Espírito Invernal

Harry Potter - J. K. Rowling
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Espírito Invernal
Summary
A lua sentindo-se só, decidiu abençoar uma criança com o poder de mudar o seu trágico e solitário destino, um filho que ela amaria com todo o seu ser.Uma criança tão alva quanto a neve cujos olhos refletiriam o luar e cabelos que fariam inveja ao gelo ártico.
Note
Disclaimer:As personagens não me pertencem, caso contrário o Draco seria o protagonista e todos se curvariam perante a sua magnifica presença. Mas infelizmente não são minhas e sim da J.K. Rowling.
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Jornada Aventureira

Na plataforma nove e três quartos encontrava-se um menino de brancos cabelos glaciais e olhos prateados a despedir-se da sua elfa Penny, que o acompanhara até à estação juntamente com os restantes membros da sua amada família.


“Vais visitar-me, verdade, Penny? E levarás os teus doces caseiros, certo?” perguntou com um beicinho que despertava a ternura das mulheres ao seu redor.

 

“Penny de bom grado cozinhará para o Amito Draco.”

 

“Avó Lucy, não podemos mesmo levar a Penny connosco?” perguntou o menor com manha.

 

“Se prometeres portar-te bem e te mantiveres longe do radar do Velho-Come-Caramelos, posso tentar negociar uma permanência efetiva da Penny nos nossos aposentos.”

 

“Amo-te, avó Lucy!” exclamou com um sorriso de orelha a orelha, abraçando a mulher de longos e cacheados cabelos negros. Uma dama tinha de velar pela sua aparência a todo o momento.

 

“E a mim não me amas, meu Dragãozinho?” perguntou Walburga com tom brincalhão.

 

“Claro que te amo, avó Ally!” Puxou o braço da matriarca de olhos azuis e cabelos negros arranjados num elaborado coque do qual umas escassas madeixas caíam livremente sobre a sua testa e uma das suas orelhas, para poder abraçar as suas duas avós ao mesmo tempo.

 

“Assim vão fazer com que eu fique com ciúmes!” brincou Severus.

 

“Mas, papá, tu já tens a Emma!” Um sorriso rasgado cruzou a sua face e os seus olhos brilharam de plena travessura.

 

“O Draco tem razão, Severus. Emma é uma senhorita fantástica e será uma ótima esposa…”

 

Severus desapareceu para escapar das fofocas das duas mulheres que se haviam aliado ao seu Pequeno Dragão, parecendo querer juntá-lo a Vanity a todo o custo, pouco se importando com a sua opinião. Sinceramente, aquela mulher fez a sua existência escolar miserável, só sendo opacada (por pouco) pelo quarteto de Gryffindors idiotas, os Marotos, como se faziam chamar na época. Como podia aquele trio ousar sequer insinuar que fariam um bom casal? Acaso o calor tinha derretido a matéria cinza dentro da cabeça das velhas? (Não que ele se atrevesse a perguntar-lhes diretamente… e muito menos a insinuar a idade real da sua avó… A mulher podia ter mudado após conhecer o Draco, mas quando queria ainda era o Diabo encarnado…)

 

“Parece que nos encontraremos com Severus no castelo. Querido, vamos assistir à tua Cerimónia de Seleção. Boa sorte!” disse Lucrecia, dando um beijo na testa do menor e ajeitando as madeixas de cabelo para que cobrissem a tiara de Ravenclaw por completo.

 

“Boa sorte, meu tesouro!” exclamou Walburga, beijando a bochecha esquerda do menor e ajeitando a gargantilha de Hufflepuff. “Assegura-te de escondê-la bem debaixo da gravata. E não te esqueças… Fiques em casa ficares, sempre estaremos orgulhosas de ti!” concluiu, segurando a mão onde repousava o anel que o assinalava como o Herdeiro e Sucessor da Família Black. Lucrecia repetiu o mesmo processo com a outra mão e deslizou o polegar por cima do Brasão de Armas da Família Prince.

 

“Agora entra no comboio que ele não espera por ninguém… Nem mesmo por ti, meu amor! Vemos-te no castelo e não te preocupes, vamos assegurar-nos de arrastar o teu pai para que assista à tua seleção e dar-lhe uma boa lição, se continuar a tentar influenciar os resultados da cerimónia. Acreditas que ainda ontem o apanhei a tentar embebedar o Chapéu Selecionador para o poder interrogar!?” Riu baixinho. “Foi uma sorte ter conseguido tirá-lo de lá mesmo a tempo de não sermos vistos pelo Diretor. Pergunto-me como terá reagido à cantoria bêbada do chapéu?” Perante a recordação da desafinação do embriagado Chapéu Selecionador, a mulher explodiu em sonoras gargalhadas.

 

oOo

 

Draco percorria os corredores do comboio, buscando um compartimento livre, quando tropeçou num estudante superior que começou a criticar a sua aparência exótica e os seus rasgos inusuais. Logo, os amigos do imbecil uniram-se à prática comum, mas reprovável que é o bullying.

 

O albino tentava controlar-se para não acabar por congelar os estúpidos estudantes da Casa… Gryffindor, pelo que pôde constatar Draco, a julgar pelas cores que portavam nas suas gravatas.

 

Quando Draco já começava a pensar em dar-lhes um gostinho das garras dos seus familiares, eis que veio o Cavaleiro de Armadura Brilhante ao resgate de Bela Princesa, ups, queria dizer Príncipe, é óbvio que queria dizer Príncipe…

 

“Auch!” gritou um dos alunos mais velhos ao sentir uma cotovelada nas costas.

 

“Oh! Desculpa, não te vi. Já sabes como é. Não é o meu costume aperceber-me de cada inseto que tem a fortuna de se atravessar no meu caminho!” disse com escárnio e de seguida pegou num dos braços do albino, vendo o brasão no anel. “Vamos, Black, estão todos à tua espera.”

 

“Onde é que pensam que… Ah!” Um novo grito de dor ressoou no corredor, quando uma nova cotovelada seguida de uma pisadela lhe foi propinada. O salvador de Draco havia-o puxado, enquanto batia novamente no troglodita e no meio da sua corrida, o albino pisara "sem querer" (um feliz “acidente”, claro) o rufia que o tentara intimidar instantes antes.

 

oOo

 

A porta do compartimento abriu de rompante e um moreno de pele achocolatada entrou, arrastando um desconhecido albino atrás dele. Por um momento os presentes ficaram divididos entre o choque das cores dos invasores e a dúvida de quem seria o albino que o seu amigo havia trazido consigo.

 

“Olá, pessoas que me adoram e veneram o solo que eu piso!” exclamou alegremente o moreno. “Este é Black.”

 

“Black? Pensei que o último Black estava preso em Azkaban e não tinha deixado descendência!?” perguntou duvidosa uma morena de olhos amêndoa. “A propósito, o meu nome é Pansy Parkinson.”

 

“Draco Black-Prince.” Apresentou-se o albino, arrancando expressões de assombro, que foram imediatamente interrompidas por um moreno de olhos verdes musgo.

 

“E eu sou Blaise Zabini, o teu Cavaleiro de Armadura Branca e Salvador de Sua Eminência.” Fez uma vénia exagerada e beijou o dorso da mão do albino. “Pulseira curiosa! Nunca tinha visto nada parecido…” murmurou ao ver os reflexos das runas cravadas, com cuidadoso esmero, sobre a superfície de prata.

 

“É herança familiar.” Puxou rapidamente manga da camisa para cobrir a totalidade da bracelete e assim poder escondê-la dos olhares curiosos.

 

“O Rato de Biblioteca acolá é Theodore Nott, nunca fala… A menos que seja sobre livros, mas sinceramente quem lê livros hoje em dia?!” exclamou Blaise exaltado e dando saltinhos. Sentou-se e puxou o albino, obrigando-o a tomar assento ao seu lado. “Além disso, hoje em dia é muito mais simples e fácil utilizar um feitiço de leitura artificial, até podes escolher a voz mais acorde com os teus gostos. Eu pessoalmente, prefiro a voz da super-modelo Katrina Markovi, é uma amiga próxima da minha mãe, estranhamente, pois elas não se davam muito antes da morte do Lord Markovi, na verdade eu diria que se odiavam. A mamã disse que desconfiava que ela era a misteriosa amante do meu padrasto. Mas desde que ficou viúva, Katrina passa a vida lá em casa. Vá se lá saber porquê!? Ainda que… agora que penso nisso, a morte do marido dela foi muito semelhante à do meu padrasto, até a data… foi muito próxima. Seria uma doença contagiosa?”

 

“Como já tiveste a ocasião de notar, Blaise fala até pelos cotovelos, mas com o tempo aprendes a aturá-lo ou simplesmente a ignorá-lo. O segredo para lidar com a hiperatividade dele é cortar-lhe o abastecimento de doces, mas como podes adivinhar a senhora do carrinho de doces já passou aqui há um bom bocado,” comentou a única menina do grupo.

 

O grupinho iniciou um diálogo que durou praticamente a viagem toda. Quando estavam prestes a chegar à estação, trocaram de roupa e vestiram os uniformes escolares. Draco escondeu a gargantilha cuidadosamente debaixo do colarinho da camisa e ajeitou a gravata para que esta cobrisse o brasão familiar, tal como lhe indicara a sua avó Ally momentos antes.

 

oOo

 

Já no castelo foram guiados até às portas do Salão Principal, onde se levaria a cabo a Seleção das Casas.

 

“Espero que o Chapéu Selecionador não se tenha tornado alcoólico, caso contrário das duas uma, ou está bêbado ou está com ressaca,” murmurou Draco sem se aperceber das miradas repletas de curiosidade que recebia dos restantes novatos.

 

“Disseste algo?” perguntou Blaise ao que o albino negou com um gesto de cabeça.

 

Tiro e queda, ao escutar a cantoria bêbada, desafinada e sem sentido do chapéu que a Subdiretora tentava em vão calar, Draco ponderou se entre as suas inúmeras habilidades estaria acaso a clarividência.

 


 

Ah, vocês podem achar-me pouco atraente,
mas não se apressem com o vosso julgamento.
Engulo-me a mim mesmo, se conseguirem encontrar
um chapéu mais sexy e sedutor que o "moizinho" aqui.


Chapéus de côco já eram… a minha elegância (hic) venceu.
Cartolas altas de cetim dourado…
(Ah! Não eram douradas?
Hmm… Seriam apenas brilhantes? Dourado talvez seja demasiado gay!)
Eu sou o "Killer" de Hogwarts…
(Espera, acho que era "Ladykiller" e não apenas "Killer". Afinal, isso não é crime!?)
E seduzo mais viúvas do que qualquer outro chapéu.
(O de Merlin não conta, não importa se ele vos disser o contrário.
Não lhe deem ouvidos, é um aldrabão de primeira,
acha-se muito bom só porque esteve em cima da cabeça do Merlin,
que a propósito estava bêbado, senão nunca o teria usado.
Eu estive na do Godric e não me veem a vangloriar-me por isso, certo?
Mas estive, e tenho uma belíssima pintura da minha querida Helga para comprovar.
É o meu tesouro!)

 


 

Minerva McGonagall espatifou a listagem dos novos estudantes contra a cara e rezou para que aquela vergonhosa atuação terminasse rapidamente e nunca mais ninguém voltasse a falar daquele assunto durante toda a eternidade, mas principalmente que tal façanha arrojada do Chapéu Selecionador nunca chegasse aos ouvidos dos pais dos estudantes, principalmente os que faziam parte do Conselho Escolar.

 


 

Não há fantasia, por mais bem escondida que esteja
nessas cabecinhas, que o Chapéu Sedutor não consiga ver.
Por isso não sejam tímidos, é só colocarem-me na "tóla"
que vou dizer-vos em que Casa de Hogwarts deverão flertar…
(Ups… Quer dizer, ficar. Definitivamente, ficar!)


Quem sabe o teu destino seja em Gryffindor
(piscando o olho à Chefe de dita Casa),
Casa onde habitam os corações passionais.
Ousadia, orgias e real nobreza
destacam os alunos de Gryffindor dos comuns (arrota) mortais.

 


 

Escutaram-se gemidos de indignação afogados pelas risadas dos estudantes de Slytherin. Severus recebeu um olhar perfurante das matriarcas e encolheu os ombros.

 

"Não é culpa minha, que o chapéu fosse um alcoólico em recuperação. Como é que era suposto eu saber isso? Não sou nenhum adivinho!" pensou o Mestre de Poções.

 

O homem esperava que os Primeiros e Segundos Anos não conhecessem o significado da palavra orgia, pois caso assim não o fosse e Draco algum dia chegasse a descobrir o que esta representava, as matriarcas assegurar-se-iam de que ele nunca poderia ir a uma por falta de equipamento adequado… (Não que ele pretendesse de facto ir a uma… mas não era fã de virar eunuco.)

 


 

Quem sabe seja em Hufflepuff que irás delirar…
(Quer dizer… namorar… Não! Morar, isso, morar!)
onde os seus moradores são quentes e apertados,
pacientes, masoquistas, sem medo à dor.
Ou será a velha e sábia Ravenclaw…
(Que de velha não tinha nada e era um bombom!)


A Casa dos que têm a mente sempre ereta…
(Acho esta não era a letra, pelo menos não desta música!
Supostamente deveria ser algo chato como… como…
"mente desperta" ou "alerta", seria "pateta" ou "aberta"!?
Nah! Continuo a preferir a nova versão.
Ereta! Mas a mente não é a única coisa que eles têm ereta e muito menos aberta…)
Onde os pardalitos de grande espírito e libido
sempre encontrarão companheiros seus iguais.
Ou quem sabe Slytherin será a sua Casa…

 

E ali farão os seus verdadeiros amigos coloridos.
(Para quem não sabe, são amigos que têm S – E – X – O.
Não me posso esquecer que há menores presentes!
E senhoras de idade também, basta ver a Minerva, "tadinha" foi dormir…
Aquele chão parece muito duro, não deve ser nada confortável,
mas agora que me lembro…
O Godric e o Salazar não pareciam importar-se muito com isso…
Era no chão, contra a parede, ocasionalmente uma porta, 
frequentemente em cima de uma mesa, uma vez até fizeram no quarto da Rowena. 
Eu sei porque também lá estava. 
Não imaginam como aquele leão ficava feroz comigo na cabeça dele. 
Pobrezinho do Salazar ter de lidar com todas as perversões do amante. 
Não é de admirar que ele tenha fugido a sete pés! 
Onde é que eu ia mesmo na minha música? Ah! Sim! Já me lembro…)
Jovens de astúcia que usam quaisquer meios 
para atingir os seus tão ansiados múltiplos orgasmos. 

(O Salazar também tinha vários, embora o Godric pregasse que tal facto se devia à sua perícia.)
Vamos, experimentem-me! Não temam!

Não se atrapalhem! Estarão em boas mãos!
(Mesmo que eu não tenha pés nem mãos.)
Porque sou único, sou o Chapéu Fornicador!
(Aprendi com o melhor… Ainda que pensando bem…
O Salazar fugiu de qualquer forma, por isso eu sou melhor! Muahahaha!)

 


 

O Corpo Docente em geral estava boquiaberto…

 

Não se escutava um único som…

 

Provavelmente poderiam ouvir facilmente se uma agulha caísse no chão de tão silencioso que estava o geralmente ruidoso e abarrotado Salão Principal.

 

Os estudantes da Casa Esmeralda não paravam de fuzilar os leões como se os culpassem pelas “atrocidades” que o Chapéu Selecionador afirmava que o fundador da Casa Gryffindor havia ousado cometer contra Salazar Slytherin, o seu venerado fundador.

 

Esse dia marcava o início de uma nova era de ódio entre Slytherin e Gryffindor…

 

As serpentes nunca deixariam passar em vão a ofensa que Godric Gryffindor tinha aparentemente cometido contra o fundador da Casa Slytherin… Que tipo de besta tinha que ser o leão para fazer com que Salazar “fugisse a sete pés” como disse o chapéu em dado momento.

 

Severus ainda permanecia incomodamente sentado entre Lucrecia e Walburga, quando sentiu os beliscos que as mulheres lhe ofereciam de bom grado, massacrando as suas pobres coxas.

 

O Salão Principal ainda estava mergulhado no mais profundo silêncio… A Subdiretora havia desmaiado devido ao terrível trauma, ainda não iam sequer a meio da canção, e o Diretor estava num profundo estado catatónico que nem os seus amados caramelo de limão seriam capazes de quebrar, pelo que não havia ninguém para proceder a realizar a Cerimónia de Seleção e o habitual Discurso de Boas Vindas.

 

“Resolve isto, Severus. Responsabiliza-te pelo que fizeste,” murmurou Walburga sem desmanchar o seu sorriso forçado ou de encarar a multidão horrorizada.

 

O Mestre de Poções levantou-se do seu assento, dirigindo-se à inconsciente Professora McGonagall. Agachou-se e pegou no pergaminho com a listagem dos alunos e encarou a plateia, passando por cima do cadáver, ups (outra vez), do corpo desacordado da mulher.

 

“Caros alunos, peço desculpa pelo… cof… inconveniente. Vamos então dar início à seleção. Abbot, Hannah!”

 

A menina envergonhada de ser a primeira a ser selecionada, sentou-se timidamente e Severus procedeu a colocar o Chapéu Selecionador sobre a sua loira cabeça.

 

“Ora, ora… Se não é uma autêntica… Masoquista!” gritou o chapéu e a loirinha encolheu-se no assento ao escutar as gargalhadas que romperam o silêncio no Salão Principal.

 

“Bones, Susan!” exclamou o Mestre de Poções para desviar a atenção da menina que com certo receio e timidez se dirigiu até à mesa dos Hufflepuff.

 

“Sinto que vais ser bem… Hm… Apertadinha!” gritou o chapéu, arrotando descaradamente no final. A menina entre lágrimas correu para abraçar Hannah, que a consolava como podia, sendo que estavam em igualdade de condições.

 

“Sem mais gracinhas ou vou assegurar-me de que nunca mais na tua longa existência voltas a pousar os teus miseráveis olhos sobre uma mísera garrafa de whisky.”

 

“Hnf… Prefiro vodka de qualquer forma!” murmurou o chapéu amuado por ter sido ameaçado para acabar com o seu entretenimento.

 

“Black-Prince, Draconis!”

 

O albino sentou-se no banquinho e esperou descobrir qual seria a estupidez que o chapéu gritaria agora, que era finalmente a sua vez.

 

"Ora, Sua eminência! Eu nunca teria aquele tipo de trato para consigo, ainda que esteja completamente para se comer inteirinho… Roar!" rugiu o chapéu na mente de Draco. "Ora a fodida inteligência de Rowena e a perseverança da Helga. Terei de amenizar as minhas palavras, pois não quero ofender o Herdeiro das duas Louvadas Casas de Hogwarts."

 

“Andorinha!” Draco ergueu-se do banco e sentou-se na mesa de Ravenclaw, feliz de pertencer à Casa de um dos seus antepassados fundadores. Severus, Lucrecia e Walburga brindaram-lhe um sorriso de absoluto orgulho.

 

O Salão Principal em peso pestanejou à falta das já habituais palavras ofensivas do velho chapéu… Acaso a ameaça do novo professor havia surtido efeito? Tirando uma única estudante que estava mais focada em avaliar a aparência de Draco. Hermione Granger queria interrogar o menino misterioso e descobrir a razão por trás da sua coloração, pois ao contrário do que se poderia pensar aqueles rasgos não eram standard comum nem sequer na Sociedade Mágica. Ela sabia, afinal havia lido tudo o que encontrara sobre a história do Mundo Mágico e nunca fora relatado nenhum mago com aquela cor de cabelo ou olhos.

 

Outro que sonhava acordado era Harry Potter que só tinha uma forma possível para descrever o que os seus olhos viam. Era uma fada! Uma fada como as dos filmes da Disney que o seu primo via às escondidas, porque não era algo que os meninos devessem fazer e Dudley afirmava sempre que ele era muito macho e não uma florzinha frágil como Harry.

 

“Boot, Terry!”

 

“Hmm… Difícil… Que seja a… Casa dos Maníacos Sexuais!” O menino dirigiu-se à mesa de Slytherin. “Aí não, senta-te ao lado das borboletas que a tua cobra ainda é muito pequenina,” falou com um estranho e carregado acento escocês seguido de uma estrondosa gargalhada.

 

"Borboletas? Acaso está a falar de Ravenclaw?" murmurava a multidão, enquanto algumas das serpentes maiores mandavam piadas ofensivas sobre o tamanho da ferramenta das águias.

 

Severus rodou os olhos exasperadamente e rezou para que aquilo acabasse rápido, pensando quão viável seria realizar um obliviate coletivo para apagar a Cerimónia de Seleção das memórias dos presentes.

 

“Brown, Lavander!”

 

“Vejo que serás… Hic… uma boa… boa… Hic… Amante de Orgias!” Os aplausos escutaram-se pela primeira vez na noite, oriundos da mesa de Gryffindor, que optara por ignorar o insulto juntamente com os soluços do ébrio chapéu.

 

“Bulstrode, Millicent!”

 

“Uma verdadeira… Cortesã!” A menina ergueu os olhos, confusa. “A sério? É que necessito fazer o trabalhinho todo!? Cobrinhas venham buscar vossa nova meretriz!” gritou na direção da mesa de Slytherin.

 

A seleção continuou com insultos e palavras degradantes a saírem dos lábios costurados de um Chapéu Embriagado. Até que chegou a vez do Menino-Que-Sobreviveu.

 

“Potter, Harry!”

 

Todos esperavam que o chapéu gritasse algo relacionado com orgias e o enviasse diretamente para Gryffindor sem mais delongas.

 

"Ora, vejamos!" Harry saltou pela surpresa. "Oh! Vá lá! É o fodido Mundo Mágico e saltas porque há uma voz na tua cabeça? Isso é considerado relativamente normal, tenta cortejar uma tesoura e aí sim dir-te-ão que estás completamente louco. Oh! Sim, eu estava louco… Louco de amor!… Bons velhos tempos! Pergunto-me como estará a minha belíssima Tesourela, a minha amada tesoura galardoada mundialmente como Costureira das Celebridades! Oh, minha doce Tesourela…!"

 

“Amigo colorido!” gritou o chapéu.

 

O Salão Principal parecia mais chocado em ver o Salvador do Mundo Mágico acabar sorteado em Slytherin do que ao escutar todas barbaridades que o Chapéu Selecionador pregara desde o mesmíssimo instante em que o haviam trazido para realizar a cerimónia.

 

Após a seleção de variados estudantes, só ficava a faltar um. Só mais um e o calvário finalizaria por fim.

 

“Zabini, Blaise!”

 

"Oh! Olha só se não é o amigo de Sua Eminência!" Blaise ergueu uma sobrancelha com expressão confusa.

 

“Aposto que serás um grande adepto de… Swing!”

 

Um novo estrondo foi escutado no recinto, a Subdiretora Minerva McGonagall havia colapsado imediatamente após ter recuperado enfim a consciência.

 

"O que é swing?" questionou Blaise.

 

"Só vai juntar-te à Casa das Andorinhas, mas se realmente quiseres saber… Procura-me num par de anos que eu conto-te tudinho… até ao mais mínimo e sórdido detalhe," respondeu o chapéu já a começar a bocejar. "Oh! Srta. Tesourela dê-me um beijinho… Zzzz…" Blaise perguntava-se interiormente quem seria essa tal Tesourela, enquanto retirava cuidadosamente o chapéu adormecido da sua cabeça para não o despertar acidentalmente e iniciar uma nova dose de palermices de índole demasiado sexual.

 

oOo

 

Os meses foram passando, Harry havia forjado uma amizade com Pansy e Theodore tinha passado a considerá-lo como alguém ligeiramente suportável.

 

Draco e Blaise compartilhavam quarto e eram companheiros quando eram pedidos trabalhos em grupo. O moreno tinha retomado a sua tarefa como Cavaleiro da Princesa, claro que nunca o diria à frente do seu albino amigo. Ele podia ser realmente assustador quando se propunha. Não sabia exatamente como é que este conseguia fazer aquelas coisas, mas numa manhã em que lhe ocorreu roubar uma fatia de bolo de chocolate que uma elfa doméstica deixara na mesa de cabeceira do albino, terminou com a mão congelada, tendo de realizar uma curta viagem ao escritório do Professor Snape, pois Draco impediu a sua caminhada (estava mais para corrida) nada apavorada (porque isso não é cool) até à enfermaria do castelo.

 

Fora ameaçado por três adultos furiosos que exigiram que nunca em toda a sua vida revelasse o que lhe acontecera ou assegurar-se-iam de fazer-lhe a vida miserável, começando por chumbá-lo em Poções, arruinando para sempre qualquer futura carreira profissional que envolvesse aquela área de conhecimentos… e infelizmente a lista era bem mais longa do que qualquer mago poderia imaginar.

 

O tempo passou a correr e os Slytherins acabaram, sem saber bem como, no meio de uma luta contra o Professor Quirrell pela possessão da Pedra Filosofal. Quando Draco descobriu, ao escutar os rumores ficou pasmo com a tamanha estupidez daquelas três serpentes descerebradas. Harry tinha, de algum modo incompreensível, arrastado Pansy e Theo para uma Sala Subterrânea Secreta, resultando nos três internados na enfermaria. E um Harry com um sorriso gigantesco a contar às águias tudo o que passara e levando com um livro voador na cabeça, cortesia de Theodore Nott a duas camas de distância em direção diagonal.

 

Quando menos se deram conta, estavam já no seu Segundo Ano e Draco passava a maior parte do seu tempo a tortu… quer dizer, ensinar Harry, que por culpa do seu karma heroico estava à beira de reprovar praticamente a todas as disciplinas. O seu papá Sevi estava a um fiosinho pequeninho de expulsar o menino de olhos verdes esmeralda da sua aula de Poções e a sua avó Lucy tinha feito o seu hobby favorito lançar feitiços enervate cada vez que Harry adormecia nas suas aulas de História da Magia e por vezes até mesmo quando este estava meio ou plenamente acordado, apenas por pura e saudável diversão… dela, é claro. Não era como se estivesse com ciúmes de que o seu pequeno passasse muito tempo com aquele fedelho desnaturado e sem cérebro. Nada a ver! Nadinha! Nicles! Ela não era assim tão infantil…

 

Apesar das teorias que dividira em ocasiões passadas com o seu velho amigo Amos Diggory, o Professor Binns havia por fim decidido aposentar-se e dar a volta ao mundo em busca de um amor fantasmagórico. Diziam os rumores que o fantasma se havia reencontrado com o seu amor de escola no Hawai… Mentira? Verdade? Quem sabe? Melhor ainda, realmente alguém se importa!?

 

Pouco depois, começaram a aparecer pessoas petrificadas e como tal Draco, Blaise e as serpentes terminaram no meio da Câmara dos Segredos a enfrentar um gigantesco, terrorífico e mortífero basilisco. O albino conseguiu que o encontro concluísse sem fatalidades, quando decidiu aproveitar a confusão para congelar o basilisco e até se assegurou de não o danificar demasiado. Tinha a certezinha absoluta que o seu papá iria saltar tal qual uma criança em plena Véspera de Natal, quando visse aquela esplêndida fonte de ingredientes para as suas amadas poções… Talvez… Mas só talvez, o seu papi… ignorasse o uso indevido dos seus poderes ao ter a possibilidade de encher a sua despensa com ingredientes extremamente raros assim como igualmente caros.

 

Com a chegada do Terceiro Ano, o Herdeiro Black-Prince pensou sinceramente que por fim teria um breve momento de paz, mas quando viu a cara de espanto da sua avó Ally e a capa do Diário do Profeta onde rezava a fuga de Azkaban efetuada por Sirius Black, o menor soube que seria apenas mais um ano como todos os outros até à data. Adeus, sonhada normalidade! Olá, vida diária!

 

Ora! Resultava que o seu primo Sirius não só era filho da sua avó Ally como também era padrinho do seu amigo Harry.

 

No final de contas descobriram que o fugitivo era realmente inocente e o culpado era um animago chamado Peter Pettigrew, que assumira a forma do rato de estimação de Ronald Weasley, aquele ruivo insofrível que fazia a vida de Harry impossível só porque este tinha sido selecionado para a Casa de Salazar Slytherin e não a de Godric Gryffindor como Ron pregava que deveria ter passado.

 

Segundo as palavras da Doninha, Harry estava em Slytherin porque era um mago escuro, tendo a lata de afirmar que este provavelmente só tinha sobrevivido porque Voldemort o reconheceu como uma serpente. E das duas uma: ou tinha tido pena dele por ser um covarde como todos os Slytherins ou vira nele um futuro aliado.

 

Estupidezes, puras palermices vindas de um criatura sem atividade cerebral minimamente funcional!

 

Sirius fugiu nas costas de um hipogrifo e não havia notícias dele desde então. Ou assim pensavam todos…

 

oOo

 

Hoje marcava a data do início do Quarto Ano de Draconis Lucifae Black-Prince.

 

O albino percorria o corredor que levava à ala destinada aos dormitórios da sua família. Draco encarou o quadro de um imenso dragão e entrou na sala ao ter sido aceite a palavra-chave secreta.

 

Mal Draco entrou, foi saudado por uma alegre elfa, que lhe ofereceu uma fatia de bolo de bolacha caseiro.

 

“Obrigado, Penny! O que é que eu faria sem ti?”

 

A elfa sorriu e desapareceu a caminho das cozinhas onde foi recebida por um eufórico Dobby, que declarava o seu infinito amor por ela. O elfo doméstico tinha conversado com Harry e este dissera-lhe que os sentimentos que ele lhe descrevera batiam com os que a televisão dos muggles afirmava serem os sintomas do amor. Como tal, Dobby andava atrás da pobre Penny, atazanando-lhe o juízo e clamando que a conquistaria, pois o grande Harry Potter dera-se ao trabalho de lhe oferecer um guia sobre os segredos do romance (que havia furtado ao seu primo Dudley, vá-se lá saber porque é que ele o tinha).

 

Os adultos sentaram-se a beber um delicioso chá preto e a degustar o voluptuoso bolo de laranja que a elfa preparara de bom grado.

 

“Realmente não me vão dizer?” perguntou Draco com um adorável beicinho, dando uma leve mordida ao seu doce de bolacha.

 

“O Diretor foi muito claro, ao ponto de ser mortalmente chato, de que ninguém pode saber,” respondeu Walburga com tom aborrecido.

 

“É um baile? Pediram para trazer um conjunto de gala, pelo que deve ser algo elegante. É um baile, certo? Acertei, não foi? Digam-me algo! Acertei ou não?”

 

oOo

 

Passados poucos dias, Albus Dumbledore anunciou o ressurgimento do Torneio dos Três Feiticeiros e o castelo viu-se de repente como hospedagem para estudantes de duas outras Escolas Mágicas e os seus respetivos Diretores.

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