Unicorn

Harry Potter - J. K. Rowling
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Unicorn
Summary
"O unicórnio não era a única coisa que ele teria que caçar naquela floresta."

A Floresta Proibida sempre tinha uma aura sinistra à noite, mas havia algo diferente naquele momento. Harry sentia que o ar estava mais denso, quase elétrico, enquanto ele avançava entre as árvores antigas. A missão, inicialmente, parecia simples: investigar a estranha ausência de unicórnios em uma área da floresta que sempre foi seu refúgio. Mas o silêncio que o cercava trazia uma sensação inquietante.

Ele segurava sua varinha com firmeza, o coração acelerado de adrenalina e alerta, pois sabia que a missão poderia ser uma armadilha. Sabia também que Comensais da Morte haviam sido avistados nas proximidades, entre eles, um dos mais perigosos: Thorfinn Rowle. O nome do Comensal trazia um frio na espinha de Harry – não só por sua crueldade, mas também por outra razão, mais perturbadora e inconfessável, que Harry evitava encarar de frente.

De repente, um som de galho se quebrando fez Harry congelar. Ele girou rapidamente, varinha em punho, e seus olhos se arregalaram ao ver uma figura familiar emergindo das sombras.

- Rowle. - Harry disse, tentando manter a voz firme, mas sentindo a tensão imediatamente aumentar.

Thorfinn Rowle era imponente, ainda mais à luz difusa da lua. Seu porte alto e musculoso parecia dominar o espaço, e os olhos dele brilhavam com uma intensidade animalesca. Ele estava ali, calmo, como se estivesse à espera de Harry o tempo todo.

- Potter. - Ele respondeu, a voz baixa e carregada de uma provocação perigosa. - O herói solitário, vagando pela floresta à noite. Achando que pode salvar o mundo mais uma vez?

- O que você está fazendo aqui? - Harry manteve a varinha erguida, os músculos tensos.

Thorfinn deu um passo à frente, e Harry resistiu ao impulso de recuar.

- Não é óbvio? Você e eu... sempre nos encontramos nas horas mais inconvenientes, não é? - Ele sorriu de maneira predatória, mas havia algo mais na sua expressão. Algo que deixava o ar entre eles vibrando.

A tensão entre os dois era quase palpável, uma mistura de raiva, ódio e... desejo? Harry sentiu a garganta apertar ao perceber que aquela faísca que sempre sentira ao redor de Rowle estava ali novamente, mais forte do que nunca. Era uma faísca perigosa, que ele tentava ignorar, mas que agora parecia inevitável.

- Você não vai conseguir. - Harry retrucou, sua voz vacilando um pouco. - Eu não vou deixar.

Thorfinn riu baixinho, um som que fez Harry estremecer.

- Não vai deixar o quê, Potter? A questão é... será que você pode me impedir? Ou será que você nem mesmo quer?

Antes que Harry pudesse processar as palavras, Thorfinn estava à sua frente, rápido como uma sombra. Sua mão agarrou o pulso de Harry com força, mas sem machucá-lo. O toque era quente, intenso, e Harry sentiu sua respiração acelerar. Ele tentou puxar o braço, mas a força de Rowle o manteve no lugar.

- Você sente isso, não sente? - Thorfinn sussurrou, os olhos queimando nos de Harry. - Essa coisa entre nós... você acha que pode escapar disso?

O coração de Harry batia forte, quase dolorosamente, no peito. A proximidade de Rowle o deixava sem ar, não por medo, mas por algo muito mais inquietante. O calor irradiava do corpo de Thorfinn, e Harry não conseguia negar a atração que sentia. Era errada, distorcida, mas inegável.

- Eu... não... vou... - Harry tentou falar, mas sua voz falhou. O olhar de Rowle o prendia, como se estivesse mergulhando em um abismo que ele não conseguia controlar.

Thorfinn sorriu, o rosto próximo demais ao de Harry, suas respirações se misturando no ar frio da floresta.

- Não se preocupe, Potter... eu também lutei contra isso. No começo. Mas agora, acho que nós dois sabemos o que realmente está acontecendo aqui.

Harry queria negar, queria dizer que Thorfinn estava errado, mas antes que ele pudesse formar um pensamento coerente, sentiu os lábios do Comensal sobre os seus.

O beijo foi como uma explosão, uma mistura de raiva, desejo e frustração que Harry nunca tinha sentido antes. Seus corpos colidiram, as mãos de Thorfinn apertando sua nuca, puxando-o para mais perto, enquanto Harry tentava resistir, mas, ao mesmo tempo, correspondia ao toque. O gosto era amargo, feroz, como se ambos estivessem lutando por controle.

Thorfinn empurrou Harry contra uma árvore próxima, prendendo-o ali enquanto o beijo ficava mais intenso, mais voraz. Harry soltou um gemido involuntário, as mãos instintivamente agarrando a camisa de Thorfinn, como se estivesse se segurando por sua vida. Ele sabia que era errado – esse era o inimigo, o homem que representava tudo o que ele odiava – mas, ao mesmo tempo, o desejo que pulsava dentro de si era insuportável.

Thorfinn se afastou por um momento, os olhos escuros e cheios de algo que Harry não conseguia decifrar.

- Eu deveria te odiar, Potter. Mas toda vez que te vejo, é isso que eu quero fazer.

Harry, ofegante, olhou para ele, o rosto vermelho e a respiração pesada.

- Isso... isso é loucura.

- Talvez. - Thorfinn disse, inclinando-se mais uma vez, dessa vez falando perto do ouvido de Harry. - Mas não me diga que você não sente o mesmo. Eu posso ver nos seus olhos.

Harry fechou os olhos, tentando se recompor, mas o calor do corpo de Thorfinn pressionado contra o seu fazia sua mente girar.

- Você é um Comensal da Morte. - Ee sussurrou, como se dissesse isso para si mesmo.

- E você é o salvador do mundo bruxo. - Thorfinn retrucou, os lábios agora roçando a pele do pescoço de Harry, enviando arrepios por todo o corpo do garoto. - Nós dois sabemos que os rótulos não significam nada.

Harry sentiu uma onda de confusão misturada com desejo. Ele sabia que o que estava acontecendo ali era insano, perigoso, mas, ao mesmo tempo, não conseguia se afastar. As palavras de Thorfinn, seu toque, o jeito como ele parecia desafiá-lo e atraí-lo ao mesmo tempo... era tudo demais.

Thorfinn voltou a beijá-lo, e dessa vez, Harry não resistiu. Ele entregou-se ao momento, suas mãos subindo até os ombros largos do Comensal, sentindo os músculos sob a camisa enquanto o desejo crescia ainda mais. Eles se perderam ali, entre beijos famintos e toques urgentes, até que finalmente, quando ambos estavam à beira do limite, Thorfinn se afastou.

- Isso não acaba aqui, Potter. - Ele disse, sua voz rouca, o rosto a centímetros do de Harry. - Nós ainda temos muito o que resolver.

Antes que Harry pudesse responder, um som distante de passos na floresta interrompeu o momento. Thorfinn lançou um último olhar para Harry – um olhar carregado de promessas não ditas – e desapareceu entre as sombras.

Harry ficou parado ali, os lábios ainda formigando, o corpo tremendo de adrenalina e desejo. Ele sabia que aquilo não deveria ter acontecido, mas parte dele ansiava pelo próximo encontro. O unicórnio não era a única coisa que ele teria que caçar naquela floresta.