O natal estava mais perto do que nunca, Mya odiava o natal, não, ela não odiava realmente o natal ela odiava reencontrar os parentes no natal, mas aceitou ir com uns amigos para o meio do nada, passar a véspera e o natal em uma cabana, o plano inicial era apenas dois dias, mas eles decidiram em chegar um dia antes da véspera para poderem arrumar as coisas melhor e aproveitar melhor toda a estrutura, ela só não imaginou que iria passar raiva assim que colocasse os pés dentro da cabana, assim como dá última vez.
ー É sério, isso é uma cabana ou um ninho de mosquito? - Disse Melissa com uma jaqueta elétrica, matando os mosquitos que ousavam chegar perto dela e de Ayla.
ー É só passar repelente. - Mya falou com uma voz óbvia.
ー Acabei de ver um mosquito que parecia um elefante. - Lucio falou e Lila revirou os olhos com tamanho exagero do YouTuber.
ー Pelo menos o sinal da internet é bom aqui. - Nathalia falou se sentando ao lado de Lila depois de fazer Ricardo sentar no chão junto de Leandro. ー Talvez aqui não seja tão ruim quanto a primeira impressão, afinal a gente esqueceu o Jorel na rodoviária.
Todos riram, alguns continuaram na sala e outros foram explorar a casa, horas depois, antes do anoitecer quase todos foram para uma cachoeira que ficava a mais ou menos meio quilômetro da cabana, apenas Mya ficou na cabana e ela começou a ouvir barulhos estranhos vindo do armário.
Ela resolveu se aproximar e quando abriu a porta viu Jae, sua namorada amarrada e com uma fita na boca.
ー É sério isso? Quem fez isso? - Mya falou tirando a fita da boca de Jae com um pouco de força que a pessoa ainda amarra até reclamaria se não gostasse da dor.
ー Seu irmão. - Jae disse sentindo os pulsos finalmente livres. ー O Aguiar viu eu mandando mensagem pra você e resolveu me zoar, aí já discutiu e ele me amarrou e me jogou dentro do armário, odeio ficar dentro do armário.
Mya riu baixinho sabendo que Jae não estava falando daquele armário e sim da época em que ainda não era assumido.
ー Mudando de assunto, que barulheira era aquela lá embaixo? - Jae perguntou enquanto se sentava na cama.
ー Eu e alguns amigos viemos passar o natal aqui. - Mya disse se sentando no colo da namorada. ー E eu acho que alguns você conhece.
Jae engoliu em seco, conhecia a lista de amigos, e alguns ele conheceu em uma noite de natal… que acabou em sangue.
ー Espero que eles não lembrem o meu rosto, pelo menos os que viram. - Jae falou a última parte da frase em uma voz quase inaudível, medo não era uma coisa que costumava sentir, mas estava com medo das perguntas que eles fariam a Mya se soubessem que ele tem sangue nas mãos, e que possivelmente traria lembranças às quais ele lembrava muito bem, principalmente por que foi naquela noite que conheceu a garota que agora estava sentada no colo dela.
ー Se eles não lembram nem o que eu fiz naquela noite, imagina lembrar o seu rosto, docinho. - Mya respondeu se aconchegando no colo da namorada a provocando, ela sabia que Jae iria aguentar a pose de boa moça por muito tempo. ー Acho que apenas a Melissa ainda duvida de mim, mesmo depois de cinco anos, seis na verdade, afinal amanhã é a véspera do natal.
ー Droga…- Jae murmurou.
ー Eu sei que isso não é por causa da véspera do natal, docinho. - Disse passando a mão nos ombros fortes de Jae. ー Eu vou apenas pegar uma garrafinha de água e trancar a porta, e eu espero mesmo que você esteja disposto a receber as minhas ordens agora. - Mya terminou a frase puxando o lábio inferior de Jae entre os dentes e saindo do quarto.
A noite chegou, os amigos de Mya fazia uma fogueira, assando alguns marshmallows, enquanto Breno cuidava da churrasqueira, Mya olhava tudo pela janela, ainda no quarto com Jae.
ー Ia perguntar se você é uma gatinha porque o seu nome é Mya, mas parece que é uma vampira. - Jae falou vendo o que a namorada havia feito em seu corpo. ー Vai ficar marcado por um tempo isso. - Resmungou.
ー Pelo menos vão saber que você tem namorada. - Mya falou em um tom possessivo, enquanto admirava os arranhões nas costas dele. ー Fica bonito sendo meu, você sabe muito bem disso.
Jae se virou para Mya enquanto colocava a camisa.
ー Sim. - Chegou perto de Mya novamente. ー Preciso ir agora.
ー Você não vai a lugar nenhum. - Diz puxando a namorada pela gola da camisa e fazendo ela cair sobre Mya. ー E antes que pergunte, não, eu não me canso disso, eu não me canso de você, principalmente de você encima de mim, vermelho das minhas unhas, do meu batom e das minhas mordidas.
Jae se perdeu no vermelho da sua mente e beijou a namorada, sentindo o toque queimar a pele como as brasas ardentes do inferno, Jae estava cega de amor e desejo, e ela não era louca de desobedecer Mya, nem que aquilo signicasse cometer crimes, a garota sempre faria o irmão delegado arquivar os casos.
Entre o céu e o inferno ali estavam as duas, e os amigos de Mya nem imaginavam aquilo, não imaginavam que uma pessoa que fez parte de um passado vermelho na vida deles poderia rezar pela amiga deles, que agia tão inocente, e as vezes sacartica, como se ela fosse uma santa, mesmo nas chamas do inferno, ou melhor, quarto.