Se permitir acreditar

Harry Potter - J. K. Rowling
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Se permitir acreditar

Regulus Black não era uma pessoa boa.

Ele pode não ter feito muitas coisas ruins, mas ele permite que muitas delas aconteçam. Ele nunca foi corajoso o suficiente para evitá-los.

Ou pelo menos era isso que ele acreditava. E pode ter certeza de que ele nunca se orgulhará disso.

Mas Regulus também não era uma pessoa má.
Porque as pessoas más não ganham finais felizes. Eles não merecem um irmão que se importa com eles, ou amigos que nunca abandonaram, e nem uma nova família que as acolha sem hesitar.

Mas principalmente, as pessoas mais não merecem acordar todos os dias ao lado de James Potter.


 

"J-Jamie?" começou, mas parou imediatamente ao sentir a dor queimada na sua garganta. O zumbido em seus ouvidos impede que ele ouvisse sua própria voz, mas ele tinha certeza de que soava quase inaudível.

"Shhh, não fala nada. Sua garganta ainda está cicatrizando, amor." Regulus levou uma mão trêmula até o pescoço onde encontrou um curativo.

Ele se lembra da caverna, das mãos viscosas puxando-o para a água gelada, do desespero causado não só pela poção, mas também pela sensação de fracasso em cumprir sua missão.

Monstro havia desaparecido em um estalo que ecoou pela caverna deixando Regulus sozinho. Quando o elfo voltou, espantado e confuso por seu senhor ter permanecido no mesmo lugar, Régulo tentou que ele voltasse para casa e não contasse para ninguém o que havia acontecido. Mas Monstro, pela primeira vez em sua vida, o desobedeceu, e com a determinação nos olhos desaparatou novamente, dessa vez para buscar ajuda. Regulus não manteve a consciência por tempo suficiente para esperar ou voltar.
Então Regulus concordou em uma cama quente e macia. A única luz presente no quarto onde ele se encontrava era suave e amarelada, e vinha de um abajur no canto do aposento, o que fez o garoto agradecer a Deus, pois sua cabeça estava a ponto de destruição. O rosto de James Potter emparelhava com ele, preocupado, mas sempre gentil, ele passava os dedos suavemente pelos cabelos negros do mais novo.

“Está tudo bem” Sussurrou James “Você só precisa descansar, você está seguro agora”

E Regulus se permite acreditar. Ele se moveu cuidadosamente e enterrou o rosto no pescoço de James. As lágrimas caíram sem impedimentos, e pela primeira vez não eram de dor.

 


 

Já se passaram três anos desde que não só o medalhão, mas todas as outras horcruxes foram destruídas. Graças às pesquisas feitas por Regulus e ao compromisso da Ordem da Fênix, Voldemort foi definitivamente derrotado.

- Marlene disse que ela e Dorcas tiveram um imprevisto na viagem, mas acham que vão chegar antes do Natal.
- Ótimo. Eu queria passar na casa da Pandora amanhã, você vem comigo?
- Claro cariño. Ah, Reg você viu o macacão do Leo? Eu tinha deixado ele na comoda. – James andava de um lado para o outro pelo quarto com Leo no colo enquanto Regulus terminava de trocar Alya.

Os dois tinham três filhos: Cacau, um gato rabugento que James havia encontrado no caminho do trabalho e levado para casa, e os gêmeos Alya e Leo. Os bebês eram o novo centro das atenções da família, especialmente de Harry, o filho de seis anos de Mary e de Lily, e de Charlotte, uma garotinha que Remus e Sirius adoravam e que rapidamente passou a ser a princesinha de Sirius.
- Eu coloquei em cima da cama, meu caro. – Respondeu Régulo. Uma campainha tocou e ele foi atendido à porta. Sirius entra com Remus atrás dele.
- Oi, querida. Como você está? –Finalmente, ele tirou os olhos do bebê sorridente no colo do irmão e olhou para Regulus. – E aí, Reggie?
- Oi, idiota -Resmungou, e foi até Remus cumprimentar o cunhado. Charlotte veio correndo e abraçou Regulus.
- Olá, tio Reggie.
- Olá, Charlie.
- Papai Remus me deu um livro sobre estrelas, depois eu vou te mostrar tudo o que eu aprendi.
- Ela não desgruda mais desse livro. – Disse o lobisomem com um sorriso.

James apareceu descendo as escadas com Leo e indo diretamente abraçar Sirius. Mary, Lily e Harry chegam minutos depois. O almoço foi tranquilo e alegre. James segurava a mão de Reg e ocasionalmente depositava um beijo no rosto do marido, que tentava convencer Alya a ficar quieta por tempo suficiente para comer o restante da papinha.

No final da tarde James e Sirius travaram uma guerra de bolas de neve com Charlotte e Harry. Desnecessário dizer que as crianças estavam esperando. Lily observou a varanda, rindo e fazendo comentários eventualmente. Regulus estava na cozinha, envolvido em uma conversa divertida com Remus e Mary, quando Leo encontrou choramingar e subir para o quarto dos bebês.
- O que foi, meu pequeno? – Ele tocou o filho do berço, com cuidado para não despertar sua irmã que dormia criativamente.
Regulus balançou suavemente o bebê, cantando baixo uma canção de ninar em francês que Monstro costumava cantar.
- EU ME RENDO. Vocês venceram, nós desistiram– Ouviu James gritar entre desistiram. Ele olhou pela janela e viu seu marido e seu irmão caírem dramaticamente na neve, arrancando gargalhadas de Charlie e Harry. Remus apareceu ao lado de Lily chamando todos para tomar chocolate quente, e as crianças entraram apostando corrida.

Sirius clamou se sacudindo como um cachorro para livrar da neve em sua roupa. James também se surpreendeu, ele virou para olhar para a janela e sorriu quando localizou Regulus. Um “eu te amo” mudo tirou os lábios dele, fazendo o coração do Black derreter.

Às vezes, ele se perguntava se estava fazendo tudo certo. Se estava sendo um bom pai e um bom marido. James era gentil e carinhoso. Ele cresceu em um lar cheio de amor, com pais incríveis e uma infância perfeita. Era natural para ele apenas seguir o exemplo de Effie e Mont. Diferente de Régulo, que lutava diariamente para não cometer nenhum dos erros que seus próprios pais cometem.

Apesar do seu passado, James sempre lembrava a Reg o quanto ele era diferente de sua família, o quanto ele havia lutado para recuperar tudo, e o quanto ele era amado e capaz de amar. E era em momentos como esse, ao lado de seus filhos e de seu amor, demonstrava sua família, que Regulus afastava esses pensamentos, e mais uma vez, se permitia acreditar.