
Capítulo 6 - James POV
Quando Sirius pediu para James cuidar do seu irmãozinho, ele certamente não esperava que isso aconteceria. Bem, julgue-o se quiser, mas ele é um homem fraco.
Regulus recusou veementemente todas suas tentativas de aproximação quando Sirius foi transferido, mas James havia feito uma promessa a um Sirius chorando. E Sirius não chorava na frente dele desde Fabian. Ele não queria que seu melhor amigo —seu irmão— chorasse. Não se ele pudesse evitar. Então ele foi até a PUC todos os dias depois, ou antes, ou durante suas aulas. James era da UFRJ da Praia Vermelha, em 20 minutos ele já estava lá para ver Regulus. Se ao menos ele quisesse vê-lo.
Demorou algumas semanas, mas James tinha algum charme…
— Regulus, pelo amor de Deus! Sirius está preocupado com você, eu só estou tentando ser um bom amigo! — James implorou um dia de março, correndo atrás de Regulus antes dele entrar no carro da família. — Apenas responda-o! Ou sei lá, haja como um adulto?!?
Ok, talvez James tenha passado um pouco do limite mas porra! Garoto mimado do caralho.
—Oh, vai se fuder! Vai? — Regulus finalmente olhou para James e seus olhos eram furiosos. Era algum avanço, pelo menos ele o olhava. Os passos dele se viraram, pisando firme para o lado de James. — Se você ou meu irmão soubesse alguma coisa, qualquercoisa, sobre lealdade e família, Sirius estaria estudando em São Paulo e eu não precisaria estar nesse calor infernal!
— Temos boas praias aqui também, se resolver sair dessa pose de torturado vítima da sociedade. — James provoca com um sorrisinho. Regulus estava bem perto dele agora, com um dedo na cara e tudo. O que era cômico, já que James deveria ser uns bons 15 centímetros mais alto e ridiculamente mais forte que Regulus.
— Sirius tomou a decisão dele. Fez de tudo para ficar o mais longe de mim possível e agora que conseguiu, quer jogar na minha cara que ele tem a você? O que ele quer com isso? Desde os 10 anos que você roubou meu irmão de mim e agora vem querendo que eu vá atrás dele? Sirius sequer voltava para casa nos feriados e você que me dizer que ele não se esqueceu de mim?
— Oh, Reggie… — James amoleceu. A expressão de Regulus titubeou por apenas um segundo antes da implacável máscara Black contra qualquer emoção humana reaparecer.
— Não me chame assim, porra.
— Você entendeu tudo tão errado… Sirius nunca deixou você. Nem por um dia, nem te substituiu. Ele não poderia. Deixe-o explicar. Me dê uma chance para ajudar vocês, eu odeio ver Sirius sofrendo. — Era meio ridículo que eles estivessem fazendo isso bem na entrada da PUC, mas Regulus finalmente cedeu e James não estava deixando isso passar.
— Bem, talvez ele mereça. — Implacável, Regulus Black. Um suspiro saiu dos lábios de James, uma mão apertando a ponte de seu nariz exatamente onde seus óculos ficam. — Sirius talvez mereça sofrer um pouco para entender o que eu sinto todos os dias.
— Mais do que ele sofreu? Mais do que com- — James se trava. Haviam pessoas ao redor, provavelmente algum empregado dos Blacks a espreita e talvez Regulus realmente não soubesse.
— Com quem, Potter? — Os olhos de Regulus estavam assassinos agora. James sabia o quê Sirius era capaz com raiva, mas algo o dizia que a raiva de Regulus não era igual. — Com você e seus pais perfeitos que tem uma casa perfeita numa praia perfeita? Sirius não poderia saber… Ele fugiu dessa vida há anos. E me deixou lá. Ele me abandonou por você. — ele tinha um dedo pressionado no peito de James, o empurrando mais fundo na última palavra. Regulus tinha isso guardado há anos, James sabia de seu ressentimento por ele toda vez que Reg o olhava. Mas ouvi-lo falar… Isso era outra coisa. A dor nas palavras.. era como se Regulus apontasse facas no peito de James e tentasse cravar cada vez mais fundo ignorando os furos de bala que atravessavam Regulus por tanto tempo.
— Reg- Regulus. — James se corrigiu ao ver os olhos do homem à sua frente se apertarem. — Sirius só saiu para Minas para proteger você.
Essa foi a primeira vez que Regulus balançou. James poderia ver o baque. A dúvida.
E depois disso, Regulus poderia ouvir James.
E eles conversaram. James tomou cuidado, tanto cuidado para não contar a Regulus demais. Não contar a ele coisas que apenas Sirius deveria… Mas Reg estava com saudades de seu irmão mais velho e foi tão difícil!
Então eles começaram a conversar, Regulus não aceitava bem quando James falava de Sirius, mas as vezes perguntava coisas banais e aleatórias sobre o irmão que deixava James esperançoso. Ainda havia uma centelha de esperança para os Irmãos Black. Exceto que Reg ainda era um calouro num estado novo e sem amigos… James então o chamou para sair.
Em algum momento desse mês, eles acabaram enrolados na cama de James. Não o faça pensar nisso, ele estava bêbado e Reg estava aprendendo a sambar na maldita pedra do sal e… Oh, Siriusvaiodiar.
— Você está surtando agora? — A voz silenciosa de Regulus foi a primeira coisa que James ouviu na manhã seguinte. A voz falhada e rouca do jovem deitado no seu peito parecia muito mais tensa do que aquela que ele ouviu na noite anterior. — Seu coração tá batendo rápido.
James não confiava em si mesmo para responder naquele momento, mas ele murmurou algo que satisfez a curiosidade de Regulus. Surpreendentemente e provavelmente não por muito mais tempo.
Regulus era bonito, isso não era segredo algum. Os irmãos Black num geral são…
Porra.
James beijou os dois irmãos!
Oh, ele tava fudido.
Sirius iria esfolar ele. Ok, certo, não era o fim do mundo. Não é como se James e Sirius estivessem apaixonados, eles são como irmãos. Eles se beijaram aos 14 anos, não significava realmente uma coisa! James não queria beijar mal e Sirius queria saber se gostava de beijar garotos. Acordou tático. Ninguém tinha sentimentos.
Mas com Regulus era diferente… Havia algo no peito de James que o impulsionava para proteger e cuidar de Reggie. E isso só aumentou conforme eles passaram mais tempo juntos.
James sabia que Reg era sozinho na faculdade, que Sirius queria que ele visse a vida fora das propriedades Black porque a experiência dele fora de sua redoma era nula. Mas ver na pele a insegurança dele ao interagir com desconhecidos, o excesso de cuidado ao atravessar a rua e o nervosismo ao entrar num Uber… era cômico de maneira trágica. James estava mais que pronto para mostrá-lo sua vida.
Foi por isso que eles foram a pedra do sal.
Quando chegaram, parecia uma péssima ideia. Reg parecia um gato arisco que pulava sempre que alguém o encostava e aquele lugar estava cheio! Mas duas caipirinhas, uma Dorcas paciente e James sempre firmemente posicionado atrás dele fizeram a mágica. Dorcas era uma estudante de Comunicação Social, assim como James, da UFRJ. Foi ela quem o ensinou a sambar. Ou tentar.
James precisou de algo forte para aguentar Regulus rebolando nele durante toda a noite. Mas o uber foi seu limite. Regulus estava completamente bêbado e implorou para James não levá-lo para o apartamento que seus pais compararam perto da PUC. Eles acabaram na casa de James, um apartamento minúsculo todo bagunçado que ele mantinha na Urca. Regulus foi enfiado num banho frio enquanto James fazia dois miojos.
Em algum momento o macarrão instantâneo foi substituído por beijos e mãos bobas. James não pensou em muita coisa enquanto se enfiava pelas calças de Regulus. Ele queria tocar naquela bunda há horas.
Mas o dia seguinte chegou e ele estava sobrecarregado, para dizer o mínimo.
Foi um erro.
Precisava ser um erro.
— Acho melhor eu ir. Não quero ver você surtar depois de finalmente cair a ficha que fudeu o irmãozinho do melhor amigo. — A voz de Regulus estava distante. Ele se levantou para sair da cama, mas a mão forte de James o puxou de volta.
— Não me arrependo de nada, Regulus.
— Não é o que sua expressão de pânico diz. — Como sempre, implacável Regulus Black. O sorrisinho irônico dele fez James se aproximar para um beijo. Parando um pouco antes.
— Um homem pode pensar sobre as consequências de suas escolhas sem se arrepender delas. — James respira fundo, puxando a mão de Regulus para mais perto. De repente, as dúvidas não importavam tanto. —Posso te beijar?
Eles não saíram da cama por muito tempo depois disso.