Magic Heart

Marvel Cinematic Universe Agatha All Along (TV) Black Widow (Movie 2021) WandaVision (TV) Black Widow (Marvel Comics)
F/F
G
Magic Heart
Summary
O amor pode ser uma bênção ou uma maldição.Por gerações, as mulheres da família Harkness carregaram o peso de uma magia antiga e uma sina cruel: toda bruxa da família está fadada a perder quem mais ama. Ligadas por um destino inevitável, Wanda e Agatha nunca puderam fugir da herança de sua linhagem - mas agora, juntas, elas precisam enfrentar algo muito pior.Quando um ritual dá errado, uma entidade sombria retorna para reivindicar sua vingança, trazendo consigo segredos enterrados e verdades que foram mantidas escondidas por tempo demais. Presa entre o passado e o presente, Wanda se vê diante de uma escolha impossível: aceitar o legado que corre em suas veias e abraçar seu verdadeiro poder, ou assistir enquanto tudo o que ama é consumido pela escuridão.Entre feitiços perigosos, laços familiares inquebráveis e um romance que desafia o tempo, essa história é sobre bruxas que amam, lutam e escrevem seu próprio destino, mas a magia sempre cobra seu preço. E o coração de uma feiticeira nunca pertence apenas a ela.Wandanat (wantasha) e Agathario FanfictionAll Rights Reserved
Note
Essa é minha primeira fanfiction tendo natasha e wanda como casal principal, espero que gostem.Sinto muito, mas sou brasileira e não estou afim de traduzir isso para o inglês, então terão que utilizar o tradutor do google.Tenham uma boa leitura e até mais!
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Chapter 5

A noite caiu sobre a Casa das Bruxas como um manto pesado, trazendo consigo uma quietude enganosa. A chuva havia diminuído para uma garoa persistente, criando uma cortina de névoa ao redor da propriedade. Exausta após o longo dia de revelações inquietantes, Wanda adormeceu quase instantaneamente ao deitar-se, com as palavras de aviso de Natasha ecoando em sua mente como um mantra distante: "Ela virá para você em sonhos... Não a deixe entrar..."

No início, seu sono foi profundo e sem sonhos, um mergulho na escuridão reconfortante. Mas gradualmente, a escuridão começou a tomar forma, a se transformar em algo mais tangível. Wanda se viu caminhando pelo jardim da Casa das Bruxas, mas não o jardim que conhecia. Este estava envolto em uma estranha luminosidade azulada, as plantas distorcidas como em uma pintura surrealista, crescendo e se contorcendo em padrões impossíveis.

No centro de tudo, o velho salgueiro se erguia, maior e mais imponente do que na realidade. Suas raízes se estendiam pelo solo como tentáculos, pulsando com uma energia que parecia viva.

— É bonito, não é? — A voz surgiu atrás dela, familiar e estranha ao mesmo tempo.

Wanda se virou e lá estava Nico Minoru, não como havia sido enterrada – pálida e quebrada – mas radiante, quase etérea. Seus cabelos negros flutuavam ao seu redor como se estivesse submersa em água, e seus olhos... seus olhos já não eram humanos, mas poços de uma escuridão cintilante, como céus noturnos repletos de estrelas distantes.

— Isso não é real — declarou Wanda, recuando um passo. — Você não é real.

Nico sorriu, um sorriso que se estendeu um pouco além do que seria anatomicamente possível.

— Real, não real... são conceitos tão limitados, não acha? — Ela deu um passo à frente. — O que é real, Wanda? A matéria física que nos compõe? Ou as energias que a animam? A consciência que persiste mesmo quando o corpo se vai?

— Você está morta — afirmou Wanda, tentando manter a voz firme apesar do medo crescente. — O que quer que você seja agora, não é Nico. É apenas algo usando sua forma.

A criatura com o rosto de Nico inclinou a cabeça, considerando.

— Talvez. Ou talvez eu seja mais Nico do que a própria Nico jamais foi. — Ela circulou Wanda lentamente, como um predador estudando sua presa. — Você e sua irmã me deram um presente inestimável, sabia? Quando tentaram me trazer de volta, abriram um portal. Um portal que me permitiu trazer algo comigo.

Wanda sentiu um arrepio percorrer sua espinha. O ar ao redor de Nico parecia distorcer-se, como se a realidade do sonho não pudesse conter totalmente o que ela havia se tornado.

— O que você quer? — perguntou Wanda, tentando ganhar tempo enquanto buscava em sua mente os feitiços de proteção onírica que Morgana lhe ensinara tantos anos atrás.

— O que eu quero? — O sorriso de Nico se ampliou ainda mais, seus dentes agora parecendo estranhamente pontiagudos. — Quero completar o que vocês começaram. O ritual de sangue foi apenas o começo. Preciso de mais, muito mais.

Ela se aproximou, estendendo uma mão para tocar o rosto de Wanda. Seus dedos eram como gelo, enviando ondas de dor e desconforto onde tocavam.

— Seus filhos têm tanto potencial, Wanda. Tanta energia pura, inexplorada...

A menção a Billy e Tommy fez algo despertar dentro de Wanda. Uma fúria protetora que superava qualquer medo. Seus olhos brilharam com energia escarlate.

— Não ouse tocar em meus filhos — sibilou, afastando a mão de Nico com um movimento violento.

Para sua surpresa, o toque pareceu causar dor em Nico, que recuou, seus olhos estreitando-se.

— Ainda tão poderosa, mesmo em sonhos — murmurou a entidade. — Mas por quanto tempo? Duas noites, Wanda. Apenas duas noites até a lua cheia. E então, nem mesmo as proteções da Grande Morgana poderão me deter.

O jardim onírico começou a se transformar ao redor delas, as plantas agora murchando e apodrecendo em questão de segundos. O salgueiro contorcia-se como se estivesse em agonia, seus galhos estalando e se retorcendo.

— Você tem uma escolha a fazer — continuou Nico, sua voz agora multiplicando-se em ecos distorcidos. — Sacrifique sua magia como aquelas intrusas sugerem, ou sacrifique algo mais... valioso.

Wanda sentiu o medo crescer novamente, não por si mesma, mas pelo que aquela criatura poderia estar planejando.

— Nunca sacrificarei minha família — declarou com convicção.

— Ah, mas você já o fez, não foi? — O rosto de Nico se contorceu em uma expressão de falsa compaixão. — Quando se apaixonou por Victor, mesmo sabendo que isso o mataria. Quando decidiu dar prioridade à sua irmã em vez da segurança de seus filhos. Quando trouxe magia negra para o lar deles.

As palavras atingiram Wanda como golpes físicos, tocando em inseguranças profundas. Estaria ela realmente colocando seus filhos em perigo por causa de suas escolhas?

— Não escute, Wanda. Ela está manipulando você.

A nova voz, clara e firme, cortou através do pesadelo como um raio de luz. Wanda se virou e viu, para seu espanto, Natasha Romanoff de pé na borda do jardim onírico, seu cabelo ruivo brilhando contra a escuridão crescente.

— Como? — começou Wanda, confusa.

— Saia daqui — sibilou Nico, seu rosto agora completamente deformado pela raiva. — Este sonho não é seu para invadir!

Natasha avançou, imperturbável.

— Na verdade, fui convidada. — Ela olhou para Wanda. — Você me chamou, mesmo sem perceber.

Wanda não entendia como aquilo era possível, mas a presença de Natasha trazia uma sensação de força e clareza que não tinha antes.

— Você não pertence a este mundo — disse Natasha, agora dirigindo-se diretamente à entidade. — Volte para as sombras.

Nico soltou um som que não era humano, algo entre um grito e um rosnado.

— Você não tem poder aqui, Viúva! — rosnou, e pela primeira vez, Wanda viu medo nos olhos sobrenaturais da criatura.

Natasha sorriu, um sorriso frio e perigoso.

— Tenho mais do que você imagina. — Ela estendeu a mão para Wanda. — Venha. Está na hora de acordar.

Wanda hesitou apenas por um segundo antes de tomar a mão oferecida. O toque foi elétrico, uma corrente de energia pura que correu entre elas.

Nico avançou com uma velocidade sobrenatural, seus dedos agora transformados em garras negras.

— Não! Ela é minha! MINHA!

Mas antes que pudesse alcançá-las, Natasha puxou Wanda para si e as duas foram envolvidas por uma luz dourada intensa. A última coisa que Wanda viu foi o rosto furioso e distorcido de Nico se dissolvendo na escuridão, antes que tudo desaparecesse em um clarão.

Wanda acordou com um sobressalto, ofegante, o corpo coberto de suor frio. A luz pálida da madrugada filtrava-se pelas cortinas, anunciando a chegada de um novo dia. Por um momento, permaneceu imóvel, tentando separar o pesadelo da realidade, o eco do grito de raiva de Nico ainda reverberando em sua mente.

Levantou-se lentamente, sentindo cada músculo de seu corpo protestar. O sonho havia sido tão vívido, tão real, especialmente a parte com Natasha. O que aquilo significava? Como a detetive havia conseguido entrar em seu sonho?

Após um banho rápido, Wanda desceu para a cozinha, encontrando Morgana já acordada, preparando o que parecia ser chá.

— Noite difícil? — perguntou a avó, estudando o rosto pálido da neta.

— Ela veio, como Natasha avisou. — Wanda aceitou a xícara fumegante que Morgana lhe oferecia. — Era Nico, mas não era. Algo está usando sua forma, sua voz.

Morgana assentiu gravemente.

— E Natasha também estava lá, não estava?

Wanda quase derrubou a xícara.

— Como você soube?

Um sorriso enigmático curvou os lábios da matriarca.

— Há coisas sobre as Romanoff que nem mesmo elas sabem completamente. — Ela pareceu prestes a elaborar, mas foi interrompida pelo som de passos apressados descendo as escadas.

Billy e Tommy entraram na cozinha como um pequeno furacão, trazendo consigo a energia exuberante que apenas crianças de sua idade possuem.

— Mãe! Você prometeu panquecas hoje! — exclamou Tommy, deslizando em meias pelo chão de madeira polida.

Billy, mais contido que o irmão, notou imediatamente a aparência cansada da mãe.

— Você está bem, mamãe? — perguntou, seus olhos tão parecidos com os de Wanda, brilhando com preocupação.

Wanda forçou um sorriso, puxando o filho para um abraço.

— Estou ótima, apenas não dormi muito bem. — Ela bagunçou o cabelo de Tommy quando este se aproximou. — E sim, panquecas, como prometido.

Enquanto Wanda preparava o café da manhã, Agatha se juntou a eles, parecendo tão cansada quanto a irmã. Os gêmeos imediatamente começaram a bombardeá-la com perguntas sobre suas aulas do dia, aparentemente alheios à tensão que permeava a casa.

Foi durante este momento de aparente normalidade que a campainha soou novamente, o som reverberando pela mansão como um presságio.

— Eu atendo — ofereceu-se Morgana, lançando um olhar significativo para as netas.

Minutos depois, ela retornou à cozinha acompanhada por Natasha e Rio. Wanda sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao encontrar os olhos de Natasha – os mesmos olhos que a haviam guiado para fora do pesadelo horas antes.

— Bom dia — cumprimentou Natasha, seu olhar se detendo momentaneamente em Wanda antes de se voltar para os gêmeos. — E quem são estes jovens cavalheiros?

Tommy, sempre o mais extrovertido, deu um passo à frente.

— Sou Tommy, e este é meu irmão Billy. Somos gêmeos, mas não idênticos, porque isso seria muito chato. — Ele estreitou os olhos, estudando as visitantes. — Vocês são amigas da vovó?

Rio sorriu, um sorriso surpreendentemente caloroso que transformou completamente seu rosto austero.

— Algo assim. Somos hm... consultoras especializadas.

— Em magia? — perguntou Billy subitamente, sua voz calma, porém intensa.

Um breve silêncio seguiu-se à pergunta. As cinco mulheres trocaram olhares rápidos.

— Em certo sentido, sim — respondeu Natasha finalmente, inclinando-se ligeiramente para ficar na altura de Billy. — Lidamos com coisas que a maioria das pessoas não consegue ver ou entender.

Billy assentiu, como se aquilo fizesse todo o sentido do mundo.

— Como o que está acontecendo no salgueiro — declarou ele, não como uma pergunta, mas como um fato.

Wanda congelou no meio do movimento de servir as panquecas.

— Billy, o que você sabe sobre o salgueiro? — perguntou, tentando manter a voz calma.

O menino deu de ombros, um gesto que parecia demasiado adulto para seus poucos anos.

— Tem algo lá. Algo ruim. Eu e Tommy temos sonhado com isso, não é, Tommy?

Tommy, pela primeira vez, pareceu desconfortável.

— São só pesadelos, Billy. — Ele olhou para a mãe com preocupação. — Não é?

Wanda não sabia o que responder. A ideia de que seus filhos estavam conectados de alguma forma com a entidade no jardim era aterrorizante.

Foi Morgana quem salvou a situação, sua voz calma e controlada.

— Meninos, que tal terminarem o café da manhã na sala de TV? Tenho certeza que há algum desenho que vocês gostariam de assistir enquanto comem.

Os gêmeos pareceram prestes a protestar, mas algo no olhar da bisavó os fez reconsiderar. Com pratos carregados de panquecas, eles saíram da cozinha, não sem antes lançarem olhares curiosos às visitantes.

Assim que estavam fora do alcance auditivo, Wanda voltou-se para Natasha.

— Como você entrou no meu sonho?

A pergunta direta pegou até mesmo Agatha de surpresa.

— Sonho? Que sonho? — perguntou, olhando de Wanda para Natasha.

Natasha sustentou o olhar de Wanda por um longo momento antes de responder.

— Sonhos são portas, Wanda. Portas que podem ser acessadas por aqueles que sabem como. — Ela tirou o mesmo cristal negro da noite anterior de seu bolso. — Este não é apenas um detector de Nexus. É um condutor de consciência.

— Você não mencionou isso ontem — observou Agatha, sua desconfiança evidente.

Rio, que até então observava a interação em silêncio, deu um passo à frente.

— Há muitas coisas que não mencionamos ontem, assim como vocês. — Seus olhos escuros encontraram os de Agatha com intensidade. — Estamos todas jogando com as cartas parcialmente escondidas, não é mesmo, Srta. Harkness?

Algo na forma como Rio disse aquilo, o tom levemente provocativo, fez Agatha endireitar-se, um rubor quase imperceptível colorindo suas bochechas. Era um tipo de reação que Wanda não via na irmã desde... bem, desde Hella, anos atrás.

— O importante agora — continuou Natasha, chamando a atenção de volta para a questão urgente — é que a entidade está crescendo em força mais rapidamente do que prevíamos. O fato de estar interagindo com as crianças através de sonhos é extremamente preocupante.

Wanda sentiu seu coração apertar.

— O que acontecerá com meus filhos se ela se manifestar completamente?

O silêncio que se seguiu foi resposta suficiente.

— Tomamos nossa decisão — declarou Morgana, assumindo novamente seu papel de matriarca. — Realizaremos o ritual que vocês sugeriram. O sacrifício de parte da magia de minhas netas é um preço pequeno comparado ao que poderíamos perder.

Agatha, surpreendentemente, assentiu em concordância.

— O que precisamos fazer? — perguntou, sua voz determinada.

Natasha e Rio trocaram olhares rápidos.

— O ritual deve ser realizado durante a lua cheia, que será amanhã à noite — explicou Rio. — Precisaremos de componentes específicos, artefatos antigos e, mais importante, de total acesso ao Nexus sob o salgueiro.

— E dos preparativos da família Harkness — acrescentou Natasha. — A magia de vocês, ligada ao sangue e à linhagem, é fundamental para o ritual.

— Temos tudo o que é necessário na seção secreta da biblioteca que mencionei — disse Morgana. — Ou pelo menos a maior parte. Para o restante, acredito que precisaremos de Lilia.

— Lilia? — questionou Rio, uma sobrancelha arqueada.

— Minha irmã mais nova — explicou Morgana. — Uma especialista em herbologia e cristais. Vive como uma eremita nas montanhas ao norte daqui e está sempre viajando, mas virá se eu chamar.

— Então chame — disse Natasha com firmeza. — Precisaremos de toda ajuda possível.

Enquanto Morgana se retirava para fazer o contato, Wanda encontrou-se novamente sob o olhar intenso de Natasha. Havia algo nos olhos da detetive, algo além da preocupação profissional. Um reconhecimento, talvez? Ou algo mais complexo, mais pessoal?

— Você parece exausta — comentou Natasha, aproximando-se de Wanda enquanto Agatha e Rio discutiam detalhes do ritual. — A entidade drenou sua energia durante o sonho.

Wanda assentiu lentamente.

— Senti como se parte de mim estivesse sendo puxada para longe. — Ela hesitou, então acrescentou — Até você aparecer.

Um breve sorriso curvou os lábios de Natasha.

— Senti seu chamado. Não com palavras, mas com... — Ela pareceu buscar a terminologia adequada. — Com intenção. Uma conexão que não consigo explicar completamente.

— Também senti — admitiu Wanda, baixando a voz para que apenas Natasha pudesse ouvir. — Como se já nos conhecêssemos. Como se...

— Como se fizéssemos parte da mesma história — completou Natasha, sua voz igualmente baixa.

Por um momento, ficaram em silêncio, o ar entre elas carregado de possibilidades não ditas, de reconhecimentos que transcendiam o entendimento racional.

O momento foi quebrado pelo som de passos pequenos e rápidos. Tommy irrompeu na cozinha, seguido de perto por Billy.

— Mãe! — exclamou Tommy, seus olhos brilhando com entusiasmo. — Billy disse que as senhoras vão fazer um ritual mágico no jardim. Podemos assistir?

Wanda lançou um olhar questionador para Billy, que encolheu os ombros.

— Eu só... senti — explicou o menino, sua voz pequena. — Como se algo importante fosse acontecer.

Natasha observava a interação com fascínio evidente. Havia algo na forma como os gêmeos se moviam, na energia que emanava deles, que despertava nela uma sensação estranhamente protetora.

— Vocês são crianças muito especiais, sabiam? — comentou ela, ajoelhando-se para ficar na altura dos meninos.

Tommy sorriu, orgulhoso.

— Eu sou o mais rápido da minha classe. Ninguém consegue me pegar quando jogamos pega-pega.

— E Billy? — perguntou Natasha gentilmente, voltando-se para o gêmeo mais quieto.

— Billy é o esquisito — respondeu Tommy antes que o irmão pudesse falar, embora o tom não fosse maldoso. — Ele sempre sabe coisas antes de acontecerem. Como aquela vez em que ele me disse para não subir na árvore grande porque eu ia cair e quebrar o braço.

— E você subiu mesmo assim — lembrou Billy.

— E quebrei o braço — admitiu Tommy, exibindo o que parecia ser um certo orgulho pela façanha.

Natasha não pôde conter um sorriso. Havia algo nestes meninos, uma combinação de energia vibrante e sabedoria além da idade, que tocava profundamente um lugar dentro dela.

— Quanto ao ritual — interveio Wanda, trazendo a conversa de volta ao tópico original. — Não, vocês não podem assistir. Na verdade, vamos arranjar para que vocês fiquem com a tia Alice durante o ritual.

— Mas mãe! — protestaram os gêmeos em uníssono.

— Sem discussão — declarou Wanda firmemente. — É para a segurança de vocês.

Os meninos pareceram prestes a continuar o protesto, mas algo no olhar de Wanda os fez reconsiderar. Com suspiros dramáticos que apenas crianças conseguem executar perfeitamente, eles se retiraram novamente.

— Eles têm seu fogo — comentou Natasha quando as crianças saíram, um sorriso suave em seus lábios.

— E minha teimosia — acrescentou Wanda, não conseguindo evitar um sorriso próprio. — Embora Billy tenha mais o temperamento contemplativo do pai.

A menção ao pai dos gêmeos trouxe um breve momento de curiosidade não verbalizada por parte de Natasha, mas ela escolheu não perguntar. Havia algo na forma como Wanda falou – um tom de finalidade, talvez até de perda – que sugeriu que o assunto era delicado.

Na sala de jantar adjacente, Rio e Agatha continuavam sua discussão sobre os componentes necessários para o ritual, mas qualquer observador atento notaria que havia algo mais na dinâmica entre elas. Uma tensão que não era apenas profissional.

— Você parece saber bastante sobre rituais de banimento dimensionais — comentou Agatha, estudando Rio com um olhar avaliativo.

Rio sorriu, um sorriso que tinha algo de predatório.

— Tenho vivido tempo suficiente para aprender muitas coisas, Srta. Harkness. — Ela se inclinou ligeiramente sobre a mesa, seu rosto mais próximo do de Agatha. — Assim como você, imagino.

Agatha sustentou o olhar, uma faísca de desafio em seus olhos.

— Talvez não tão velha, suponho — Agatha brincou tirando um sorriso torto de Rio — Tem algo em você que me lembra alguém — disse ela finalmente. — Alguém perigoso.

— Perigosa de um jeito bom ou ruim? — perguntou Rio, sua voz baixando uma oitava.

— Ainda não decidi — respondeu Agatha, permitindo-se um pequeno sorriso.

O som da porta da frente se abrindo interrompeu todas as conversas. Morgana retornou à sala, acompanhada por uma mulher que só poderia ser Lilia Harkness. Embora claramente mais jovem que Morgana, Lilia tinha um ar de sabedoria antiga, com cabelos grisalhos curtos trançados elaboradamente e olhos de um castanho tão intenso que pareciam quase sobrenaturais.

— Lilia chegou mais rápido do que esperávamos — anunciou Morgana, um leve tom de surpresa em sua voz.

— Já estava a caminho quando recebi seu chamado — explicou Lilia, sua voz melodiosa como um riacho de montanha. — Senti a perturbação nas correntes mágicas há dias. — Ela estudou Natasha e Rio com um olhar penetrante. — E vejo que você encontrou ajuda... interessante.

Natasha deu um passo à frente, estendendo a mão.

— Natasha Romanoff, Departamento de Investigações Especiais. Esta é minha parceira, Rio Vidal.

Lilia aceitou o aperto de mão, mas seus olhos se estreitaram ligeiramente.

— Romanoff... — Ela olhou para Morgana. — Você percebeu a semelhança?

Morgana assentiu quase imperceptivelmente.

— Não é o momento, Lilia.

A troca misteriosa não passou despercebida por Wanda, que sentiu sua curiosidade aumentar. O que sua avó e tia-avó sabiam sobre Natasha que até mesmo ela própria parecia desconhecer?

— O tempo é curto — declarou Natasha, trazendo o foco de volta à questão urgente. — Precisamos começar os preparativos imediatamente.

— Vocês podem ficar aqui — ofereceu Morgana. — Temos quartos de hóspedes suficientes, e será mais eficiente termos todos sob o mesmo teto para os preparativos.

— Agradeço a oferta — respondeu Natasha. — Rio e eu trouxemos o necessário, prevendo essa possibilidade.

As próximas horas foram preenchidas com atividade frenética. Lilia e Morgana mergulharam na seção secreta da biblioteca, emergindo com tomos antigos e artefatos misteriosos. Agatha e Rio trabalharam na preparação de poções e unguentos necessários para o ritual, sua interação carregada de uma tensão que ia além do profissional. Wanda e Natasha se encarregaram de reforçar as proteções ao redor da casa, particularmente em torno dos quartos dos gêmeos.

Foi durante este trabalho que Wanda finalmente perguntou o que estava em sua mente desde a noite anterior.

— Quem é você realmente, Natasha Romanoff? — Suas mãos continuavam o gesto complexo de um feitiço de proteção, mas seus olhos estavam fixos na ruiva.

Natasha terminou de inscrever um sigilo na moldura da janela antes de responder.

— Eu sou exatamente quem disse ser.

— Mas há mais — insistiu Wanda. — Talvez algo que você mesma talvez não saiba completamente?

Um sorriso enigmático curvou os lábios de Natasha.

— Todos temos nossos mistérios, Wanda. — Ela se aproximou, seus olhos intensamente verdes e profundos. — Alguns deles tão antigos quanto as próprias linhagens que carregamos.

Antes que Wanda pudesse pressionar mais, um grito alegre chamou sua atenção. Tommy corria pelo corredor, perseguido por Billy, ambos claramente envolvidos em algum jogo elaborado de sua própria criação.

Natasha observou os meninos com um olhar que Wanda não conseguiu decifrar completamente – havia ternura ali, certamente, mas também algo mais profundo, mais complexo.

— Eles são extraordinários — comentou Natasha suavemente.

— São, sim — concordou Wanda, o orgulho materno evidente em sua voz. — E é por isso que farei qualquer coisa para mantê-los seguros. Mesmo que signifique sacrificar parte de quem sou.

Natasha voltou seu olhar para Wanda, a intensidade de volta em cheio.

— Às vezes — disse ela, sua voz pouco mais que um sussurro — o que consideramos um sacrifício é, na verdade, uma transformação. Uma porta para algo que sempre esteve destinado a ser parte de nós.

As palavras pairaram no ar entre elas, carregadas de significados que Wanda não conseguia compreender totalmente, mas que de alguma forma ressoavam profundamente dentro dela.

À medida que o dia avançava, a casa transformou-se em um centro de atividade mágica intensa. Os preparativos para o ritual tomavam forma sob a orientação experiente das mulheres mais velhas e a supervisão curiosa (mas à distância) dos gêmeos.

Enquanto isso, sob o velho salgueiro, a terra continuava a se mover sutilmente, como se algo ali enterrado estivesse respirando lentamente, esperando pacientemente. Apenas mais uma noite, apenas mais alguns preparativos, e então a verdadeira natureza da entidade seria revelada.

E quando isso acontecesse, talvez nem mesmo a combinada força das linhagens antigas poderia garantir que todos sobreviveriam ao que estava por vir.

 

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