
A Mansão Potter estava em alvoroço naquela manhã de verão. Os elfos corriam de um lado para o outro, deixando tudo o mais perfeito possível para o aniversário do príncipe da família.
Harry estava fazendo um ano de idade, e todos queriam queriam que fosse uma data especial, mesmo que o pequeno não se recordasse.
O Mundo mágico estava em paz. Voldemort tinha sido derrotado há muito tempo por Dumbledore e a Ordem da Fênix, em um esforço conjunto para acabarem de vez com a guerra e seus Comensais foram presos e condenados a uma vida perpétua em Azkaban. Todos estavam felizes.
James abriu os olhos e se espreguicou. Com uma mão, tateou o lado de sua cama, sentido-a fria.
Pequenos raios luminosos entravam pelas grossas cortinas fechadas, revelando que o dia já ia alto. Se virou, vendo que estava sozinho no quarto.
Esperava que não fosse muito tarde, sua família e amigos viriam festejar o aniversário de seu filho. Seria um almoço agradável, que se estenderia a tarde toda.
Se levantou da cama e pegou em um roupão fino, saindo do quarto. Escutou a azáfama que se tinha instalado em casa.
Avançou pelo corredor em direção ao quarto de seu primogênito. Harry era seu menino, mas esperava ter mais filhos com seu amado.
A gravidez tinha sido tranquila para seu companheiro. Nunca tinham tentado engravidar, mas tinha acontecido. Foi uma bênção para os Potters receber uma notícia tão inesperada.
A porta do quarto estava entreaberta e espreitou para dentro. Viu seu companheiro consolando seu bebê, que tinha acordado por causa de um pesadelo. A luz da manhã banhava a pele de Severus, a tornando mais bela.
Deixou escapar um sorriso ao ver a maravilha cena à sua frente. Como os amava. Eram seu mundo e faria tudo por eles.
Harry abriu os olhos, uns belos olhos ônix, e os fixou em seu Papa, balbuciando. Severus sorriu em resposta, um sorriso amoroso, e falou:
- Sim, Harry. - Acariciou a bochecha rosada - Hoje é seu aniversário. Você faz um aninho. Como o tempo passou rápido.
Harry deu um largo sorriso, como se compreendesse tudo o que seu Papa lhe tinha dito - Um dia já não lhe poderei dar mais colo, porque vai ser um menino grande.
Abraçou-o com força, fazendo com que o bebê estrebuchasse um pouco. James deixou escapar um sorriso ao ver tão adorável cena.
Harry olhou por cima do ombro de Severus e, ao ver James, exclamou, enquanto agitava suas mãozinhas:
- Papai! - Severus se virou, vendo a expressão boba de seu companheiro. Revirou os olhos, divertido, e beijou os cabelos rebeldes de seu filho, marca dos Potters, e falou:
- Jay, há quanto tempo está aí escondido? - James entrou no quarto, enquanto respondia:
- Acabei de chegar, Sev, e não podia destruir uma cena tão bela. - Trocaram um selinho.
- Você precisa se preparar. - Severus avisou - Sua família vai chegar dentro de uma hora. E você precisa recebê-los.
- Tá bom, meu amor. - Trocaram mais um beijo e James bagunçou o cabelo de Harry, o pequeno deixando escapar gritos de alegria.
Saiu do quarto e desceu as escadas, para ver como estavam os preparativos. Entrou na cozinha, vendo ingredientes esvoaçando por todo o lado e os elfos aparatando para vários cômodos da casa.
- Mitzi. - Chamou uma jovem elfa, que terminava um prato de sanduíches.
- Sim, amo? - Se dirigiu para James, que pegou em duas sanduíches.
- Me prepare um banho. - Disse - Quando os convidados chegarem, me avise.
- Com certeza, amo. - Mitzi entregou o prato a outro elfo que ali passava e aparatou.
James saboreou as sanduíches enquanto saia para o jardim, decorado com balões azuis e brancos.
Havia uma grande mesa no meio, onde os convidados se iriam sentar todos juntos, e várias redondas distribuídos, com aperitivos e bebidas. O bolo ainda estava guardado para não se estragar. Tudo parecia em ordem.
Pegou em um copo da mesa mais próxima e bebeu um pouco de suco de abóbora, fresca e deliciosa.
Voltou para casa e subiu as escadas. Passou pelo quarto de Harry, onde escutou o pequeno rindo e a voz tranquilizadora de seu marido, falando com ele.
Entrou no quarto, as janelas estavam abertas e entrava um raio quente de sol. Foi ao armário, onde escolheu umas verdes vermelhas e pretas. Seu lado Gryffindor nunca deixaria de existir.
Deixou-as penduradas na porta e entrou no banheiro, onde a banheira enchida deixava escapar o odor suave dos sais minerais.
Fechou a porta e tirou o pijama, uma camiseta de alças e uns boxers velhos. Odiava os tradicionais pijamas bruxos, principalmente os de seda. Entrou lentamente na água morna, soltando um suspiro de agrado.
Aproveitou aqueles minutos de sossego. Entre o Departamento de Aurors, que comandava com paixão, e a Mansão, não tinha tempo para estar consigo próprio. E precisava daqueles momentos.
Saiu do banho quando se sentiu relaxado e se preparou para a festa. Vestiu suas vestes, que se assentavam que nem uma luva.
Olhou pela janela, vendo seus pais chegando. Aparatou para o hall e abriu a porta. Seus pais emanavam uma aura de poder que não era possível descrever.
Euphemia, com vestes verdes esmeralda, o cabelo branco preso em um coque, foi a primeira a falar:
- Meu filho. - Deu-lhe um beijo no rosto - Como vai?
- Vou bem, mãe. - Respondeu, enquanto entravam na Mansão. Seus pais eram os primeiros chegando em qualquer lugar. Achavam uma falta de educação chegarem atrasados a um evento, principalmente o primeiro aniversário de seu neto.
Fleamont, com vestes azuis turquesa, trazia na mão um embrulho azul marinho, com pequenas snitchs douradas esvoaçando em redor do papel.
Pelo aspeto do presente, era uma vassoura de criança. Corria nas veias dos Potters sangue de voador, e Harry parecia não ser excepção. Harry amava quando ele o levava a voar, sem Severus saber. Seria estrangulado por seu companheiro, que não queria seu pequeno em situações perigosas.
Guiou seus pais em direção ao jardim, para que se acomodassem melhor.
- Como está meu netinho? - Perguntou Fleamont, enquanto pousava o presente em cima de uma mesa própria para o efeito.
- Ele está bem. - Disse - Parece que teve um pesadelo, mas Sev o acalmou.
- Severus é muito amoroso com Harry. - Elogiou Euphemia. - Nunca vi ninguém que mimasse um bebê como ele.
- Sev não cresceu com os costumes bruxos. - Explicou James - E ele não liga nada para isso. Ele só quer que Harry seja feliz.
Encaminhou seus pais para o jardim, onde os deixou acomodados. Euphemia experimentou as entradas, elogiando o sabor maravilhoso.
Aos poucos, os convidados foram chegando. Marlene e Lily entraram de seguida, usando belos vestidos. Lily usava um longo tomara que caia vermelho, justo ao corpo, que combinava com seu cabelo, preso em um coque.
Marlene, ao contrário de sua companheira, trazia um vestido curto de alças, que revelava suas pernas torneadas. Em suas mãos vinha um pequeno embrulho verde musgo. James cumprimentou-as.
- Meninas, como vão?
- Bem, obrigada. - Respondeu Lily, sorrindo calorosamente - E onde está o aniversariante?
- Se preparando para a festa. - Falou, enquanto as encaminhava para o jardim. - Não deve demorar para estar pronto.
Continuaram conversando até ao aparecimento de mais convidados, onde James repetiu os cumprimentos até todos terem chegado. Incentivou-os a comer, para os distrair um pouco. Aos poucos, a mesas ficaram com os pratos limpos.
Já passava do meio dia e Severus ainda não tinha chegado com Harry. Sua mãe já lhe tinha perguntado três vezes pelo pequeno.
Não sabia porque estavam demorando tanto. Se desculpou com os convidados, querendo checá-los, quando Severus entrou com Harry no jardim. Prendeu a respiração. Ambos estavam lindos, as vestes elegantes lhes assentando à medida. Eram os seus maiores tesouros.
Os convidados se aproximaram deles e cumprimentaram os dois. Harry deixava escapar risadinhas ao ver as caretas de seu padrinho, Sirius, enquanto Remus e os restantes conversavam com Severus.
Alice tentava controlar o pequeno Neville, que queria sair do colo e correr pelo jardim, enquanto Frank ia pousar o presente.
Molly e Arthur traziam as crianças pelas mãos. Os gêmeos olhavam para todo o lado com expressões traquinas, como se quisessem fazer alguma encrenca, mas umas breves palavras de sua mãe, os fez mudar de ideias. Nas mãos de Arthur havia um simples embrulho amarelo. Os Weasleys não eram abastados, mas eram amigos da família e sempre os ajudavam quando precisavam. E eles tentavam retribuir os favores.
A mesa dos presentes tinha aumentado ligeiramente de tamanho, para que coubesse tudo. James não pode deixar de ficar tranquilo ao saber que Harry era muito acarinhado por todos.
Um elfo se aproximou de James e perguntou:
- O almoço já pode ser servido?
- Sim, Butcher. - Confirmou, e Butcher estalou os dedos, e vários elfos entraram com travessas nas mãos.
- O almoço já vai ser servido. - Informou aos convidados que, depois de muitos abraços e sorrisos, deixaram aos poucos o aniversariante e se sentaram na larga mesa.
James se sentou ao lado de Severus, que sentava Harry em uma cadeirinha de bebê. Se serviram das deliciosas iguarias que os elfos tinham preparado: uma salada fresca, batata cozida, cabrito assado, arroz, e bifes com batatas fritas para as crianças.
Se deliciaram com a refeição, os elfos sempre atentos aos pedidos dos convidados, andando com as bandejas de um lado para o outro.
Severus dava colheradas de sopa ao pequeno, que sujava a boquinha rosada e a limpava com um guardanapo. O almoço passou com os convidados conversando entre eles, aproveitando aqueles momentos de convívio.
Depois de maravilhosas sobremesas, os convidados esticavam as pernas no belo jardim da mansão Potter.
Sirius perseguia Remus em sua forma animaga, que tinha Harry no colo, o pequeno soltando deliciosas gargalhadas.
Sentia que era um homem de sorte. Tinha uma família que amava e amigos leais. Durante a guerra, sempre temera que ele e todos aqueles em que ele confiava morressem e deixassem Harry órfão.
A tarde passou rapidamente, com as crianças brincando e os adultos conversando entre si. Eram aqueles momentos que ficariam em suas memórias para todo o sempre.
O sol deixava escapar tons quentes no céu limpo, o deixando com um misto de vermelho e laranja. Quando deram por isso, era hora de comer o bolo, o tradicional Schwarzwälder Kirschtorte.
Era um bolo redondo, de chocolate e com cerejas decorando o topo. De tradição familiar para os Potters, o Schwarzwälder Kirschtorte (1), de origem alemã, tinha sido trazida por uma noiva da família, há muitos séculos atrás.
Todos os Potters comiam esse bolo em seus aniversários, e todos tinham de o saber fazer, para que a tradição não se perdesse. Era das poucas tradições que tinham prevalecido no tempo. Fleamont tinha ensinado James, que ensinaria Harry. Seria bem melhor do que lhe ensinar os negócios da família, não teria tanta pressão em seus ombros.
Cantaram os parabéns a Harry, que batia palmas, agradado com toda a atenção que recebia.
Severus e James sopraram as velas, e todos soltaram gritos de alegria. Enquanto James e os elfos distribuíam bolo pelos convidados, um prato reservado propositadamente para Severus, ele e Harry se dirigiram para a mesa dos presentes, e rasgava com suas pequenas e gorduchas mãos, os papéis de embrulho.
Os olhos ônix brilhavam de emoção e balbuciava para seu Papa, mostrando os presentes que tinha recebido. Uma pequena vassoura de Quidditch, própria para sua idade e um trem de brincar, uma réplica do Expresso de Hogwarts, cortesia de seus avós.
Roupinhas tricotadas pela Srª Weasley: um pijama de inverno, vermelho e com um leão na parte da frente da camiseta, meias de lã e bolos caseiros.
Alguns conjuntos de vestes, com a insígnia dos Potters bordada mesmo na zona do coração, dado pelos Longbottoms.
Livros infantis e um kit de Poções para crianças, oferecido por Lily e Marlene.
Um cachorro negro de pelúcia e um lobo, acompanhado por uma caixa com cromos de chocolate - Harry amava correr atrás dos sapos - dado por Sirius e Remus.
Harry rasgou os presentes, espalhando os papéis pela grama. Como amava presentes! Novos brinquedos para brincar. Foi chamar seus amiguinhos e lhes mostrou o que tinha recebido.
Entre gritos de espanto ao verem a vassoura, Severus viu James pegando em uma câmera fotográfica e chamando todo o mundo:
- Gente, vamos tirar uma fotografia? - Os convidados acorreram ao local indicado por James e se puseram a postos. Os elfos aproveitaram a distração das pessoas e foram levantar os pratos vazios na mesa.
James, enquanto se preparava para tirar a fotografia, olhou para seu filho, nos braços de seu amado e teve um momento de certeza: tivera muita sorte em sua vida. Não podia pedir mais nada.
FIM