
O ar frio cortava a clareira isolada, onde a vegetação rasteira era interrompida por pegadas profundas e marcas de garras nos troncos das árvores. Harry ajustou seu casaco, observando o movimento constante ao seu redor. Homens e mulheres, com olhos faiscantes de predadores, moviam-se em sincronia, exibindo uma coordenação quase sobrenatural. Aquela era a matilha de Fenrir Greyback, o território onde ele reinava como alfa absoluto.
Fenrir surgiu de um canto sombrio da clareira, sua presença tão pesada quanto o ar saturado de cheiros estranhos. Ele parecia mais lobo do que homem, sua figura imponente marcada por cicatrizes que contavam histórias de batalhas. Os olhos âmbar fixaram-se em Harry com uma intensidade predatória, mas havia algo mais profundo, algo que testava, avaliava.
— Chega mais perto, Potter — chamou Fenrir, sua voz rouca e carregada de comando.
Harry hesitou por um momento antes de avançar, seus passos firmes contrastando com o nervosismo que tentava esconder. Fenrir indicou um tronco caído, onde se sentou como se fosse um trono improvisado, deixando claro quem estava no controle.
— Você sabe onde está? — Fenrir perguntou, inclinando a cabeça. Quando Harry não respondeu imediatamente, o alfa soltou um riso curto, desprovido de humor. — Isso aqui não é Hogwarts, garoto. Aqui, ou você entende as regras ou vira carne para os corvos.
Harry cruzou os braços, encarando Fenrir com determinação. — Então me explique as regras.
Fenrir ergueu uma sobrancelha, surpreso com a resposta direta. — Certo. Vou começar do básico, já que você é novo nisso. Matilhas têm hierarquias. Você provavelmente já ouviu falar dos alfas, mas há muito mais. — Ele gesticulou para os lobisomens ao redor. — Cada um tem seu lugar, e não é só pelo capricho de quem manda. É instinto. É sobrevivência.
Harry manteve o olhar fixo em Fenrir, absorvendo cada palavra.
— O alfa é o líder, claro. — Fenrir bateu no peito com um punho fechado. — Nós protegemos, tomamos as decisões difíceis, mantemos a matilha unida. Mas isso tem um preço. Cada movimento, cada erro, cai nas nossas costas.
Ele apontou para um homem robusto ao lado. — O beta é o segundo em comando. Ele garante que minhas ordens sejam seguidas e ajuda a manter a organização. Não carrega o mesmo peso que eu, mas está sempre ali, pronto para tomar meu lugar se eu falhar.
Os olhos de Fenrir desviaram para outro grupo, onde figuras menores estavam reunidas. — Os ômegas. Eles são os mais subestimados, mas são o que mantém a paz na matilha. Pacificadores. Se há brigas, eles acalmam. Não têm força física como os outros, mas têm um papel vital.
Por fim, Fenrir apontou para um círculo de lobisomens musculosos, armados até os dentes. — Os gammas são os guerreiros. Eles seguem ordens, lutam, protegem. São fortes, mas não precisam pensar muito além de onde devem atacar.
Harry arqueou uma sobrancelha. — Parece bastante... eficiente.
Fenrir riu, uma gargalhada rouca e cortante. — E é. Mas também é brutal. Não há espaço para fraquezas. Você não escolhe sua posição; ela é determinada pelo que você é. Pelo seu instinto.
— E onde você acha que eu me encaixo? — Harry desafiou, inclinando-se para frente.
O sorriso de Fenrir desapareceu, substituído por uma expressão séria. Ele inclinou a cabeça, estudando Harry com olhos aguçados. — Isso é o que vamos descobrir. Mas saiba disso: não importa quem você era antes, aqui, você é só outro lobo tentando sobreviver.
Fenrir levantou-se, sua presença avassaladora forçando Harry a inclinar a cabeça levemente, quase como um reflexo. O alfa notou o gesto, mas não comentou. Em vez disso, ele deu um passo à frente, ficando perto o suficiente para que Harry sentisse o calor de sua respiração.
— Você pode ser qualquer coisa, Potter. Alfa, beta, talvez até um maldito ômega. Mas, seja o que for, terá que provar. Não para mim. Para eles. — Ele indicou a matilha com um gesto amplo. — Aqui, respeito não é dado. É conquistado.
Harry sustentou o olhar, recusando-se a recuar. — Então me diga como começar.
Fenrir sorriu, um brilho predatório nos dentes expostos. — Primeiro, você aprende a ser um deles. Depois, veremos do que você é feito.
E com isso, Fenrir virou-se, caminhando em direção ao coração da clareira. Harry permaneceu no lugar por um momento, sentindo o peso das palavras e o olhar furtivo dos outros lobisomens ao seu redor. Ele sabia que essa seria a luta mais difícil de sua vida. Mas não estava disposto a recuar.
—
Harry ainda estava no mesmo lugar, tentando assimilar as palavras de Fenrir, quando uma sombra se moveu ao seu lado. Era um dos lobisomens da matilha, um jovem de olhar desconfiado, que farejou o ar como se avaliasse Harry. Ele se afastou sem dizer nada, mas o gesto deixou claro: Harry era um estranho ali, um intruso.
— Potter! — Fenrir gritou do centro da clareira, sua voz cortando o silêncio pesado. — Não fique parado como um idiota. Você disse que queria aprender. Então mova-se.
Harry apertou os punhos, reprimindo a irritação, e seguiu Fenrir até uma área onde a vegetação era mais densa, afastada do restante da matilha. Ali, o cheiro de terra úmida e folhas misturava-se a algo mais selvagem, algo que fazia os pelos em sua nuca se arrepiarem. Fenrir parou de repente, girando sobre os calcanhares para encará-lo.
— Se vai ser parte disso, tem que entender o básico — começou Fenrir, seus olhos fixando-se nos de Harry. — Aqui não vivemos pelas regras dos homens. Seguimos os instintos.
Harry franziu o cenho. — Instintos?
— É. Aquilo que você tenta enterrar sob a sua moralidade e lógica de humano. — Fenrir riu, mas o som era quase um rosnado. — A matilha opera por sinais que você nem percebe. Postura, tom de voz, cheiro. Nada é dito sem ser sentido primeiro.
Fenrir aproximou-se, seus passos leves apesar de sua constituição massiva. Ele parou tão perto que Harry podia ver as cicatrizes finas ao redor de seus olhos. O alfa inspirou profundamente, como se estivesse provando o cheiro de Harry.
— Está sentindo isso agora? — Fenrir perguntou, seu tom mais baixo, quase um sussurro. — Sua respiração acelerou. Você está desconfortável. Está com medo de mim, mas tenta esconder.
— Não estou com medo de você — Harry rebateu, sua voz firme, mas o olhar de Fenrir indicava que ele não acreditava.
— Claro que está. — Fenrir recuou ligeiramente, mas o sorriso predador permanecia. — E está certo em ter medo. Isso vai mantê-lo vivo.
Fenrir apontou para os lobisomens distantes. — Cada um deles sabe exatamente o que os outros estão sentindo, só de olhar ou farejar. É assim que uma matilha funciona. Quando lutamos, movemo-nos como um só, porque confiamos nesses sinais.
Harry engoliu em seco, tentando absorver o conceito. Sua mente ainda trabalhava como a de um humano, e Fenrir sabia disso.
— Vamos treinar. — Fenrir virou-se abruptamente. — Use seu faro. Quero que me diga o que sente em cada um deles.
Harry hesitou, sentindo-se ridículo. — Você está brincando, certo?
Fenrir girou a cabeça, lançando-lhe um olhar gelado. — Estou com cara de quem brinca?
Sem resposta, Harry suspirou e tentou. Ele fechou os olhos, inspirando profundamente. O ar estava carregado de tantos cheiros que era quase impossível distingui-los. Havia o odor terroso da floresta, o cheiro acre do suor e algo metálico, como sangue. Mas quando se concentrou, começou a perceber nuances.
O primeiro cheiro que reconheceu era Fenrir — um aroma forte, quase feral, que transmitia poder e ameaça. Outros cheiros surgiam, cada um trazendo uma sensação diferente: agressividade, cautela, até mesmo tranquilidade em alguns casos.
— Interessante. — Fenrir interrompeu seus pensamentos, observando-o com interesse genuíno. — Você tem talento, Potter. Mas ainda está pensando como um humano.
— E como eu deveria pensar? — Harry perguntou, a irritação evidente em sua voz.
— Como um lobo. — Fenrir avançou, sua presença dominando novamente. — Pare de filtrar o que sente. Deixe o instinto te guiar.
Harry encarou Fenrir, determinado a não recuar, mas a proximidade do alfa era avassaladora. Ele tentou mais uma vez, desta vez ignorando a lógica que sua mente tentava impor. Inspirou novamente, e as emoções começaram a fazer sentido.
Um dos lobisomens ao longe estava tenso, sua respiração irregular. Harry podia sentir a raiva nele, como um calor latente. Outro estava calmo, quase indiferente, sua postura relaxada.
— Conseguiu? — Fenrir perguntou, seus olhos brilhando de expectativa.
— Sim. — Harry abriu os olhos, encarando Fenrir com um novo senso de confiança. — Consegui.
Fenrir sorriu, satisfeito, mas não demonstrou aprovação abertamente. — Não é ruim para um humano. Mas não se ache especial. Você ainda está longe de ser um de nós.
Harry mordeu a língua para não responder, sabendo que Fenrir estava apenas provocando.
— Último teste. — Fenrir cruzou os braços. — Agora, olhe para mim. Quero que me diga o que sente.
Harry hesitou, sabendo que aquilo era mais um jogo psicológico do que um teste real. Mesmo assim, respirou fundo, concentrando-se no cheiro de Fenrir. O aroma era tão forte que parecia engolir tudo ao seu redor: uma mistura de agressividade pura, dominância e algo mais... algo primal, quase como um desafio constante.
— Você é... intenso — disse Harry, finalmente, recusando-se a desviar o olhar.
Fenrir sorriu, um brilho predador dançando em seus olhos. — E você não faz ideia do quanto.
O alfa deu as costas, mas não antes de lançar um último aviso por cima do ombro. — Lembre-se disso, Potter. Aqui, ou você aprende a confiar no instinto, ou morre.
Harry ficou onde estava, sentindo o peso daquelas palavras enquanto o crepúsculo começava a cair. Ele sabia que estava apenas no começo, mas uma coisa era certa: não importava o que viesse, ele estava determinado a se adaptar.
—
A luz do crepúsculo tingia a clareira de tons dourados e vermelhos, mas Harry mal notava. Ele permanecia imóvel, encarando o vazio deixado por Fenrir, sua mente processando o que acabara de aprender. O instinto, essa força primal e incontrolável que Fenrir tanto exaltava, parecia ser a chave para sobreviver ali. Mas antes que pudesse se aprofundar nos pensamentos, o som de passos pesados o trouxe de volta à realidade.
— Esse garoto acha mesmo que pode ser um de nós? — a voz carregava desprezo, alta o suficiente para ser ouvida por todos na clareira.
Harry se virou para encontrar a origem. Era um lobisomem alto e musculoso, com cicatrizes cobrindo os braços e um sorriso zombeteiro que não alcançava os olhos. Ele caminhava em direção a Harry com uma confiança desafiadora, claramente provocando.
— Estou falando com você, Potter — disse o homem, parando a poucos passos de distância. — Você acha que pode simplesmente aparecer aqui e ser aceito?
Harry não respondeu imediatamente. Seu olhar deslizou para Fenrir, que estava observando de braços cruzados, mas sem intervir. O alfa não parecia interessado em acabar com o conflito — ele estava testando, esperando para ver como Harry reagiria.
— Isso é um problema para você? — Harry finalmente respondeu, mantendo o tom controlado, mas firme.
O lobisomem riu, um som grave e desagradável. — Você não pertence aqui. Não tem força, não tem instinto. É só um humano arrogante achando que pode brincar de ser lobo.
A clareira ficou em silêncio, todos os olhares voltados para eles. Era um momento crítico, e Harry sabia disso. Se recuasse agora, perderia qualquer chance de ganhar respeito.
— Quer descobrir se eu pertenço ou não? — Harry desafiou, dando um passo à frente.
O sorriso do lobisomem se ampliou, mas antes que ele pudesse responder, Fenrir interrompeu.
— Isso é suficiente, Grant. — A voz de Fenrir era baixa, mas carregada de autoridade.
Grant hesitou, mas não recuou completamente. — Só estou mostrando ao garoto onde é o lugar dele.
— E eu estou dizendo que você não precisa fazer isso. — Fenrir deu um passo à frente, sua presença imediatamente silenciando qualquer protesto. — Mas... se Potter quiser mostrar o lugar dele, deixe-o.
O olhar de Fenrir encontrou o de Harry, desafiador e avaliativo. Harry respirou fundo. Ele não tinha escolha; precisava provar a si mesmo, mesmo que isso significasse enfrentar alguém claramente mais forte.
Grant sorriu, mostrando os dentes como um animal prestes a atacar. — Vamos ver do que você é feito, então.
Harry preparou-se, o coração acelerando enquanto os dois começavam a circular um ao outro. Grant avançou primeiro, rápido como um raio, e Harry mal conseguiu desviar do golpe que visava derrubá-lo. Ele se abaixou, tentando manter a distância, mas Grant era implacável.
— Está com medo? — Grant zombou, avançando novamente.
Harry não respondeu. Em vez disso, concentrou-se no que Fenrir havia dito antes. Instinto. Ele precisava parar de pensar como um humano, deixar o corpo agir. E então, quando Grant tentou agarrá-lo, Harry se moveu de forma inesperada: ao invés de recuar, ele avançou.
O impacto foi brutal, e Harry sentiu a dor vibrar pelo corpo, mas ele conseguiu derrubar Grant no chão. Antes que o lobisomem pudesse reagir, Harry o segurou pelos ombros, pressionando-o contra a terra com toda a força que tinha.
— Já chega! — A voz de Fenrir cortou o ar, parando qualquer movimento.
Grant olhou para Fenrir e depois para Harry, seus olhos brilhando com raiva, mas ele não se moveu. Harry sentiu o olhar de Fenrir sobre si, avaliando cada detalhe. Ele não precisou dizer nada; o silêncio era suficiente para deixar claro que Harry havia passado no teste.
Harry se levantou lentamente, a adrenalina ainda correndo em suas veias, e olhou para Fenrir.
— Não foi tão ruim, garoto. — Fenrir disse finalmente, um leve sorriso curvando seus lábios.
Grant levantou-se, lançando um último olhar irritado para Harry antes de se afastar. A tensão na clareira diminuiu, mas o silêncio ainda era palpável.
— Você mostrou força, Potter — Fenrir continuou, aproximando-se até estar de frente para ele. — Mas força sem controle é inútil. Você ainda tem muito o que aprender.
Harry assentiu, tentando controlar sua respiração. — Então me ensine.
Fenrir inclinou a cabeça, os olhos brilhando com algo entre aprovação e desafio. — Ensinar? Ah, isso eu vou. Mas vai custar caro.
Antes que Harry pudesse perguntar o que ele queria dizer, Fenrir deu um passo mais próximo, sua presença avassaladora.
— Primeiro, vamos continuar de onde paramos. Quero ver até onde vai o seu instinto. — Fenrir o encarou, a voz baixa e cheia de tensão. — E depois disso... bem, você terá que decidir se está pronto para enfrentar o lobo dentro de você.
A clareira parecia prender a respiração enquanto os dois permaneciam ali, cara a cara, o crepúsculo finalmente cedendo à escuridão. A próxima lição estava prestes a começar.
—
A noite se instalou lentamente, envolvendo a clareira em sombras e silêncio. A matilha havia se dispersado, deixando apenas o som das árvores ao vento e o estalar ocasional de galhos no chão. Fenrir ainda estava à frente de Harry, imóvel, seus olhos brilhando à luz da lua como dois faróis predatórios.
Harry tentou manter a compostura, mas a proximidade do alfa era esmagadora. Ele sentia o peso daquela presença não apenas na mente, mas no corpo — uma energia bruta que parecia vibrar no ar ao redor deles.
— Você é um enigma, Potter — Fenrir disse, a voz mais baixa, quase íntima. — Fraco, mas forte. Humano, mas com algo... diferente.
Harry levantou o queixo, recusando-se a recuar. — Talvez você precise de uma nova forma de avaliar as pessoas.
Fenrir riu, um som grave que reverberou no peito de Harry. — Você fala como se tivesse me entendido, mas não é assim que funciona.
O silêncio que se seguiu não foi confortável. Fenrir estava claramente avaliando Harry, mas havia algo mais naquela intensidade. Uma tensão quase palpável.
— Está sentindo isso, não está? — Fenrir perguntou, inclinando a cabeça ligeiramente.
— Sentindo o quê? — Harry respondeu, mas o tom defensivo traiu a falsa indiferença.
— Isso. — Fenrir se aproximou mais, fechando o espaço entre eles. — O instinto. Ele grita mais alto à noite.
Harry prendeu a respiração. Não era apenas o cheiro de Fenrir, tão presente e feroz, que o deixava desconfortável; era a força que ele transmitia, a sensação de que Fenrir via tudo, até mesmo o que Harry tentava esconder.
— Você fala como se eu fosse como você — Harry disse, finalmente.
— Talvez seja. — Fenrir deu de ombros, mas seus olhos nunca deixaram os de Harry. — Talvez não seja. Isso não muda o que está aqui.
Fenrir ergueu uma mão, os dedos calejados mas incrivelmente firmes, e passou o polegar pelo queixo de Harry, como se testasse sua reação. Harry não se moveu, mas a tensão em seu corpo era evidente.
— Está tremendo — Fenrir observou, sua voz mais baixa, quase provocativa. — É medo ou algo mais?
— Não estou tremendo — Harry rebateu, sua voz um pouco rouca.
Fenrir sorriu, um sorriso predador que parecia mais um aviso do que uma expressão de humor. Ele se inclinou, e Harry sentiu o calor dele, o cheiro, a presença esmagadora.
— Você é teimoso, garoto — Fenrir murmurou. — Isso é bom. Mas teimosia sozinha não te salvará aqui.
Harry finalmente se afastou, colocando um espaço mínimo entre eles. — Eu não preciso ser salvo.
— Talvez não. — Fenrir o encarou, seu olhar ardente. — Mas precisa entender o que está dentro de você. O que quer.
Harry sentiu o rosto esquentar. Ele não estava acostumado com confrontos tão diretos, tão carregados de intenções não ditas. Mas recuar não era uma opção, não quando Fenrir o encarava como se fosse um quebra-cabeça esperando para ser resolvido.
— E o que eu quero, segundo você? — Harry perguntou, mais como um desafio do que uma curiosidade genuína.
Fenrir não respondeu com palavras. Em vez disso, ele se aproximou de novo, rápido como um predador, e antes que Harry pudesse reagir, Fenrir segurou sua nuca com firmeza, mas sem violência, e o puxou para um beijo intenso.
O impacto do gesto foi como uma explosão. Fenrir não pediu permissão, e Harry não deu. O beijo foi cru, quase brutal, sem espaço para hesitações ou sentimentos suaves. Era puro instinto, uma colisão de forças conflitantes.
Harry tentou resistir por um momento, as mãos pressionando o peito de Fenrir, mas a força que o segurava era inescapável. E então, como se algo em sua mente cedesse, ele retribuiu, sua própria intensidade correspondendo à de Fenrir.
Quando Fenrir finalmente se afastou, ambos estavam ofegantes. O alfa manteve os olhos fixos nos de Harry, sua respiração quente contra o rosto do outro.
— Está começando a entender agora? — Fenrir perguntou, a voz rouca e carregada de algo mais profundo.
Harry permaneceu em silêncio, lutando contra a tempestade de emoções que o consumia.
— Não lute contra isso, Potter. — Fenrir o soltou, mas ficou perto o suficiente para que Harry ainda sentisse sua presença. — Lutar só vai te destruir.
Harry o encarou, sentindo-se vulnerável, exposto, mas também desafiado. — E se eu não quiser isso?
Fenrir riu, mas não havia desprezo no som. Apenas certeza. — Então prove. Mostre que consegue resistir.
O silêncio entre eles era tenso, carregado de possibilidades. Harry sabia que estava numa encruzilhada, mas antes que pudesse responder, Fenrir deu um passo para trás, ainda mantendo o olhar fixo nele.
— A noite ainda é jovem. — Fenrir inclinou a cabeça, como um lobo estudando sua presa. — E você tem muito o que aprender.
A lua cheia brilhava acima deles, iluminando a clareira. Fenrir não se afastou mais, permanecendo próximo, como uma sombra constante, enquanto a tensão entre os dois continuava crescendo, prestes a explodir.