
O mundo inteiro parecia estar desabando. Regulus está um desastre completo, as paredes dos seu dormitório parecem estar se sufocando, o ar não entra direito pelas suas narinas, seu corpo todo treme incontrolavelmente, seu corpo já não obedece seus comandos e Regulus não gosta disso, ele gosta de estar sempre no controle de tudo. Controle-se seu idiota de merda.
Há meses regulus estava carregando um fardo muito grande, ele estava decidido a derrotar o lorde das trevas, sozinho. Ele estudou incansavelmente, treinou todas as noites todas as maldições possíveis, mas nada disso era útil agora. Regulus descobriu o segredo de Tom Riddle, as horcruxes. Seria difícil destruí-las, ele sabia, mas ele morreria tentando. Isso era por Barty e Evan. Era por Sírius, para que ele pudesse amar Remus em paz num mundo sem guerras. Era por James, oh James, seu primeiro amor e seu segredo mais profundo, era para que James pudesse ter a vida que ele merece. Feliz. E Regulus não faria parte dela.
Regulus levanta da cama um pouco tonto, veste sua capa e sai do dormitório furtivamente em direção a torre de astronomia, ele poderia encontrar alguns casais por lá, já que o lugar é bem conhecido pelos amantes, mas nada que uma ameaça à integridade física deles não resolva. Ele abre a porta da torre devagar e a princípio não tem ninguém.
“Homenum revelio!” ninguém aparece, ele tenta de novo. “Homenum revelio!” nada. Ele está oficialmente sozinho. Ele senta na beirada da torre perto do telescópio, os pés balançando, ele olha para baixo vendo apenas Filch e Madame Norris do lado de fora do castelo. Regulus olha para cima, o céu está estrelado, Sirius está lá, tão brilhante piscando para ele.
“Espero que esteja feliz. Espero que tenha valido a pena me deixar e eu espero que valha a pena o que eu vou fazer.” ele soluçou, deixando a lágrima teimosa cair. “Amanhã eu volto para casa e eu não sei se vamos nos ver depois desse verão. Eu espero que entenda tudo que eu fiz. É por você. Eu te amo, Six.”
A porta da torre de astronomia se abre, Regulus enxuga as lágrimas pronto para mandar embora quem quer que fosse. Mas, oh, é James. Ele está mais lindo do que Regulus já tinha visto, o cabelo preto mais bagunçado do que o normal, a calça moletom vermelha destacando a pele morena, a camisa branca apertada em seus bíceps - é realmente de tirar o folêgo, Regulus pode admitir - os óculos redondos tortos e aquele sorriso que é mais quente que a porra do sol. E um estranho pedaço de pergaminho na mão direita.
“Oh, olá reggie! Desculpe, não sabia que estava aqui.”
“Eu já estava de saída.”
“Não!”
"Não?” Regulus franziu o cenho.
“É– eu quis dizer que você não precisa ir. Eu vou ficar quietinho.”
“James Potter e quietinho na mesma frase não funciona.” James dá os ombros e abre um sorriso torto. Merlin, ele será minha ruína. Regulus se senta novamente, apoiando os braços na grade, James segue o mesmo movimento deitando a cabeça sobre os braços e olhando para Regulus.
“Noite ruim?” James pergunta.
“Você disse quietinho.” Ele resmunga de volta olhando o céu.
“Como você mesmo disse, não funciona” James responde rapidamente com aquele sorriso brincalhão nos lábios. Regulus se lembra da primeira vez que o viu, James tinha doze anos e Regulus onze, Sirius o obrigou a sentar no mesmo vagão que seus amigos - ele é claro já tinha ouvido uma palestra sobre James Potter e suas incríveis habilidades durante as férias de verão - mas vê-lo pessoalmente era diferente, ele entendia seu irmão agora, James era simplesmente incrível. É claro que Regulus não entendia esses sentimentos na época, ele se descobriu gay depois de uma queda gigantesca em Remus Lupin no quarto ano dele e quinto ano de Remus - que naquele ano eles ficaram muito próximos e acabaram se beijando, ambos tiveram certeza que eram gays depois disso, mas eles nunca mais tocaram no assunto e continuaram sendo amigos - mas isso serviu para Regulus entender seus sentimentos por James, se ele fosse sincero, isso o assustou pra caralho no início e ele decidiu não fazer nada a respeito, afinal, James não é gay, certo?
O fato é que quanto mais Regulus tentava esquecer e afastar James dos pensamentos, mais ele se fazia presente na sua vida. Depois que Sirius fugiu de Grimmauld Place, James se instalou como chiclete atrás de Regulus e foi perturbador. Bem, ele nunca esqueceu James, mas estava decidido a odiá-lo, ele roubou seu irmão dele.
“Se não ficar quieto, eu lanço uma maldição na sua língua e você nunca mais voltará a falar.”
“Ah, vamos Reggie, eu também não estou tendo uma noite das melhores…”
“Você não está?” Regulus questiona. “por que?”
“Bem, é meu último ano. Eu não vou voltar depois das férias e acredite que isso é bem perturbador. Principalmente com a guerra acontecendo.”
“E se a guerra acabasse?” James sorriu fraco, ele não acreditava nisso, Regulus percebeu. Regulus sentiu vontade de contar a ele seus planos, consolá-lo com isso, mas James tentaria fazê-lo parar, o maldito heroi.
“E você, por que está aqui essa noite, Reggie?”
"Não me chame de Reggie.”
“Okay, Reg.”
Regulus lança um olhar cortante na direção de James, ele é tão irritante. James sorri e dá os ombros.
“Eu venho aqui quando preciso pensar.”
“Reg, se isso for sobre a sua família, você sabe que pode ir pra minha casa a qualquer momento, certo?”
Agora foi Regulus que riu desacreditado, isso não era possível, nunca foi uma opção para ele. Walburga deixar Sirius sair, pode ter sido alguma coisa, mas Regulus? Ela nunca deixaria. Ela o mataria com as próprias mãos. Ele era seu maldito filho prodigio, o filho que nunca deu trabalho, ele era o último herdeiro da mui nobre e antiga casa dos Black's. Ele não falaria isso para James, nunca, ele apenas sorri e nega com a cabeça. O silêncio se estende por longos minutos, ocasionalmente ele olhava para James rapidamente e via o garoto o encarando descaradamente. Isso se estendeu até Regulus se sentir incomodado.
“Por que está me olhando assim, Potter?”
“Você é lindo, Regulus.” O nome dele sai da boca de James de uma forma diferente, mais doce, carinhosa. Um rubor surge nas bochechas de Regulus fazendo todo seu corpo pegar fogo.
“O– o que?”
“Lindo. Você é lindo.” James repetiu sem vergonha nenhuma, ao contrário de Regulus.
“Potter, eu não faço ideia do que você está planejando, mas pare imediatamente.”
“Por que?”
“Juro por Merlin que se isso for uma das suas brincadeiras sem graças–”
“Não é!” James interrompe. “Eu juro, eu… eu só queria que você soubesse como eu me sinto antes que seja tarde.”
“O que você… sente?” Regulus está genuinamente confuso, o que James quer dizer com isso? Antes que seja tarde? Merlin, eu vou enlouquecer. James se arrasta, sentando mais perto, tão perto que seus dedos mindinhos roçam um no outro. O calor aumenta consideravelmente, James é uma maldita fornalha que faz Regulus pegar fogo por dentro.
“Regulus…” James acaricia a sua bochecha com a ponta dos dedos. “Você é dolorosamente lindo.”
“James…?”
“Eu só quero que você saiba… Não precisa retribuir. Eu estou louco, Reggie. Louco por você.”
Regulus arregala os olhos, isso é um sonho, só pode ser. É apenas o seu cérebro pregando peças nele. James não gosta dele, não assim. É impossível.
“James, o que–”
“shh…” Ele pousou um dedo sobre os lábios carnudos de Regulus o calando “Me deixe falar antes que eu perca a coragem, okay?” Regulus assentiu “eu não sei como começou, mas parece que sempre esteve aqui, você sempre foi lindo, eu notava isso. Mas porra, você começou a me deixar maluco, eu queria te ver, te tocar, eu queria que você brigasse comigo e me chamasse de Potter desde que isso significasse que você estava olhando para mim.”
Regulus estava absolutamente sem palavras, logo ele que sempre tinha uma resposta na ponta da língua.
“Eu não consigo tirar meus olhos de você. Regulus, você se tornou meu tudo e meu nada, eu acordo pensando quando eu vou te ver e vou dormir para sonhar com você, porque lá eu tenho você totalmente pra mim. Eu quero te beijar, quero te amar e dar todo meu amor pra você porque você merece e é por isso que eu estou te contando isso agora, eu estou te entregando meu coração e meu amor para você. Faça o que quiser com isso, eu só não aguentava mais esse sentimento me consumindo e você pensando que ninguém te amava.” James dá um sorriso caloroso. “Porque eu amo. Não tem uma fibra do meu ser que não ame você, Regulus Black.”
Regulus atônito, sua respiração travada na garganta, os olhos dele estão presos ao de James, o que Regulus pode dizer diante de uma declaração de amor tão pura? Ele não sabe. Por isso ele cola os lábios nos de James, o moreno solta um gemido de surpresa, mas logo começa a retribuir o beijo. A língua de James pede passagem e Regulus dá de bom grado, deixando todo o amor reprimido por anos sair num único beijo e puta que pariu, esse beijo é melhor do que qualquer fantasia que ele já teve. Ele leva a mão ao cabelo de James na intenção de aprofundar esse beijo, Regulus estava sedento e James era a fonte de água. O beijo era carinhoso e selvagem na medida certa, melhor do que qualquer um que ele já tenha provado.
James deixa vários beijos pelo rosto de Regulus, fazendo ele rir, Regulus quer parar o tempo nesse momento e revivê-lo pelo resto dos seus dias, porque ele sabe que nunca mais vai acontecer de novo, mas apenas essa noite, ele quer se sentir amado. É egoísta da parte dele deixar James achar que isso pode ir além, ele o ama e Regulus o ama de volta e é por isso que ele vai lutar ou morrer tentando.
Eles passam a noite trocando beijos e carícias, James diz que o ama várias vezes e ele nunca disse de volta, seria demais para ele. Eles dormem juntos enrolados em um canto da torre, quando o dia amanhece, Regulus se levanta primeiro deixando um beijo na testa do moreno.
“Je t’aime, James. Me perdoe se eu não voltar, mon amour.”
Ele sai da torre em silêncio para não acordá-lo.
James nunca mais viu Regulus depois daquele verão. Regulus foi dado como morto dois anos depois e James chorou. James se casou e teve um filho, mas nunca esqueceu seu verdadeiro amor.