
Capítulo Dez
Harry parecia profundamente abalado, com uma mistura de raiva e tristeza irradiando dele. Seu maxilar estava tenso, e seus punhos cerrados revelavam que ele estava lutando para se manter calmo. Draco, sentindo a energia perturbadora que o envolvia, se aproximou com cautela, sua voz suave e preocupada.
— Está tudo bem? — Draco perguntou, como se qualquer palavra mais forte pudesse quebrar o equilíbrio frágil de Harry.
— Está. — Harry respondeu secamente, sua voz afiada, mas os olhos marejados contradiziam sua tentativa de disfarçar o que sentia.
— Mas você está chorando. — Draco insistiu, sua voz suave, quase um sussurro, cheia de compreensão.
Harry esfregou o rosto com a manga, secando rapidamente as lágrimas que ainda se recusavam a parar e virando o rosto para o outro lado.
— Não é nada... Eu estou bem. — sua voz tremeu ao responder.
Draco permaneceu em silêncio, observando Harry com atenção. Os soluços reprimidos que sacudiam levemente seus ombros deixavam claro que algo muito maior estava acontecendo. Harry estava ferido, por dentro, e Draco sabia que não era apenas tristeza; havia algo mais, uma dor profunda e uma raiva contida que ele não conseguia expressar
Draco sabia, no fundo, que um garoto bonito assim, com aqueles olhos esmeraldas e aquele cabelo da cor das penas de um corvo, um coração gentil e bondoso, não deveria ter que carregar tanto sofrimento. E, mesmo sem saber o que dizer, Draco queria estar ali para ele. Sem hesitar, ele pegou a mão do outro, entrelaçando seus dedos suavemente, oferecendo o conforto silencioso que palavras jamais poderiam alcançar.
O garoto olhou para baixo, surpreso com o toque, mas não afastou a mão. Aos poucos, ele começou a se acalmar, os soluços diminuindo até que sobrasse apenas o som de suas respirações. Quando finalmente levantou a cabeça, seus olhos inchados e vermelhos, mas cheios de uma certa gratidão, encontraram os de Draco.
— Melhor? — Draco perguntou, sua voz carregada de uma ternura que ele nem sabia que era capaz de oferecer, sorrindo com igual ternura e carinho.
O garoto assentiu, apertando a mão de Draco com mais firmeza, como se aquele gesto fosse a âncora que ele precisava.
— Qual o seu nome? — Draco perguntou com curiosidade, acariciando a mão do outro garoto com o polegar.
— Harry. — o garoto respondeu, agora com um sorriso leve.
Harry, de repente, inclinou-se para mais perto, e antes que Draco pudesse reagir, sentiu os lábios suaves de Harry tocarem sua bochecha em um beijo gentil. Draco ficou imóvel, sentindo o calor daquele gesto simples e agradável. Harry se afastou um pouco, seus olhos brilhando novamente, agora não mais pelas lágrimas, mas por algo que Draco não conseguia nomear, uma espécie de entendimento silencioso entre os dois.