The Castle on the Hill

Harry Potter - J. K. Rowling
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The Castle on the Hill
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Histórico de Insanidade

O dia amanheceu com nuvens cinzas pesadas, reproduzidas no interior do castelo no teto do Salão Principal. Os alunos ali presentes tomaram o café da manhã analisando os novos horários que lhes foram entregues. A inquietação da noite anterior permanecia entre alguns dos grupos, que discutiam sobre o Torneio Tribruxo e como gostariam de poder participar.

— O que teremos hoje? — Anabel abandonou a torrada com manteiga no prato, voltando sua atenção para o numeroso grupo de corujas que acabara de entrar pelas janelas.

— Nossa primeira aula é Feitiços. — Emily comparou os dois horários outra vez e franziu a testa. — Está errado.

— Errado? Como?

— Achei que você estaria em Poções comigo. Tínhamos um acordo.

— Eu tentei, me desculpe. — Anabel apanhou o exemplar do Profeta Diário e pagou a coruja pousada à sua frente. — Não consigo preparar a maioria delas e os deveres extras iriam começar a atrapalhar meu desempenho nas matérias importantes.

— Mas Poções é uma matéria importante.

— Sim, claro. É sim... — ela concordou sem convicção alguma e levantou-se, concentrada no que lia naquelas páginas.

As duas caminharam juntas até a sala, Anabel bastante entretida em sua leitura e Emily um pouco decepcionada já que tinham concordado em participar de algumas das matérias em razão de um apoio mútuo.

O professor Flitwick iniciou a aula ressaltando, pelo sexto ano consecutivo, a importância de alcançar boas notas. Adicionou que, apesar do evento sediado em breve na escola, o número de lições poderia até mesmo aumentar, a fim de que não perdessem nenhum conteúdo relevante.

Após dois períodos cansativos e uma pilha de deveres de casa, as garotas se direcionaram ao alto da Torre Norte, onde uma escada prateada levava à sala da professora Sibila Trelawney.

Adivinhação definitivamente não era uma de suas matérias favoritas, mas Emily concordara em participar das aulas já que, de alguma maneira, Anabel admirava cada uma das previsões esquisitas da professora. A percepção cética de Emily cegava-a para absolutamente tudo aquilo que o olho interior da professora quisesse lhe mostrar.

Além disso, o cheiro de incenso, a luz fraca refletida pelos abajures cobertos por lenços de seda e a voz etérea da mulher, tornavam a simples experiência de estar ali, num imenso incômodo. Entretanto, a aula costumava passar rapidamente e a professora Trelawney passava a maior parte do período intercalando entre as mesas, o que dava à Emily uma oportunidade para rabiscar informações adicionais em outros trabalhos mais urgentes.

Durante o almoço, Anabel contou à Cedrico sobre os fortes indícios de acontecimentos terríveis em seu futuro, citados pela professora. Nada do que ele ou Emily diziam foi capaz de convencer a garota de que Sibila volta e meia escolhia qualquer um deles como alvo de maus presságios e quando conseguiram finalmente mudar de assunto, as sobremesas já começavam a desaparecer. Mal puderam apanhar alguns dos doces antes de ter que correr porta afora, prestes a se atrasar.

Com o fim das aulas, a maioria já esperava no Saguão de Entrada, prontos para o jantar. Emily havia se separado de Anabel e Cedrico para ir à biblioteca revisar anotações incompletas e a garota acenou assim que a viu, apressando-a para se juntar aos dois. O rapaz, por sua vez, tinha um ar cansado, porém simpático como de costume.

Em determinado momento, um burburinho começou a crescer no fim da fila. Cedrico, que era o mais alto entre os três, pôde ver quando Malfoy mostrou à Harry Potter e Rony Weasley, o que parecia ser parte de um jornal.

— É só o Malfoy outra vez. — ele disse entediado.

— Aposto que é a matéria sobre o Sr. Weasley e o nosso novo professor. É bem a cara do Malfoy fazer piada com algo do tipo. — Anabel disse, esticando o pescoço para ver.

— O Sr. Weasley também esteve na Copa Mundial de Quadribol. Encontrei-o brevemente. — Cedrico acrescentou. — Me pareceu ser uma boa pessoa.

— O Profeta Diário não costuma se importar com índole ou veracidade, Diggory. — Emily se apoiou na ponta dos pés para enxergar por cima das cabeças dos demais estudantes. — Estão ocupados demais com o próprio desespero por uma manchete.

— Sendo bem honesta, dessa vez até que tinham motivo pra escrever. — Anabel desistiu de continuar assistindo justamente quando a discussão se tornou mais intensa.

O professor Moody chegou primeiro. McGonagall logo surgiu entre a multidão, tentando entender o que estava acontecendo. Aparentemente o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas tinha métodos bastante peculiares para apaziguar conflitos, fato que deixou-a desconcertada.

— Temos Defesa Contra as Artes das Trevas amanhã?— Anabel tateou as vestes em busca de sua cópia do horário e lembrou-se que deixara-a na mochila.

— Dois períodos, antes do almoço — Cedrico respondeu depois de se servir com mais uma colherada. — Melhor assim, não preciso de grandes emoções depois de comer empadão.

— Vocês não acham que ele é meio...? — Anabel disse e fez círculos com o dedo indicador na lateral da cabeça. — Está aqui há um dia e já transfigurou um aluno em doninha. E ainda tem o que diz a matéria do Profeta Diário...

— Mas foi Dumbledore quem o contratou. O diretor deve saber o que está fazendo.

— Não acho que seja um bom argumento. — Emily levou a taça aos lábios e aproveitou o último gole. — Com exceção do professor Lupin, tivemos péssimos exemplos de sanidade nos últimos anos.

— Exceção? O cara era um lobisomem! — Anabel olhou-a perplexa.

— E? Por acaso você foi atacada em sala de aula? — ela desafiou. — Tínhamos mais chances de morrer nas mãos daquele covarde que era o Quirrell.

— Bem, nesse caso sou obrigada a concordar.

— E se estamos falando de professores ruins, há exemplos mais adequados — Emily emendou. Cedrico riu e Anabel negou com a cabeça, já imaginando o que viria a seguir. — Por mim, Alastor Moody pode ser um Lobisomem, Diabrete... Um unicórnio, se assim quiser! Desde que saiba dar aulas apropriadas, vai ser suficiente. Já tivemos nossa cota de farsantes com Lockhart e Trelawney.

— Como ousa? Retire o que disse. — Anabel fingiu estar ofendida e bateu as mãos na mesa, o que fez com que Cedrico acabasse rindo ainda mais alto.

Depois do jantar, decidiram passar algum tempo juntos na sala comunal da Lufa-Lufa. O lugar localizado no subsolo do castelo, era composto por um teto baixo com várias cortinas amarelas e cobre polido, sofás e poltronas estofadas em amarelo e preto e as diferentes plantas que a professora Sprout costumava trazer. Suas janelas arredondadas tinham vista para o gramado ondulado da escola. Havia uma grande lareira cor de mel com texugos entalhados e um retrato da fundadora da casa, Helga Hufflepuff.

— Você já vai se deitar? Nós acabamos de chegar. — Cedrico fez menção de se levantar da poltrona para acompanhá-la, mas Emily agitou as mãos nervosamente para que ele permanecesse onde estava.

— Estou cansada e quero reler algumas coisas antes de dormir, então vou primeiro. Vejo vocês amanhã. — ela se despediu de todos e deixou o cômodo.

Por alguma razão, sentia-se ansiosa para as aulas do dia seguinte.

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