Beauxbatons

Harry Potter - J. K. Rowling
M/M
G
Beauxbatons
Summary
O Torneio Tribruxo aconteceu em 1997, em Beauxbatons. Harry, com seus 17 anos, venceu o torneio (que ele não planejou participar) e derrotou Voldemort definitivamente (esse era um desejo dele). Trinta anos depois, Harry volta para Beauxbatons para uma conferência. Ali, desejos ocultos são trazidos à tona e o salvador do mundo bruxo não tem certeza se pode continuar escondendo seus sentimentos, não depois de ser confrontado por um Scorpius Malfoy de 21 anos.

Harry sentia-se ligeiramente desconfortável enquanto andava pelo suntuoso salão de mármore, iluminado por candelabros flutuantes e adornado com flores encantadas que balançavam suavemente ao vento mágico. Estava de volta a Beauxbatons pela primeira vez desde o Torneio Tribruxo, décadas atrás. Mas agora, ele não era mais o jovem garoto de Hogwarts, enfrentando dragões e labirintos cheios de armadilhas. Ele era Harry Potter, um homem de 47 anos, herói de guerra e professor de Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts.

Estava ali para uma conferência internacional de escolas de magia, algo que ele havia relutado em participar, mas Minerva McGonagall insistira que sua presença era indispensável. Ainda assim, havia algo em Beauxbatons que o fazia se sentir mais à vontade do que esperava. Talvez fosse o ar mais leve ou a forma como as torres e pavilhões da escola se integravam harmoniosamente com o entorno, uma fusão de natureza e magia.

Mas sua paz interior foi interrompida quando ele avistou uma figura familiar de cabelos loiros, observando-o à distância, encostado em uma das colunas elegantes do salão.

Scorpius Malfoy.

Harry franziu o cenho por um momento, surpreso ao vê-lo ali. Scorpius, agora com 21 anos, havia se formado em Hogwarts há poucos anos e, embora seus caminhos raramente se cruzassem, Harry sabia que o jovem estava trilhando um caminho diferente de seu pai, Draco. No entanto, a presença de Scorpius na conferência era intrigante.

- Potter. - Chamou Scorpius, aproximando-se com um sorriso um tanto enigmático. - Surpreso em me ver?

Harry assentiu, embora não deixasse transparecer toda a surpresa que sentia.

- Scorpius. Não sabia que estava interessado em conferências de magias internacionais.

O jovem Malfoy deu de ombros, com um brilho nos olhos.

- Não é exatamente o meu forte, mas estou aqui a trabalho. - Ele fez uma pausa e olhou ao redor do salão luxuoso, como se estivesse inspecionando cada detalhe. - Além disso, sempre tive uma queda por Beauxbatons. Tem algo... diferente aqui.

Harry podia entender o sentimento. Beauxbatons, com sua atmosfera de leveza e beleza, sempre tivera uma aura distinta, em contraste com a dureza de Hogwarts. Havia uma magia diferente no ar, algo mais suave, quase sedutor.

- E você? - Perguntou Scorpius, seus olhos agora fixos nos de Harry. - O que o traz aqui?

Harry hesitou por um momento, tentando escolher suas palavras cuidadosamente.

- A professora McGonagall me enviou. Disse que minha experiência em... certos eventos seria útil.

Scorpius arqueou uma sobrancelha, divertido.

- Então, o famoso Harry Potter não consegue recusar um pedido da velha McGonagall?

Harry riu, um som raro vindo de alguém tão acostumado à gravidade de sua posição.

- Algo assim.

Houve um silêncio confortável entre eles, interrompido apenas pelo burburinho distante dos outros participantes da conferência. Harry observou Scorpius, notando o quanto ele havia mudado desde seus dias em Hogwarts. O garoto tímido e introspectivo que ele conhecia agora parecia mais confiante, mais seguro de si. Mas havia algo mais em Scorpius — um brilho de inteligência afiada, uma curiosidade que Harry não se lembrava de ter visto antes.

- Então... - Começou Scorpius, cruzando os braços e inclinando-se levemente contra a coluna ao lado de Harry. - Beauxbatons traz lembranças para você, não é?

Harry sorriu de lado, lembrando-se dos dias do Torneio Tribruxo.

- Sim, muitas. Algumas boas, outras... não tanto.

- Dragões, sereianos, labirintos assassinos. - Comentou Scorpius, com um sorriso malicioso. - Nada que o famoso Harry Potter não pudesse lidar, certo?

Harry balançou a cabeça, rindo.

- Na época, não parecia tão simples.

- E agora? - Scorpius perguntou, sua voz mais baixa, quase como um sussurro. - As coisas parecem mais simples agora?

A pergunta fez Harry parar por um momento. A verdade era que, embora ele tivesse enfrentado e vencido tantos desafios, sua vida nunca havia realmente se tornado simples. A guerra terminara, ele formara uma família, mas sempre havia algo, algum peso invisível que ele carregava. E naquele momento, em Beauxbatons, ele sentiu um desejo estranho de se abrir.

- Nem tudo. - Admitiu Harry, sua voz suave. - Ainda há coisas... complicadas.

Scorpius sorriu novamente, mas desta vez havia algo mais por trás daquele sorriso.

- Talvez Beauxbatons tenha a resposta para algumas dessas complicações.

Harry o olhou de lado, intrigado.

- O que quer dizer?

Scorpius afastou-se da coluna, caminhando até uma das grandes janelas que dava para os vastos jardins da escola. A luz da lua brilhava intensamente, iluminando seu rosto jovem e belo.

- Beauxbatons tem uma magia própria. - Ele disse, sua voz quase reverente. - Sempre achei que esse lugar... desperta algo nas pessoas. Algo que elas mantêm enterrado.

Harry se aproximou, ficando ao lado de Scorpius, seus olhos seguindo o mesmo caminho em direção aos jardins abaixo.

- Como o quê?

Scorpius olhou para ele, seus olhos prateados brilhando.

- Como desejos não realizados. Sonhos esquecidos. Talvez até sentimentos que nunca tivemos coragem de reconhecer.

Harry sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Havia algo nas palavras de Scorpius, algo que tocava em uma parte dele que ele raramente permitia vir à tona. Ele havia se acostumado a viver uma vida pública, cheia de expectativas e responsabilidades, mas ali, sob o céu de Beauxbatons, algo dentro dele parecia querer se libertar.

- Potter. - Scorpius começou novamente, sua voz suave, mas firme. - Você já pensou em como seria se tivesse feito escolhas diferentes? Se tivesse seguido um caminho diferente?

Harry o olhou nos olhos, sentindo uma estranha tensão no ar.

- Você está falando sobre o quê exatamente?

Scorpius sorriu de lado, mas havia uma seriedade em seus olhos que Harry não podia ignorar.

- Estou falando sobre nós.


As palavras pairaram no ar, como uma faísca prestes a se tornar uma chama. Harry ficou paralisado por um momento, a mente lutando para processar o que Scorpius acabara de dizer. "Nós"?

Scorpius deu um passo em direção a Harry, seu olhar fixo e intenso.

- Sempre senti algo por você, Potter. Mesmo quando era mais jovem. Mas sempre houve uma barreira — você, meu pai, Hogwarts. E agora, aqui estamos, em Beauxbatons, onde as regras parecem diferentes. Onde nada precisa ser como era antes.

Harry engoliu em seco. Ele não sabia o que dizer. Scorpius era jovem, sim, mas ele mesmo não era mais o garoto que enfrentava dragões. Ainda assim, havia uma conexão entre eles, algo que Harry não podia negar, algo que Beauxbatons, com sua magia suave e sedutora, parecia amplificar.

- Scorpius, eu... - Harry começou, mas foi interrompido quando o jovem Malfoy o silenciou com um gesto gentil.

- Você não precisa dizer nada agora. - Disse Scorpius, seus olhos suavizando. - Só queria que você soubesse.

E com isso, Scorpius virou-se, caminhando de volta para a multidão do salão, deixando Harry sozinho em frente a grande janela, seus pensamentos e sentimentos girando em um redemoinho de confusão e desejo.


A conferência continuou pelos dias seguintes, mas Harry não conseguia tirar Scorpius da cabeça. Havia uma tensão crescente entre eles, algo não dito, mas sempre presente. Beauxbatons, com sua magia sutil, parecia intensificar cada olhar, cada interação.

Na última noite da conferência, Harry encontrou-se no jardim sob as estrelas. Ele estava sozinho, ou assim pensava, até sentir a presença de Scorpius ao seu lado.

- Não consigo parar de pensar em você. -Confessou Harry, finalmente dando voz ao que estava preso dentro de si. - Não sei se isso é real ou se é... Beauxbatons.

Scorpius sorriu suavemente.

- Talvez seja um pouco de ambos.