Hold Me

Harry Potter - J. K. Rowling
F/M
G
Hold Me
Summary
Você nunca imaginou que um dia estaria nos braços dele e ainda se pergunta se foi um sonho. Porém, na manhã seguinte, você acorda e está sozinha.
Note
✤Continuação da Drabble Seventh Wonder, escrita para o Advento da Vitória do grupo Severo Snape Fanfictions.✤ Como todos já sabem, os personagens de Harry Potter pertencem a J. K. Rowling. Eu estou apenas me divertindo, criando contos de fãs para fãs, sem a intenção de obter lucro algum. Por favor, não me processem.E não esqueça que plágio é crime. ;)✤Essa fanfic também está postada no FFnet.


Você estava deitada de bruços, abraçada ao travesseiro. A luz da lua cheia banhava seu corpo parcialmente encoberto por um fino lençol.
Seus olhos estavam fechados e um sorriso despontava em seus lábios - e como seria possível não estar sorrindo, você pensou.

Ao seu lado, compartilhando o mesmo lençol, estava Severus. Com uma mão, sustentava a cabeça enquanto a outra deslizava por sua espinha, causando arrepios que nem o calor do verão conseguiam atenuar.

A ampulheta do tempo parecia ter parado desde que você abriu a porta para ele. - ou seria desde que você abriu a carta? - E você só queria aproveitar cada segundo como se fossem os últimos de sua vida.
O gosto dele ainda estava em sua boca e o cheiro dele predominava em seu corpo. Você desejou tanto por esse momento que estava difícil acreditar no que havia acontecido naquelas últimas horas, mas a mão de Severus estava ali; os dedos deslizando sobre a sua pele, lhe provando que você não estava sonhando.

Você queria perguntar tantas coisas a ele, mas não sabia nem por onde começar. E quando finalmente abriu seus olhos e encontrou as esferas negras, serenas como as profundezas de um lago sem ondas, teve a mesma impressão em relação a ele.
Você sorriu e seu primeiro pensamento foi que você só queria beijar aqueles lábios, que por tanto tempo tomaram conta de seus sonhos; mais do que qualquer coisa. E Severus parecia saber o que se passava em sua cabeça quando, sem proferir uma única palavra, se deitou, puxando-a para cima dele. 
As mãos grandes e bem articuladas envolveram seu corpo com a mesma intensidade que a boca, e mais uma vez você se entregou a ele.

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- Quando? - você finalmente perguntou, minutos mais tarde, aninhada nos braços dele.

 

Houve um momento de silêncio e você ergueu a cabeça para espiá-lo. Severus observava as luzes do abajur, dançando no teto - pontinhos coloridos, inundando o quarto como pequenos vagalumes. 

Os olhos negros a encararam de soslaio e os lábios cinzelados se curvaram sutilmente.

- Você não sabe? - foi tudo o que ele disse, deixando-a levemente irritada e com um ímpeto de beliscá-lo.

Ele soltou um breve suspiro, passando a língua pelos lábios e fechou os olhos, lhe dando um breve momento para observá-lo com mais atenção. Como conseguia ser tão irritante? Sempre falando em enigmas? E ao mesmo tempo tão lindo.
O braço marcado, pelos tempos de comensal, descansava acima dos cabelos negros e você se ergueu, curvando-se sobre o peito dele, pegando-o de surpresa. Cobri-lo de beijos, afinal, parecia uma ideia mais interessante do que beliscá-lo.

A lua já havia deixado o céu quando, pela última vez naquela noite, Severus deixou um gemido baixo escapar de seus lábios, derretendo-a por dentro ao perceber o quão carinhoso e, ao mesmo tempo, quão intenso ele podia ser. 
Seus corpos, ofegantes e ainda unidos, pareciam não conseguir suportar mais tantas carícias - e nem a cama, que reclamou com um "craque" abafado, arrancando um riso de ambos - e então vocês dois finalmente adormeceram, agarrados um ao outro, exaustos e sentindo-se completos.

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O cheiro doce e aromático do café invadiu suas narinas, despertando-a de uma noite extremamente curta e deliciosa - que você se recordou com um sorriso largo enquanto despertava. Sua mão tateou o lado direito da cama, e como você já imaginava, estava vazia.
Com o rosto ainda enterrado no travesseiro, você se esticou sem pressa, alongando-se como um gato. Sentiu um cansaço gostoso percorrendo seus músculos à medida que se espreguiçava. As lembranças das horas que passara com o Mestre Sonserino, vinham à sua mente como um filme em câmera lenta.

Você sorriu e se virou de barriga para cima, apoiando o corpo sobre os cotovelos. Fez uma uma rápida inspeção ao seu redor e seus olhos caíram sobre a mesa do seu pequeno quarto, onde uma xícara solitária, liberando pequenas espirais aromáticas, repousava. 

Intrigada com o silêncio, você o chamou.

- Severus?

Não houve resposta.

Você se enrolou no lençol e saltou da cama. Seu apartamento era pequeno; além do banheiro e cozinha com sala, não haviam outros cômodos para inspecionar.
Constatando que ele não estava ali, você caminhou em direção à mesa e com uma certa tristeza, pegou a xícara de café, que ainda estava quentinha. 
Ele havia partido, sem se despedir. Com os olhos nublados, você sorriu. Não poderia esperar muito dele, afinal. No fundo, você sabia que seria mais ou menos assim.

O pio da coruja que acabara de pousar em sua janela lhe despertou para a realidade, e ao avistar o pequeno pergaminho na pata direita, você correu até o animal. Agradeceu a ave com um biscoito, que lhe retribuiu com um pio melodioso antes de partir, e então jogou-se na cama, sentindo o coração martelando no peito.
Bebeu um gole do café - que estava absurdamente delicioso - e abriu o pergaminho.

Seu sorriso se abriu no exato instante em que seus olhos se depararam com a caligrafia fina e inclinada. Sim, você ainda se lembrava daquela letra, especialmente - e você riu ao recordar - quando ele escrevia "ainda não está deplorável" em seus trabalhos.

"Eu não sou muito bom com palavras, mas quero que saiba que o tempo que passei com você foi especial.
Ontem a noite, quando você me perguntou quando, admito que fiquei surpreso. Você realmente não sabe?
Bem, foi na semana do baile de inverno, quando você visitou a escola com seu grupo de pesquisa, mais especificamente na tarde em que decidiu adentrar meu laboratório - correndo como uma maluca por entre as bancadas - e sem pedir licença alguma, invadiu meu espaço, jogando seus braços ao meu redor. Você se ergueu na ponta dos pés e ignorando completamente meus sinais para se afastar, me deu um beijo no rosto, no canto da boca para ser mais exato.  Confesso que fiquei irritado e com vontade de lhe azarar, mas apenas por não querer admitir o que o seu gesto despertou em mim.

Você tinha que estar tão linda naquela noite do baile? E por que demorou tanto para me contar? Eu não fazia ideia e como você já deve ter percebido, não sou bom com sinais. O toque em sua mão foi minha resposta ao seu beijo. Foi o máximo que me permiti naquele momento - e acredite, não foi nada comparado com o que eu realmente gostaria de fazer com você.

Os enfermeiros do St. Mungus me contaram das visitas, mas ninguém sabia me dizer quem era. Por Merlin, mulher! Por que você não deixou seu nome na recepção? Qualquer sinal que pudesse me levar a você.

E então, após tanto tempo, eu recebi sua carta, invadindo novamente meu espaço. E minha vida. Sempre tão intensa e insuportavelmente impertinente. Apenas lamento que não tenha feito isso antes.

Me perdoe sair como um fugitivo. Precisei partir antes do amanhecer, caso contrário não conseguiria mais. Eu quis acordá-la, apenas para ter você em meus braços mais uma vez, mas creio que foi melhor assim.

Espero que o café esteja a seu gosto. Talvez eu possa lhe fazer uma visita no fim de semana - se ainda quiser me ver, obviamente. - Agora, preciso focar nas minhas tarefas, isso se conseguir tirar você da minha cabeça por alguns minutos.  Minerva já passou por aqui gritando nos meus ouvidos.

PS: Você faz um som engraçado quando dorme. Uma mistura de ronco com ressonar. E ainda assim, continua linda.

Com afeto,
SS.

Você quase se engasgou enquanto lia a carta, tentando conter as lágrimas misturadas ao seu riso.

- Com afeto? - você se jogou para trás com um riso baixo, apertando o pergaminho contra o peito. - Você realmente não escreve muito bem, meu adorado Severus. 

Mas você sabia que o que ele não expressava em palavras, fora muito bem expressado ontem a noite. Além do café, obviamente.
Após terminar a bebida, você pegou um pergaminho novo, escreveu algumas linhas e chamou sua coruja.
As palavras curtas foram suas, dessa vez, e mais tarde naquele dia, Severus sorriu ao ler o conteúdo.

"Aguardo o seu afeto ainda hoje, professor Snape - ou devo chamá-lo agora de vice-diretor? Não ouse me fazer esperar até o fim de semana, ou vou invadir esse castelo e seu laboratório mais uma vez."

Sua, para sempre sua. Completamente sua. Até além da eternidade sua,


Às 19:00 horas, a coruja pousou novamente em sua janela. O pergaminho era muito menor do que o anterior.


"Muffins de amora ainda são seus favoritos?"


A campainha tocou e você largou o pergaminho, correndo até a porta.
Ele tinha um sorriso debochado no rosto e o pacote em suas mãos exalava um aroma delicioso de frutas silvestres, mas você queria provar o gosto dele antes de qualquer coisa e Severus não tentou resistir a essa ideia, nem por um segundo.

Fim