si, Melissa parada assistindo toda a cena usando aquele moletom preto idiota de quando se viram pela primeira vez?

Selma sempre suspeitou que ela lhe traria problemas, mas não esperava que fosse dessa forma.

Claramente irritada pelo fato de que agora percebeu que foi seguida pela morena, Selma levantou bruscamente indo em direção da garota que sequer se movia, como se admirasse a cena em sua frente.

Ela puxou a garota pela manga de seu moletom, pressionando sua faca no pescoço da mesma com sua outra mão tentando intimidá-la o suficiente para conseguir respostas, mas tinha que admitir que vê-la admirá-la com um sorriso quase maníaco era meio assustador.

- VOCÊ TAVA ME SEGUINDO PORRA?! PRA QUEM VOCÊ TRABALHA? - Selma gritou.

- Gatinha, achei que você fosse mais espera que isso - Melissa respondeu com um certo tom de zombaria, o que claramente não ajudou nada com o temperamento de Selma - Você não acha que se eu simplesmente trabalhasse pra alguém eu já teria tido provas mais que suficientes só te assistindo de longe? Não acho que você teria me percebido se eu mesma não tivesse chegado mais perto.

E infelizmente Selma tinha que admitir que ela tinha razão, ela ignorou a presença de Melissa como sua própria paranóia, se Melissa quisesse apenas sequer das as caras poderia ter saído sem ser percebida.

Mas então o que diabos ela estava fazendo afinal?!

E ao olhar para o sorriso da morena ela se lembrou do mesmo sorriso em seu primeiro encontro, quando a morena claramente jogou flertes descarados para si. Aquilo não era mais só interesse, aquilo era uma obsessão.

Selma não pode se conter ao rir - talvez um pouco por alívio? Nem se você perguntasse a mesma ela saberia lhe responder naquele momento - descontroladamente da ousadia da morena.

Ela sabia então que Selma matava pessoas? Ela não parecia sequer assustada com a informação!

- VOCÊ É LOUCA PORRA! - Selma dizia entre lágrimas, era inacreditável que não só existisse alguma alma tão quebrada e atormentada quanto a sua que não veria problema naquela situação, mas que ela teve a sorte de se apaixonar justamente por ela.

Veja não era seu plano no começo, ela esperava que ser rude o suficiente a faria ir embora, mas ela não foi. Melissa era tão descarada ao ponto de pedir rosas azuis - quem caralhos compra rosas azuis?! - só para simular a cor dos olhos de Selma.

Era tão ridiculamente brega e Selma estaria mentindo se não dissesse que achou até que fofo, mas ela sabia que estavam a mundos de distância.

Bem, até ela perceber que Melissa era tão obcecada a ponto de não só não entregá-la para polícia, mas ter a falta de vergonha de se aproximar de Selma como se não se importasse de morrer para ela.

Mas Selma não iria matá-la ali, qual seria a graça? Melissa era interessante demais para si como ninguém jamais foi, a garota era um mistério que Selma queria descobrir como funcionava. Além do mais, quem tinha o controle da situação era Selma, e ela não deixaria uma garota bonitinha mudar isso.

Selma uniu seus lábios surpreendendo até mesmo a morena, que não se deixou perder o momento como se fosse algo do qual ela ansiava como se sua vida dependesse disso.

As coisas seriam do jeito de Selma agora, e ela esperava que Melissa não fosse tentar nenhuma gracinha, naquele momento foi como um voto não falado por nenhuma das duas, mas que ambas sabiam que seria seus: até que a morte as separe.