
As luzes estavam apagadas e a lareira queimava a fogo brando, apenas para esquentar o ambiente. A TV estava ligada e nela, um homem recebia cartas em uma caixa mágica de correio.
Um sofá verde enorme, posicionado bem à frente da TV, abrigava um casal que cochilava abraçado. O homem se encontrava deitado de lado, apoiado no encosto do sofá, e envolvia a companheira que tinha as costas apoiadas em seu peito. Seus braços rodeavam, aquecendo.
Na janela da casa, com a vista para o jardim, as cortinas abertas revelavam a neve que caía lá fora. Uma das piores nevascas já vistas em décadas. No entanto, o interior da casa se encontrava protegido por um feitiço que a mulher havia feito mais cedo. O feitiço de aquecimento impedia que os dois bruxos que ali repousavam percebessem as baixíssimas temperaturas que lá fora fazia.
Em dado momento, uma brasa saltou, já fraca da lareira e tocou o peludo rabo laranja do gato que ali perto repousava a sono solto. Bichento, assustado com a brasa, soltou um miado singular e se afastou do fogo. Porém, sua dona, que repousava sossegadamente, abriu os olhos, acordando, para verificar o que houve com seu amado bichano, mas ao vê-lo novamente dormindo e o feitiço de proteção da lareira capturar a brasa fujona para levá-la de volta para suas gulosas chamas, Hermione virou-se para observar o homem que a envolvia em seus braços. Ele dormia tranquilo, com os cabelos rebeldes caindo sobre sua testa. Os lábios entreabertos permitindo o suave som de sua respiração escapar, enquanto sua face mantinha um semblante tranquilo. A barba por fazer era um char
Hermione aproveitou aqueles segundos para observar a calma que se encontrava aquele moreno que de menino ela viu se tornar homem. Nestes momentos ele não era o grande herói de uma geração. Não era o garoto que fugiu um dia para se tornar um assassino, mas que no último instante, escolheu ser apenas Harry.
Mesmo depois de algum tempo, Hermione notou que ela se sentia protegida pelo calor de seus braços. Sempre que estava com Harry, uma tranquilidade lhe invadia, afastando qualquer pesadelo que pudesse vir em noites solitárias. Era naquele abraço que ela sabia, haviam sobrevivido a uma guerra bruxa, aos perigos de um mundo desconhecido quando eram só dois garotos, tentando sobreviver em meio ao inverno, a caçada e a ganância de um bruxo vingativo.
A morena, vendo o sono sossegado do homem que a segurava em seus braços, nem se deu ao trabalho de observar a TV novamente. Hermione apenas virou-se totalmente para Harry, colando seu peito ao dele. O coração batia forte, ainda apaixonado, anos depois do primeiro beijo.
Com os olhos agora cerrados, ela passou a dar leves beijos no queixo de Harry. Ela sorriu com sua propria traquinice em perturbar o sono tranquilo que ele estava. As mãos da morena se dirigiram ao peito para acariciam os fartos pêlos negros, macios e selvagens que ali estavam. Hermione sabia que ele jamais reclamaria de seus toques e entenderia suas intenções. Com beijos agora direcionados ao seu pescoço, a morena percebeu a mudança na respiração do moreno. Ele estava despertando. Hermione se aproximou o máximo possível do corpo quente que agora envolvia o seu em um aperto mais firme. Com uma perna sobre o quadril dele, Hermione sentiu o momento que Harry a puxou mais contra si, deixando suas mãos vagarem e então, o sentiu reagir a seu próprio calor.
Harry, agora desperto, acariciou as costas da morena, ainda a abraçando para não deixá-la ir e abaixou seu rosto em busca de sua boca. Hermione percebendo o gesto, direcionou seus lábios para os dele e o tomou em um beijo carinhoso.
Mas ambos sabiam que o carinho não bastava. Os beijos carinhosos deram lugar aos beijos desejosos. Os carinhos antes suaves, deram lugar aos arroubos da paixão que sempre os consumia quando se viam envolvidos nos braços um do outro.
O fogo continuava a consumir a lenha que se queixava a cada novo crepitar. Com um leve esgar de Hermione, Harry a tomou para si, como sempre, apaixonado. Eram um casal apaixonado que havia esquecido mundo lá fora, não havia heróis, não havia nada, além deles e uma televisão ligada, esquecida em uma sala escurecida.
Falando na sala, a bagunça de roupas espalhadas pelo chão não mais importava. A única peça que o moreno não havia despido de sua morena fora aquela aliança que colocara em seu anelar esquerdo e jurara que nunca mais tirariam, dois anos atrás.
A neve continuava a cair lá fora. O fogo continuava a esquentar o ambiente lá dentro. E o amor mantinha aqueles dois jovens unidos. Um amor desde o primeiro dia, quando um menino assustado com uma cicatriz lendária conheceu uma menina sabe-tudo em um trem mágico que mudaria suas vidas para sempre.
FIM.