O Herdeiro de Sangue

Harry Potter - J. K. Rowling
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G
O Herdeiro de Sangue

POV HERMIONE

Acordo suando frio e tento acalmar as batidas do meu coração. Não me recordo do sonho, mas mesmo assim fico aterrorizada. Sinto o meu corpo a tentar libertar a minha magia mas contenho-me, pois sei que serei punida por isso.

Sento-me suavemente na cama e estremeço ao sentir o frio do chão sob meus pés. Nunca me acostumarei com o chão frio do orfanato. Levanto-me silenciosamente e dou de cara com o espelho no quarto. Um olho azul quase branco e outro castanho quase preto cansados ​​me encaram, sem vida. Meu cabelo castanho escuro com fios platinados está revolto. Afasto-me do espelho e vou em direção a porta. Testei-a, estava trancada. Suspiro resignada e me sento no parapeito da janela com um livro nas mãos. Sempre amei ler, mas não lembro de ter aprendido.

Não sei quando vou sair daqui. Quando eu era mais nova eu ​​fazia muito essa pergunta, mas sempre acabava trancada no quarto sem comida. Quando eu tinha quatro anos, fui adotada por um casal de dentistas, os Granger's. Infelizmente, sofremos um acidente de carro e eu fui o único sobrevivente. Descobri, pouco antes deles falecerem, quem eram meus pais de verdade. Aurora Gaunt e Orion Grindelwald é o nome deles. Depois da morte dos Granger's eu nunca mais saí deste lugar, a não ser para estudar ou ir para a biblioteca.

Voltei a suspirar. É difícil fazer-se de durona quando estamos magoados por dentro. Todo o meu corpo gritava para deixar sair, liberar toda a minha dor, mas eu não conseguia. Eu tinha apenas onze anos, mas já estava com vontade de desistir de tudo. Uma memória desagradável veio ao meu pensamento e eu estremeci. Olhei pela janela e calculei que eram perto das sete horas, horário em que a matrona acordava as crianças para irmos à escola. Larguei o livro e tomei um banho rápido, deixando a água levar consigo todos os meus pensamentos ruins. Vesti uma camisa e jeans pretos gastos pelo uso e um suéter verde por cima da camisa. Coloquei um tênis surrado e esperei a matrona abrir a porta. Pouco depois uma chave girou na fechadura e respirei contente ao ver a Srta. Milan.

- Hermione, querida, a governanta Shawn quer falar com você.- disse ela dando-me um beijo na testa.- Vou-te ajudar com o seu cabelo e depois vais, ok?

-Sim, Srta. Milan.- respondi suavemente.

Milan segurou o meu rosto nas suas mãos e sorriu carinhosamente.

- Quando estivermos só as duas podes me chamar Ronnie, Hermione. Agora vamos domar esse cabelo, é melhor não chegares atrasada ao encontro de Shawn.

Acenti e deixei Veronica fazer uma trança no meu cabelo. Quando terminou, deu-me um beijo carinhoso na testa e deixou-me ir com um sorriso amável.

Caminhei pelos corredores desertos até chegar ao gabinete da governanta. Bati rigidamente e esperei a autorização para entrar. Quando ela veio, abri a porta e entrei, esperando ela me permitir sentar.

- Sente-se, menina. Não temos o dia todo, por isso serei breve. Hoje receberá uma visita de um representante de uma escola, por isso não irá às aulas e aguardará a chegada do representante.- interrompeu-se, estudando-me- E vista as suas melhores roupas, queremos causar boa impressão. Alguma pergunta?

Acenei afirmativamente e ela ergueu uma sobrancelha, dizendo silenciosamente para eu continuar.

- A... A que horas ele chega, Sra?- Perguntei.

- Isso, garota-que-sobreviveu-e-que-sabe-tudo, já não sei.- levantou-se e colocou-se atrás de mim. Senti a sua mão pousar ameaçadoramente no meu ombro e conti um estremecimento de medo.- Mas a menina ficará à espera dele com as suas melhores roupas e com esse ninho a que chama cabelo impecável, porque senão, garanto que não voltará a ver a luz do sol.- sentia-a a afasta-se e voltou a sentar-se à minha frente.- E espero que o seu comportamento seja impecável. Agora vá, tem vinte minutos para se arrumar e estar no salão principal. Ide.

Corri porta fora e entrei de rompante no meu quarto. Veronica aguardava a minha chegada com uma muda de roupa em mãos. Olhei-a agradecida e troquei rapidamente de roupa. Dei um abraço rápido a Veronica e corri em direção ao salão principal. Cheguei cinco minutos antes do tempo e respirei aliviada. sentei-me numa cadeira de madeira velha e aguardei, nervosa, a chegada do tal representante.

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POV SEVERO SNAPE

Albus e Minerva estavam a discutir, outra vez, sobre os alunos do primeiro ano. Revirei os olhos e bufei em descrença.

- Porque vocês estão discutindo? Já falei que suas conversas parecem de gato e rato? Por Merlin.

- Ele quer mandar o Hagrid à casa de Hermione!- disse Minerva, furiosa.

Levanto uma sombrancelha e viro-me para Albus.

- Quer mandar um meio-gigante desengonçado que quase se mija de medo ao ouvir "Grindelwald" à casa dela? Estás a ficar senil de vez, meu velho. Bem sabes que é mais fácil que Hagrid se junte aos devoradores da morte do que ficar sozinho com a garota, Albus.

- Ela não é perigosa, Severus. É apenas uma criança. E mesmo como seu sangue, é muito provável que ela fique nos Ravenclaw.

Franzo as sobrancelhas em confusão e Albus suspira.

- Ela é extremamente inteligente, determinada e particularmente ambiciosa. É muito provável que ela se torne um corvo.

Conti uma risada ao ver o rosto de Minerva vermelho de fúria.

- ALBUS PERCIVAL WULFRIC BRIAN DUMBLEDORE! TU ANDASTE A ENTRAR NAS MENTES DOS PROFESSORES DELA?

- Isso agora não importa, Minnie. O que eu estou a tentar dizer é que ela é segura e ligeiramente fechada em si mesma. Ela não é um perigo para ninguém.

- Então manda o Severus, não o Hagrid.

- Não me metas nisto, Minnie.- disse zombando do apelido bobo que Albus lhe deu- Eu só estou aqui como espectador e...

- Não é má ideia, na verdade.- disse Albus, interrompendo-me.- Não te importas de ir, pois não, Severus?

Os olhos azuis de Albus brilharam e senti uma presença a tentar passar pelas minhas barreiras.

- Tudo bem, eu vou. Mas não esperem que ela me adore. - virei-me para Minerva e sorri maléficamente.- Se eu não voltar até amanhã de manhã, manda os aurores à minha procura.

Minerva fitou-me com raiva e virou-me as costas, indo até uma janela. Revirei novamente os olhos e saí do gabinete do diretor, dirigindo-me para os portões do castelo, aparantando de seguida.

Pousei em frente a um casarão e bati rigidamente na porta. Eles abriram a porta e eu avaliei a pessoa que estava ao lado dela. Ela era uma menina extremamente magra e obviamente desnutrida. Seu cabelo estava preso em uma trança que exibia tanto a parte marrom quanto a parte platinada. Eu não conseguia ver o rosto dela, pois ela mantinha-o sempre baixo.

- Bom dia, Srta. ...

- Granger, senhor. Hermione Granger.

Levantei a sombrancelha com o apelido mas nada disse.

- Bom, Srta. Granger, vim falar com os seus pais sobre uma vaga na escola onde ensino.

- Os meus pais não estão aqui, senhor. Isto é um orfanato. Mas posso levá-lo à governanta, a Srta. Peterson.

Olhei para a garota em choque e senti uma fúria avassaladora dentro de mim, mas mantive a calma.

- Então leve-me a ela, Srta. Granger.

A garotinha acentiu e me guiou por um longo corredor até o escritório de Peterson. Ele rapidamente bateu na porta e se afastou, indo para o meu lado. A porta foi aberta por uma mulher enfurecida e levantei-lhe a sombrancelha. Vi seu rosto empalidecer e a abrir a boca. Levantei a mão para a parar e fiz uma coisa bastante rara: abaixei-me ao nivel da menina e segurei-lhe o queixo, de modo a permitir olhá-la nos olhos. Fiquei em choque por um segudo com eles. Um olho era azul celeste com manchas prateadas enquanto o outro poderia ser facilmente confundido com preto se as manchas douradas não estivessem ali. Libertei-me do meu estupor e concentrei-me.

- Vá buscar as suas coisas, Hermione. Não voltará para este lugar. Entendido?

Vi o seu lindo rosto encher-se de alegria e senti um ódio por este lugar. Porque razão é que esta menininha fica tão feliz em sair e nunca mais voltar? Larguei o seu rosto e deixei-a ir embora. Virei-me para a governanta pálida sacando a varinha das minhas vestes e deixei que todo o meu ódio saí-se do meu corpo.

- A abusar de crianças outra vez, Margarette?

- Severus ...

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