Enquanto Eu Não Me Esqueço

Harry Potter - J. K. Rowling
F/M
G
Enquanto Eu Não Me Esqueço
Summary
Duas mulheres dão á luz a bebes do mesmo pai, dezesseis anos mais tarde, os filhos são obrigados a viver sob o mesmo teto onde descobrem que não é só o sangue que os une
Note
Relação incestuosa entre dois meios irmãos
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Capítulo 6

Beatrice levantou na manhã seguinte antes que algo assustasse Twisk, o gato se levantou com ela e só parou de andar entre suas pernas quando estava alimentado, ela não tomava café, mas colocou água no fogo, sem entender por que ainda queria ajudar Eileen, talvez por ela ser uma mãe e estar viva, ou para não causar aquele estresse que a mulher havia mencionado.
Ela se vestiu no banheiro, organizou as coisas na mala e passou o café, foi só isso que teve tempo de fazer.
A cama no quarto do casal rangeu e Tobias soltou um urro rouco ao se levantar. A calcular pelo dia anterior ela tinha três minutos. Embrulhou três pedaços de bolo, colocou um bilhete sob a porta do meio irmão que dizia “na árvore” e saiu.
Ainda faltavam algumas horas, mas ela se sentou e esperou, confesso que cheguei quase uma hora antes, não conseguia ficar em casa com Lilian, principalmente nos primeiros dias quando ela só falava das coisas que aprendeu e fez.
- Está adianta.
- Bom para você – respondi ao me sentar perto dela.
- Bolo?
Eu peguei, mesmo que chocolate não fosse meu preferido.
- Eileen cozinha muito bem, chega a dar raiva.
- Você não sabe?
- Ah eu sei. Faço uma olive all'ascolana perfeita.
- Parece sofisticado.
- É só azeitona recheada com carne.
- Como se recheia azeitona? – coloquei tanta ênfase na minha pergunta, como se aquela fosse a coisa mais absurda que já ouvi.
Bea riu alto,
Mas Severo chegou, acho que ele teria ido embora ao me ver, mas ele ficou por Bea, afastado, suportando o sol quente das quase dez horas da manhã.
Foi por causa do meu olhar de fuzilamento insistente que ela o percebeu, levantou a mão e acenou, Severo não se moveu.
- Acho que ele não me viu.
- Ele viu sim, só não sei porque você o está cumprimentando.
- É meu irmão.
Não foi uma surpresa, eles tinham as mesmas sobrancelhas, as mesmas maças do rosto, embora as de Bea fossem mais gordas e rosadas.
- Devia ficar longe dele.
- Por quê?
Ele endireitou a coluna, o olhar mais ao longe para o outro lado do rio, eu podia sentir a tensão emanando de seu corpo.
- Peta? Por que eu devo ficar longe?
Bea havia percebido, pelo arranhão curado, pelas coisas estranhas que pensou ter visto em Eileen, pelo meu ódio empírico.
Do outro lado do rio o cabelo ruivo brilhou contra o sol.
- Eles não são como nós.
Lilian parou na ponte, levantou o braço e acenou, exatamente como Bea fez. Dessa vez ele devolveu com um aceno de cabeça.
- Você percebe? Ele responde a ela mas não a você. Não quer ser visto com você.
Beatrice conhecia Severo á menos de um dia, mesmo assim aquilo doeu, fez crescer a ferida aberta em seu peito desde que Maria lhe disse que sua doença não tinha cura. Percebi o queixo da garota tremer e suas sobrancelhas se juntarem.
- Não chora, Bea. Não é culpa sua.
- Moro na casa dele agora, não tenho nada que eu possa fazer quanto a isso.
- Eu sei. Olha, minha irmã está vindo para cá e eu realmente não quero que a conheça – disse me levantando – está com calor?
Ela sorriu enquanto me seguia para o rio, ignorei Lilian como se ela nem mesmo existisse, mesmo Beatrice tendo dito um “oi”.
Ela tirou o sapato no meio do caminho, deixando os pés com lama até chegar na beira do rio, os minúsculos pelos loiros em sua pele se arrepiaram a partir dos tornozelos com a água gelada.
- A intenção era refrescar ou congelar.
- Não está tão ruim, logo se acostuma, água corrente é mais fria mesmo.
Severo havia se sentado sob a árvore com Lilian afinal era o único lugar com sombra. Ele insistia em olhar para Bea, sempre disfarçando quando o percebia.
Senti respingos no meu rosto que me assustaram.
- Não joga água em mim.
- Está distraída, Peta.
Minha resposta foi abafada por um trovão alto e tão de repente quanto ele, gotas pesadas de chuva começaram a cair, encontrei urgência no rosto de Bea.
- Corre.
- Amanhã, mesma hora?
Ela saiu do rio, escorregando nas pedras, suas pernas sujaram com a lama, mas conseguiu me responder.
- Sim, mesma hora.
- Os sapatos Bea – avisei enquanto tomava meu caminho as pressas.
Ela voltou, pegou o par de sandálias e quando se virou novamente, esbarrou em Lilian, quase a fazendo cair.
- Cuidado – a bruxa gritou, nada simpática.
- Desculpe.
Ainda que Severo a estivesse esperando, Bea passou por ele como uma flecha, aquela era a maior tempestade desde que o inverno acabou, não dava para ver um palmo na frente do rosto.
Bea parou para respirar sob um toldo que não cobria muito mais que sua cabeça.
- Porra, não podia ter chovido mais tarde.
- Não adianta ficar bravo com isso.
- Não adianta ficar aqui também, anda, vamos embora.
- Você pode ir, eu já estou molhada.
Se Bea tivesse olhado para Severo, veria gotas pingando das pontas do cabelo dele e a camiseta colada no corpo, assim como o jeans que seria difícil de tirar.
- Vai acabar ficando doente se ficar assim.
- Quem sabe assim eu não morro logo.
Essa não era a Bea falando, era uma pontinha de mágoa, de ciúme que nem mesmo ela tinha percebido que existia.
- Sério que disse isso?
- Por que não foi ficar comigo na árvore?
- Não vi você lá, quando percebi já estava na água suja como se fosse um lindo riacho mágico.
Beatrice era tão boba, o suficiente para se sentir culpada em ter duvidado dele.
- Petúnia não gosta muito de você, sabia disso?
- Ela é uma pessoa ruim, devia...
- Ficar longe dela?
- Voltar para casa, já disse que vai acabar doente.
A verdade é que Severo não queria dizer a Bea para ficar longe de mim, como eu disse sobre ele. Pelo menos não depois de vê-la se divertindo comigo, enquanto Lilian tagarelava sobre convidar mais pessoas para a casa no lago, ele pensava em meses depois, quando teria que voltar para a escola, Bea iria para a Sanset High School assim como eu, sem amigos, sem conhecer o lugar.
Seria cruel demais até para ele pedir que ela se afastasse de mim sabendo que não era igual a ele.
Bea asquiesceu, caminhando pelos toldos e coberturas por mais algumas ruas até em casa. Ela entrou e parou no capacho, não havia muito espaço naqueles oitenta centímetros de comprimento, quando Severo entrou e fechou a porta, os dois estavam quase se encostando.
- Melhor você tomar um banho – ele disse baixo.
A proximidade do corpo dela, mesmo com a água gelada ensopando suas roupas, ele sentiu calor, as bochechas rosadas de Bea revelavam que ela também sentia. Ela respirou fundo, seus seios quase encostando nele.
- E você?
- Não se preocupe.
Severo esperou até que ela atravessasse a cozinha e se fechasse no banheiro, sacou a varinha e secou a trilha úmida que ela deixou. Ele só precisava de roupas secas e uma xícara de café, passou pela sala sem olhar para os lados.
Ele tirou a camisa e a jogou no cesto, dizendo a si mesmo que o calor que subia em suas coxas era apenas adrenalina, ainda finalizava o pensamento quando ouviu o rangido da poltrona e percebeu que Tobias havia se levantado.

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