
O primeiro aniversário que Remus se lembra é o de 3 anos. Provavelmente nenhuma memória é verdadeira, já que ele não tinha memórias reais de antes dos seus 6 anos, mas sim memórias construídas pelo álbum de foto gigante que Hope havia feito junto com as histórias que ela conta. No quarto da bagunça dos Lupin tem uma caixa grande cheia de fotos. Todas organizadas por álbuns e ocasiões especiais. O casamento de Hope e Lyall (uma das poucas onde Lyall estava sorrindo em todas as fotos), o nascimento de Remus e a sua festa de 3 anos são alguns dos álbuns que Remus viu repetidamente. A infância de Remus foi, no mínimo, incomum. Mas não naquele aniversário. Aos 3 anos, Remus era o neném mais feliz e seus pais faziam de tudo para que continuasse sendo. Era tudo alegria e sorrisos fáceis.
Remus era viciado em carrinhos e sua festa foi decorada com cada um de sua coleção. Toda decoração quem fez foi Hope, Lyall fez as comidas e o bolo quem fez foi sua tia, Esperanza. A família de parte da mãe dele era gigante, Remus tinha 5 tios e tias que nunca conheceu direito e uma lista interminável de primos que ele sequer sabia o nome. Tia Esperanza era a irmã mais velha e mais próxima de Hope, foi ela quem incentivou a mãe de Remus a sair da Bolívia. Remus nunca soube os detalhes, mas ouviu tanta história de como sua mãe estava feliz e ansiosa para sua irmã e sua mãe finalmente conhecerem a família dela que Remus sentia como se conhecesse desde sempre essa parte da família. Já a parte de pai, Remus nunca ouviu falar muito. Lyall saiu de casa cedo para estudar e nunca mais voltou. Ele não gosta de falar disso e Remus nunca se interessou.
Hope fez Lyall mudar e transformar toda a sala num verdadeiro salão de festas. As fotos eram infinitas, Remus sorrindo com seus 3 primos (todos filhos da Tia Esperanza), Hope, sua mãe e irmã sorrindo e comendo, Lyall junto com a sogra (ela disse que ele estava muito magro e que era muito alto e fez muita, muita comida enquanto estava lá. Hope disse que depois de toda refeição lyall precisava comer duas vezes para sua sogra ser feliz).
Hope disse que Remus chorava pra dormir toda noite, não querendo parar de brincar com seus primos. A única pessoa que conseguia fazer ele dormir era sua avó, contando histórias em espanhol e que isso deixava Lyall morrendo de ciúmes já que normalmente era ele que colocava o pequeno Remus para dormir. Hope conta que Remus sempre odiou comer berinjela, mas a única vez que Remus comeu foi quando sua avó fez.
Esse foi o único aniversário realmente feliz que Remus teve. E ele sequer se lembra de verdade, apenas divide as memórias com sua mãe.
Hope conta como Remus ficou triste quando seus primos foram embora e pediu por uma irmãzinha toda noite. Ninguém sabe porque ele queria menina, mas ele deixava claro que queria menina.
A festa tinha durado mais de uma semana antes de sua avó, tia e primos precisarem voltar para a Bolívia e Hope sorria sempre que lembrava. Remus amava ver o sorriso de sua mãe, então sempre pedia para ela contar de novo e de novo essa história da única vez que Remus viu sua avó.
Remus não se lembra do aniversário de 5 anos.
Depois do ataque, Remus não quis mais comemorar seu aniversário. Hope ainda fazia um bolo pequeno e batia parabéns, mas ele nunca mais viu sua avó, tia ou primos. Remus agora era um monstro e os monstros não comemoravam aniversário. Lyall não o colocava para dormir, Hope não sorria mais como antes e Remus se recusava a aparecer nas fotos. Ele tinha cada vez mais cicatrizes e machucados, isso não era fotogênico. As pessoas não gostam de ver monstros.
Remus só viu alguém realmente animado no seu aniversário de novo em seu primeiro ano de Hogwarts, quando Hope mandou um livro e um disco novo no café da manhã.
— “Feliz aniversário?!” — Sirius gritou depois de bisbilhotar o bilhete que Remus ganhou. James e Peter olharam curiosos pros presentes que Remus ganhou e seu rosto esquentou tanto que ele não tinha dúvidas que estava tão vermelho quanto a bandeira da Grifinória. — HOJE É SEU ANIVERSÁRIO?
— Remus contaria se fosse aniversário dele! — James respondeu, dando um olhar acusatório para Remus. — Não é, Lupin?
— Hm, é, na verdade hoje é meu aniversário, galera.
Daí pra frente em todos os momentos os três puxavam um parabéns. Nas refeições, nas aulas, na comunal. Eles pareciam felizes comemorando o aniversário, James ficou triste em não saber antes e prometeu que no final de semana ele daria um presente (ele deu uma coleção de carrinhos na quinta-feira, Peter deu vários chocolates diferentes para remus experimentar e Sirius pediu para sua prima comprar um toca discos novo que demoraria mais para chegar). Remus disse que não precisava de nada, mas ficou perdidamente feliz em ver pessoas verdadeiramente felizes por ele. Mas ele sabia que eles só estavam animados por não saberem que Remus era um monstro. Mas por ele estava tudo bem em esconder um pouco mais.
Mais tarde naquele dia, Sirius foi até a cama dele.
Era comum Sirius ir até James quando tinha pesadelos ou simplesmente não conseguia dormir, mas, por algum motivo, o escolhido da noite foi Remus. O coração do menino fez uma coisa engraçada errou a batida enquanto Remus se sentava para dar espaço ao amigo.
— Você não ia contar que era seu aniversário, ia? — Sirius questiona com as sobrancelhas franzidas e Remus pensa que ele não deveria estar incomodado. Remus não gosta dessa expressão.
— Eu não gosto de comemorar… — Remus sussurra de volta.
— Minha mãe nunca deixou eu aproveitar meu aniversário de um jeito legal. Eu acho que entendo… Sinto muito, Remus, acho que nossos aniversários deveriam ser mais felizes.
A primeira vez que Remus sente que há algo errado com ele não é nesse momento, é bem antes, mas ali, frente a frente a um Sirius bem confuso e triste mas principalmente determinado, Remus descobre que faria de tudo para seu amigo rir e nunca mais se preocupar. O sentimento entra tanto nele que precisa ser errado.
No quinto ano, James já era muito amigo de Frank, o monitor chefe e capitão do time de quadribol, então convenceu ele a fazer uma festa de aniversário para Remus. Naquele ano, o aniversário caiu numa sexta. Foi a primeira vez que eles participaram de uma festa de verdade com bebidas e sem serem expulsos às 11 da noite. Frank e Alice olharam eles a noite toda, mas James tinha convencido a deixar as meninas a participarem também então tinha muita gente para dois adolescentes que também queriam curtir, cuidar.
Foi a primeira vez que eles beberam na vida. Lily se recusou, James e Sirius viraram 2 shots antes de Frank aparecer, Remus e Peter passaram a noite com o mesmo copo de cerveja na mão, Mary, Em e Marlene beberam um pouco de tudo. Remus sorriu para um menino que ele já viu andando com Frank e ele sorriu de volta, oferecendo o baseado dele.
— Eu não…. Er, quer dizer- —Remus gagueja. O cara sorri, é torto e seus olhos brilham um pouco, mas ainda assim, faz algo com o estômago de Remus. A mesma coisa que acontece de manhã que faz Remus lutar para sair da cama sem seus amigos verem.
— Está tudo bem, Lupin. — Como ele sabe meu nome? Provavelmente a expressão assustada de Remus foi cômica, já que o cara gargalhou, jogando a cabeça para trás. — Sou, Caio, se quiser saber. Esse é seu aniversário, todos sabem seu nome. E eu poderia te mostrar como é sem que você precise fumar de verdade. Confia em mim?
Remus não deveria. Mas seu sangue desceu para sua virilha e é aniversário dele e ele tinha prometido a Sirius anos antes que faria seus aniversários serem felizes então ele acenou com a cabeça. Então Caio segurou o maxilar de Remus, inalou um pouco do baseado dele e forçou a boca de Remus para abrir e expirou lá dentro. O cérebro de Remus entrou em curto circuito porque eles estavam perto e ainda assim nem se encostavam, mas ele queria mais. Caio o soltou devagar, passando o polegar pelo lábio inferior de Remus que o fez tropeçar.
Remus passou o resto da noite meio alheio a tudo, mas ele não sabe se é por causa da cena que não sai de sua cabeça ou das drogas que ele usou. Não importa, na verdade.
No final da festa, Remus estava do lado de um casal do sexto ano se beijando. Ele evitou olhar, mas a garota estava por cima dele, com as mãos no cabelo recém cortado dele, sentada e beijando ele como se fosse sua vida ali. O garoto estava com as mãos na bunda dela, puxando e apertando e Remus queria que eles se afastassem um pouco pra ele ter certeza de como ele estava por baixo dela.
Olhando para frente, Remus viu James dançando com Mary e Marlene, ao lado deles tinha Frank e Alice que estavam mais balançando fora do ritmo do que qualquer coisa. Foi ali, ao som de Rita Lee, que Remus sentiu seu estômago afundar pela primeira vez. Ele não conseguia tirar os olhos da pista de dança porque agora Mary estava com os braços pro alto e James estava bastante quente. Aquele aniversário foi realmente de abrir os olhos. E Remus só parou de evitar o que seu corpo pedia há tanto tempo.
No sétimo ano, quem fez a festa foi James. E os alunos do quinto ano foram convidados por Lily. Remus estava ocupado com as músicas e esperando ansiosamente para que Sirius desse o presente dele.
Não havia muito tempo que eles namoravam, Sirius demorou um pouco para se aceitar e entender seus sentimentos. O que rendeu a Remus algumas ereções dolorosas e um pouco de surtos ciumentos, mas isso já estava para trás e Sirius finalmente, finalmente, era dele. Eles dormiram juntos, mas Sirius se recusou a tocar em Remus além de um pequeno beijo de bom dia, prometendo que ele não perdia por esperar.
Sirius Black sempre foi uma maldita provocação.
A festa ia bem, Lily olhava os novinhos, Mary dançava com Marlene e Dorcas, James bebia enquanto conversava com alguns garotos da equipe de quadribol e roubava olhares para sua namorada. Sirius estava com duas bebidas, indo até Remus com um sorriso contido.
— Oi, meu amor. — Remus sussurra quando pega sua bebida. É aniversário dele, ele pode ser um pouco irresponsável e chamar seu namorado de amor em público. E se alguém não gostar, Remus adoraria bater nele até sair sangue.
— Pronto para seu presente? — o que faz Remus perder a respiração é o tom de voz dele. É um desafio, uma aposta e Remus ama isso. — Peter e James vão se virar hoje, o dormitório é nosso. — Remus termina sua bebida de uma vez e ainda pega a de Sirius para terminar e jogar por aí.
Seu namorado ri enquanto anda até as escadas. Remus ainda tem um pouco de autocontrole para disfarçar e só pegar a mão dele quando estão no topo das escadas.
— Eu tenho presentes de verdade, mas acho que você vai gostar mais disso primeiro. — Sirius prende Remus contra a parede, atacando seu pescoço com pequenos chupões que ficará claro que Remus aproveitou a noite para quem quiser ver. Remus não o impede. Tudo que Remus faz é apertar a cintura de Sirius e puxá-lo para mais perto.
Sirius fica na ponta do pé para ficar na mesma altura de Remus e beijá-lo. Remus faz um movimento para erguê-lo, mas ele nega. A expressão de Remus se torna tão confusa quanto excitada.
— Não, Moony, hoje não. — Sirius sorriu e volta a beijá-lo. E então faz aquela coisa enlouquecedora com a língua e Remus geme.
Aparentemente também funciona para Sirius, já que ele empurra seus quadris para frente e os dois gemem. Remus tenta obedecer Sirius e não tomar o controle, descontando sua excitação em apertos um pouco brutos demais que certamente deixaram marcas em Sirius. Mas ele não reclama, não, ele gosta.
Quando o beijo se torna um pouco mais desleixado, Remus se muda para atacar o pescoço de Sirius. Seus quadris indo para frente e se esfregando em Sirius, que abre a boca para gemer.
— Moony… —Sirius ofega, tentando afastar Remus que apenas murmura. — Eu quero te chupar.
Remus para. Eles ainda não tinham chegado até ali, mãos e um deles se esfregando no outro era bastante bom. Ele sempre se sente tão perto do limite que não tinha problema em esperar, sempre foi bom se era com Sirius. Fora que a parada de ser com outro homem era diferente e novo para Sirius então, não, eles ainda não tinham feito isso. Remus abre a boca para perguntar se Sirius tem certeza, mas antes que possa falar Sirius está sorrindo e beijando ele e sua mão está nas calças de Remus e ele está gemendo na boca de seu namorado.
— Meu bem… — ele implora, ele chama e é bem confuso porque Remus tem certeza que se abrir os olhos verá Sirius se ajoelhando e isso levará ele embora. Sua voz áspera e esfarrapada deve dar alguma dica para Sirius, porque ele leva Remus.
É lento de experimental quando a boca de Sirius toca o pau de Remus, primeiro a língua percorre tudo e Remus ouve bem longe algum palavrão, mas seu cérebro está em curto circuito e ele sente. A boca de Sirius entra com tudo, Remus faz tanta força na maçaneta que tem certeza que vai quebrar.
— Abra seus olhos, Remus.— A voz de Sirius é rouca, e Remus obedece bem a tempo de ver isso.
Sirius engole todo ele sem tirar os olhos dos seus e Remus choraminga. A maçaneta realmente quebra, então resta a ele arranhar a porta enquanto Sirius faz de novo. E de novo. E Remus sente a pressão característica de quando ele vai gozar e empurra Sirius para trás com alguma força.
Mas Sirius é um merdinha e segura as coxas de Remus, indo ainda mais fundo e tudo que Remus pode fazer é xingar Sirius quando sente tudo evaporar.
Seu 19º aniversário é na guerra.
Então James convence Moody a dar folga para ele e Sirius, Merlin abençoe James Potter porque Remus não se lembra da última vez que acordou tarde com seu namorado.
Sirius sempre se mexeu muito durante a noite e, com a guerra, seus pesadelos pioraram. A única saída que Remus viu que ajudou foi dormir em cima dele. E é assim que eles acordam. Sirius primeiro, sempre e então ele faz cafuné até Remus acordar.
— Feliz aniversário, Moony… — A voz rouca de Sirius faz o estômago de dobrar porque Remus nunca se acostuma com isso. Ele teme nunca se acostumar também.
— Bom dia, meu amor… — Remus nunca usa o apelido de Sirius quando são só os dois.
— Preciso que você saia de cima de mim antes que eu mije nas calças. Seu joelho tá bem na minha bexiga. — Remus ri e rola na cama, deixando Sirius livre.
Quando Sirius volta, ele já está de banho tomado e com uma toalha na cintura que faz Remus salivar. Quando eles finalmente saem do segundo banho de Sirius, Remus ri enxugando o cabelo.
— Eu não sei porque você usa isso, sabe que vou tirar.
— Justamente por isso. Gosto que você tire tudo de mim. — Sirius sorriu e pisca, saindo do banheiro deles.
Sirius tinha um plano para o dia. Primeiro, café da manhã na cafeteria nova que abriu na esquina da casa de Marlene e Dorcas. Depois, almoço com todos os Potter e um passeio para comprar algumas roupas e discos novos. Sirius entra numa loja de brinquedos e compra 4 carrinhos: um marrom, um cinza, um azul e um vermelho. Remus sente suas bochechas esquentarem. À noite, todos vão até o apartamento deles para beber.
Durante a noite, Remus esquece que há uma guerra. Que pessoas estão morrendo. Que ele mesmo perdeu pessoas. Ele se recusa a visitar seu pai desde que sua mãe partiu, ao invés disso, Remus conta aos seus amigos sobre a doce e amável Hope Lupin. Eles riem e bebem, em algum momento Sirius está no colo dele e Remus sente que pode passar por tudo isso.
Quando Remus faz 23 anos, Harry pula nele.
Sirius tem um grande sorriso e uma bandeja de café da manhã para os três.
— Parabéns, Tio Moony! — Harry o abraça e Remus o coloca sentado na cama, sentando em seguida.
— Obrigado, Hazz. Obrigado, Pads. — Ele se estica para um selinho de bom dia e Sirius vem de bom grado.
— Feliz aniversário, amor. — Sirius sorriu tanto que Remus pensa se não dói. Mas ele entende. — Hoje é um dia importante, meninos, comam logo.
— James e Lily vão encontrar a gente para almoçar?
— Sim, depois que voltarmos do orfanato.
Sim. Hoje eles vão finalmente terminar de assinar os papéis. Maya será deles.
Remus nunca pensou em ser pai. Também nunca pensou em encontrar o amor, ou vencer a guerra, mas cá estamos. Né?
Acontece que Maya foi mordida aos 3 anos, ainda mais cedo que Remus, e chegou no meio da guerra para a matilha que Remus começou a participar por causa da guerra. A alfa a adotou, mas ela morreu na guerra, protegendo seus outros lobos e Maya foi levada para o orfanato. Eles não tinham estrutura para acolher ela, então a pequena menininha estava tão assustada e machucada que quebrou o coração de Remus.
Quando ele chegou em casa, depois de finalmente achar onde Maya estava, Remus quebrou no colo de Sirius dizendo que era injusto, que nenhum deles deveria passar por isso e que Maya merecia ser amada e não tratada como um problema a ser resolvido. Sirius ouviu. E acolheu ele. E disse que eles deveriam amar Maya.
Alguns meses, alguns pedidos cobrados e muitos, muitos papéis depois… lá estavam eles. Adotando uma menininha negra, com um black que invejou Dorcas e sorriso mais assustado que Remus já viu. Maya Lupin-Black.
Remus segurou a mão de sua filha enquanto saia do orfanato. Sirius estava ao seu lado, segurando a mão do afilhado deles. Eles estavam indo comemorar o aniversário de Remus juntos. Porque ele não era um monstro e merece felicidade. James tirou tantas fotos desse dia que lembrou Hope. Uma lágrima escorreu pelo rosto de Remus, que rapidamente limpou.
— Está tudo bem, Rem? — A pequena Maya, tão fofa, olhou assustada para Remus. Sua mãozinha segurou o rosto de Remus e ele viu uma cicatriz nova. A lua cheia tinha sido há 3 dias e ele não tinha autorização para vê-la nesse período. Rem era o jeito que a alcatéia chamava ele, então ele sorriu. Ele sorriu porque mesmo perdendo eles (e Hope, e até o filha da puta de Peter), ele ainda tem boas memorias. Ele não vai esquecê-los.
— Nunca estive melhor, filha.