
James, o único sobrevivente de um naufrágio de um navio, se via simultaneamente livre e preso.
Livre de ser um prisioneiro de piratas e preso, sozinho, em uma ilha, em algum lugar que ele não fazia ideia de onde era.
O moreno ,que não era idiota, já tratou de cuidar dos básicos de sobrevivência, começando pelos seus ferimentos(na falta de literalmente tudo, ele simplesmente amarrou pedaços da bandeira do navio onde mais sangrava),em seguida de várias tentativas frustradas de conseguir cocos, e construindo o que era para ser uma barraca de folhas e gravetos, juntamente com uma fogueira.
Ao realizar essas tarefas, James começou a formular a teoria de que ele era amaldiçoado.Primeiro ele foi sequestrado e mantido como prisioneiro do capitão de um bando bem duvidoso de piratas, depois atacaram o navio em que ele estava, causando o afundamento do mesmo, e agora ele se encontrava isolado e sem nenhuma forma de pedir socorro.
Assim passaram-se os dias (não que o James tivesse contado quantos), e entre indagar sobre a sua vida evidentemente azarada e tentar não morrer, por que sim, ele ainda tinha vontade de viver, ele buscava modos de passar o tempo, além de maneiras de como pedir socorro.
Foi assim que James decidiu que iria gravar desenhos nos troncos das árvores ao seu redor, com fogo e uma pedra estranhamente pontuda e cortante.
Bom, na verdade, ele se forçou a tentar, porque chegou em um ponto, que depois de ficar tantos dias sozinho, o inglês começou a perder um pouco a sanidade que lhe restava e tudo foi ladeira a baixo, incluindo a sua esperança de ainda ver pessoas um dia e sua crença em si mesmo.
Cansado de conviver consigo mesmo, James acordou em um dia excepcionalmente fechado e com muita chance de tempestade, e decidiu que seria um ótimo momento para explorar o resto da ilha em que se encontrava.Após o sol ter feito um longo trajeto no céu, ele se deparou com uma surpresa agradável, muitas frutinhas (James declarou o seu amor por pescadores depois de não conseguir pegar um peixe sequer) e uma bela cachoeira.
Se amaldiçoando por não ter visto ela antes, James foi logo aproveitar um pouco da água antes de catar algumas frutas (sem ao menos saber se elas não eram venenosas) e se direcionar novamente para o seu “acampamento” perto da praia em que ele chegou.
Assim que ele chegou no que ele chamava de abrigo, o tempo, que já estava fechado, começou a ficar mais escuro ainda e a chuva veio rapidamente.E como não tinha mais nada para fazer, além de assistir a chuva, que eventualmente se tornou uma tempestade, James decidiu ir dormir.
Todos os eventos da manhã seguinte eram borrões na memória do James.As únicas coisas identificáveis eram a visão de um navio pirata perto da praia e uma voz horripilantemente familiar gritando para longe:” Vem aqui ver o que eu achei, você vai gostar”.
Depois das memórias turvas, James acabou ganhando total consciência amarrado no meio de um navio em alto mar.E como ele é muito sortudo, logo percebeu que se tratava de um navio pirata, semelhante a sua antiga prisão marítima.
Sentindo uma lâmina contra a sua garganta, O inglês começou a suplicar para ser poupado ou para ter uma morte rápida, sem mesmo se dar conta de quem estava empurrando uma adaga contra seu pescoço.
Desesperado, o homem mais azarado do mundo, vulgo James F. Potter, começou a divagar sobre como ele faria qualquer coisa para se livrar de sua atual situação, usando como exemplo o tempo que foi mantido como prisioneiro pelos temidos Comensais da morte, um bando de piratas conhecidos por seus elaborados roubos e sequestros por vingança, e foi obrigado a cuidar de toda alimentação e limpeza do navio.
O moreno, pelo menos, teve o controle para segurar a sua língua e não contar as outras, e bem piores, coisas que aquela tripulação o sucumbia, após lembrar que ele estava cercado de piratas que poderiam fazer o mesmo e seria melhor não dar ideias novas para eles.
Logo, uma pontada em um ponto particularmente preocupante de seu pescoço fez com que ele finalmente calasse a boca e olhasse para quem estava tão perto dele que era possível sentir sua respiração.
A preocupação com a possibilidade de uma lâmina ser cravada em seu pescoço foi tanta que James genuinamente se assustou com a arfada de ar quente em sua cara, e demorou para processar que quem estava diante dele era Regulus Black.
O seu Regulus Black.
O seu Regulus Black, que agora estava gritando palavras que não faziam o menor sentido na cabeça de James, o qual estava oficialmente revogando o seu título de homem mais azarado do mundo(uma decisão que além de questionável, também era muito precipitada).
A pressão em seu pescoço se encerrou repentinamente e as palavras proferidas a ele se tornaram mais claras.
E uma onda de terror tomou conta de seu corpo ao perceber que Regulus estava quase que literalmente com sangue nos olhos e berrava sobre como James o havia abandonado sem sequer ter lutado por ele antes de se render para os Comensais em um acordo para não tocarem nele.
James queria se defender e dizer que não foi bem assim, ele queria mesmo.Mas o moreno, sabia que era mentira.Ele estava desesperado e tomou o caminho que parecia ser mais plausível no momento.
O caminho que o separou de seu amado por vários anos, e mais o tempo ele passou naquela ilha.
O caminho que estava dilacerando o interior dos que um dia foram um casal apaixonado, acabando lentamente com seus espíritos.
E assim que James tentou abrir a boca para implorar por alguma coisa, o, agora, capitão viu Sirius Black, o seu irmão que era uma espécie de alma gêmea do homem amarrado aos seus pés, de relance vindo em sua direção com uma cara de poucos amigos, e em um momento de desespero e angústia, o pirata enfia a adaga, que estava em sua mão, no ombro do seu antigo amor, fazendo-o desmaiar com a dor e com o choque.
James acordou com:
-Uma dor gigantesca no seu ombro esquerdo;
-Um cheiro de chá com algo que ele julgou ser lavanda;
-Um garoto de alguns bons anos praticamente debruçado nele;
-Seu irmão de consideração e o irmão biológico dele(seu pseudo-namorado) brigando;
Tudo parou na cabeça do moreno quando o menino percebeu que ele havia acordado e gritou “Papai”, fazendo até com que os irmãos Black se calassem.
Estupefato, demorou mais do que deveria para reconhecer o seu próprio filho, o qual não via há anos, por conta de um certo bando de piratas, e demorou mais ainda para perceber que agora havia três homens chorando no cômodo em que estava.Ele, Regulus e Sirius.
Diferentemente de Harry, a criança mais radiante dos 7 mares, os marmanjos se debulhavam em lágrimas , cada um por seus motivos.
Um de desespero por ter seu amado( e pai do seu filho) de volta e ainda ter esfaqueado ele sem querer.
Outro por ver todas as suas pessoas favoritas, salvo seu namorado, juntas novamente.
E o último por finalmente se sentir em casa, com a sua família, além do choro de satisfação por talvez ter se livrado do seu azar (nem um pouco por causa do susto e da dor que o Senhor Regulus Black deu nele).
Se aproveitando da sua atual situação, James insistiu que deveria ser tratado como rei até ele melhorar dos machucados, para que ele também possa se recuperar de tantos traumas acumulados, além de poder aproveitar um dia inteiro com aqueles que se importam com ele.
E o primeiro decreto oficial da Vossa Majestade James Fleamont Potter foi que todas as atividades do dia deveriam ser revogadas e trocadas por um belo chá da tarde com o seu filho e seu homem, com direito à vários livros e bolachinhas feitas por Remus, o namorado de Sirius, esse que estava banido da confraternização por atrapalhar a leitura de todos.
O segundo foi de que ele e Regulus teriam uma série conversa sobre seu passado, seu futuro e sua família.Para o bem tanto da saúde mental e física deles, quanto para o bem da saúde de seu filho.Filho esse que estava muito contente por ter seus dois pais amados juntos novamente.